Nota 3,0 Matthew Broderick faz o que pode salvar comédia com protagonista nada cativante
O que o amor não motiva as pessoas a fazerem pelo bem estar
de outras? É esse simples argumento que sustenta a comédia pouco conhecida Procurando
Amanda, embora seja estrelada por Matthew Broderick que, desculpe o trocadilho,
continua curtindo a vida adoidado nesta fita. Ele interpreta Taylor Peters, um
escritor que está passando por uma má fase profissional, mas escrever programas
humorísticos medíocres foi a única maneira que encontrou para sobreviver após
um longo período viciado em álcool, drogas e jogatinas. Lorraine (Maura
Tierney), sua esposa, nunca o deixou, porém, quando passa a desconfiar que o
marido esteja gastando o pouco que tem com apostas em corridas de cavalos ela
chega ao limite de sua paciência. Com o casamento em perigo, Peters encontra
uma maneira de se redimir com a mulher. Ao descobrir que a sobrinha da
companheira, Amanda (Brittany Snow), uma inconsequente adolescente, está
trabalhando como prostituta em Las Vegas e se afundando no mundo dos vícios (a quem será que puxou?), o escritor decide
ir encontrá-la e a convencer a abandonar esta vida desregrada. Todavia, a
cidade onde tudo parece possível e todas as noites são repletas de agitação é
uma tremenda tentação para Peters que cai em contradição e piriga voltar à vida
boêmia. O roteirista Peter Tolan, que entre alguns deslizes escreveu
os bons Máfia no Divã, A Família da Noiva e E Se Fosse
Verdade, aqui além de roteirizar também fez sua estreia atrás das câmeras.
Ele não inova na função de diretor e traça uma narrativa tradicional ao gênero
comédia romântica, todavia acumular duas atividades o levou a fazer um filme
extremamente mediano e que nem ao menos tem pinta de virar figurinha fácil das
sessões da tarde na TV, principalmente por causa do teor de alguns diálogos que
abusam de citações de duplo sentido e abordam comportamentos reprováveis.
Para os mais crescidinhos, o filme pode até ter algumas passagens engraçadas ou contundentes, mas no geral é um trabalho que provoca alguns poucos sorrisos amarelos e é totalmente esquecível. A busca por forçar situações de humor também acaba atrapalhando o argumento sério da fita que aborda vícios, temática geralmente tratada em contextos mais dramáticos e reflexivos. Contudo, Broderick, que definitivamente parece dormir no formol, consegue salvar alguns momentos equilibrando a malícia inerente a seu personagem e sua carinha de inocente. Os anos passam e ele continua com o rosto e o jeitão de eterno adolescente, mas curiosamente convence em papéis que condizem com sua real idade. Claramente adepto às comédias, o ator inicia bem sua participação em Procurando Amanda com diálogos afiados e sarcásticos e pode ser considerado sem dúvida o chamariz da produção, quem carrega a árdua tarefa de tentar fazer humor tendo em mãos um roteiro sem graça e que a certa altura parece não saber qual caminho seguir. O longa é co-estrelado pela atriz Brittany Snow, a vilã loirinha e entojada de Hairspray – Em Busca da Fama. Ela é aplicada, tem um ou outro bom momento, mas no geral sua personagem não cativa o espectador, mesmo com algumas frases forçadas que nos levam a compreender o porquê da jovem ter aderido à vida “fácil” das ruas, ainda que fique muito mais latente que ela gosta de uma vida louca, tanto que permite que o namorado também saia com outras garotas desde que ele não as leve à sua casa. Que moderninha, não? Fracasso nos EUA, a comédia acabou sendo lançada diretamente em DVD no Brasil e por uma distribuidora praticamente desconhecida, o que já é um sinal de que boa coisa não vem por aí. De qualquer forma, mata um tempo livre sem causar danos a saúde mental de quem arriscar.
Comédia - 96 min - 2008
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