Nota 5,0 Longa repete todos os clichês possíveis de dramas leves e comédias românticas
Há alguns anos produções rotuladas como evangélicas, mas
cujos conteúdos e mensagens podem e devem ser apreciados por todos independente
da religião, começaram a se popularizar fazendo com que grandes distribuidoras
investissem na importação de produtos do tipo e até empresas especializadas
nessa filmografia surgiram para abastecer o mercado de vídeo doméstico. A
partir de 2012, uma nova onda tomou de assalto as locadoras com títulos que se
orgulham de trazer um símbolo que representa os títulos recomendados para toda
a família, uma exclusividade que a Focus Filmes traz para o Brasil em parceria
com produtoras internacionais que estão investindo pesado neste filão. A
essência destes produtos é a mesma que rege o mercado de vídeo evangélico,
histórias bonitas de amor e dramas leves envolvendo problemas familiares e do
cotidiano que agradam a todas as idades, excluindo qualquer traço ofensivo,
porém, não envolvendo necessariamente conceitos religiosos explícitos. Amor por
Acidente é um dos exemplos desta seara que tende a conquistar a atenção do
público mais sentimentalista com títulos açucarados e artes das capas dos DVD
que investem em beleza visual e tons pastéis. A história criada por Charles T.
Daniels e Peter Facinelli gira em torno de dois jovens que se conhecem através
de um acidente de trânsito e para variar a convivência inicial é das piores já
que os dois são um tanto orgulhosos. Eddie Avelon (Ethan Erickson) é um ator
frustrado por não ter seu rosto reconhecido nas ruas, afinal ele está sempre
coberto pelo pesado e quente figurino do coelho Mulligan, personagem de um
popular programa infantil. Annie
Benchley (Jennie Garth) é uma jovem viúva que trabalha como garçonete em uma
lanchonete. Após o acidente, eles passam a se esbarrar eventualmente e sempre
trocam farpas já que a moça não se conforma que o rapaz praticamente ignorou o
acontecido, embora ninguém tenha se ferido. O ponto de equilíbrio entre eles
atende pelo nome de Taylor (Dannika Northcott), filha de Annie, uma garotinha
de apenas seis anos de idade que é fã incondicional do coelho Mulligan.
O fato de a menina gostar do personagem que o próprio Eddie
menospreza mexe muito com o ator, além é claro do fato de que ele está com o
coração balançado por Annie. Eles ficam mais próximos quando o rapaz fica sabendo
do drama vivido por Taylor. Ela tem uma doença que pouco a pouco está acabando
com sua visão e a cirurgia é muito cara. Mesmo sabendo que a operação pode não
funcionar, Eddie resolve ajudá-las, pois já as considera, sem declarar, as
mulheres de sua vida. Bem, é certo que este trabalho do diretor David Burton
Morris é um perigo para diabéticos devido a sua altíssima taxa de sacarose
traduzida na previsibilidade da sinopse. Para os críticos especializados é
óbvio que produções do tipo são descartáveis e não merecem ao menos algum tipo
de comentário, resumindo-se a apenas um tipo de entretenimento raso. Contudo, é
preciso compreender o que almeja o público-alvo de Amor por Acidente, composto
principalmente por mulheres, provavelmente donas de casa e de meia-idade que
preferem ver filmes no conforto do lar, porém, não encontram opções que as
satisfazem atualmente. Elas querem ver histórias no melhor estilo folhetim com
um par romântico simpático, um drama tocante, situações levemente engraçadas
entrecortando a trama e aqueles personagens secundários estereotipados como um
cortejador exibido para a mocinha e um amigo sem noção para o mocinho, todos,
diga-se de passagem, sem função alguma no roteiro. Embora vise trazer somente
boas sensações ao espectador, é preciso frisar que esta é uma produção muito
frágil e que é até covardia compará-la a outros títulos, salvo aqueles da mesma
linhagem. Plasticamente belo e com narrativa e estética no nível de filme feito
para a TV, esta é uma opção perfeita para a “Sessão da Tarde”: rápida, indolor
e politicamente correta, um tapa-buraco para um programa descompromissado e
livre para todas as idades.
Drama - 88 min - 2010
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