Nota 6,0 Dentro de suas limitações, suspense entretém mesmo com toda a sua previsibilidade
Não cobiçarás a mulher do
próximo. Esse é um mandamento bastante conhecido, mas que há muitos anos
precisa andar acompanhado de sua variação: não cobiçarás o homem de tua
semelhante. Embora a frase original coloque o homem na posição de traidor, o que
tem de histórias por aí a respeito de mulheres de olho do marido alheio é
impressionante. O pior é quando não é só o amor que está em jogo, mas também
uma polpuda conta bancária, o sentimento de superioridade, padrão social... É
por esse viés que a trama de O Vizinho Perfeito se desenrola,
suspense com todas as características típicas de um telefilme, mas que consegue
entreter e não constrange o espectador, mesmo com toda a previsibilidade do
roteiro de Richard Dana Smith. O filme começa com Donna Germaine (Barbara
Niven) viajando de ônibus até a casa de sua tia Grace (Linda Darlow), a quem
não via a cerca de vinte anos. Recentemente ela foi abandonada pelo marido que
a traía e como desgraça pouca é bobagem ela ainda perdeu seu emprego e estava
cheia de dívidas. Mesmo baqueada por todos esses acontecimentos, ela chega à
casa da tia toda sorridente e prestativa, no melhor estilo falsa fofa como
popularmente são chamadas as mulheres que parecem uns amores, mas no fundo
fazem tudo com segundas intenções e chegam até a atos criminosos para
conseguirem o que querem. Obviamente, casos extremos não são apenas frutos de
má índole, mas também estão ligados a problemas psicológicos e emocionais e o
diretor Douglas Jackson não faz questão alguma de esconder que Donna é
desequilibrada deixando pequenas pistas logo nos primeiros minutos de
projeção. Ela logo conhece suas novas
vizinhas, a pequena Trish (Lila Bata-Walsh) e sua mãe Jeannie (Susan Blakely),
que formam uma família feliz com William Costigan (Perry King), o alto
executivo de uma emissora de TV. Anualmente esta família oferece uma aguardada
festa para a comunidade e Donna obviamente é convidada e comparece disposta a
distribuir sorrisos e beijinhos, mas por trás de seus olhinhos brilhantes ela é
corroída por um incontrolável ciúme. Automaticamente ela decide conquistar
William para destruir uma família feliz, afinal se ela não pôde ter uma por que
deixar os outros terem?
Na realidade Donna não quer
destruir este clã, apenas substituir a Sra. Costigan e para tanto começa seu
plano tentando ocasionar a separação do casal de forma pacífica, mas com o
terreno preparado para ela assumir o lugar de esposa. William trabalha bastante
e parece não se importar com coisinhas do dia a dia como os esforços da filha
em tentar aprender a tocar piano. Já Jeannie, apesar da aparente felicidade,
sabe que o marido é atraente e inclusive a alguns anos passaram por momentos
difíceis por conta de uma suposta traição, assim ela vive de olho nele e nas
mulheres que o cercam, mas não vê maldade na proximidade de Donna ainda mais
que em um primeiro momento a nova vizinha dedica mais atenção a inocente Trish
que acaba revelando detalhes sobre a vida do casal munindo a golpista de
autoestima para atacar. Enquanto tenta absorver o máximo de informações e se
aproximar cada vez mais de William, Donna não tem só que se preocupar com a
esposa dele, mas também com Ashley Marin (Anna Silk), a nova diretora da
empresa do executivo que pode fazê-lo perder o emprego. Como uma cobra conhece
os truques da outra, Donna está convencida de que pode existir um romance entre
Ashley e William, uma espécie de troca de favores, além de acreditar que pode
perfeitamente realizar as atividades da diretora do canal, assim descartando as
opções de emprego que sua tia tenta lhe arranjar. Seus objetivos são grandes
tanto na vida pessoal quanto na profissional e em ambos os casos o casamento
com o Sr. Costigan significa a subida no pódio. O Vizinho Perfeito a
partir de então se equilibra em um amontoado de situações previsíveis, porém,
que cumprem seus objetivos de entreter e oferecer um produto de razoável
qualidade, obviamente levando em consideração as condições de um telefilme. Não
espere reviravoltas mirabolantes, final surpresa ou perfis de personagens
aprofundados. Tudo que tem aqui você já viu em outros filmes e com as mais
variadas diferenciações. De qualquer forma, é divertido ver a falta de brios de
Donna que não pensa duas vezes antes de se livrar de quem quer que esteja
atrapalhando seus planos, aliás, armadilhas dignas de vilãs de telenovelas, ou
seja, oferecendo justamente aquilo que seu público-alvo quer ver.
Suspense - 93 min - 2005
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