Nota 2,0 Com piadas velhas e humor pastelão, Brendar Fraser leva comédia nas costas
Se autoridades que deveriam zelar pela justiça não fazem sua
parte o jeito é buscar soluções com as próprias mãos. Se tal regra popular
criou raízes entre os humanos por que não também entre os animais? Esse é o
mote da comédia infantil Deu a Louca nos Bichos que pode ser vista como um
retrocesso na carreira de Brendan Fraser, alçado a posição de astro com a ação A
Múmia e tendo seu talento reconhecido em produções mais sérias como Crash – No
Limite. Demonstrando ser espirituoso, aqui ele vive Dan Sanders, um empreiteiro
que se muda com a família para uma região campestre com a desculpa de que
teriam uma qualidade de vida melhor em meio a natureza, mas na verdade ele só
queria ficar próximo de seu novo trabalho: a construção de um grande complexo
imobiliário. Mais cedo ou mais tarde o projeto iria acabar com a vegetação e
consequentemente desabrigar os animais, embora ironicamente a ideia seria
vender casas ecologicamente corretas. Antes que grupos pró-ambientalistas se
mobilizassem contra, a própria bicharada se organiza. Ao primeiro sinal de que
seriam expulsos do local guaxinins, esquilos, coelhos, pássaros e companhia
bela passaram a arquitetar um contra-ataque e o pobre Sanders acaba sendo usado
como bode expiatório. E o enredo se concentra nisso. O rapaz sendo sucessivamente
achincalhado pelas “ferinhas”. Ele perde suas roupas, cai e escorrega a torto e
a direito, perde o controle do carro várias vezes, vai parar dentro de uma
latrina e até chega a ocupar o divã de um psicólogo, embora no fundo tenha certeza
de que está sendo perseguido pelos bichanos. A trama é tão inocente que até as
criancinhas devem prever tudo o que vai acontecer, menos o protagonista
bobalhão. Não há uma única piada original, ainda que mereça destaque o fato de
que os animais fofinhos neste caso não falam, apenas emitem seus
característicos sons o que injeta uma bem-vinda dose de realismo ao circo
anunciado, mas não a ponto de evitar que o diretor Roger Kumble caia em clichês
como colocar a bicharada para dançar famosos hits ou enternecerem com carinha
de inocentes quando na verdade estão planejando algum golpe.