NOTA 8,0 Longa nacional surpreende ao enveredar pela trilha da ficção científica e ao assumir suas inspirações |
Você ainda é do
tipo que tem preconceito com o cinema brasileiro por ter na sua cabeça a imagem
de filmes que enfocam pobreza, miséria no nordeste, denúncia social ou
adaptações literárias? Realmente ainda há muitos cineastas que investem em tais
temas em busca de reconhecimento da crítica e prêmios e pouco se importando se
haverá público para suas obras, mas felizmente o nosso cinema comercial caminha
a passos largos e não depende mais de Xuxa ou Didi e tampouco do humor afiado e
nem sempre bem usado de Marcelo Adnet. Existe vida inteligente e antenada
tentando dar novos rumos a sétima arte nacional e um deles é Cláudio Torres, um
diretor de cinema que não nega seu repertório cinematográfico oriundo de terras
americanas. Embora acostumado a apreciar a arte nacional desde a forma mais
simples até a mais mirabolante, afinal ele é filho de Fernanda Montenegro e do
finado Fernando Torres, gente de teatro, o cineasta tem imprimido em seus
trabalhos referências explícitas ao cinema americano, o que não é nenhum
problema e sim uma qualidade já que é uma ousadia tomar tal decisão quando
nosso mundinho cinematográfico está repleto de defensores da nossa cultura e
prontos para atacar qualquer coisa que a negue. Torres na verdade adapta coisas
estrangeiras ao nosso padrão de filmes, como o uso de efeitos especiais em Redentor e uma protagonista imaginária
como no caso de A Mulher Invisível, e
os resultados são no mínimo curiosos e parecem estar agradando o público. Em
seu terceiro longa, O Homem do Futuro, ele envereda pelos caminhos da ficção
científica, mas ainda mantém um pé na realidade. Embora exista a forte presença
de um cenário hi-tech e alguns efeitos especiais chamativos, o roteiro se
dedica a contar uma história de amor levemente dramática com a premissa do que
uma pessoa faria se pudesse voltar no tempo para corrigir algo, um tema
explorado, por exemplo, em Um Homem de
Família, De Volta Para o Futuro e
tantos outros títulos. O protagonista é João (Wagner Moura), um excêntrico
cientista que durante um acidente com uma de suas novas invenções acaba
reencontrando sua juventude e tendo a chance de corrigir algo que aconteceu e
que mudou sua vida futura completamente.