NOTA 8,5 Refilmagem de clássico suspense segue a risca o original, mas lhe falta aura de mistério e personalidade, ainda que seja uma opção acima da média |
Por que refazer um filme considerado perfeito? Em contrapartida, a
reposta pode ser e por que não fazer? Pois é justamente essa indagação que o
cineasta Gus Van Sant assumidamente ofereceu como justificativa para milhares
de pessoas que não viam razão para um remake de Psicose, um clássico por
acaso do cultuado Alfred Hitchcock. A obra original foi concebida apenas para
cumprir um contrato do diretor com a Paramount antes de seu desligamento e por
isso ele não queria perder tempo e nem dinheiro e trabalhou em cima de um
projeto pequeno que quis o destino que se tornasse uma de suas maiores obras. A
legião de fãs, que só veio a somar adeptos com o passar dos anos, torceu o
nariz logo que as primeiras informações sobre a refilmagem começaram a pipocar.
Reinventar uma obra do mestre do terror seria como resgatar para a modernidade
um dos trabalhos de Charles Chaplin, ou seja, invariavelmente iria se perder
alguma coisa pelo caminho para atender as novas exigências do mercado. Contudo,
Sant colocou sua cara a tapa e com o respaldo do sucesso inesperado de Gênio Indomável entre plateias
adolescentes, adultas e até com os críticos conseguiu finalmente realizar um de
seus maiores sonhos e não causou a decepção esperada, pois fez praticamente uma
réplica copiando fotograma por fotograma com atenção especial para reproduzir
cenários, diálogos e até repetir as características físicas dos personagens,
isso sem se esquecer de utilizar a clássica e marcante trilha sonora que de tão
difundida já foi utilizada até em sátiras de filmes de terror e em publicidade
para vender mata insetos, o que não deixa de ser um ultraje afinal não é uma
melodia qualquer, foi composta para o filme de um cineasta de peso. Bem, como
dizia Sant em 1998, muita gente hoje em dia sequer sabe do que se trata esta
obra e como o público está sempre se renovando vamos ao enredo baseado nos
escritos originais de Joseph Stefano. Em Phoenix, no Arizona, Marion Crane
(Anne Heche) é uma infeliz secretária de uma imobiliária que tem raros momentos
de felicidade ao lado do namorado Sam Loomis (Viggo Mortensen), dono de uma
loja de bugigangas, assim o futuro não lhe parece muito promissor. Certo dia,
em uma sexta-feira, seu patrão lhe confia a exorbitante quantia de 400 mil
dólares para ser levada ao banco. A tentação é maior e a moça decide roubar o
dinheiro e fugir da cidade. Na segunda-feira, quando descobrissem o roubo, ela
já estaria longe e só então se comunicaria com o namorado para marcar um ponto
de encontro e enfim conseguirem construir uma vida juntos.