sexta-feira, 27 de maio de 2016

LABIRINTO - A MAGIA DO TEMPO

NOTA 8,5

Por trás da aparente inocência,
longa fantasioso é cheio de
mensagens subliminares
usando um jogo de manipulação
Muitos filmes sobre mundos fantásticos foram lançados na década de 2000 impulsionados pelo sucesso de obras literárias que ganharam suas versões cinematográficas como Harry Potter, O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia, mas quantas dessas produções “menores” vão no futuro ganhar o status de clássicos estilo sessão da tarde? Pois é, muita coisa bacana foi lançada nos últimos anos, mas a rapidez com que seu ciclo de vida transcorre impossibilita que elas se tornem marcantes, algo impulsionado pela repugnante cultura do imediatismo. Qual seriam então os segredos dos clássicos infanto-juvenis dos anos 80 que ainda povoam o imaginário de muitos adultos, a maioria que felizmente gostaria de agora poder vivenciar as mesmas emoções de outros tempos junto com seus filhos ou netos? As explicações mais óbvias seriam a ajuda da TV e das videolocadoras. Filmes na telinha antigamente eram verdadeiras moedas de ouro, garantia de muita audiência pelo ineditismo da ação, e se gostasse ou perdesse a hora ainda teria a possibilidade de alugar na loja mais próxima, hábitos que certamente colaboraram para a popularização de alguns títulos. Teoricamente, hoje esse quadro ainda é possível, mas diante de tantas possibilidades de entretenimento e a pressa do público em geral não há tempo para fomentar boca-a-boca sobre os filmes, salvos aqueles que recebem o apoio da mídia em massa. Bem, isso é uma discussão quente entre o tradicional e o moderno que não vem ao caso. Toda essa introdução é para tentar resgatar um pouco do clima e do impacto que causou no passado Labirinto – A Magia do Tempo, uma agradável aventura passada em um reino fantástico que certamente faz parte da lista de filmes do coração de muito marmanjo, porém, um trabalho que para conquistar novas gerações só mesmo apelando para o valor sentimental que a obra representa. Vamos por partes. Além de uma forcinha dos mais velhinhos comentando sobre as lembranças que o filme desperta e o fato de ser uma obra de fantasia, o que pode aguçar a vontade de assistir a este trabalho é a presença de Jennifer Connelly. Para muitos ela estreou em Uma Mente Brilhante, longa que lhe deu o Oscar de atriz coadjuvante, mas na realidade ela já batalhava na profissão há tempos e aqui aparece bem jovenzinha interpretando Sarah Williams, uma garota que adora contos de fantasia. Certa noite seus pais saem e pedem para que ela tome conta do seu irmão ainda bebê, Toby (mesmo nome da criança real, Toby Froud, para facilitar a sua dinâmica com os atores), mas ela não parece muito disposta e logo se irrita com seu choro. Num momento de raiva ela acaba contando resumidamente para o pequeno a história de uma jovem que não suporta mais tantas tarefas e deseja que os goblins, outra alcunha para duendes, levem seu irmão embora. O conto faz parte do livro “Labyrinth”, um de seus prediletos, e para finalizar ela ainda diz uma frase que jamais deveria nem ter passado por sua mente: “eu quero que os goblins venham e o levem embora agora!”.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

DE CORPO E ALMA

NOTA 7,0

Robert Altman documenta
a preparação de um
espetáculo de dança com
olhar distanciado
Anos antes de uma obra em preto-e-branco, francesa e muda ganhar o Oscar de Melhor Filme em pleno século 21 e bem antes também do público mais elitizado se interessar em assistir óperas em sessões especiais em cinemas de shopping que pareciam fadados a sobreviver da demanda em busca de produções com efeitos especiais de última geração, já tinham cineastas interessados em inovar e lançar produtos pouco convencionais. Alguns construíram suas carreiras em cima de projetos alternativos, seja para sacudir o mercado ou puramente para satisfazerem desejos pessoais, mas em ambos os casos a certeza é uma só: prestígio pode ser atrelado à ousadia, mas fortuna é algo bem distante. O cultuado e saudoso Robert Altman já tinha uma carreira consolidada quando resolveu se arriscar a dirigir De Corpo e Alma, uma obra muito difícil de classificar em gênero específico. A bailarina Ry (Neve Campbell) está vivendo intensamente a rotina de ensaios de balé para um grande espetáculo que a companhia de dança a qual pertence está organizando. O ambiente deveria exalar alegria já que o evento é muito aguardado por todos os alunos, mas na realidade o clima é uma mistura de melancolia e ansiedade, isso porque a disputa pelos papéis nas diversas sequências de dança, em geral contemporâneas, está muito acirrada. Os professores exigem o máximo de dedicação dos candidatos e o mínimo deslize pode significar sua ausência no espetáculo ou o mesmo ser relegado a uma participação sem destaque. Todos são observados com muita atenção pelo diretor e líder da companhia, Alberto Antonelli (Malcolm MacDowell), mais conhecido como Sr. A. Querendo muito agradá-lo e ter um grande destaque no espetáculo, Ry se esforça o máximo que pode, mas durante o processo de seleção ela se apaixona por Josh (James Franco), uma distração que pode atrapalhá-la neste momento que pode ser crucial em sua profissão. Pensando no dilema que a protagonista vive, a vida profissional ser mais importante que a pessoal, pode parecer que estamos diante de um pré Cisne Negro. Até que podem ser feitas comparações entre as duas obras, mas certamente a de Altman parecerá bem mais modesta, porém, esta afirmação não deve ser encarada como algo depreciativo. Simplicidade e realismo eram justamente os objetivos do diretor que se cercou de bailarinos de verdade e utilizou sua câmera de forma livre e onipresente para seguir os passos dos dançarinos durante os ensaios e também acompanhar um pouco de suas vidas íntimas, mas as histórias dessas pessoas não chegam a ser desenvolvidas de forma satisfatória. Até os atores mais conhecidos aparecem despercebidos praticamente, quase como figurantes, já que Neve e Franco vivem um relacionamento frio que não consegue envolver o espectador.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

CAKE - A RECEITA DO AMOR

NOTA 3,0

Além de apostar em clichês e
personagens estereotipados,
longa fica devendo em humor e
seu romantismo não convence
Geralmente o ingrediente básico de uma comédia romântica é uma mocinha a procura de seu príncipe encantado, mas o gênero está tão saturado que nem mesmo as donzelas rebeldes conseguem mais injetar algum ânimo em histórias do tipo. Isso acontece porque o comportamento fora dos padrões delas só vai até a página dois, ou melhor, até lá pelos vinte ou trinta minutos do filme quando fatalmente elas encontram os amores de sua vida. Obviamente elas vão se fazer de difícil ou até se entregam ao amor rapidamente, mas não tardam a cometer algum erro para os mocinhos darem o fora da relação, mas nada que não se resolva nos cinco minutos finais. Quantas produções seguem uma estrutura semelhante? Pois é, Cake – A Receita do Amor não foge a regra, porém, peca por ter raros momentos engraçados e uma protagonista que não é das mais cativantes. Pippa (Heather Graham) é uma solteira convicta que adora levar uma vida completamente livre de regras e limites, o que implica poder ter a companhia íntima de um ou mais homens por noite procurando nunca repetir o cardápio. Para demarcar sua personalidade, o longa começa com ela chegando atrasada ao casamento de uma amiga, provavelmente após mais uma noitada daquelas finalizada com um salto de pára-quedas. Como madrinha da noiva ela deveria respeitar a cerimônia, mas a todo o momento faz questão de expor seus comentários irônicos quanto ao conceito do que é um casamento e tudo o que o envolve, até que chega no fim da festa completamente bêbada e tentando encontrar ao menos um convidado com quem ela já não tivesse dormido. Todavia, sua vida louca está com os dias contados. Seu pai, o Sr. Malcolm (Bruce Gray), acaba sofrendo um enfarte e terá que ter um substituto no comando de uma revista justamente sobre casamentos. Embora deteste o tema, Pippa, que é formada em jornalismo, resolve se oferecer para ser a diretora temporária com o intuito de melhorar seu relacionamento com o pai que nunca aprovou sua vida sem limites. Com ideias revolucionárias que no fundo iriam contra os objetivos da publicação, a moça acaba conseguindo convencer seus colegas de trabalho que o foco deveria ser falar sobre e para a mulher moderna que está mais preocupada em ser livre e bem sucedida profissionalmente. Para ela, escolher docinhos, decoração ou trajes de gala é uma forma que o mercado encontrou para lucrar e iludir as pessoas que não param para pensar que estão prestes a se unirem a estranhos.

terça-feira, 24 de maio de 2016

O SEGREDO DE VERA DRAKE

NOTA 8,5

Prática do aborto é discutida
a partir dos atos de senhora de
idade que só queria fazer o bem,
mas acabou taxada como criminosa
O aborto é um dos temas mais polêmicos que o mundo enfrenta já há muitos séculos. Moral, religião, família, honra, criminalidade, enfim são vários os aspectos em que uma gravidez indesejada pode interferir e até hoje o assunto de interromper propositalmente uma gestação gera discussões, sendo crimes gravíssimos em alguns países enquanto outros optaram por um relaxamento das leis para ao menos permitir tal ato no caso de uma criança concebida através de um ato sexual criminoso. Todavia, parece que esse problema jamais terá uma solução definitiva, mas podem vir a ser atenuado graças a trabalhos como O Segredo de Vera Drake que trazem uma visão mais intimista e detalhista do dilema. Embora a trama se passe durante a década de 1950, período pós-guerra ainda marcado por mazelas e conservadorismo, o conteúdo exposto, além de nos proporcionar uma visão dos costumes da época, ainda suscita reflexões. A personagem do título é interpretada brilhantemente por Imelda Staunton. Vera Drake é uma gentil senhora que vive em um bairro operário de Londres ao lado do marido Stanley (Philip Davis) e seus filhos já adultos, o extrovertido Sid (Daniel Mays) e a tímida Ethel (Alex Kelly). Apesar de não viverem de luxos e contarem moedas para sobreviverem, o clã vive em harmonia e não se nega a ajudar os necessitados. Vera é faxineira em casas de pessoas de posses, seu marido é mecânico, o filho trabalha numa alfaiataria e a filha testa lâmpadas e dedica seu tempo livre ao tricô, caracterizando a típica família de classe média baixa que sabe viver com o que tem e não sonha alto. Porém, aos poucos, vamos descobrindo que a solidariedade de Vera chega a limites extremos. Sem receber dinheiro algum, há vinte anos ela sai escondida de casa para ajudar moças grávidas que não poderiam criar seus filhos realizando abortos caseiros. Como se fosse uma enfermeira especializada, ela recebe com todo carinho e atenção as mulheres que lhe pedem socorro através de Lily (Ruth Sheen), uma espécie de contato secreto que agenda os encontros, e com sua voz doce e calma procura tranquilizá-las enquanto prepara o material para o procedimento. Utilizando uma bomba de sucção, uma mistura de desinfetante, sabonete e água quente era introduzida dentro do corpo da grávida e dentro de dois dias o embrião seria expelido. A benfeitora não gostava de usar o termo aborto, pois para ela tal situação era apenas mais uma forma de prestar caridade, no caso ajudando jovens carentes, esposas que deram um mau passo e mulheres que já eram mães e não podiam arcar com as despesas de mais um filho. A prática só foi legalizada na Inglaterra cerca de vinte anos depois deste episódio, ato provavelmente impulsionado pelos diversos casos de pessoas que sofreram consequências graves devido a sua ingenuidade e falta de discernimento.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

MINHA VIDA SEM MINHAS MÃES

NOTA 9,0

Drama finlandês faz alusão a
um drama que milhares de
crianças vivenciaram, uma visão
diferente da Segunda Guerra
Quando se fala em filme que tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial automaticamente nos vem a mente as imagens de sofrimentos, combates, mortos, feridos, tiroteios, bombas e conchavos políticos. Isso se deve ao fato dos inúmeros filmes que já trabalharam com a temática, mas sempre apostando nos velhos clichês que servem para impactar o espectador ou levá-lo as lágrimas. Também é comum enxergarmos os fatos da época através do olhar americano, já que os EUA é um dos países que mais produz obras calcadas no tema e teve uma participação importante no conflito, fato que até hoje gera certas discordâncias já que alguns episódios ocorridos no período parecem ser conhecidos pelo público pela ótica da fantasia e do patriotismo americano. Felizmente, existem cineastas e produtores que preferem ver estes tempos difíceis por uma ótica diferenciada, mais branda, pelos olhos inocentes das crianças, mas este viés também já rendeu demais. Para quem gosta de obras que retratam esta época marcante da História mundial, mas está cansado da mesmice, que tal procurar títulos do mesmo tipo em filmografias de outros países? Infelizmente, graças ao enxuto currículo escolar que temos no Brasil e até mesmo pela falta de vontade das pessoas em buscarem cultura por outros meios, há uma tendência de algumas pessoas acharem que o impacto dessa guerra que marcou a década de 1940 só tenha sido sentido em solo americano e em alguns países europeus e asiáticos, mas os conflitos surtiram efeitos em todo o mundo, em maior ou menor grau. Uma boa pedida para ver tal tema de modo atípico é Minha Vida Sem Minhas Mães, um belíssimo trabalho da Finlândia comandado pelo diretor Klaus Häro, um promissor talento que aqui assinava então seu segundo projeto atrás das câmeras. Nessa produção encontramos um novo ângulo para compreender o período da Segunda Guerra Mundial que nos ajuda a montar uma pequena parte do quebra-cabeça da época e entender a situação de alguns países em relação ao conflito. Por sua origem nórdica, este longa pode causar certa estranheza inicial devido a forma como a narrativa se desenvolve, um ritmo lento e contemplativo, mas vale a pena fazer uma forcinha e acompanhar a trama até o final.

sábado, 21 de maio de 2016

SOBRENATURAL (2004)

NOTA 6,0

Diretamente do Vietnã, longa
não se preocupa em causar
sustos fáceis, mas sim em criar
uma atmosfera envolvente
Uma das marcas mais fortes da produção cinematográfica da década de 2000 foram os remakes de produções de horror orientais, onda que acabou abrindo as portas do mercado mundial para receber os filmes originais e outros inéditos oriundos de países como o Japão e a China. A diversificação de opções é válida, mas a consequência negativa é que o inflado número de títulos disponíveis acabou enjoando o espectador e alguns bons títulos acabaram não tendo o destaque que mereciam como é o caso do praticamente desconhecido Sobrenatural, suspense com pegada espírita realizado no Vietnã. Sim, este país não sobrevive apenas as custas das memórias do auge de seu período de guerras e tampouco se tornou um cenário totalmente devastado e inabitável. Bem, quem espera ver neste filme as paisagens vietnamitas esqueça. A ação se concentra praticamente em um único cenário, uma velha e abandonada casa com um grande quintal cheio de mato, uma propriedade aparentemente esquecida em uma região campestre e isolada. É lá que certa noite procura refúgio o escritor Loc (Tuan Cuong), especialista em livros de suspense com pitadas de romance que deseja um lugar calmo e que lhe inspire a escrever sua nova obra. Pensando que a casa estava abandonada, ele se surpreende ao ser recebido educadamente por Hoa (Kathy Nguyen) que diz que o proprietário havia viajado a algumas semanas e ela estava tomando conta do local. Logo na primeira noite, Loc começa a ouvir barulhos estranhos e a sentir a presença de mais alguém, sensações que vão se intensificando a cada nova madrugada ao mesmo tempo em que ele vai se afeiçoando por Hoa, uma garota que lembra muito as mocinhas de suas obras, jovens sonhadoras e frágeis, sempre dependentes dos homens, traídas e abandonadas. Hoa aparentemente é sozinha no mundo, um tanto misteriosa e desperta ainda mais a curiosidade do escritor quando ele recebe a visita do pai dela, o Sr. Huy (Dang Hung Son) dizendo que há tempos não consegue entrar em contato com a filha. Essa é a trama de “O Visitante”, o primeiro dos três capítulos que compõem o longa dirigido por Victor Vu, histórias que são intimamente ligadas.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

CHUMBO GROSSO

NOTA 7,0

Longa faz sátira aos filmes de
ação apostando em uma mescla
de gêneros, personagens
caricatos e edição diferenciada
Houve um tempo em que parodiar filmes de sucesso era uma fórmula mágica de Hollywood, mas tudo que é demais cansa e hoje parece que estamos estagnados neste subgênero, sendo que vira e mexe surge alguma produção caça-níquel para ganhar alguns trocados em cima da publicidade de outros títulos de destaque da época. Foi assim com Espartalhões, Super-Herói – O Filme, Os Vampiros que se Mordam e Inatividade Paranormal, lembrando é claro que nunca é descartada a hipótese de um novo produto da série Todo Mundo em Pânico. Entre tanto lixo que rapidamente cai no gosto popular e com a mesma rapidez é esquecido, infelizmente razoáveis trabalhos como Chumbo Grosso acabam passando despercebidos. Esta produção não tem o objetivo de reunir o maior número possível de piadas previsíveis sobre meia dúzia de sucessos do cinema, mas sim satirizar um gênero específico como um todo: os longas de ação, passando obviamente por alguns clichês das obras de suspense e policiais. Escrito por Edgar Wright e Simon Pegg, que atuam também respectivamente como diretor e astro da fita, a obra reúne mais uma vez a dupla responsável pelo divertido e criativo Todo Mundo Quase Morto, uma paródia aos longas de zumbis, mas infelizmente nesta segunda parceria o resultado final não chega ao mesmo nível de sucesso, não só em termos de repercussão, mas também a narrativa deixa um pouco a desejar apesar da ótima premissa. Ou melhor, deixa a desejar para quem está acostumado a histórias com estruturas extremamente rígidas, mas para quem é aberto a novidades este aqui é um prato cheio, uma salada e tanto de referências, críticas, ironias e parte técnica pouco usual como edição de cenas ultra-rápidas e efeitos sonoros que funcionam como gags. Nicholas Angel (Pegg) é um policial que se dedica muito a profissão e é considerado o melhor da corporação de Londres, mas sua dedicação e reconhecimento é tanto que acaba gerando inveja e revolta entre os seus colegas de trabalho que se sentem diminuídos e sem chance de superá-lo. Para evitar grandes problemas, seus superiores decidem transferi-lo para a pequena e pacata vila de Sandford considerado o lugar mais seguro da Inglaterra por vários anos consecutivos. Para se ter uma ideia, nenhum assassinato é registrado por lá a cerca de duas décadas. O objetivo da mudança faz todo sentido. Com poucos crimes e a maioria um tanto banais, Angel não teria a possibilidade de mostrar todo o seu potencial e aos poucos acabaria alcançando o mesmo nível de excelência que a maioria dos policiais ingleses, assim evitando rusgas entre os membros da corporação que poderiam acabar com a imagem respeitável da polícia. Já para o esforçado rapaz a situação é um tanto incômoda afinal ele estará trocando as batidas de trânsito e os roubos de carros pela fiscalização de estradas quase desertas e o desaparecimento de animais de estimação.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

TESTEMUNHAS DE UMA GUERRA

NOTA 7,5

Mais um filme procura expor os
horrores da guerra tendo como
protagonista um homem cuja
obsessão se tornou seu pesadelo
Os horrores da guerra já foram retratados das mais variadas formas pelo cinema e desde os mais famosos até relativamente desconhecidos conflitos já tiveram espaço na sétima arte. O resultado é que com tantas produções com temáticas parecidas muitas acabam passando despercebidas, principalmente se não tiverem ao menos um ator de peso encabeçando o elenco e/ou um diretor renomado assinando o projeto. Por isso chama a atenção o ostracismo vivenciado por Testemunhas de Uma Guerra, drama protagonizado por Colin Farrell, então já reconhecido por seus dotes dramáticos e com aval da crítica, e dirigido pelo bósnio Danis Tanovic cujo nome teve projeção internacional após a conquista do Oscar de Filme Estrangeiro por Terra de Ninguém, mais uma produção com a temática guerra. Abordar conflitos do tipo parecem a especialidade do cineasta que neste caso conseguiu fazer um eficiente drama que reflete duas realidades que por vezes não são noticiadas pelos veículos de comunicação: a dura vida de quem precisa registrar as atrocidades das guerras e o dia-a-dia de quem deveria estar lá para salvar vidas, mas diante das dificuldades se vê obrigado a escolher quem terá direito a uma segunda chance. Triagem (“Triage” é o título original) é o nome dado ao processo de seleção que os médicos usam em situações de emergência para priorizar o atendimento dos mais necessitados. Geralmente quem procura atendimento em pronto-socorros passa por essa pré-seleção e os doentes mais graves têm preferência de atendimento (teoricamente as coisas deveriam funcionar assim), mas nas guerras as coisas funcionam diferentes. Com recursos escassos, os médicos acabam atendendo os feridos com maiores chances de sobrevivência e deixando os de estado grave por último na fila de atendimento para não desperdiçarem material, o que fatalmente os levam ao óbito. Situações como essas é que servem de base para o roteiro criado pelo próprio cineasta que coloca Farrell na pele do fotógrafo Mark que é viajo ao Kurdistão na companhia do amigo também fotógrafo David (Jamie Sives). A trama se passa em meados dos anos 80, época marcada no país pelos conflitos entre a classe trabalhadora e o governo turco, este que não reconhece a existência da etnia curda. Durante semanas a dupla registrou com suas câmeras os processos de triagem e conversaram com os médicos a respeito. Além das imagens estarrecedoras, os depoimentos também eram assustadores, alguns profissionais inclusive relatando que não bastava excluir os doentes mais graves da lista de atendimento, precisavam eles mesmos sacrificar homens para poupar seus sofrimentos de esperar a morte que poderia ocorrer em questão de pouquíssimos dias ou até mesmo minutos.

domingo, 15 de maio de 2016

AFINADO NO AMOR

Nota 7,0 Com história comum, longa se sustenta com carisma dos atores e ambientação nostálgica

A junção de dois astros populares entre adolescentes e conhecidos por transitarem bem pelo campo do humor só poderia resultar em uma coisa: sucesso! Esse era o objetivo da comédia romântica Afinado no Amor, mas o primeiro encontro entre Adam Sandler e Drew Barrymore não resultou no boom esperado, algo que só veio a acontecer cinco anos depois em Como Se Fosse a Primeira Vez. O grande charme da produção é ambientar a trama em meados da década de 1980, assim dando ênfase aos hábitos culturais, trilha sonora e breguice da moda de uma época que deixou saudades. O astro da comédia, que então já levava multidões aos cinemas nos EUA, mas curiosamente seus filmes não pegavam em outros países, aqui vive Robbie Hart, o vocalista de uma banda que ganha seus trocados animando festas de casamento. Por ironia do destino ele levou um fora da noiva justamente no dia em que iam subir ao altar. Deprimido, ele já não consegue mais se concentrar no trabalho e seu desânimo por pouco não estraga o tão sonhado dia de muitos casais. Todavia, em uma dessas festas ele conhece Julia Sullivan (Barrymore), uma garçonete simpática e divertida por quem se apaixona imediatamente, mas em um primeiro momento prefere manter-se distante. O problema é que ela já é noiva de Glen Gulia (Matthew Glave), um cara egoísta, detestável e, acima de tudo, infiel, a deixa para o cantor tentar se aproximar da jovem alertando-a sobre o erro que irá cometer se realmente se casar. Entre encontros e desencontros, o casal vai percebendo afinidades e que os sentimentos são correspondidos mutuamente, mas é claro que vai demorar um pouquinho para perceber que realmente estão apaixonados, afinal de contas tem que haver recheio para encher cerca de uma hora e meia de filme.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

UM AMOR JOVEM

NOTA 7,0

O ator Ethan Hawke prova
que tem talento para a
direção e escrita em drama
sobre amor da juventude
O mercado cinematográfico no mundo todo parece ter um pouco de medo em investir em produções cujos idealizadores sejam atores. Kevin Costner e Mel Gibson tiveram sorte e chegaram a conquistar os Oscars de Melhor Filme e Melhor Diretor, mas da mesma forma rápida que chegaram ao ápice em uma profissão que não era a principal deles, também chegaram ao fundo do poço. O autoritarismo e a megalomania de ambos atrás das câmeras, o que gera muitos conflitos de bastidores, certamente influenciam no medo que grandes empresas têm de se envolverem na produção de filmes escritos e/ou dirigidos por atores. Fora estes casos atípicos, são vários os intérpretes que já assumiram as rédeas do roteiro e da câmera e que tiveram seus trabalhos exibidos de forma modesta ou praticamente nula. Uma pena. Geralmente esses filmes são bastante interessantes e mereciam um pouco mais de atenção. A situação é ainda pior quando o ator que pretende testar outras áreas não tem seu talento reconhecido à frente das câmeras como é o caso de Ethan Hawke. Considerado um intérprete de talento limitado, seus únicos trabalhos de grande repercussão são Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol, ambos estrelados e roteirizados por ele próprio em parceria com a atriz Julie Delpy. Será mesmo que ele é um nome qualquer no mundo do cinema? Não é o que ele prova com Um Amor Jovem, drama repleto de elementos autobiográficos o qual ele dirigiu, roteirizou e ainda assumiu um papel pequeno na trama, mas de grande importância para a história do protagonista. Adaptado do livro “The Hottest State” publicado pelo próprio Hawke em 1997, o longa é um daqueles títulos praticamente desconhecidos e que você fica com um pé atrás, mas que pode te surpreender e garantir uma boa sessão de cinema. Pena que a obra teve pouquíssima repercussão em sua terra natal e no Brasil seu lançamento foi feito por uma empresa modesta e especializada em filmes alternativos e participantes de festivais, assim só mesmo chamando a atenção dos ratos de locadora que adoram garimpar tesouros e novidades entre as prateleiras.

domingo, 8 de maio de 2016

DUAS VIDAS (2000)

Nota 4,5 A possibilidade de mudar os rumos da vida é desperdiçada em comédia sem graça

Pouco tempo depois das experiências sobrenaturais que vivenciou em O Sexto Sentido, Bruce Willis logo em seguida teve em mãos outro projeto que o colocaram em dúvida sobre o que é real e o que é fantasia. E desta vez sem um garotinho medonho sussurrando que vê pessoas mortas. Por outro lado, temos um guri que volta do passado para confrontar com si próprio no presente e questionar seu futuro. Explicando assim parece que Duas Vidas é um super projeto mesclando drama e ficção, um sério candidato a cult movie. Todavia, não passa de uma açucarada, porém, sem graça, comédia da casa do Mickey Mouse e não por acaso seu título original é "Disney´s The Kid".  O ponto de partida da roteirista Audrey Wells surgiu da ideia de que todos inevitavelmente a certa altura da vida repensam suas trajetórias até então e relembrar a infância e seus sonhos faz parte, talvez seja essencial. Russ Duritz (Willis) é um bem sucedido consultor de imagem que coloca sua profissão acima de qualquer coisa, assim sua vida particular é melancólica e solitária. Talhando cuidadosamente o perfil de políticos, executivos e outros ricaços para saírem, popularmente falando, bem na foto exaltando sucesso e felicidade perante os demais pobre mortais, ele não consegue moldar sua própria figura simplesmente porque não sabe como lidar com seus próprios sentimentos, assim geralmente parece rude, mal-humorado, sarcástico, enfim todos os adjetivos negativos lhe caem como uma luva. Mesmo assim, a jovem Amy (Emily Mortimer), sua fiel escudeira no trabalho, nutre uma paixão reprimida por ele que ainda ganha os paparicos de Janet (Lily Tomlin), sua secretária pessoal que faz praticamente o papel de uma mãe coruja em sua vida. Tudo muda quando um certo garotinho aparece repentinamente em sua vida cheio de conselhos e indagações. Quem é ele? Simplesmente o próprio Duritz com apenas oito anos de idade, bem rechonchudo e então atendendo pelo nome de Rust (Spencer Breslin). O garotinho vem para agitar o metódico cotidiano de seu eu adulto com muitas travessuras e o desejo de encontrar sua casa.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

A VÍTIMA PERFEITA

NOTA 8,0

Longa relata fato real sobre
uma jovem descontente com a
vida que tinha e que buscou a
solução almejando a vida de outra
Que atire a primeira pedra aquele que nunca desejou em algum momento viver a vida de uma outra pessoa, seja ela uma personalidade ou um indivíduo comum? A vontade de ter alguma coisa ou ser como alguém pode ser benéfico, uma alavanca para determinar metas em busca de um objetivo que traga satisfação, mas infelizmente na maioria dos casos tais vontades podem se transformar em sentimentos ruins como inveja e obsessão levando alguém angustiado ou com raiva a atos contraditórios que não raramente traem até seus próprios princípios. Claro que em casos que chegam a situações extremas de loucura as pessoas em questão não são normais e sofrem de distúrbios psicológicos, problemas que podem ser nutridos desde a infância e que muitas vezes são omitidos por quem sofre e imperceptíveis aos que convivem com elas. Não é de se estranhar que existam tantos casos de crimes bizarros envolvendo a inveja e o longa A Vítima Perfeita relata um deles, uma mescla de drama e suspense baseada em fatos reais que conta a história de uma jovem que odiava a própria vida e por isso decidiu tomar a de outra pessoa. Com roteiro e direção de Simone North, o filme narra a história de Caroline Reid (Ruth Bradley), uma moça solitária e que vê problemas em sua forma física e na maneira como sua vida se desenrola, mas que deseja intensamente mudar seu cotidiano radicalmente. O problema é que em sua mente perturbada a solução não seria ela própria encontrar o que está errado consigo mesma e tentar mudar, mas sim tirar uma garota de seu caminho, Rachel Barber (Kate Bell), uma jovem que ela julga ser perfeita em todos os aspectos. Literalmente ela deseja trocar de lugar com a vizinha de bairro e assumir sua rotina, mas até onde ela poderia em busca desse insano desejo? Tomada pela obsessão, Caroline dá um jeito de se aproximar de sua vítima e estreitar laços de amizade, embora já se conhecessem a algum tempo. Com o contato estabelecido, logo Rachel demonstra confiar na nova amiga, partilha segredos e compactua em não revelar a ninguém sobre a amizade entre elas. Pode parecer muita ingenuidade, mas a garota aparentemente super popular não leva a vida feliz que Caroline acredita e vê nessa relação a amiga que ela sempre quis ter, portanto nada mais natural que tentar preservá-la ao máximo.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

QUERIDA WENDY

NOTA 7,0

Pequena e pacata cidade é
usada para discutir importantes
temas sociais ligados aos jovens,
armas, medo e violência
Embora não tenha um currículo muito extenso o diretor Lars Von Trier se tornou uma grife cinematográfica, um nome que pode não render milhões, mas que tem platéia cativa e o poder de suscitar discussões, reflexões e expectativas. Thomas Vintenberg é um nome menos conhecido, porém, ambos são profissionais que têm importância singular na História do cinema. Eles foram alguns dos cineastas que levantaram a bandeira do movimento Dogma 95, uma corrente que defendia a produção de filmes sem grandes preocupações com a parte técnica, mas sim atenção focada na narrativa e na criatividade, quase como produções caseiras com um tantinho mais de esmero. O movimento não vingou, mas curiosamente seu conceito até hoje é perpetuado, ainda que raramente seja colocado em prática. Todavia, após anos sem trabalhar juntos, a dupla lançou Querida Wendy, obra que passa longe dos ideais da manifestação que defendiam, porém, ainda bem distante da estética de um filme comum. Equilibrando-se entre o alternativo e uma leve vontade de se aproximar das massas, o diretor Vintenberg, recuperando-se então do retorno negativo de Dogma do Amor, conseguiu criar uma obra que não chega a ser excepcional, mas pode ter a honra de se intitular como um trabalho único. É difícil encontrar algum outro produto similar para fazer comparações, a começar pela abordagem do tema principal: a relação do homem com as armas de fogo. No caso, a paixão de um rapaz por um revólver. Sim, a tal Wendy do título não é uma mulher e sim a arma pela qual o Jovem Dick (Jamie Bell) está apaixonado, inclusive o longa se sustenta com uma narrativa em off como se fosse uma declaração de amor e despedida dele para o objeto que muitos não gostariam de ter em casa nem em forma de brinquedo. Bem, não se podia esperar algo convencional de um roteiro de Von Trier. O tímido rapaz vive em Estherslope, uma pequena e pacata cidade no interior dos EUA, não se encaixa no estilo de vida do local e tampouco tem perspectivas de vida, mas tudo muda quando certo dia acaba comprando uma arma de brinquedo em uma loja a beira da falência para presentear um garoto que ao que tudo indica não lhe despertava os melhores dos sentimentos. Na última hora ele decide dar outra coisa de presente e quando vai devolver o revólver descobre que ele é de verdade. Fascinado por sua nova companheira, ele lhe dá um nome, a leva junto para onde quer que vá e passa a demonstrar autoconfiança, uma sensação que até então desconhecia. Todavia, ele se diz um pacifista nato.

terça-feira, 3 de maio de 2016

OS IRMÃOS MCMULLEN

NOTA 8,0

Ator Edward Burns debutou
como diretor em produção simples
e eficiente sobre relações pessoais
seguindo tradição do cinema independente
Simplicidade e emoção. Talvez estas duas palavras sejam as que definam melhor o conceito de filmes independentes, excetuando-se as produções talhadas para ganhar prêmios no melhor estilo Miramax (aquela produtora que bombou no passado nas premiações com títulos como Shakespeare Apaixonado e Chicago). Filmes visualmente simples, mas ricos em conteúdo, é a melhor forma de um ator conseguir fazer sua estréia na direção e foi assim que Edward Burns debutou na função de diretor. Em 1995, o cinema independente americano vivia uma excelente fase após ganhar uma injeção de ânimo com o sucesso de público e crítica de diversas produções do tipo, principalmente depois que Quentin Tarantino chegou as principais categorias do Oscar com seu Pulp Fiction – Tempo de Violência. Ok, emoção no sentido mais singelo da palavra não é a cara do trabalho citado, mas o fato de ter sido produzido longe de um grande estúdio e usando bem menos recursos financeiros que outros blockbusters da época automaticamente classificaram o longa como um expoente entre os títulos “excluídos” de Hollywood. Assim as portas do mundo cinematográfico foram abertas para dezenas de novos realizadores que mesmo com poucos recursos conseguiram produzir e lançar pequenos filmes nos quais o que mais importa é o texto, a mensagem que a obra quer transmitir. Burns, também roteirista, lançou exatamente neste período seu primeiro filme como diretor, Os Irmãos McMullen, um título rejeitado pelo mercado até que se tornou vencedor do prêmio do Júri do Festival de Sundance. A rejeição dos exibidores e empresas de vídeo doméstico é explicada pelo mesmo mal que afeta os longas apresentados nos festivais contemporâneos: a limpeza das imagens, que podem indicar falta de recursos, e a oscilação entre gêneros, no caso entre o drama e o humor leve, dois fatores que não inspiram muita confiança e dificultam cativar o espectador. Todavia, quem gosta de boas histórias e resolver dispensar um tempinho do seu dia para curtir esta produção certamente não se arrependerá. Situações distintas são traçadas em histórias paralelas nas quais três irmãos irlandeses que vivem em Long Island, nos EUA, e levam a sério o catolicismo passam por dificuldades em seus envolvimentos amorosos. Cada qual vive uma crise diferente. A intimidade com o tema garante as virtudes da obra afinal o próprio Burns é filho de imigrantes irlandeses e o segundo de três filhos. Não por acaso ele assume no longa o papel do filho do meio e dá ao elenco a segurança necessária, pois sabe bem do que está falando.

domingo, 1 de maio de 2016

JOGO DO AMOR

Nota 4,0 Bonitinho e esquecível, longa poderia render se investisse na crítica aos reality shows

Lançado em uma época em que qualquer bobagem tinha fôlego para gerar algum tipo de reality show, Jogo do Amor estava em sintonia com seu tempo, mas seu destino acabou sendo as prateleiras de locadoras e lojas de varejo e ainda de forma discretíssima. Nada mais justo para uma produção esquecível, preguiçosa e cujo objetivo principal aparentemente era fazer com que o ator Jason Priestley caísse no gosto popular. Famoso em meados da década de 1990 pela série de TV “Barrados no Baile”, o rapaz tentou cativar seu lugar no mundo do cinema, mas poucos projetos surgiram e o estereótipo de príncipe encantado das adolescentes continuou o perseguindo e consequentemente limitando sua carreira. Buscando se manter em evidência, o roteiro escrito por Chad Hodge parece fazer implicitamente uma sutil brincadeira com a situação do próprio ator. Priestley interpreta Ryan Banks, um jovem astro cujo comportamento rebelde está causando prejuízos à sua carreira que, diga-se de passagem, começou por acaso. Sempre atrás de baladas e garotas na companhia de seu inseparável amigo Todd Doherly (Bradley Cooper), certa noite o rapaz conhece uma produtora de elenco e afirmar ser ator era uma das maneiras que Banks tinha para conquistar mulheres. A brincadeira tornou-se séria e ele realmente se tornou um astro de sucesso e firmou parceria com Doherly para assessorar sua carreira, todavia, a fama repentina não durou muito e em menos de um ano seu prestígio caiu assustadoramente, mas seu fiel amigo está disposto a reverter a situação e ganha três meses do escritório que representa para concretizar uma guinada na carreira de seu cliente.