Nota 4,5 Keanu Reeves tentou, sem êxito, reciclar sua imagem testando um personagem do mal
O gênero de suspense vira e
mexe entra em crise e presenteia o público com verdadeiras pérolas que poderiam
nunca ter sido feitas, pois foram tempo e dinheiro jogados fora por parte de
seus realizadores. Por tabela, significam prejuízos semelhantes aos
espectadores desavisados. Quando O Observador foi
lançado nos cinemas, a crítica especializada detonou o filme e ele bem que
poderia ser encaixado na descrição acima, mas é preciso se fazer justiça. O
longa não é tão horrível como diziam, porém, carecia de um roteiro melhor
construído e que apresentasse ao espectador revelações ou cenas impactantes
para justificá-lo como um projeto para cinema. A história adaptada de um conto
de Darcy Meyers e David Elliot (este último também autor do roteiro em parceria
com Clay Ayers) gira em torno do agente do FBI Joel Campbell (James Spader) que
após anos perseguindo assassinos psicóticos e lidando com casos de mortes
na agitada cidade de Los Angeles agora está abandonando este trabalho e se
mudando para outra cidade. Todavia, seu arquiinimigo, o serial killer David
Allen Griffin (Keanu Reeves), seguiu seus passos até seu novo endereço em
Chicago apenas para atormentá-lo de forma peculiar. Antes de cada morte que
planeja, Griffin vigia minuciosamente todos os passos de sua vítima, sempre uma
mulher, a seduz com uma conversa melosa e consegue fotos da mesma e as envia
para Campbell junto com um desafio: ele precisa encontrar a tal pessoa até
certo horário senão ele a matará. O jogo mórbido atinge o ápice quando, não por
coincidência, Griffin promete matar Polly (Marisa Tomei), a terapeuta do
agente. O jogo de gato e rato esquenta ainda mais a partir disto.
O resultado final estaria muito
bom para um trabalho feito para a TV ou lançamento direto para o mercado de
locação e varejo, mas com Reeves encabeçando o elenco os produtores certamente
acreditaram no poder de atração de seu nome e investiram para o circuito de
cinema. A expectativa positiva acabou não se concretizando e o filme foi
ignorado pelo público, muito por conta das críticas negativas da imprensa, mas
merece uma revisão em DVD. Para curtir em casa, a história é até um pouco acima
da média e deve segurar a atenção dos espectadores. Bem no estilo das produções
que a Globo costuma exibir aos sábados a noite, a trama é previsível e repleta
de clichês. Nem mesmo pequenos lampejos de criatividade são observados na
edição ou nos movimentos de câmera. Dessa forma, tudo no longa o desfavorece,
só mesmo funcionando para plateias pouco exigentes ou que estejam habituadas
aos modelos de filmes modestos e que só servem para preencher a programação
televisiva. Reeves aceitou um roteiro que não estava a sua altura por dois
motivos. Primeiro, para ter a oportunidade de mudar sua imagem de bom moço,
apesar do seu visual em seu trabalho anterior, Matrix, ser um tanto
enigmático, mas longe de ser do mal. Segundo, sua amizade pelo diretor Joe
Charbanic que já havia assumido a direção de um documentário sobre a banda
Dogstar na qual o ator era baixista. Já o ator James Spader, que fez sucesso
com Sexo, Mentiras e Videotape, andava sumido do cinema na
época e acabou reaparecendo em um papel pouco expressivo. Em todo caso, O
Observador funciona para matar o tempo ocioso. Simplesmente não
prejudica e nem acrescenta nada a quem assiste.
Suspense - 96 min - 2000
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