NOTA 7,0 Alinhavando histórias ficcionais, drama tenta retratar toda a tensão que tomou conta de uma cidade por causa de manifestação contra abusos de poderosos |
Costumamos (ou
ao menos deveríamos) valorizar filmes que privilegiam fatos históricos, mesmo
aqueles que nada mais são que um pequeno grão de areia em meio a um episódio
grandioso. Isso explica a enorme quantidade de títulos que envolvem a Guerra
Fria, por exemplo, mas é uma pena que fatos mais recentes da História sejam
esquecidos rapidamente como é o caso da temática de A Batalha de Seattle.
Episódio marcante de revolta popular contra os abusos dos governantes, tal
conflito não inspirou diretores de cinema, tanto que apenas o ator Stuart
Townsend teve coragem de relembrá-lo anos depois. Estreando como diretor e
roteirista, logo no início ele deixa claro que seu longa é baseado em fatos
reais, porém, seus personagens são fictícios, mas nada que atrapalhe a
dramaticidade da produção, pelo contrário, as várias tramas paralelas soam
perfeitamente críveis. O problema é que a inexperiência como redator impediu que
o estreante se aprofundasse em cada uma delas, sendo que o projeto como um todo
é bastante ambicioso, seguindo o estilo narrativo de títulos consagrados como Crash – No Limite que ao mesmo tempo em
que pretende fazer uma crítica social também tem a preocupação de desenvolver
histórias que façam o espectador se identificar e criar um vínculo com os
personagens e consequentemente se sentir atraído pela temática principal. Para
compreender melhor o enredo, é necessário explicar o que foi o conflito do
título. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, mais especificamente em 1947, foi
assinado um acordo entre 23 países a respeito de tarifas para importações e
exportações com o propósito de legalizar e expandir o comércio mundial. Ao
longo de mais de 50 anos, outras nações se uniram ao projeto e assim surgiu a
Organização Mundial do Comércio (OMC), que pouco a pouco passou a impor suas
vontades sobre os governos e aqueles que desrespeitassem as regras eram
punidos, podendo ser expulsos do grupo. A ganância dos membros fez com que o
respeito a situações envolvendo o meio ambiente ou os direitos humanos ficassem
em segundo plano, sendo que os interesses econômicos estão sempre acima de
tudo, assim o órgão é muito criticado e alvo comum de protestos populares. O
ápice desses conflitos ocorreu no final de 1999. A partir de 30 de novembro,
durante cinco dias, dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de
Seattle, cidade que serviria naquele período para sediar a chamada “Rodada do
Milênio”, reunião da OMC de grande importância que tinha o objetivo de avaliar
os resultados dos últimos anos das suas ações e planejamento para os próximos
meses, ou em outras palavras, realizar um balanço do quanto se perdeu (mortes,
desmatamentos, extinção de animais entre outros fatores negativos) em favor dos
lucros que chegaram às contas dos poderosos e o quanto eles ainda poderiam
somar futuramente.