Nota 7,5 Produção infantil recicla com sucesso a fórmula do bichano quer quer ser famoso
Se existem aos montes filmes a
respeito da época do Natal ou do Dia das Bruxas, por que não dar chance também
para o feriado de Páscoa? Pegando o gancho na popular data festiva em que as
trocas de chocolates são as principais marcas, o diretor Tim Hill conduziu Hop –
Rebelde Sem Páscoa, mistura de produção live-action com animação nos mesmos
moldes da franquia Alvin e os Esquilos, projeto do próprio
cineasta. O roteiro de Brian Lynch, Cinco Paul e Ken Daurio tem dois
protagonistas vivendo em universos completamente opostos. Junior é um coelho
adolescente que adora tocar bateria e sonha em fazer sucesso no mundo da
música, mas seu pai deseja que ele dê continuidade à tradição milenar de sua
família e se torne o seu sucessor no cargo de Coelho da Páscoa oficial. Ele
tenta convencer o pai de que seu caminho é outro, mas não tem sucesso e assim
parte para a cidade grande onde acredita que poderá enfim se tornar um grande
astro. Ao chegar lá, por pouco ele não é atropelado por Fred Lebre (James Marsden),
um trintão que tem sido pressionado pela família para que enfim consiga um
emprego e deixe a casa dos pais. Após a surpresa inicial por encontrar um
coelho falante, Fred aceita levá-lo até a mansão onde está trabalhando como
vigia enquanto o dono está viajando. Apesar dos problemas iniciais de
adaptação, eles se tornam amigos, assim Fred topa ajudar Junior a conseguir
espaço no cenário musical. Enquanto isso, uma conspiração está sendo organizada
contra o pai do coelhinho rebelde organizada pelo ganancioso Carlos que deseja
tomar o controle da produção de doces todo para ele. Para quem presta atenção
em detalhes, é inegável que surjam ideias que gerem comparações entre o citado filme
dos esquilos e o do coelhinho, a começar pelo fato dos bichinhos de ambas as
produções adorarem música pop e terem um humano meio perdido na vida como
agente e grande amigo. O sucesso dos músicos também é a glória de seus tutores,
assim como a fofura e a tagarelice dos protagonistas se equiparam. Porém, as
semelhanças não atrapalham o resultado final e só mesmo os mais chatos devem
resmungar.
É preciso lembrar que esta é uma
produção infantil e quanto mais elementos repetidos e piadas batidas melhor,
assim a gurizada se entretém mais facilmente já que para eles tudo é novidade
por mais clichê que seja. Outro ponto a favor é o fato do coelho Júnior
conseguir ser ligeiramente mais simpático que o trio de esquilos no qual Alvin
era o destaque e os outros dois ficavam apagadinhos. Por último, o ator
escolhido para fazer a parceria com o desenho animado conseguiu se mostrar bem
mais a vontade em cena mesmo contracenando boa parte do tempo com o nada.
Marsden consegue superar Jason Lee e Zachary Levi (respectivamente de Alvin 1 e
2) em entusiasmo, até porque seu currículo é bem mais recheado com comédias e
ele já havia trabalhado em esquema parecido em Encantada, dividindo a tela com um esquilo criado virtualmente,
ainda que em menor quantidade de cenas. Mas voltando a falar das confusões de
Fred e Junior, a história em si é manjadíssima, mas o que importa é ver o
desenrolar dos fatos e a sintonia da dupla de protagonistas é contagiante.
Chama a atenção ver a inserção de algumas piadas que podem ser de difícil
compreensão pelos pequenos ou mal interpretadas, como uma brincadeira
mencionando as coelhinhas da Playboy, um cutucão aos povos chineses e as
diversas vezes que a palavra pinto é utilizada. Eis ai a grande esquisitice ou
sacada do filme. Coelho não coloca ovo, quem bota é galinha, assim há um líder
entre os funcionários da fábrica de doces, todos pintinhos, que reivindica o
direito de se tornarem o animal-símbolo da Páscoa. Faz até sentido a
brincadeira, mas no fundo o personagem Carlos tem interesses pessoais neste
embate. O visual criado
para o mundo mágico da Páscoa completa o espetáculo se mostrando um verdadeiro
delírio para os olhos e capaz até de encher a boca de água. Difícil resistir a
vontade de devorar um docinho enquanto se assiste Hop - Rebelde Sem
Páscoa, forte candidato a substituto dos filmes bíblicos nos domingos deste
feriado.
Comédia - 90 min - 2011
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