domingo, 15 de janeiro de 2017

LUTA E GLÓRIA

Nota 3,0 Drama sobre boxeador que vence na carreira não traz novidade alguma à temática

Além do tênis, golfe e do beisebol, o cinema americano parece ter verdadeiro fetiche pelo boxe, tanto que produções cujo pano de fundo são os ringues de luta existem em quantidade consideráveis e os críticos parecem gostar da temática e não poupam elogios. Bem, nem sempre. A cada um Menina de Ouro ou O Vencedor que surge, temos pelo menos uns dez títulos menores como Luta e Glória lançado diretamente nas locadoras ou na TV. O filme dirigido por Eddie O’Flaherty não é de todo ruim, tem algumas boas passagens, mas no fundo é vazio, dispensável. A trama é roteirizada pelo ator J. P. Davis que também a protagoniza vivendo o rebelde Tommy Riley. Ele foi descoberto por acaso pelo caçador de talentos Marty Goldberg (Eddie Jonnes), um veterano treinador que está desmotivado e com saudades da época áurea do boxe. O rapaz tem habilidade para o esporte, mas treina sozinho e apenas como distração. Na realidade ele é técnico de informática desde que foi eliminado das Olimpíadas de 1999. Diana (Diane M. Tayler), sósia de Goldberg, mostra a ele um vídeo de Riley e imediatamente ele decide investir na carreira do jovem. O problema é que o rapaz também parece desmotivado. Treinado pelo padrasto que não tinha paciência, ele foi colocado para fora de casa quando perdeu uma importante luta e desde então desanimou do esporte, mas o veterano treinador consegue enxergar dentro dele potencial para ser um lutador renomado e não quer deixar que essa chama se apague. A partir daí a narrativa segue um caminho comum. Rilley inicialmente rejeita a proposta de voltar aos ringues, Goldberg insiste, o início da relação pupilo e aprendiz é difícil, mas como manda a cartilha dos filmes sobre esportes é preciso que o protagonista seja vitorioso como incentivo a espectadores que não precisam necessariamente serem esportistas, mas devem enxergar na fita um exemplo de superação e estímulo para buscarem seus objetivos seja na vida profissional ou afetiva.

Além de seguir um roteiro totalmente previsível, o longa peca por perder alguns ganchos que poderiam enriquecer a trama razoavelmente. Diana, por exemplo, poderia ser a chata de plantão ou até mesmo a profissional sem escrúpulos que tentaria ganhar algum lucro em cima do novo rei dos ringues, mas no final é apenas uma personagem vazia que deixa exalar um mínimo de desconfiança quanto a apostar suas fichas em um desconhecido, mas logo a própria lembra que precisou que Goldberg lhe estendesse a mão para ser alguém na vida. Riley tem um interesse amoroso, Stephanie (Christina Chambers), mais uma personagem sem função que nem mesmo com seu relacionamento com outro homem após abandonar o desiludido namorado consegue movimentar a trama. Por fim, somos obrigados a acompanhar as conhecidas cenas de treino e de combates que nem mesmo trazem um bom conflito com um adversário forte ou com algo contra o protagonista. Seria um clichezão, mas neste caso faz falta. O grande gancho do roteiro no final das contas é de cunho afetivo. Com o sucesso na carreira, logo Riley chama a atenção de Mob Silver (Paul Raci), empresário que quer comprar seu passe e administrar sua carreira, o que no fundo para o rapaz seria uma traição com aquele que o ajudou a mudar de vida, embora a relação entre os dois a essa altura estivesse estremecida por conta de um segredo que descobre de seu treinador. Luta e Glória, mesmo sendo uma produção independente e de recursos financeiros escassos, poderia ser um pouco mais ousada para não ser apenas mais um filme sobre o mundo do boxe e a interessar apenas aos fãs da modalidade. Estranho que ainda existam produtores que aceitem bancar projetos como este, claramente filmes que não irão trazer fortuna. O Sr. Davis, como roteirista e protagonista da fita, deve ter um bom benfeitor que o protege.

Drama - 109 min - 2005

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