Nota 5,0 Suspense sem grandes sustos é mero produto para publicidade do protagonista
Crianças endemoniadas parecem um
fetiche do cinema de horror. Símbolos de pureza e inocência, realmente até hoje
não deixa de ser impactante ver guris que giram a cabeça, com olhar macabro, se
automutilando ou atentando verbalmente contra a moral e a crença religiosa.
Bem, o demoniozinho de Reféns do Mal vem em embalagem mais
econômica, sendo a fixação de seus olhos, cara séria e dom para premonição suas
principais armas para amedrontar, mas no caso ele só mete medo em quem merece.
Será mesmo? Não há como falar sobre esta produção assinada pelo diretor Stewart
Hendler sem revelar seu grande trunfo que na realidade não é nenhum truque para
surpreender o espectador, mas sim a matéria-prima do roteiro de Christopher
Borrelli. David (Blake Woodruff) é um garoto de oito anos filho único da Sra.
Sandbom (Teryl Hothery), uma jovem e rica viúva que sempre o mimou com
presentes e fez suas vontades, mas ainda assim ele parece sério demais. No dia
de seu aniversário, em pleno período natalino, comparece a sua festa um
animador vestido de Papai Noel que na verdade não é do ramo. Ele é Max (Josh
Holloway), um ex-detento que aprendeu a cozinhar na prisão e agora que está
livre sonha em abrir um restaurante com a noiva Roxanne (Sarah Wayne Calles),
mas devido ao seu histórico criminal será difícil conseguir financiamento para
o projeto, assim ele cai na tentação de fazer um último serviço sujo para um
desconhecido que só consegue contatar pelo telefone: sequestrar David e em
troca pedir um polpudo resgate. O rapto dá certo e com a ajuda da noiva e dos
comparsas Vince (Joel Edgerton) e Sidney (Michael Hooker), Max aprisiona o
garoto nas acomodações de um acampamento que está fechado provisoriamente
devido ao inverno rigoroso. O futuro casal trata o menino de forma mais
amigável, pois desejam que tudo acabe bem para todos, mas são alertados de que
não devem se afeiçoar a ele. De qualquer forma, bastava um primeiro contato com
a milionária que ela não se negaria a pagar uma fortuna para ter seu pimpolho
de volta, mas as coisas saem dos trilhos.
Por um descuido dos bandidos,
David acaba os flagrando com o rosto limpo, assim quando liberto poderia
denunciá-los a polícia com direito a retrato falado. Sidney tenta amedrontá-lo
para que isso não aconteça, mas é o menino quem o assusta na verdade
demonstrando ter poderes sensitivos e paranormais, alertando-o que em poucos minutos
o bandido sofreria um infarto fulminante. Dito e feito. O grupo então começa a
ficar em estado de alerta, ainda mais porque não podiam pedir ajuda a ninguém e
por Roxanne afirmar estar ouvindo vozes e a ter sonhos estranhos. Apesar da
atuação de Woodruff não ser muito envolvente, o personagem consegue
desestabilizar os sequestradores de tal forma que eles próprios começam a meter
os pés pelas mãos. Acreditar que o moleque tem poderes sensoriais e repasse sua
carga de energia negativa é tolerável, mas fatos como sua imagem não aparecer
em uma foto que serviria de prova de vida para pedir o resgate diminuem a
tensão. Além disso, a participação de autoridades policias que deveriam
trabalhar para a construção do clímax neste caso é insignificante. Contudo, o
longa ganha alguns pontos extras por evitar conceitos religiosos para
justificar a conduta de David, não se sustentar pela expectativa de quem será a
próxima vítima, afinal são apenas quatro criminosos, e por uma bem-vinda
revelação da Sra. Sandbom. Vendido com toda pompa pelo fato de Holloway ser a
estrela de “Lost”, seriado de grande repercussão na época, Reféns do Mal está longe
de ser uma excelente produção de suspense e foi lançado no Brasil diretamente
em DVD fazendo jus ao razoável entretenimento que proporciona. A gélida
ambientação colabora para essa sensação e os sustos são oferecidos em pequenas
doses, já que Hendler sabiamente prefere investir na construção do clima de
tensão, ainda que morno, para compensar a falta de uma grande reviravolta. Pelo
menos o final é coerente e sem aquela tradicional cena final que deixa gancho
para uma possível continuação, pelo contrário, a conclusão põe uma pedra no
assunto reforçando a ideia de redenção. Papai Noel agradece literalmente.
Suspense - 95 min - 2007
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