O autor Nicholas Sparks se transformou em uma franquia... De repetições. Suas obras versam basicamente sobre amores fadados ao infortúnio, histórias protagonizadas por um belo casal que se une contra adversidades que possam impedi-los de viver um grande amor, mas o destino sempre lhes reserva um final impactante ou traumático. Foi assim com Um Amor Para Recordar, Querido John e Um Porto Seguro, por exemplo. Até o queridinho popular Diário de Uma Paixão segue tal vertente, mas ganha pontos por ter uma trama mais realística em comparação aos demais best sellers do escritor. O Melhor de Mim entra na lista de seus livros já adaptados para o cinema apenas de forma numérica. Qualitativamente não agrega nada. Com direção de Michael Hoffman, do simpático Um Dia Especial (que tinha tudo para ser mais uma história do Midas da literatura romântica, mas não é), a trama acompanha a trajetória de Amanda (Liana Liberato) e Dawson (Luke Bracey), dois jovens que se apaixonam perdidamente, mas a relação não é aprovada pelos pais dela que consideram o pretendente um pobretão e oriundo de uma família de desajustados.
Quando o rapaz resolve
fugir de casa e tentar uma vida melhor, ele é acolhido por Tuck (Gerald
McRaney), um ex-militar viúvo que oferece total apoio à esse relacionamento que
sofre com episódios de violência, acidentes, preconceito, doenças e tudo quanto
é desgraça. O destino não parecia a favor destes jovens e eles acabam se
separando e após duas décadas, ou melhor, depois de exatos 21 anos como é
frisado várias vezes, eles voltam a se reencontrar por ocasião da morte do
senhor que os apoiara na juventude. Nesta fase o casal é interpretado por
Michelle Monaghan e James Marsden, nomes mais conhecidos do grande público, mas
nem por isso deixam de entediar boa parte da fita. É a partir de suas memórias
que vamos tendo conhecimento desta história de amor e os fatos que os levaram a
romper. Distantes por tanto tempo e tendo seguidos caminhos completamente
opostos, ambos colocarão o amor que viveram um dia à prova e vão tentar dar
mais uma chance um ao outro, porém, outra vez parece que o destino estará
contra esta união.
Partindo
de uma estrutura narrativa eficiente e bem arquitetada, o longa une passado e
presente entrelaçando a trajetória dos protagonistas cujos gestos e atitudes
atuais podem adquirir uma conotação completamente diferente quando contrastados
com seus comportamentos na adolescência. Toda a trama é desenvolvida tendo como
pano de fundo belíssimas paisagens idílicas e com o sol quase sempre
emoldurando os personagens, isso quando a chuva ou a água de um lago não tratam
de adornar as sequências. Aliás, se há algo para esta produção se gabar o
motivo seria o aperfeiçoamento tecnológico. Cada fotograma parece ter sido
minuciosamente alterado em computador para oferecer imagens perfeitas e
sedutoras. Até a barba por fazer dos homens parece terem sido retocadas para
que cada pelinho tivesse o mesmo comprimento e coloração. Tudo é harmonioso
demais esteticamente, uma das características dos textos de Sparks que insiste
em dar provas e mais provas do quanto os protagonistas merecem ficar juntos.
Liberato
e Bracey, pouco espontâneos e desconhecidos do grande público, não conseguem
convencer como um casal apaixonado ao extremo, mas tal fato não chega a diluir
a atenção do espectador graças a montagem eficiente que intercala flashbacks
com momentos do presente quando entram em cena Monaghan e Marsden, atores bem
mais experientes e com entrosamento melhor em cena. O casal protagonista quando
mais jovem tem características físicas díspares de seus representantes na
maturidade, mas nada que não possa passar batido pelos olhares daqueles que
emergem neste universo paralelo em que Sparks permite seus personagens
transitarem por um ambiente utópico, mas quando os puxa para a realidade o faz
com golpes certeiros de dor.
O roteiro de J. Mills Goodloe e Will Fetters é extremamente fiel ao livro e oferece ao espectador diversos momentos lacrimejantes, principalmente no ato final quando somos surpreendidos (ou não) por uma situação impactante. Se não fosse da grife "sparkiniana" a conclusão até poderia chocar, mas conhecendo sua obra já estamos preparados para o que está por vir. Como de costume, o autor não poupa o espectador de um baque do destino a uma das partes do par romântico e assim mais uma vez deixa seu recado de que o amor deve ser vivido em sua plenitude nos pequenos momentos de ternura da vida. Para quem sobrevive ao infortúnio, fica a dor e o arrependimento de não ter aproveitado diversas situações ao lado da pessoa amada, gatilho certeiro para atingir ao público mais emotivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário