NOTA 9,0 Segundo longa da sinistra e tresloucada família supera o primeiro apostando mais no humor crítico e politicamente incorreto |
terça-feira, 31 de março de 2015
A FAMÍLIA ADDAMS 2
segunda-feira, 30 de março de 2015
A FAMÍLIA ADDAMS
NOTA 9,0 Sarcásticos, excêntricos e divertidos, os Addams são atemporais e preservam sua essência crítica até hoje e ainda encantam com seu estilo de vida mórbido |
sábado, 28 de março de 2015
QUASE VIRGEM
Nota 1,0 Comédia adolescente, para variar, aposta em piadas constrangedoras e idiotas
Pelo título você já sabe o que está te esperando. Quase Virgem é sim mais
um daqueles filmes de jovens bobalhões que só pensam naquilo e vão fazer de
tudo para saciar suas vontades sexuais deixando de lado qualquer tipo de escrúpulos,
ofendendo até as próprias honra e consciência em prol de alguns minutinhos de
prazer. A trama gira em torno de Ed Waxman (Brendan Fehr), um jovem que era um
excepcional publicitário, mas tudo mudou após ser abandonado pela noiva. Seu
desânimo tornou-se incontrolável e ele resolveu abdicar de sua vida pessoal e
mergulhar no trabalho, mas o momento depressivo também influenciou
negativamente nas campanhas que passou a criar, diga-se de passagem, uma mais deprimente
que a outra. Já seu irmão Cooper (Chris Klein), um ator sem sucessos no
currículo, é o típico malandro mulherengo. Sempre de bem com a vida ele tentou
dar uma força ao irmão incentivando-o a deixar a vergonha de lado e finalmente criar
coragem para convidar uma garota para sair afinal de contas o tempo passou e
ele já estava vivendo cerca de um ano de completa reclusão. Porém, a ajuda de
Cooper mais atrapalha o irmão do que outra coisa. O metido a conquistador não
vê sentido em encontros apenas para bater papo e tenta ao máximo conseguir uma
noitada bem devassa para o publicitário, mas por conta dos planos furados até
na cadeia Ed vai parar, local onde encontra uns tipos não muito confiáveis. As
moças que ele conheceu também não eram bem o que ele procurava. Ao mesmo tempo
em que precisa lidar com seus fracassos amorosos, Ed precisa urgentemente ter
uma boa ideia para salvar seu emprego, no entanto, a solução de ambos os problemas
que lhe tiram a paz podem estar relacionadas. Alinhavando esse fiapo de
história temos uma avalanche de piadas escatológicas e outras para deixar
qualquer um ruborizado, além de mulheres com pouca roupa desfilando pela tela.
sexta-feira, 27 de março de 2015
GUERRA DOS MUNDOS (2005)
NOTA 9,0 Spielberg atualiza texto clássico que coloca os humanos na mira de uma ameaça devastadora, uma alegoria que ainda faz sentido |
quinta-feira, 26 de março de 2015
ALMAS REENCARNADAS
NOTA 2,0 Repetindo clichês e erros de outras produções do gênero, terror oriental faz rir com seus equívocos visuais e narrativos |
Embora não
tenha sido muito longa, parece que a fase das refilmagens de fitas de horror
orientais somou mais de uma década em evidência. Tal sensação se deve a grande
quantidade e rapidez com que esses remakes foram despejados no mercado, com o
agravante de que os próprios filmes originais e outros inéditos conseguiram
seus espaços nos circuitos de exibição e em locadoras. Isso seria ótimo caso a
maior parte destes títulos não possuíssem fórmulas tão idênticas, o que ajudou
a esgotar o filão rapidamente. Ainda hoje existem alguns fãs fervorosos do
terror oriental, embora em números bem reduzidos, mas tais produções estão mais
escassas na praça restando aos curiosos e aficionados rever ou caçar títulos
que não tenham tido grande repercussão quando lançados. Almas Reencarnadas pode
ser uma opção para estes casos. Escrito e dirigido por Takashi Shimizu, o mesmo
responsável pelas versões japonesa e americana de O Grito, é óbvio que ele não vê seus trabalhos e de seus
conterrâneos da mesma forma que os ocidentais, ou seja, um subgênero do terror.
Provavelmente para ele não há o menor sinal de humor em produtos do tipo que
podem ter em terras orientais o mesmo peso que O Exorcista ou O Iluminado tem
para nós do lado de cá. Sim, do outro lado do mundo terror é coisa séria e no filme
em questão o diretor lançou mão até mesmo da metalinguagem para dar uma
sustentação maior à narrativa que novamente aposta na velha ladainha da
maldição deixada para os vivos que entrarem em contato com o universo daqueles
que morreram em um momento de muita raiva. A trama gira em torno de um terrível
massacre praticado em um hotel turístico. Na década de 1970, um professor
universitário obcecado pelos estudos acerca dos mistérios da reencarnação é
possuído inesperadamente pela loucura e inicia uma sequência de mortes que
resulta em onze vítimas. Enquanto esfaqueia cada corpo com requintes de
crueldade e o pânico toma conta daqueles que ainda estão vivos no local, o frio
assassino filma todos os seus atos fazendo um registro macabro de toda aquela
escabrosa situação. Exatos 35 anos se passam e para lembrar a tragédia o
cineasta Matsumura (Kippei Shiina) decide transformar os relatos desta
espantosa chacina em um filme apostando ao máximo no realismo.
quarta-feira, 25 de março de 2015
O TEMPO QUE RESTA
NOTA 8,5 Apesar de melancólico e abrir mão de clichês maniqueístas, longa reforça a ideia que até o último suspiro a vida vale a pena |
Ter medo da morte é algo comum. Na realidade a angústia que
tal palavra desperta é quanto a consciência de que não haverá o amanhã,
corrigir erros ou realizar desejos não será mais possível. Mesmo sem entrarmos
em questões espíritas que defendem que a vida continua, de qualquer forma todos
temos consciência de que com a matéria física morta é impossível aproveitar os
prazeres e as desventuras que a vida proporciona. Tais pensamentos são
torturantes, mas podem se tornar piores quando o fim da vida parece estar numa
contagem regressiva e infelizmente milhões de pessoas vivem essa realidade por
conta de doenças fatais ou em estágios terminais. Há quem procure encarar com
positivismo tal período tentando aproveitar ao máximo a vida ou ao menos até
quando os problemas de saúde permitirem, mas já pensou como deve ser
angustiante viver tal situação quando o indivíduo se entrega a depressão ou faz
um balanço de sua vida e acredita não ter feito nada de bom? Uma vida vazia
assustando muito mais que a iminência da morte, esse é o mote do drama O Tempo
que Resta, produção francesa cujo conflito é deflagrado por conta de uma doença
silenciosa, ainda um mistério em diversos aspectos, que pega muita gente
desprevenida e não tem idade para se manifestar. Na trama roteirizada e
dirigida pelo eclético e famoso François Ozon, do suspense psicológico Swimming
Pool, da sátira 8 Mulheres e da comédia dramática Amor em Cinco Tempos, por
exemplo, acompanhamos dias difíceis na vida de Romain (Melvil Poupaud), um jovem
e bem sucedido fotógrafo que se depara com a triste notícia de que está com um
câncer terminal e que o tratamento seria complicado e com chances de não dar
certo. A partir dessa descoberta, ele entra em uma jornada perturbadora e sua
vida muda completamente. Homossexual assumido, o rapaz passa a não se entender
mais com o companheiro Sasha (Christian Sengewald), se afasta dos
familiares com quem já não cultivava um bom relacionamento e fica pensando no
que ele vai deixar como legado após sua partida. Ele só tem coragem de contar
sobre a doença para a avó Laura (Jeanne Moureau), talvez por ela já ser
idosa e também estar na iminência da morte. A reflexão sobre sua
breve passagem pelo mundo ganha mais força ao receber a proposta de engravidar
uma mulher (Marie Rivière) com o consentimento do marido (Daniel Duval), este
que é estéril. Este seria talvez seu primeiro e único ato em vida do qual se
orgulharia, gerar um ser humano, mas ao mesmo tempo estaria traindo seus
próprios instintos. Em meio a esse turbilhão de dúvidas, emoções à flor da
pele e problemas, Romain tem que decidir quais serão seus últimos passos
no tempo que lhe resta de vida.
domingo, 22 de março de 2015
VOCÊ DE NOVO
Nota 8,5 Dupla de estrelas do passado encabeça o elenco de comédia leve e despretensiosa
Existem centenas de filmes que são lançados diretamente em
DVD sem o respaldo de uma publicidade extra de passagem pelos cinemas. Tais
produções dificilmente ganham resenhas em revistas e jornais e por vezes seu
próprio título ou capa não ajuda a estimular a vontade de assistir, sendo que
você acaba escolhendo por indicação ou por não ter coisa melhor na locadora.
Uma produção do tipo já pode deixar muita gente com o pé atrás, porém, elas
podem surpreender positivamente como no caso de Você de Novo. O roteiro de Moe
Jelline tem como mote um tema já bastante explorado pelo cinema: a rivalidade
dos tempos do colégio ultrapassando as barreiras do tempo. Para muita gente as
lembranças da época da escola podem ser muito agradáveis, mas para outras
pessoas são verdadeiros pesadelos, como para a jovem Marni (Kristen
Bell). Se achando feia, desengonçada e atrapalhada ela era alvo fácil para
sofrer brincadeiras de mau gosto e ganhar apelidos. Porém, esse período triste
de sua vida ficou para trás e ela até recuperou sua autoestima quando adulta se
transformando em uma atraente mulher e com um ótimo emprego. Tudo ia bem até
que o passado bateu na sua porta, ou melhor, entrou em sua casa literalmente
com planos de criar raízes. A noiva de seu irmão Mark (Victor Garber) é Joanna
(Odette Annable), ninguém menos que a garota que mais infernizava a vida de
Marni. A cunhada aparentemente não se lembra dela e Gail (Jamie Lee Curtis), a
mãe do noivo, aprova a relação, mas também vai levar um susto. A sogra de seu
filho é Ramona (Sigourney Weaver), a ex-melhor amiga de Gail no colégio. Na realidade, esta mulher é tia de Joanna, mas cuida da sobrinha desde que ela perdeu os pais. De
agora em diante, ou pelo menos até a hora do casamento, está aberta uma guerra
particular e de egos entre essas duas duplas rivais dos tempos de escola. Mãe
versus mãe. Filha versus filha.
sábado, 21 de março de 2015
CÃO DE GUARDA
Nota 4,0 Produção modesta envelheceu e nem mesmo o protagonista lhe dá muito valor
Suspense, ameaças, intrigas e
até um sequestro. Esses são elementos bastante típicos de tramas policiais, mas
em Cão
de Guarda são diluídos em um roteiro que pretende mais fazer humor do
que deixar o espectador roendo unhas ou brincando de detetive. Pretende é a
palavra certa. Esta comédia até que funciona na telinha (bem hoje em dia pode
ser no telão de casa também), mas na época do lançamento não rendeu nas
bilheterias e foi um tremendo fiasco também de críticas. É um trabalho pouco lembrado do
grande Jack Nicholson, o próprio
não exalta essa obra em sua filmografia, todavia um filme que merece uma revisão por
parte do público. Realmente o
ator neste caso não faz um trabalho excepcional e ocupa um papel que poderia
ser entregue a qualquer um com fama de coadjuvante, todavia, não é nada mal ver
o veterano em sua época áurea, mesmo que em uma produção menor, ainda mais em tempos
em que o ator praticamente se aposentou. O enredo de Carole Eastman nos
apresenta à soprano Joan Spruance (Ellen Barkin) que tem motivos de sobra
para temer seu futuro, pois está se separando do marido e precisa aprender a
lidar com sua nova vida de solteira. Para piorar, o seu apartamento é invadido
e totalmente destruído. O episódio não parece ser apenas uma coincidência que
ocorreu em um momento ruim de sua vida e está convencida de que alguém que ela
conhece provocou isso, só não sabe quem. Ela acredita se dar bem com todo
mundo, mas, por via das dúvidas, resolve deixar sua casa e vai morar com a
irmã, Andy Ellerman (Beverly D´Angelo), uma mulher um tanto atrapalhada que também
não está se sentindo segura, pois foi
ameaçada pelo ex-marido Redmond Layls (Harry Dean Stanton), um dos homens mais
ricos do território norte-americano. Ela não precisaria nem se lembrar dele, exceto por um
detalhe: ela escreveu um livro sobra a intimidade e os negócios escusos do
ex-marido e ameaçou publicar tudo na íntegra. Assim, para não ser
perseguida, ela prefere sair de casa e a residência agora fica na
responsabilidade da irmã, esta que passa a receber telefonemas e notícias
informando sobre um serial killer que está assassinando mulheres na região de
Los Angeles.
sexta-feira, 20 de março de 2015
A VIAGEM DE CHIHIRO
NOTA 10,0 Produção japonesa é uma obra-prima que injetou ânimo no campo da animação tradicional |
Impressionante, delicado, inteligente, poético, enfim
são diversos os adjetivos que podem ser aplicados perfeitamente quando falamos
de A
Viagem de Chihiro, considerada a obra prima do diretor Hayao Miyazaki,
até então praticamente um desconhecido em terras ocidentais, e certamente uma
das melhores e mais importantes animações da história do cinema. Surpreendendo
ao conquistar o Urso de Ouro do Festival de Berlim (prêmio que dividiu com o
sério Domingo Sangrento), a animação
desafiou os limites de seu território, onde destronou Titanic que na virada do milênio ocupava o posto de filme de maior
bilheteria no Japão, e por onde passou casou burburinho, principalmente após
conquistar o Oscar de Melhor Animação. Era a segunda vez que este prêmio era
entregue e novamente a Disney perdeu (antes foi para o Shrek), o que alertou a empresa para a sua eminente perda de
prestígio, tanto é que correu para adquirir os direitos do desenho japonês para
distribuí-lo nos EUA, um trabalho preguiçoso que mais escondeu do que divulgou
a obra. No Brasil a espera foi longa, mas também não causou frisson, ainda que
esse tipo de produção aparentemente tenha conquistado fãs por aqui. Só pela
sacudida que deu no cenário cinematográfico já seria o bastante para colocar a
produção em lugar de destaque, mas a originalidade da narrativa por si só já
faria esse favor, ainda que ela guarde semelhanças com o clássico conto “Alice
no País das Maravilhas”, já que em ambos os casos as protagonistas tem seus
ideais e objetivos, vão parar em um reino fantástico comandado por uma mulher
má e a cada passo nesses lugares surreais surgem novas surpresas. A trama gira
em torno de Chihiro, uma garotinha que está de mudança com os pais para uma
nova cidade. No caminho eles encontram um túnel que leva até um local
misterioso e aparentemente deserto. Mesmo sem uma única alma por lá, há um
imenso e delicioso banquete servido em uma das casas e seus pais resolvem se
servir, enquanto ela vai explorar o lugar e acaba sendo surpreendida por Haku,
um jovem que pede a ela para sair dali antes do anoitecer. Ela corre para
encontrar seus pais, mas inexplicavelmente eles foram transformados em porcos.
Sem saber o que está acontecendo, a garota se vê em meio a um mundo repleto de
criaturas fantásticas e curiosas, mas Haku a ensina como chegar até a bruxa
Yubaba, a dona de uma casa de banhos para deuses e a mulher mais poderosa pelas
redondezas, a única pessoa que poderia desfazer o feitiço e ensiná-la o caminho
de volta. No local, ela conhece Kamaji e Lin que a ajudarão a enfrentar as
dificuldades e a levam até a feiticeira que revela que todos os humanos que
entram em seus domínios são transformados em animais e depois devorados.
Aqueles que são salvos precisam provar seu valor trabalhando para continuarem
vivos. Sem alternativa, a menina faz um trato para trabalhar renunciando à sua
liberdade e até seu nome, passando a ser chamada de Sen. Para voltar ao seu
mundo e salvar sua família, a garota terá de ter muita humildade, coragem e
determinação para vencer desafios e tirar lições importantes dessa aventura sem
precedentes.
quinta-feira, 19 de março de 2015
KINSEY - VAMOS FALAR DE SEXO
NOTA 9,0 Cinebiografia de renomado estudioso do sexo surpreende pela forma em que aborda polêmicas |
Quem é esse tal Kinsey? Pouquíssimas pessoas fora do solo
americano e das novas gerações sabiam algo a respeito de Alfred Kinsey até o
lançamento de Kinsey – Vamos Falar de Sexo, mas certamente muita gente, ao
menos em nosso país, se sentiu atraída a conferir esta obra devido a palavra
sexo contida no subtítulo nacional, uma idéia eficiente, porém, ambígua. O
assunto principal do longa são justamente as relações sexuais, mas quem decide
assistir pensando que acompanhará uma história com cenas explícitas e quentes
terá uma grande decepção. Esta é a cinebiografia de um cientista que causou
frisson e polêmicas ao dedicar sua vida profissional a estudar o comportamento
sexual dos seres humanos chegando às áreas mais libidinosas do assunto. O que
era assunto proibido outrora continuava em 2005 pelo jeito. Foi difícil um
estúdio aceitar realizar o projeto e alguns grupos conservadores,
principalmente nos EUA, fizeram campanha contra o longa. Ao contrário de outros
projetos inspirados em fatos reais, não temos aqui a narrativa esquemática em
que é perceptível sabermos de antemão qual estágio da vida do homenageado está
sendo apresentada a cada ato, muito porque pouco ou nada conhecemos dele, mas
também somos poupados do manjado recurso de as últimas cenas serem dedicadas a
esmiuçar os caminhos que cada personagem tomou. A narrativa é entremeada por um
tipo de interrogatório não só colocando na berlinda o protagonista, mas também
pessoas que se submeteram aos seus atípicos estudos sobre o sexo, e também
adota uma estrutura convencional mostrando rapidamente sua juventude, focando
muito mais em seu auge e declínio profissional e felizmente nos poupando de sua
morte ocorrida em 1956, pequenos detalhes que diferem a produção no surrado
campo das cinebiografias. Curiosamente, Kinsey (Liam Neeson) era um ignorante
sobre sexualidade em sua juventude devido ao conservadorismo e puritanismo
imposto por seu pai, o pastor Alfred Seguine Kinsey (John Lithgow), com quem
ele não se relacionava bem. O rapaz era visto com um sonhador ou desocupado
pelo patriarca da família por se dedicar a catalogar espécies de insetos, mais
especificamente vespas, e estudar seus hábitos e comportamentos de vida e de
reprodução. Ele chega a fazer um estudo com milhares destas criaturas e chega a
conclusões relevantes, mas o mundo da biologia não rendia dinheiro e parecia
que nem mesmo os envolvidos se entusiasmavam tanto quanto o jovem professor.
quarta-feira, 18 de março de 2015
ALBERGUE ESPANHOL
NOTA 8,5 Experiência de vida pode ser a maior lição que alguém pode tirar de uma viagem de estudos |
O
convívio com pessoas diferentes pode ser uma experiência edificante, mas ao
mesmo tempo amedrontadora. Hábitos, culturas, religiões, enfim são vários
pontos que podem ser conflitantes ou, na melhor das hipóteses, transformarem a
vida de alguém. O longa Albergue Espanhol está longe de
representar as bizarrices de um reality show que envolva confinamento, mas não
deixa de guardar semelhanças. No entanto, as experiências vividas pelo jovem
francês Xavier (Romain Duris) não são orquestradas por um grupo de televisão,
mas sim movidas por ele próprio e pelos personagens reais com quem ele divide
um apartamento em Barcelona. Ele tem 25 anos, está prestes a se formar no curso
de Economia e recebe o convite de um amigo de seu pai para trabalhar no
Ministério da Fazenda. Porém, para assumir a vaga, Xavier precisará falar
fluentemente espanhol, assim como ler e escrever. Decidido a se aprimorar no
idioma, ele decide terminar seus estudos na Espanha e deixa a namorada Martine
(Audrey Tatou) após quatro anos de relacionamento. Em um primeiro momento ele
se desespera a se ver em um lugar diferente, sem poder se comunicar, remoendo
as lembranças do que deixou para trás e aflito sobre como seria sua vida daqui
em diante. Sua residência agora será um apartamento que dividirá com outros
sete estudantes, além de seus possíveis parentes e agregados, todos de diferentes
nacionalidades e com personalidades distintas, um caos que se assemelha ao
estado do rapaz neste momento de mudanças, pois finalmente ele viverá como um
adulto independente dos pais. O local fica conhecido pela expressão que dá
título ao filme, uma gíria francesa que significa algo como “onde tudo pode
acontecer”. E realmente o dia-a-dia da turma de jovens habitantes é bastante
agitado, principalmente quando o assunto são as relações amorosas. Xavier passa
a sentir afeto pela reprimida Anne Sophie (Judith Godrèche), um amor proibido,
se torna o melhor amigo da instrutora sexual belga Isabelle (Cécile de France),
que gostaria que ele fosse uma mulher, e não está totalmente a vontade com a
visita surpresa de Martine, pois ao que tudo indica o relacionamento esfriou.
Todavia, ele encara tudo que passa como algo que faz parte de seu maior
objetivo: ganhar experiência de vida.
terça-feira, 17 de março de 2015
ENCONTRO DE CASAIS
NOTA 5,5 Boa premissa é jogada fora por comédia adotar o tom grotesco e escrachado para falar sobre crises conjugais |
É interessante observar como
alguns gêneros se destacam em determinados períodos e até mesmo acompanhando o
crescimento do público. Se as crianças dos anos 80 se divertiam aos montes com
as clássicas comédias da “Sessão da Tarde”, já adolescentes na década seguinte
elas se dividiram em dois grupos. As garotas suspiravam e sonhavam com os
romances água-com-açúcar e os meninos gargalhavam com o humor anárquico e besteirol
de algumas produções que apelavam para escatologia e o erotismo. E nos anos
2000? A turma cresceu, alguns constituíram família e outros preferiram ficar na
solteirice, mas algumas dúvidas comuns a todos é como seria a vida se tivessem
feito algo diferente no passado e o que será que o futuro lhes reserva.
Tentando responder tais indagações, os primeiros anos do século 21 ficaram
marcados por comédias com temáticas e protagonizadas por adultos, privilegiando
principalmente os dilemas da ala masculina, mas Encontro de Casais surgiu
também para agradar as mulheres. Tais produções acabam tendo um apelo popular
muito grande por geralmente discutirem problemas reais e importantes pelos
quais seu público-alvo se identifica de imediato, proporcionando após muitas
gargalhadas ao menos uma mensagem reflexiva. No caso deste trabalho de estreia
do diretor Peter Billingsley o humor acaba sobressaindo-se e seu recado
positivo é sucumbido. Bem, com um roteiro escrito pelos atores Vince Vaughn e
Jon Favreau, que também atuam no filme, não tinha mesmo como ter esperanças que
tal projeto fosse além de ser apenas um passatempo divertido, embora a premissa
apontasse uma boa oportunidade de discutir a saúde dos relacionamentos amorosos
após alguns bons anos de convívio direto e diário. A trama começa apresentando
a situação do casal formado por Jason (Jason Bateman) e Cynthia (Kristen Bell) que
estão prestes a se divorciar. Como última tentativa de salvar o casamento, eles
resolvem fazer uma viagem para participar de uma terapia de casais em uma ilha
paradisíaca. Para conseguir um desconto, eles incentivam outros casais de
amigos para viajarem também no intuito de eles iram apenas para se divertirem,
mas sem acompanhar a terapia. Inicialmente relutantes, Dave (Vaughn) e Ronnie
(Malin Akerman), Joey (Favreau) e Lucy (Kristin Davis), e Shane (Faizon Love) e
Trudy (Kali Hawk) acabam aceitando o convite. Quando chegam no tal lugar
maravilhoso, eles são alojados por Stanley (Peter Serafinowicz) na parte oeste
da ilha e Joey logo descobre que na parte leste há um resort de solteiros, mas
que ele é proibido para os comprometidos. Já na primeira noite, todos os casais
são informados que terão obrigatoriamente que se engajar na terapia, caso
contrário, devem retornar para casa. Decididos a aproveitar os benefícios
oferecidos pela ilha eles resolvem permanecer, porém, eles nem desconfiam pelas
provas de fogo que irão passar para provarem que suas uniões ainda têm futuro.
segunda-feira, 16 de março de 2015
A CAIXA
NOTA 8,0 Estética comercial adotada escamoteia conceitos e ideias importantes de enredo reflexivo e com final atípico |
Alguns filmes chamam a atenção
por serem intitulados de forma intrigante por causa de uma somatória de
palavras que talvez pelas sinopses não façam sentido e as vezes nem assistindo
as obras conseguimos compreender tais escolhas. Por outro lado, algumas
produções economizam no verbo e com apenas uma ou duas palavras expressam a
idéia do filme ou criam uma aura enigmática que beneficia o produto. Este é o
caso de A Caixa cujo título é um tanto genérico, mas de certa forma
chama a atenção do espectador. É uma pena que a intriga deixe de existir
rapidamente, pois qualquer um que veja o trailer ou leia a sinopse terá já
matado a charada. Será mesmo? Há muito mais a ser descoberto neste longa que
aparentemente é só um passatempo qualquer, mas que guarda mensagens
subliminares importantes. A história gira em torno do casal Lewis que leva uma
vida tranquila em um bairro suburbano do estado de Virgínia nos anos 70 junto
com Walther (Sam Oz Stone), seu único filho. Norma (Cameron Diaz) é professora
e Arthur (James Marsden) é um engenheiro da NASA. A pacata rotina desta família
muda completamente quando um
misterioso homem conhecido como Sr. Steward (Frank Langella) aparece na casa
deles com uma proposta excêntrica e tentadora. Ele lhes entrega uma caixa, um
objeto com um único botão e aparentemente inofensivo. As condições do acordo é
que soam como uma brincadeira de mau gosto. Se o casal apertasse o tal botão
ficaria milionário, porém, carregaria a culpa de saber que causou a morte de
algum desconhecido em qualquer lugar do mundo e sem nenhuma explicação. Devido
aos problemas financeiros, o casal fica tentado a aceitar a proposta para
ganhar o dinheiro, mas ainda com muitas desconfianças. Agora eles têm poucas
horas para decidir o que fazer, uma decisão que pode mudar ou arruinar sua
vidas. Dinheiro fácil não cai dos céus e um roteiro comum exploraria o batido
viés de o casal protagonista passar o filme todo tentando desvendar o mistério
da tal caixa, mas aqui a coisa muda porque a condição para que ganhem o dinheiro
já é exposta nos primeiros minutos de projeção. O lance é ver o que acontece
após toparem o acordo sem pensarem nas consequências, apenas tomando o cuidado
em desmontar parcialmente o objeto para ver se uma bomba não explodiria a
qualquer momento. Se não oferece perigo a eles, para que pensar nos outros
mesmo sabendo dos riscos? A narrativa se desenvolve no período natalino, época em que o espírito de fraternidade está em alta, um paradoxo interessante ao ponto principal do roteiro, e como nos EUA é inverno a paisagem sempre nublada e as ruas úmidas ou cobertas de gelo acentuam o clima de tensão e melancolia, ainda que a sensação de aconchego de algumas cenas por conta da direção de arte contribuam para dar um charme a mais à obra.
domingo, 15 de março de 2015
EU, MEU AMIGO E O ARMÁRIO!
Nota 7,5 Comédia romântica baseada em longa francês é uma excelente pedida desconhecida
Apesar de muitos decretarem a morte do mercado de vídeo doméstico
há anos, as vezes acontecem coisas que nos fazem crer que ele ainda tem muito a
nos oferecer apesar das dificuldades. Entre 2006 e 2008, diversas
distribuidoras novas surgiram, claro que oferecendo produções mais modestas,
desconhecidas e sobrevivendo apenas com a venda de produtos lançados
diretamente em DVD sem passagem pelos cinemas. Algumas delas seguiram adiante com
o mesmo modelo de negócio e outras infelizmente não ficaram nem um ano em
atividade. Apesar de muitos títulos de gosto duvidosos que as empresas
precocemente falidas trouxeram para o Brasil, há também algumas pequenas
surpresas que passaram despercebidas e que merecem serem descobertas. Este é o
caso de Eu, Meu Amigo e o Armário!, escrita e dirigida por Dave Diamond
que se inspirou em O Closet, produção francesa que fez muito sucesso nos
circuitos alternativos de cinema. Tão eficiente quanto uma comédia romântica
protagonizada por Julia Roberts ou Jennifer Lopez, o título em questão é uma
divertida opção que, como o próprio título denuncia, trata sobre o
homossexualismo, mas de uma forma leve e respeitável. O enredo nos apresenta a
Dave (Jay Harrington), um advogado na casa dos trinta anos que divide um
apartamento com o amigo Christopher (Michael Ian Black), um gay assumido.
Devido ao fato de morarem juntos, surgem rumores de que eles formam um casal de
verdade. Inicialmente, o rapaz, hétero convicto, tenta desfazer o mal
entendido, mas logo muda de opinião visando lucrar com os boatos. Sua empresa
está trabalhando em um caso de discriminação no ambiente de trabalho por causa
de orientação sexual e uma pessoa considerada muito sensível seria perfeita
para ajudar a ganhar a causa. Quem conseguisse esse feito iria firmar sociedade
com Matthew (Sal Rubinek), o chefe do escritório. Já que está com a fama, por
que não aproveitá-la? Fingindo realmente ter um caso com Christopher e
conquistando a confiança do chefão, tudo parecia caminhar bem para o rapaz,
isso se não fosse pela impertinência de Katherine (Julie Bowen), uma mulher sem
escrúpulos que também está de olho na possibilidade de ser sócia do escritório
e fará de tudo para impedir que seu rival leve sua mentira adiante. As coisas
complicam quando a filha de Matthew, Lucy (Brooke Langton), balança o coração do
advogado. Mesmo com um histórico de conquistador de belas mulheres, ele precisa
levar adiante a farsa de que antes vivia confuso quanto aos seus sentimentos e
que agora realmente é feliz assumindo sua homossexualidade. Pode se dar bem
profissionalmente, mas assim ele estaria abrindo mão daquela que poderia
realmente ser a mulher de sua vida.
sábado, 14 de março de 2015
O VETERANO (2006)
Nota 3,0 Razoável trama prende a atenção, mas é impossível não se incomodar com as falhas
Nas aulas de História oferecidas
nas escolas não há tempo hábil para conhecermos profundamente os pormenores de
fatos marcantes do passado que podem justificar situações atuais. Por outro
lado, o cinema é uma excelente ferramenta para abrir nossas mentes e nos
oferece um farto cardápio de opções de filmes que lidam com fatos reais e
históricos, mas é óbvio que nem tudo é de boa digestão. Por exemplo, a famosa
Guerra do Vietnã já rendeu excelentes e marcantes produções, como Platoon, no caso uma superprodução
comandada por Oliver Stone, cineasta com coragem, estilo e talento para tanto. Mas
por que será que cineastas desconhecidos resolvem se meter com temas do tipo
sabendo que contam com um orçamento limitado e que o roteiro oferecido
claramente possui falhas? Espaço livre na agenda ou falta de propostas de
trabalho, só podem ser essas as respostas para alguém embarcar em projetos que
desde sua concepção já demonstram baixo poder de fogo. É impressionante como
alguns filmes parecem carregar como cartão de visitas um sinal de perigo,
apesar de alguma coisa lhe dizer que você deve dar um voto de confiança. Quem
nunca se deparou com uma produção que pelo título, material publicitário ou
sinopse não dava absolutamente nada e acabou gostando do resultado final? É uma
pena que existam obras como O Veterano para nos lembrar que as
decepções nestes casos são quase onipresentes. Dirigido por Sidney J. Furie,
que antes havia obtido mais sucesso com a temática guerra em American Soldiers – A Vida em um Dia, o
longa já começa de forma bastante comum apresentando em forma de texto escrito
um brevíssimo resumo sobre os tempos do conflito no Vietnã, mais precisamente
falando sobre a situação dos norte-americanos que foram enviados para lá.
Impressionantemente, mesmo após três décadas do ápice do conflito, muitos
prisioneiros de guerra continuavam desaparecidos, tanto que em Washington foi
fundado o Comitê de Ação dos Veteranos do Vietnã para relembrar suas histórias
e dar continuidade as buscas de ex-combatentes, vivos ou mortos, qualquer
notícia é importante. É nessa associação que trabalha Sara Reid (Ally Sheedy),
uma civil contratada para procurar soldados desaparecidos ou dados como mortos
sem os corpos terem sido encontrados.
sexta-feira, 13 de março de 2015
A ÓRFÃ
NOTA 8,5 Apesar das situações clichês, longa é superior a média do gênero e ousa apresentando cenas fortes envolvendo menores |
Preste atenção neste breve resumo: garota órfã é adotada por
um casal e sua aparente doçura aos poucos cede espaço para o comportamento de
uma assassina impiedosa e estrategista. Muita gente ao receber estas poucas
informações sobre o longa de horror A Órfã deve torcer o nariz e o desprezar,
seja por achar um enredo que beira o ridículo ou por ser contra a participação
de crianças em produções que podem causar danos psicológicos a elas. Bem,
realmente este segundo motivo é relevante e esvazia a primeira alternativa. O
longa contém cenas fortes de violência, mutilação, incesto e tortura
psicológica, algo que deve deixar de cabelos em pés quem defenda a moral, os
bons costumes e a preservação da família. É difícil não imaginar como reagiu a
mente dos atores mirins e quais os motivos que convenceram seus pais a
permitirem suas participações em algo tão pesado. Não que essa fosse a primeira
que a vez que menores de idade atuam em fitas de terror ou suspense, mas aqui
eles não estão presentes simplesmente para gritarem ou fazerem caras de sustos
de algo que supostamente estão vendo ou que foi filmada a parte sem a presença
deles, pelo contrário, eles participam ativamente das sequências fortes e a tal
garota má em certo momento até se insinua para o pai adotivo. Na época de seu
lançamento nos EUA, a produção também provocou a ira de alguns orfanatos que
não gostaram da maneira como tais instituições foram retratadas e temiam que o
número de adoções caísse drasticamente. Juntas planejaram boicotes ao filme,
mas a reação obtida foi contrária a esperada. O público acabou sendo atraído
para os cinemas e a fama desta obra correu mundo afora. O diretor Jaume
Collet-Serra é mais um que emigrou da Espanha para os EUA e após estrear
com A Casa de Cera conseguiu manter o nível de tensão em alta em sua
segunda empreitada em solo ianque. Ela já havia mostrado que é bom em criar
atmosferas interessantes e arrepiantes, mas aqui ele recorre a clássica
paisagem fria e triste do inverno rigoroso, com direito a muita neve. Se no quesito
ambientação o cineasta oferece o básico, na condução da trama ele prende a
atenção do espectador com situações bem amarradas, diálogos afiados e venenosos
e com um ritmo que alterna muito bem sequências ágeis com outras mais lentas, assim
dando tempo do espectador respirar entre uma e outra maldade da garota. Se em
seu trabalho anterior ele focava a narrativa em cima de um grupo de jovens,
aqui ele transfere as atenções para uma família que consegue cativar o
espectador rapidamente.
quinta-feira, 12 de março de 2015
ATÉ O FIM (2001)
NOTA 8,0 Drama prende a atenção sem recorrer aos artifícios manjados do gênero, mas sua narrativa poderia ser mais forte |
Será que é possível realizar um bom suspense sem apelar para
personagens do além, psicopatas sedutores ou assassinos mascarados atrás de
adolescentes bobocas? A resposta é sim como prova o longa independente Até o
Fim que conta com uma excelente trama policial, mas a forma como a narrativa
foi desenvolvida é mais puxada para um drama. E dos bons. O filme começa
mostrando Margaret Hall (Tilda Swinton) entrando em uma espécie de clube
noturno para falar com um sujeito chamado Darby (Josh Lucas), um rapaz que
transpira canalhice. Ela está muito preocupada, pois descobriu que seu filho
adolescente Beau (Jonathan Tucker) está se encontrando as escondidas com este
homem bem mais velho que descaradamente é metido com negócios ilícitos, tanto
que mesmo sem revelar qual a sua real ligação com o garoto exige uma boa
quantia em dinheiro para se manter afastado dele. Na mesma noite, Beau o
encontra nos arredores de sua residência e discute pelo fato dele ter
chantageado a sua mãe. No dia seguinte, após poucas horas da briga, a própria Margaret
encontra o corpo do mau-caráter jogado na beira de um lago perto da sua casa.
Querendo proteger seu filho de ser acusado de assassinato e também para não
revelar o seu envolvimento íntimo com a vítima, esta mãe toma a impulsiva
decisão de ela própria sumir com o corpo na ingênua tentativa de esconder que
houve um crime. Logo este plano é descoberto por Alek Spera (Goran Visnjic), um rapaz
que está a serviço de outro bandido que deseja chantagear Margaret, também para
conseguir dinheiro fácil, utilizando uma comprometedora fita de vídeo
envolvendo Beau. Os roteiristas Scott McGehee e David Siegel, também diretores
do longa, basearam-se no livro “The Blank Wall”, de Elisabeth Sanxay Holding,
este que já havia sido adaptado de forma mais fiel no longa Na Teia do Destino,
datado de 1949. Para quem assistiu a obra antiga assinada pelo diretor Max
Ophüls, as comparações com este remake podem ser inevitáveis e até prejudicar a
apreciação de ambos. É importante
ressaltar que foram feitas alterações significativas na história para inseri-la
da melhor forma no contexto do século 21.
Embora o longa anterior não seja creditado como inspiração, as duas
obras guardam algumas semelhanças no conteúdo e até na forma como os fatos são
inseridos na narrativa, principalmente em seus primeiros minutos que logo
deixam explícito os conflitos dos personagens.
domingo, 8 de março de 2015
A COR DO PERDÃO
Nota 4,0 Mais uma vez uma garota latina aspirante a estrela se decepciona com a vida nos EUA
Um dos temas mais corriqueiros nas produções com pegada latina é a
transformação de vida, o sonho que muitas pessoas alimentam de que a vida é bem
diferente em solo americano, mesmo com diversos exemplos que provam que nem
sempre tal realização se concretiza. Se o tema já é um tanto clichê imagine
então quando ele é usado para contar a história de uma jovem a la Cinderela.
Pois é investindo na previsibilidade e na variação do sonho da gata borralheira
em virar princesa que se sustenta a trama de A Cor do Perdão, dirigido
por Alfredo de Villa. O título é uma alusão a cor amarela, o significado do
nome da protagonista, Amaryllis (Roselyn Sánchez), uma jovem que vive em Porto
Rico e trabalha em uma pizzaria, mas seu real desejo é poder viver da arte da
dança tal qual seu pai. Franco (Jaime Tirelli) foi um bailarino de sucesso, mas
devido a um acidente acabou tendo a carreira interrompida e obrigado a viver
preso a uma cadeira de rodas. A situação precária da família acaba o levando a
se suicidar. Além do baque de perder repentinamente o pai, Amaryllis ainda se
decepciona com as condutas da mãe e do namorado posteriormente e assim decide
ir embora de casa e mudar de vida. Com a ajuda financeira de uma vizinha a
garota consegue partir rumo à Nova York a fim de entrar em uma companhia de
dança, mas ela se decepciona com o que encontra. Seu primo que poderia
abrigá-la sumiu no mundo, mas ainda assim ela é recebida pelo vizinho do rapaz,
Miles Emary (Bill Duke), um senhor de idade um tanto ranzinza, mas que levou
uma vida sofrida. Quanto ao emprego, ela procura qualquer trabalho que possa
sustentá-la durante o tempo que se dedicaria ao curso, mas o único lugar que
lhe oferece uma oportunidade é uma casa noturna onde ela poderá exercer seus
talentos para dança, mas terá que se sujeitar a nudez. A protagonista acaba
tendo o destino de muitas jovens que sonham com uma vida melhor na terra do tio
Sam, mas é previsível que coisas boas irão acontecer em seu caminho. O problema
é que elas acontecem simultaneamente e só uma poderá prevalecer.
quinta-feira, 5 de março de 2015
EU E AS MULHERES
NOTA 6,0 Jovem se envolve com os dramas de três mulheres com idades distintas, mas longa trata todos eles de forma superficial |
Existem alguns filmes que parecem ser realizados já com o intuito de
angariar críticas negativas e por isso testam a paciência dos espectadores, mas
outros até são feitos com boas intenções, porém, deixam a desejar em alguns
quesitos. Em situações assim as próprias distribuidoras procuram esconder seus
produtos e quando eles não são muito divulgados é inevitável que surjam
dúvidas quanto aos seus predicados, mas nem sempre devemos julgar um filme por
sua publicidade. Embora a maioria destes casos resulte em trabalhos que nada
mais são que repetições de clichês e que ninguém morreria se não assistisse, todavia,
eles podem servir para preencher com qualidade o tempo livre e ainda ficar na
memória como algo agradável. Se não são inesquecíveis ao menos não te fazem mal
algum. É a essa categoria de filme que pertence Eu e as Mulheres,
o primeiro trabalho do diretor Jonathan Kasdan que também assina o roteiro, uma
obra com premissa interessante, mas que não encontra sua tônica e segue
arrastada e sem grandes momentos até subirem os créditos finais. A trama gira
em torno de Carter Webb (Adam Brody), um jovem escritor de contos
eróticos que foi dispensado por Sofia (Elena Anaya), sua namorada, e deprimido resolveu
abandonar a agitada Los Angeles e passar uns tempos nos subúrbios de Detroit na
casa de Phyllis (Olympia Dukakis), sua avó que há anos não via. Sua intenção na
realidade era concluir um livro que nem havia começado, mas os novos
acontecimentos não permitem que ele se concentre. Além de ter que lidar com a
demência da avó, que fala e faz muitas bobagens, Webb acaba se aproximando da
família Hardwicke, seus novos vizinhos que levam uma vida perfeita de fachada.
Sarah (Meg Ryan) sofre em silêncio com a traição do marido e está passando por
vários exames médicos torcendo para que não tenha nenhuma doença grave. Ela
tenta forçar uma relação entre o jovem e sua filha mais velha, Lucy (Kristen
Stewart), com quem mantém um relacionamento difícil, mas aos poucos ela própria
parece estar querendo algo a mais que a amizade de Webb. E assim o rapaz passa
a dividir o seu dia-a-dia entre as preocupações com estas três mulheres, mas
apenas a relação avó e neto é razoavelmente bem trabalhada. As outras duas que
pendem para o lado do relacionamento amoroso acabam colocando o protagonista
como uma espécie de psicólogo que se limita a ouvir problemas e aconselhar.
quarta-feira, 4 de março de 2015
AS AVENTURAS DE ICHABOD E SR. SAPO
NOTA 7,5 Datado de uma época difícil para a Disney, longa composto de duas pequenas histórias é simpático e nostálgico |
Em tempos de vacas magras o
jeito é apertar os cintos, porém, sem abrir mão da qualidade. Esta é a grande
lição que os estúdios Disney aprendeu e passou adiante de um dos períodos mais
conturbados de sua trajetória. Durante a Segunda Guerra Mundial as pessoas não
estavam no clima para se divertir, não havia disposição para as massas irem ao
cinema, por isso a empresa teve muito prejuízo com seus longas animados e a
maneira encontrada para se manter em atividade foi apostar em curtas e
médias-metragens protagonizados por personagens da casa como Mickey ou Donald
ou baseados em contos clássicos. Cenas em menor quantidade, economia bem-vinda.
Tais produtos eram exibidos nos cinemas agrupados de forma a atingirem o tempo
de duração semelhante a de um longa-metragem comum. O 11º clássico animado do
estúdio, As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo, é uma compilação de duas histórias baseadas em clássicos da
literatura européia: a de um sapo extremamente exagerado em tudo o que fazia e a
de um sujeito franzino enfrentando uma ameaça de outro mundo. Cada uma é
contada de forma independente da outra e aparentemente a única ligação
existente entre elas é que seus protagonistas parecem sondados pelo infortúnio.
O primeiro conto é de um sapo um tanto excêntrico baseado na obra "The
Wind In The Willows", de Kenneth Grahame. O milionário J. Thaddeus Toad é
o dono da mansão Toad Hall, mas suas manias e costumes extravagantes o têm
enchido de dívidas. Quando o Sr. Sapo, como é mais conhecido, fica obcecado por
um automóvel motorizado, ele é injustamente acusado de roubar um exemplar.
Agora resta aos seus amigos provar sua inocência. A segunda história tem como
base o livro "The Legend of Sleepy Hollow", de Washington Irvin. Em
uma pequena cidade da Inglaterra surge um estranho homem, o professor Ichabod
Crane. Embora não seja atraente, ele logo ganha o coração da maioria das
mulheres da cidade, inclusive o da bela Katrina Van Tassel, filha do maior
milionário da região. Isso desperta os ciúmes de Brom Bones, o valentão da
cidade que também está de olho nela. Durante uma festa de Halloween, Bones quer
provar para a moça que seu rival é um medroso assustando o professor com a
lenda de um cavaleiro que assombra a região cortando as cabeças de quem vaga pela
floresta durante a noite.
terça-feira, 3 de março de 2015
SOB A MESMA LUA
NOTA 8,0 Embora previsível, drama conquista o espectador com trama de fácil identificação e atuações masculinas dignas |
O tempo passa e é incrível como a
busca pelo “sonho americano”, leia-se o desejo de vencer na vida na América,
mais precisamente em solo norte-americano, ainda é o desejo de milhares de
pessoas, mesmo com diversos exemplos frustrados de quem tentou, mas acabou encontrando
uma realidade bem diferente da que esperava. A imigração ilegal para os EUA é uma coisa muito comum e já foi tema de
diversos filmes e até mesmo de novela. Em Sob a Mesma Lua, co- produção
mexicana e norte-americana, o tema ganha mais uma vez espaço no campo
cinematográfico sem grandes inovações, mas com um texto contundente, com boas
passagens, narrativa envolvente e uma direção honesta e sensível da diretora
mexicana Patricia Riggen estreando com o pé direito na função e não negando
suas influências melodramáticas, neste caso agregando ao trabalho o capricho
visual e técnico típico de produções hollywoodianas. Sem medo de exagerar nas
doses de emoção e clichês, é óbvio que a obra desagrada a muitos, mas para
aqueles que gostam de histórias humanas a trama deve agradar em cheio. Podem
dizer que o longa propõe uma fuga da realidade ao adotar um tom de fábula, mas
não deixa de ser envolvente a perspectiva otimista da trama que exalta o amor
existente em uma relação saudável entre mãe e filho separados por força das
circunstâncias. Rosario (Kate del Castillo) é uma mãe solteira que vivia no
México, mas atravessou ilegalmente a fronteira para entrar nos EUA com o
objetivo de conseguir melhores oportunidades de trabalho e assim poder criar
com mais dignidade seu filho Carlitos (Adrian Alonso), mesmo que a distância.
Vivendo há cerca de quatro anos em Los Angeles onde trabalha como doméstica em
dois empregos, seu esforço compensa. Ela já pode mandar uma boa quantia de
dinheiro mensalmente ao filho que lhe garanta os direitos básicos e algumas
extravagâncias vez ou outra, como a compra do par de tênis que ele tanto
queria, mas agora ela quer poupar para pagar um advogado a fim de regularizar
sua cidadania no país e poder trazer Carlitos, a quem não vê há um bom tempo,
para morar com ela. O único contato que ela tem com o garoto durante estes anos
de ausência é através de um pontual telefonema todos os domingos as dez horas
da manhã. O horário é rigorosamente marcado já que a ligação é feita de um
telefone público para outro, mais um detalhe que evidencia a situação
paupérrima de vida destas pessoas visto que na época em que se passa a trama
(contemporânea às filmagens realizadas em 2007) o celular já não era mais um
artigo de luxo e com preços acessíveis aos populares. Realmente o supérfluo não
faz parte da vida destes personagens.
domingo, 1 de março de 2015
DO QUE OS HOMENS GOSTAM
Nota 0,5 Primo pobre de American Pie é sem graça e recorre ao que há de pior em seu subgênero
Com o
passar dos anos a divertida comédia American Pie ganhou
certo status de obra cult, um trabalho inteligente e um registro da juventude
no novo milênio a fim de curtir a vida, mas também preocupada com questões
pertinentes ao futuro como carreira e família. Contudo, suas horrendas
sequências provaram que as vezes uma fórmula que uma vez deu certo pode ser
apenas um golpe de sorte. Se não bastassem as indecências, escatologias e
piadas sem graça desta série, diga-se de passagem, que a partir do quarto capítulo
destinou-se unicamente a entreter
adolescentes com hormônios em ebulição, ainda temos que aguentar outros
produtos semelhantes, mas com qualidades ainda mais questionáveis como é o caso
de Do Que os
Homens Gostam, um tremendo
engodo a começar pelo título que enrola o público fazendo uma clara alusão à deliciosa
comédia Do Que as Mulheres Gostam estrelada por Mel Gibson. O
que tem de humor crítico e inteligente em um filme sobra em idiotice e
indecência na fita em questão. Dois amigos estão partindo numa viagem para
serem padrinhos em um casamento, mas antes fazem uma aposta. Se o romântico Jay
(Christopher Wiehl) conseguir levar uma mulher para a cama durante o final de
semana sem envolvimento amoroso ele ganhará o carro de seus sonhos e se o conquistador
Dewey (Alex Nesic) conseguir resistir as tentações e não ficar com nenhuma
garota ele poderá tentar passar uma noite com a irmã do amigo, Susie (Christie
Lynn Smith). Joguinhos sexuais? Seria uma variação de Segundas Intenções? Hum... Não chega aos pés! Continuando, chegando
à casa do sogro de Scott (Michael Trucco), o noivo, Jay se surpreende ao ver
que seu amigo se casará com uma antiga namorada sua, Teresa (Lisa Brenner).
Este final de semana então será cheio de surpresas para Jay, Dewey e para todos
os demais convidados e até chegar a hora dos noivos trocarem as alianças muita
coisa pode acontecer... Ou pelo menos deveriam acontecer situações divertidas.
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