sábado, 23 de janeiro de 2016

RUAS DE SANGUE

Nota 3,0 Boa premissa é desperdiçada em longa que alinhava clichês dos gêneros policial e ação

No passado muitos filmes do gênero policial fizeram sucessos nos cinemas e no mercado de vídeo, mas nos últimos anos percebe-se que a falta de qualidade tanto nos aspectos técnicos quanto narrativos que acomete a maior parte destas produções tem feito esta categoria cinematográfica sumir do mapa e encontrar espaço, ainda que minguado, nas prateleiras das locadoras. Geralmente produções do tipo rendem dinheiro apenas quando são lançamentos e sofrem com a ação do tempo tornando-se produtos obsoletos rapidamente e só interessando aos mais aficionados por ação e suspense. Ruas de Sangue é um típico produto dessa linha lançado diretamente em DVD sem passagem pelos cinemas. Sua premissa é até interessante, mas o longa conta com alguns detalhes que por si só trabalham contra o seu sucesso, a começar por ostentar nos créditos nomes famosos que há tempos deixaram de ser promessas de sucesso. A trama escrita por Eugene Hess se passa em Nova Orleans em meados de 2005, logo após a passagem devastadora do furacão Katrina pela região. Na época foi encontrado o corpo do parceiro do detetive Andy Devereaux (Val Kilmer), que então passa a formar dupla com Stan Green (50 Cent) com quem investiga o caso. Os dois descobrem que o assassinato foi cometido por dois policiais desonestos e então estes quatro homens passam a ser acompanhados pela psicóloga da polícia Nina Ferraro (Sharon Stone). Além desta situação, o FBI também está investigando um grande caso de corrupção que pode estar ocorrendo no pelotão liderado pelo agente Brown (Michael Biehn). Há indícios que uma gangue de bandidos fortemente armados e acobertados por alguém da polícia está agindo na região fragilizada pelo furacão.

Os nomes em destaque de Kilmer e Stone já não têm o poder de atração de outrora. Ambos tiveram o auge de suas carreiras no início dos anos 90, mas hoje foram esquecidos pelos grandes diretores e estúdios, assim eles se dedicam a pequenas produções que não raramente passam despercebidas pelos olhos do público e são esnobados pela crítica especializada. O diretor Charles Winkler também já foi um nome respeitado pela indústria, mas seu último trabalho mais relevante foi como produtor do sucesso mediano Rocky Balboa, coincidentemente um  trabalho pelo qual Sylvester Stallone deu seu sangue para tentar escapar do ostracismo definitivamente. Por fim, o rapper 50 Cent há tempos vem sentindo os baques que o mundo da música vem sofrendo com a queda de vendas de CDs e tem investindo cada vez mais na carreira de ator, pena que seja um intérprete fincado a um estilo único de filme, assim está sempre metido em tramas envolvendo a criminalidade. Se os intérpretes neste caso são considerados de segundo escalão, o roteiro poderia contornar a situação, mas houve desperdício de material. São fatos reais que as gangues de criminosos aproveitaram a vulnerabilidade da cidade de Nova Orleans após os estragos provocados pelo furacão Katrina para cometerem roubos e assassinatos, mas o enredo desperdiça a possibilidade de fazer um registro histórico do período tentando levantar o questionamento se é válido que a polícia recorra a métodos ilegais e agressivos para combater a violência, ou seja, fazer uso das mesmas técnicas que os bandidos utilizam para tocar o terror e marcar seus territórios. Também é levantada a questão sobre a corrupção no meio policial, mas por se tratar de um longa puxado para o gênero de ação é óbvio que não há aprofundamentos destes temas, mas sim investimento em adrenalina e tiroteios, embora por vezes a narrativa se torne um tanto enfadonha ao abrir espaço para longos diálogos entre a personagem de Sharon e os policiais que ela acompanha psicologicamente. De qualquer forma, o número de fãs de produções do tipo ainda é bem grande e Ruas de Sangue pode agradá-los. Não é dos piores do gênero e também não prejudica mentalmente a ninguém.

Ação - 94 min - 2009
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