terça-feira, 12 de abril de 2016

INCONTROLÁVEL

NOTA 6,5

Mais um meio de 
transporte
desgovernado toca o terror e
os heróis anônimos fazem de
tudo para evitar o pior
Um meio de transporte desgovernado colocando em risco a vida de muitas pessoas e alguns poucos candidatos a heróis dispostos a tudo para impedirem uma terrível catástrofe. Bem, por essa breve descrição você já deve ter percebido que já viu essa mesma história de diversas formas e em diferentes épocas contando apenas com pequenas modificações que no fundo não trazem praticamente mudança alguma, mas ainda assim conseguem deixar muita gente roendo as unhas de tensão e se contorcendo com tanta correria e desespero que se vê na tela. Carros, aviões, ônibus e até navios desenfreados já invadiram os cinemas e Velocidade Máxima continua sendo o maior ícone deste tipo de produção. Com direção de Tony Scott, um apaixonado por filmes com altas doses de adrenalina, Incontrolável surgiu com intenções de roubar a coroa do endiabrado ônibus que foi salvo por Keanu Reeves e Sandra Bullock e entregá-la a dupla Chris Pine e Denzel Washington que enfrentam aqui um trem carregado de material altamente inflamável que está fora de rumo. O longa não decepciona os aficionados pela mistura de ação e suspense, pelo contrário, é um daqueles próprios para curtir em momentos de ficar com o papo para o ar. A história criada por Mark Bomback é bem clichê. Em um dia aparentemente normal em uma estação de trem o inesperado acontece. Uma composição de vagões carregados de produtos químicos altamente tóxicos viaja desgovernadamente e o perigo é iminente. O trem segue rumo a uma cidade podendo causar milhares de mortes e deixar muita gente ferida. Somente duas pessoas podem resolver esse problema: Frank (Washington), um veterano e experiente maquinista, e Will (Pine), um jovem condutor. Os dois estão em posições opostas no trabalho, mas precisam deixar seus conflitos de lado e se unir para colocar em prática uma operação de resgate muito arriscada, porém, para complicar, o tempo está contra eles. Para segurar aquela montanha de aço em disparada e evitar um desastre de proporções gigantescas os dois também contarão com as instruções de Connie (Rosario Dawson), uma das funcionárias do sistema de vigilância dos trens.

Scott já havia trabalhado com a relação de tensão e um veículo de transporte em O Sequestro do Metrô 123, aliás, uma criação datada do mesmo ano e também contando com Washington no elenco o que gera certas críticas. Faltaria criatividade ao diretor? Ele já estava na época em um patamar bem alto da carreira para se dedicar a projetos manjados como esse e quanto ao ator então nem se fala. Reconhecidamente como um dos melhores profissionais da área de sua geração ele já tinha autoridade suficiente para escolher trabalhos melhores e que não correm o risco de serem ofuscados pelos efeitos especiais e trucagens. O incômodo é acentuado pelo curto espaço de tempo que separa as duas produções com temáticas semelhantes. É como se esta segunda aventura em um trem fosse uma sequência não declarada do anterior e dedicada a estender alguma cena importante. A narrativa explora muito mais os aspectos de tensão ainda que sobre espaço para colocar em xeque as relações interpessoais diante de uma situação de dificuldades, mas obviamente sem se aprofundar na construção dos personagens. A identificação do público se deve ao fato dos atores interpretarem pessoas comuns que estão vivendo mais um dia como qualquer outro em suas vidas e que são surpreendidas por um fato que as levam a tentar esquecer suas diferenças e se unirem em nome do respeito ao próximo e o valor a vida. Porém, a dupla de protagonistas não chega a atingir o emocional dos espectadores com facilidade, mas dão conta das cenas de adrenalina. Faltou explorar um pouco mais a vida dos protagonistas, isso certamente criaria uma identificação maior com a plateia, o que resulta em torcida para os heróis. Quanto a atuação de Pine, o jovem ator poderia guiar sua carreira de forma tranquila transitando no campo das comédias românticas no qual já tem intimidade, mas prova aqui que pode vir a se tornar um nome quente para filmes de ação.

Baseado na história real de um erro operacional muito grave cometido por um funcionário de uma empresa de trens que poderia ter gerado uma verdadeira catástrofe nos EUA, o roteiro é talvez o que menos importe aqui. Seu público alvo quer ver correria, adrenalina e ouvir muito barulho, e isso tem de sobra e era a especialidade de Scott, que faleceu no ano seguinte a conclusão deste trabalho. Ele era um diretor que devido a um começo de carreira envolvido com produções totalmente esquecíveis e que visavam simplesmente lucro sempre teve dificuldades para ter seu trabalho reconhecido pela crítica especializada. Porém, é preciso ressaltar que a década de 2000 foi muito importante para ele consolidar seu estilo cinematográfico: obras de ação e suspense com roteiros que ao menos tentam ter algum conteúdo relevante aliados a propostas estéticas chamativas e sempre em busca de inovações ou causar impacto. Claro que em meio a tantos estímulos para sentir o sangue fervendo dificilmente os espectadores conseguem identificar sutis características próprias do cinema do diretor, até porque ele sabia escamotear muito bem utilizando os clichês do gênero, as vezes até abusando deles. Por exemplo, a edição das cenas com muita rapidez talvez não dê o tempo suficiente para quem assiste perceber as cores, tons e tratamentos dedicados as imagens, preocupações que geralmente passam longe dos realizadores de longas de ação que quase sempre adotam uma estética suja e escura para as produções. Se bem analisado, Incontrolável é uma obra destinada a entretenimento, mas com qualidade. O problema é que seu título, estilo e roteiro já carregam o estigma de produção despretensiosa e automaticamente um alerta para que muitos nem pensem na possibilidade de assisti-lo. Filmes de ação não são bem visto por plateias mais elitizadas e muito menos por críticos especializados, mas Scott e outros cineastas tentam com seus trabalhos reverter a imagem negativa que o gênero ganhou nos últimos tempos. É preciso dar uma chance para aqueles que tentam inovar, ainda quem em pequenas doses. Todavia, a última aventura cinematográfica do diretor não chega a ser excepcional, mas também não decepciona. No mínimo é um ótimo passatempo e cumpre o que promete: adrenalina a mil praticamente do início ao fim. 

Ação - 98 min - 2010

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6 comentários:

Marcos Rosa disse...

Esse filme é a cara de D. Washignton. O operário pacato que tem esconde um herói. Vale a pena assistir.

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http://algunsfilmes.blogspot.com/

Anônimo disse...

Assisti esse filme ontem e achei excelente. É muito bem ambientado e empolgante. Se não tivesse na direção um cineasta de pulso forte como o Tony Scott o filme se perderia nos efeitos especiais. Seu blog é muito bom, você intercala sinopse com comentários que fico de um jeito ótimo. Visite novamente meu blog qualquer dia desse.

http://thecinefileblog.blogspot.com/

Abraços!

Rodrigo Mendes disse...

Olá Guilherme obrigado pela visita!
Tony Scott é um diretor versátil, gosto mais de outras fitas dele como Chamas Da Vingança com Denzel e Inimigo Do Estado com Will Smith.

Olha que nem sou admirador de seu clássico Top Gun como muitos, rs!

Abs.
RODRIGO

Foose disse...

As movimentações de câmera e edição picotadas de Tony Scott são irritantes. Apesar disto, o filme consegue manter um bom nível de tensão, mesmo com algumas situações exageradas e lotadas de clichês. O roteiro é simples, mas a diversão é grande.

Um grande abraço...

M. disse...

Ah também muitos filmes aqui que não assisti. Vou linkar mais este blog seu! Muito bacana também. Um abraço.

disse...

Olá, Guilherme! Muito obrigada pela visita em meu blog. Vindo aqui retribuir, encontrei muitos flmes bons e que ainda não assiti. Minhas listas só vão aumentando...]
Abraços,