Nota 6,0 Obsessão por vingança leva homem comum a atos extremos em obra simples e eficiente
O nome do escritor Stephen King
ajuda a vender um filme aos produtores e consequentemente é certeza absoluta de
retorno financeiro. Bem, nem sempre os resultados são satisfatórios. A
trajetória do autor no cinema é repleta de altos e baixos. O próprio já chegou
a ser diretor da adaptação de uma de suas obras decepcionado com os resultados
que outros cineastas ofereceram em outras oportunidades. O fato é que as vezes
menos é mais e é isso que prova o suspense Sede de Vingança que está longe de
ser uma das melhores adaptações cinematográficas do escritor e tampouco uma
obra memorável de seu gênero, mas de qualquer forma prende a atenção do início
ao fim. Baseado em um curto conto de King, a trama começa com um discurso vingativo
de um homem enquanto a câmera capta a aspereza de um asfalto de estrada. Ele é
Robinson (Wes Bentley), um professor de ciências que vivia muito feliz com a
esposa Elizabeth (Emmanuelle Vaugier) que não vê a hora de engravidar. A vida
do casal muda completamente quando presenciam uma chocante cena em uma região
desértica dos EUA. Um caminhão repleto de mulheres traficadas para fins de
prostituição é interceptado por Jimmy Dolan (Christian Slater), o maior mafioso
da região. Ele promove uma verdadeira chacina, o casal observa tudo e depois
denuncia à polícia, esta que já está saturada de denúncias do tipo e parece até
compactuar que tragédias assim aconteçam para amedrontar novos possíveis
imigrantes ilegais que desejam invadir o território norte-americano para roubar
as terras e empregos que por direito seriam da população ianque. Mesmo com o
absurdo descaso da polícia local, que preconceituosa creditava o tal crime a um
negro, o casal segue em frente com a denúncia e então passa a viver sob a
proteção do FBI até que chegue o dia do julgamento de Dolan. O problema é que
nem preso ele está ainda.
A morosidade da Justiça parece
ser um problema em qualquer parte do mundo. O mandato de prisão só pode ser
expedido quando a polícia tem provas concretas de um crime, o que não é o caso,
portanto Dolan continua fazendo seus negócios sujos e recrutando garotas como
se escolhesse produtos em um mercado para atender as exigências de pessoas com
caráter piores que o dele. Conforme o tempo passa as coisas só se complicam
mais e até as poucas testemunhas que poderiam acusar o mafioso acabam sendo
assassinadas e um fato chocante faz com que Robinson decida fazer justiça
literalmente com suas próprias mãos e suor. Por meses ele estudou os hábitos e
comportamentos de seu algoz, treinou tiro ao alvo por conta própria e bolou um
plano para capturar Dolan. O primeiro falhou, mas o segundo foi
estrategicamente pensado, uma vingança sem pressa e um tanto claustrofóbica.
Passado praticamente inteiro sob um sol escaldante, o filme dirigido por Jeff
Beesley consegue envolver o espectador com uma trama enxuta e de clima
exasperante. A forma que encontra para capturar o criminoso pode ser um tanto
estapafúrdia, mas faz parte do show, se bem que se imaginarmos que existem
pessoas com coragem de amontoar dezenas de semelhantes em um caminhão e não
pensar duas vezes antes de matá-los é bem mais acachapante e diante disso nada
mais é impossível, ainda mais quando vemos Dolan interessado em um novo
negócio: tráfico infantil. Apesar dos bons ganchos para explorar a respeito do
submundo da criminalidade, embora uma temática bastante difundida, o roteirista
Richard Dooling não quis fugir da essência do conto original e focou suas
atenções quanto aos planos de vingança de Robinson. Slater e Bentley, dois
atores comumente subestimados, conseguem travar um interessante conflito e
seguram bem a onda sendo o centro das atenções boa parte do tempo. Sede
de Vingança mostra que um filme simples não significa ser um produto ruim,
é apenas uma forma econômica de realizar um passatempo objetivo sem deixar de
lado a qualidade.
Suspense - 88 min - 2009
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