Nota 3,0 A exaltação de ter o poder de brincar com o tempo pode levar à caminhos perigosos
Em tempos em que as sociedades
estão criando indivíduos cada vez mais individualistas, ter educação parece
coisa do passado e todos fazem o que bem entendem e falam o que querem sem
pensar nas consequências. Não é difícil nos pegarmos em alguns momentos
pensando como seria bom voltar no tempo e consertar os erros. O problema seria
ter este dom e não saber usá-lo. É esse o foco de Labirinto do Tempo, um modesto suspense dirigido por Carl
Bessai que tem uma premissa interessante e até consegue prender a atenção a
maior parte do tempo, mas quando chegamos à conclusão, para variar, o caldo
entorna e nem o próprio roteirista Arne Olsen sabe como concluir sua história
que acaba se tornando um círculo vicioso sem fim. O longa começa com a forte e
reflexiva frase "não espere pelo último julgamento, ele acontece todos os
dias" e a trama gira em torno de três jovens que se conhecem e fazem
amizade em uma clínica de reabilitação para ex-drogados. Eles têm direito de
vez em quando a saírem do confinamento por um dia para visitarem suas famílias
e tentarem restabelecer os laços perdidos, contudo, a reinserção na sociedade
não é nada fácil. Kyle (Dustin Milligan) tenta se redimir com sua
irmã enquanto Sonia (Amanda Crew) deseja visitar seu pai doente. Já Weeks
(Richard de Klerk) vai encontrar seu violento pai na prisão que aparentemente
está recluso por algum motivo que envolve seu filho. Esse dia não é perfeito
para nenhum deles, mas todos têm a chance de transformá-lo. Durante essa mesma
noite eles acabam tomando um choque e a partir de então o tempo literalmente
não passa. Eles vivem esse mesmo dia repetidamente, mas a cada novo despertar
podem fazer algo diferente, o que quiserem, e no dia seguinte tudo voltará como
estava. No começo encaram isso como diversão, mas quando Weeks surta e abusa
dessa liberdade a brincadeira com o túnel do tempo ganha contornos
perturbadores.
A falha de esquecer um ponto crucial que deveria constar nos minutos finais acaba sendo o calcanhar de Aquiles da produção. Como se livrar desta maldição que acometeu os protagonistas quando levaram um choque elétrico? Pois é, esqueceram de dar esta resposta. Detalhe bobinho, não é? Bem, descartando esse ponto, até que esse filme com pinta de produção B serve para entreter, afinal de contas toca em um ponto comum e instigante ao imaginário coletivo. No início, os jovens estranham viver o mesmo cotidiano do dia que passou, mas conforme tomam conhecimento de que podem aproveitar essas 24 horas de forma diferente eles passam a extravasar suas vontades, até cometem alguns crimes, porém, aos poucos essa liberdade vai fugindo do controle, pelo menos para um deles. Quando Weeks deixa seu lado mais violento aflorar e passa a cometer atos impensados então cai a ficha de seus amigos que o que estão vivendo está longe de ser uma dádiva. Obviamente chegará um momento em que tais mudanças em um único dia trará consequências graves para o futuro. É a velha teoria do bater de asas da borboleta sendo aplicada no cotidiano. Uma batida a mais ou a menos no voo de uma mariposa, mesmo que há centenas de anos atrás, pode mudar drasticamente o futuro, um pensamento alegórico já exposto em outras produções do cinema como Efeito Borboleta. Curiosamente, Labirinto do Tempo parece ter sido pensado para agradar ao público jovem, mas o clima melancólico do início e a predominância de tons acinzentados em quase todas as cenas podem ser fatores que afugentam o público-alvo. Todavia, não demora muito para a narrativa engrenar e tornar-se interessante, ainda que os dramas dos personagens com seus respectivos familiares sejam pouco explorados. Só é uma pena que termine de forma previsível e com furos, problemas que atingem a maior parte dos suspenses e com os quais infelizmente já nos acostumamos.
A falha de esquecer um ponto crucial que deveria constar nos minutos finais acaba sendo o calcanhar de Aquiles da produção. Como se livrar desta maldição que acometeu os protagonistas quando levaram um choque elétrico? Pois é, esqueceram de dar esta resposta. Detalhe bobinho, não é? Bem, descartando esse ponto, até que esse filme com pinta de produção B serve para entreter, afinal de contas toca em um ponto comum e instigante ao imaginário coletivo. No início, os jovens estranham viver o mesmo cotidiano do dia que passou, mas conforme tomam conhecimento de que podem aproveitar essas 24 horas de forma diferente eles passam a extravasar suas vontades, até cometem alguns crimes, porém, aos poucos essa liberdade vai fugindo do controle, pelo menos para um deles. Quando Weeks deixa seu lado mais violento aflorar e passa a cometer atos impensados então cai a ficha de seus amigos que o que estão vivendo está longe de ser uma dádiva. Obviamente chegará um momento em que tais mudanças em um único dia trará consequências graves para o futuro. É a velha teoria do bater de asas da borboleta sendo aplicada no cotidiano. Uma batida a mais ou a menos no voo de uma mariposa, mesmo que há centenas de anos atrás, pode mudar drasticamente o futuro, um pensamento alegórico já exposto em outras produções do cinema como Efeito Borboleta. Curiosamente, Labirinto do Tempo parece ter sido pensado para agradar ao público jovem, mas o clima melancólico do início e a predominância de tons acinzentados em quase todas as cenas podem ser fatores que afugentam o público-alvo. Todavia, não demora muito para a narrativa engrenar e tornar-se interessante, ainda que os dramas dos personagens com seus respectivos familiares sejam pouco explorados. Só é uma pena que termine de forma previsível e com furos, problemas que atingem a maior parte dos suspenses e com os quais infelizmente já nos acostumamos.
Suspense - 89 min - 2010
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