Nota 2,0 Efeitos especiais bacaninhas é o que se salva deste terror que não tem objetivos claros
Todos
estão carecas de saber que inovar no gênero de terror é algo quase impossível
atualmente após os temas terem sido reciclados centenas de vezes, mas sempre há
um gênio de plantão tentando tirar leite de pedra. A idéia da morte perseguindo
suas próximas vítimas já foi bem explorada, por exemplo, no primeiro título da
cinessérie Premonição, que não por acaso desandou ladeira
abaixo nos episódios seguintes da franquia. No caso de Prisioneiro
da Morte as boas intenções morrem antes mesmo de algum espectro
surgir em cena. A premissa é bem interessante, mas é mal desenvolvida pelo
roteiro de Brendan Hood, autor de Habitantes da Escuridão, outro
filme que promete demais e cumpre bem pouco. A trama gira em torno do jovem Ian
Stone (Mike Vogel) que está chateado por achar que foi trapaceado durante um
jogo de hóquei na faculdade. Consolado por Jenny (Christina Cole), ele lhe dá
uma carona para sua casa e depois segue para a sua. No caminho é surpreendido
por um corpo estendido no chão durante uma noite chuvosa e tenta pedir socorro,
mas é surpreendido pelo ataque da tal pessoa ou criatura. Passado o susto,
Stone de repente se vê dentro de um escritório e sem nenhuma marca de agressão.
Sua companheira Medea (Jaime Murray) desconhece a história de que ele era
jogador durante a época de estudante e a partir de uma estranha conversa com um
desconhecido o rapaz descobre que está morrendo a cada dia e voltando em uma
nova vida e em alguma atividade ou situação diferente, porém, sempre mantendo o
mesmo nome e com poucos resquícios de memórias de sua “última passagem”, mas
sempre Medea ou Jenny estão por perto. Agora ele precisa desvendar este
mistério para voltar a levar uma vida normal, mas parece que o relógio é seu
inimigo número um. O quebra-cabeça do enredo começa intrigante, mas pouco a
pouco vai se tornando desinteressante mesmo com as constantes mudanças que
ocorrem na vida do protagonista interpretado razoavelmente por Vogel que
estrelou Cloverfield – Monstro, um quase terror com trama bem melhor
desenvolvida. Chegamos a um ponto que o máximo de expectativas que podemos
criar são quanto as aparições dos ceifadores, as criaturas responsáveis por
colocar ponto final em uma vida.
O aspecto visual destas criaturas demoníacas é uma estilização em cima da figura que popularmente conhecemos simplesmente como Morte, aquela assombração com manto negro e foice nas mãos. Os efeitos especiais chamam a atenção pelo aspecto esvoaçante ou borrado dos ceifadores quando se movimentam, obras de Stan Winston, mas são criações muito simplórias para quem já deu vida novamente a monstros pré-históricos como destaca o material publicitário do longa em referência a Parque dos Dinossauros. O diretor italiano Dario Piana, oriundo do mundo da publicidade, se esforça para contar de forma digna uma história que enfoca ceifadores do bem digamos assim. A certa altura, a narrativa se divide entre o drama do protagonista e o conflito existente entre as criaturas malignas que declaram guerra para aqueles do grupo que dão o poder de voltar a viver às vítimas, uma forma de torturá-las com um ciclo de mortes aparentemente infinito. Sempre que o relógio de alguém pára fica a deixa para eles aparecerem e aprontarem. Claro que na conclusão tudo fica embolado e o espectador com cara de bobo. Stone continuará a viver e morrer eternamente? Ele seria também um ceifador? Sinceramente tais respostas até podem ser dadas nos minutos finais, mas é certo que já estaremos tão saturados quando chegarmos à conclusão que ficará difícil prestar atenção a não ser para sabermos quando os créditos finais irão surgir. E olha que não chega a uma hora e meia de duração tal projeto preguiçoso. Ainda bem. Originalmente chamado “As Mortes de Ian Stone”, no Brasil o longa foi lançado diretamente em DVD e já fadado ao fracasso, ainda mais com o genérico título Prisioneiro da Morte digno de produções trash. Em tempo: mesmo deixando a desejar em termos de violência e sanguinolência, o longa teve sua premiére americana em um festival independente de cinema de horror que aos poucos tem ganhado destaque na mídia, lançando cineastas que conseguem realizar trabalhos com uma quantia de dinheiro modesta. Piana foi exceção à regra. Gastou muito mais que o estipulado pensando que um visual estilizado salvaria sua obra. Imagem não é tudo.
Terror - 87 min - 2007
Um comentário:
Parece mesmo muito ruim esse filme. Decerto eu o colocarei na minha lista de filmes para assistir por último, isto é, caso eu os decida assistir.
Postar um comentário