domingo, 1 de abril de 2018

HOP - REBELDE SEM PÁSCOA

Nota 7,5 Produção infantil recicla com sucesso a fórmula do bichano quer quer ser famoso

Se existem aos montes filmes a respeito da época do Natal ou do Dia das Bruxas, por que não dar chance também para o feriado de Páscoa? Pegando o gancho na popular data festiva em que as trocas de chocolates são as principais marcas, o diretor Tim Hill conduziu Hop – Rebelde Sem Páscoa, mistura de produção live-action com animação nos mesmos moldes da franquia Alvin e os Esquilos, projeto do próprio cineasta. O roteiro de Brian Lynch, Cinco Paul e Ken Daurio tem dois protagonistas vivendo em universos completamente opostos. Junior é um coelho adolescente que adora tocar bateria e sonha em fazer sucesso no mundo da música, mas seu pai deseja que ele dê continuidade à tradição milenar de sua família e se torne o seu sucessor no cargo de Coelho da Páscoa oficial. Ele tenta convencer o pai de que seu caminho é outro, mas não tem sucesso e assim parte para a cidade grande onde acredita que poderá enfim se tornar um grande astro. Ao chegar lá, por pouco ele não é atropelado por Fred Lebre (James Marsden), um trintão que tem sido pressionado pela família para que enfim consiga um emprego e deixe a casa dos pais. Após a surpresa inicial por encontrar um coelho falante, Fred aceita levá-lo até a mansão onde está trabalhando como vigia enquanto o dono está viajando. Apesar dos problemas iniciais de adaptação, eles se tornam amigos, assim Fred topa ajudar Junior a conseguir espaço no cenário musical. Enquanto isso, uma conspiração está sendo organizada contra o pai do coelhinho rebelde organizada pelo ganancioso Carlos que deseja tomar o controle da produção de doces todo para ele. Para quem presta atenção em detalhes, é inegável que surjam ideias que gerem comparações entre o citado filme dos esquilos e o do coelhinho, a começar pelo fato dos bichinhos de ambas as produções adorarem música pop e terem um humano meio perdido na vida como agente e grande amigo. O sucesso dos músicos também é a glória de seus tutores, assim como a fofura e a tagarelice dos protagonistas se equiparam. Porém, as semelhanças não atrapalham o resultado final e só mesmo os mais chatos devem resmungar.

É preciso lembrar que esta é uma produção infantil e quanto mais elementos repetidos e piadas batidas melhor, assim a gurizada se entretém mais facilmente já que para eles tudo é novidade por mais clichê que seja. Outro ponto a favor é o fato do coelho Júnior conseguir ser ligeiramente mais simpático que o trio de esquilos no qual Alvin era o destaque e os outros dois ficavam apagadinhos. Por último, o ator escolhido para fazer a parceria com o desenho animado conseguiu se mostrar bem mais a vontade em cena mesmo contracenando boa parte do tempo com o nada. Marsden consegue superar Jason Lee e Zachary Levi (respectivamente de Alvin 1 e 2) em entusiasmo, até porque seu currículo é bem mais recheado com comédias e ele já havia trabalhado em esquema parecido em Encantada, dividindo a tela com um esquilo criado virtualmente, ainda que em menor quantidade de cenas. Mas voltando a falar das confusões de Fred e Junior, a história em si é manjadíssima, mas o que importa é ver o desenrolar dos fatos e a sintonia da dupla de protagonistas é contagiante. Chama a atenção ver a inserção de algumas piadas que podem ser de difícil compreensão pelos pequenos ou mal interpretadas, como uma brincadeira mencionando as coelhinhas da Playboy, um cutucão aos povos chineses e as diversas vezes que a palavra pinto é utilizada. Eis ai a grande esquisitice ou sacada do filme. Coelho não coloca ovo, quem bota é galinha, assim há um líder entre os funcionários da fábrica de doces, todos pintinhos, que reivindica o direito de se tornarem o animal-símbolo da Páscoa. Faz até sentido a brincadeira, mas no fundo o personagem Carlos tem interesses pessoais neste embate. O visual criado para o mundo mágico da Páscoa completa o espetáculo se mostrando um verdadeiro delírio para os olhos e capaz até de encher a boca de água. Difícil resistir a vontade de devorar um docinho enquanto se assiste Hop - Rebelde Sem Páscoa, forte candidato a substituto dos filmes bíblicos nos domingos deste feriado.
Comédia - 90 min - 2011

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