domingo, 12 de setembro de 2021

A FAMÍLIA BUSCAPÉ


Nota 7 Embora não siga à risca a série de TV original, comédia diverte com seus clichês 


Caipiras, desbocados, ingênuos, atrapalhados, bondosos, decentes e divertidos. Que atire a primeira pedra aquele que nunca se sentiu um pouquinho parecido com algum membro do clã protagonista de A Família Buscapé ou jamais vivenciou alguma situação em que se sentiu um peixe fora d’água ou deu uma bola fora. É comum em momentos descontraídos as pessoas se referirem a seus familiares usando o título desta comédia, um costume que começou bem antes do filme ser lançado. O longa é baseado no seriado de TV homônimo (nos EUA chamado de "The Beverly Hillbillies") que fez muito sucesso entre as décadas de 1960 e 1970. A premissa do filme é a mesma da série. A diretora Penelophe Spheeris faz humor com situações previsíveis de um simpático e simplório grupo acostumado a vida sem luxo do campo tentando se adaptar ao agitado cotidiano de uma cidade grande, com o diferencial que eles agora têm muito dinheiro e são um prato cheio para golpistas e bajuladores. A família Clampett leva uma vida calma e simples na roça, mas uma reviravolta está prestes a acontecer para eles e mudar tudo da noite para o dia. 

O patriarca Jed (Jim Varney) um dia vai caçar em suas terras e descobre algo inesperado. Ao tentar acertar em um animal, ele acaba atirando no chão e um gêiser borbulhante de petróleo bruto surge. Agora milionário, o simplório homem é convencido pelo senhor Milburn Drysdale (Dabney Coleman) a deixar que ele cuide de seus negócios em seu banco e que toda a sua família se mude para a agitada cidade de Beverly Hills. Desde o início da mudança o clã se mete em muita confusão para se adaptar ao ritmo e novidades da cidade grande, mas os contratempos do dia-a-dia não são nada perto do que está por vir. Ingênuos, eles caem na conversa de Laura Jackson (Lea Thompson), que se apresenta como professora de boas maneiras, justamente o que a estabanada Elly May (Erika Eleniak) precisa, mas na realidade essa refinada mulher tem um plano com Woodrow Tyler (Rob Schneider) para roubar os Clampetts. Ainda bem que a vovó Granny (Cloris Leachman) e Jane Hathaway (Lily Tomlin), funcionária exemplar do senhor Drysdale, são bem vivas e não se deixam levar pela simpatia da golpista. 


O roteiro de Lawrence Konner, Mark Rosenthal, Jim Fisher e Jim Staahl é calcado nos argumentos dos primeiros episódios do seriado, abrindo mão de um vasto arsenal de ideias, provavelmente imaginando futuras continuações. Apostando na nostalgia do público, esperava-se um trabalho de muita repercussão, mas a produção não fez o sucesso esperado em solo norte-americano, o que fez com que ele chegasse a outros países sem grandes expectativas e a ideia de uma continuação fosse imediatamente esquecida. Porém, em países com predominância de pessoas mais populares e com um pé na roça, o longa se deu bem. No Brasil, por exemplo, ele se adaptou bem à tela da televisão e parece que foi feito com a finalidade de distrair os espectadores assíduos da "Sessão da Tarde". Repetido diversas vezes, verifica-se que o conteúdo agrada ao espectador vespertino, em geral composto por crianças, donas de casa e idosos. Realmente, a mistura de humor pastelão e a ingenuidade dos personagens caipiras revela-se uma fórmula certeira de puro entretenimento, mas algumas piadas são forçadas demais e o público que curtia a série afirma que o longa-metragem perdeu as rédeas da carroça. Mesmo assim, para quem nunca viu ou não se apega as memórias do antigo seriado algumas boas gargalhadas estão garantidas. 

No elenco temos alguns destaques, mas também micos. Varney, o patriarca da família, convence com seu caipira de bom coração que procura uma nova esposa muito mais para ajudar na criação da filha do que para lhe trazer felicidade. Thompson, acostumada a papéis coadjuvantes e esquecíveis, aqui tem sua grande chance de brilhar e a aproveita de forma modesta. Já a experiente Tomlin está bastante simpática e à vontade com sua prestativa secretária, mas merecia um texto mais apurado e à altura de seu talento ao passo que Schneider, hoje reconhecido como um sinônimo de comédia, naquele tempo ainda engatinhava na carreira, mas já mostrava que cinismo e caras e bocas são sua zona de conforto. Já Erika Eleniak, uma ex-modelo, se esforça para dar vida à caipira com gestos masculinizados enquanto seu primo na trama, vivido por Diedrich Bader, confundiu interpretar uma pessoa deslumbrada com fazer papel de retardado. A maior parte de suas piadas é sem graça e puro pastelão, ainda mais na reta final quando ele interpreta um segundo personagem travestido como uma prima dos Clampetts. 


Sobra até para a idosa e oscarizada Leachman que vive uma vovozinha construída com todos os clichês possíveis para fazer humor em cima da figura de uma velhinha que ora parece fora do mundo e ora está super antenada e bem disposta. Apesar dos tropeços do roteiro e das interpretações caricatas do elenco, A Família Buscapé funciona como divertimento para uma tarde de ócio em casa e até para dar risadas de prováveis situações semelhantes que qualquer um pode viver, mas se você é do tipo que mesmo nas horas de lazer procura os mínimos detalhes de erros ou acertos de um filme, bem, é melhor procurar outra opção para não se irritar. Em tempo: a cantora e atriz Dolly Parton faz uma participação como ela mesma sendo contratada para cantar na festa de aniversário do patriarca dos Clampett, afinal se tem uma fortuna no banco por que não curtir um pouquinho de ostentação?

Comédia - 92 min - 1993

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2 comentários:

Unknown disse...

já assisti muitas vezes... tem cheiro de nostalgia, lembro sempre da minha infancia/adolescência

minha avaliação do filme: bom

bjkssss


http://seenovidadeeuquero.blogspot.com.br

GustavoPeres99 disse...

Esse eu adoro, principalmente a vovó