Nota 3,0 Boa premissa é desperdiçada em longa que alinhava clichês dos gêneros policial e ação
No passado muitos filmes do gênero policial fizeram sucessos nos cinemas
e no mercado de vídeo, mas nos últimos anos percebe-se que a falta de qualidade
tanto nos aspectos técnicos quanto narrativos que acomete a maior parte destas
produções tem feito esta categoria cinematográfica sumir do mapa e encontrar
espaço, ainda que minguado, nas prateleiras das locadoras. Geralmente produções
do tipo rendem dinheiro apenas quando são lançamentos e sofrem com a ação do
tempo tornando-se produtos obsoletos rapidamente e só interessando aos mais
aficionados por ação e suspense. Ruas de Sangue é um típico
produto dessa linha lançado diretamente em DVD sem passagem pelos cinemas. Sua
premissa é até interessante, mas o longa conta com alguns detalhes que por si
só trabalham contra o seu sucesso, a começar por ostentar nos créditos nomes
famosos que há tempos deixaram de ser promessas de sucesso. A trama escrita por
Eugene Hess se passa em Nova Orleans em meados de 2005, logo após a passagem devastadora
do furacão Katrina pela região. Na época foi encontrado o corpo do parceiro do
detetive Andy Devereaux (Val Kilmer), que então passa a formar dupla com Stan
Green (50 Cent) com quem investiga o caso. Os dois descobrem que o assassinato
foi cometido por dois policiais desonestos e então estes quatro homens passam a
ser acompanhados pela psicóloga da polícia Nina Ferraro (Sharon Stone). Além
desta situação, o FBI também está investigando um grande caso de corrupção que
pode estar ocorrendo no pelotão liderado pelo agente Brown (Michael Biehn). Há
indícios que uma gangue de bandidos fortemente armados e acobertados por alguém
da polícia está agindo na região fragilizada pelo furacão.
Os nomes em destaque de Kilmer e Stone já não têm o
poder de atração de outrora. Ambos tiveram o auge de suas carreiras no início
dos anos 90, mas hoje foram esquecidos pelos grandes diretores e estúdios,
assim eles se dedicam a pequenas produções que não raramente passam
despercebidas pelos olhos do público e são esnobados pela crítica especializada.
O diretor Charles Winkler também já foi um nome respeitado pela indústria, mas
seu último trabalho mais relevante foi como produtor do sucesso mediano Rocky
Balboa, coincidentemente um trabalho pelo qual Sylvester Stallone deu
seu sangue para tentar escapar do ostracismo definitivamente. Por fim, o rapper
50 Cent há tempos vem sentindo os baques que o mundo da música vem sofrendo com
a queda de vendas de CDs e tem investindo cada vez mais na carreira de ator,
pena que seja um intérprete fincado a um estilo único de filme, assim está
sempre metido em tramas envolvendo a criminalidade. Se os intérpretes neste
caso são considerados de segundo escalão, o roteiro poderia contornar a
situação, mas houve desperdício de material. São fatos reais que as gangues de criminosos
aproveitaram a vulnerabilidade da cidade de Nova Orleans após os estragos
provocados pelo furacão Katrina para cometerem roubos e assassinatos, mas o
enredo desperdiça a possibilidade de fazer um registro histórico do período
tentando levantar o questionamento se é válido que a polícia recorra a métodos
ilegais e agressivos para combater a violência, ou seja, fazer uso das mesmas
técnicas que os bandidos utilizam para tocar o terror e marcar seus
territórios. Também é levantada a questão sobre a corrupção no meio policial,
mas por se tratar de um longa puxado para o gênero de ação é óbvio que não há
aprofundamentos destes temas, mas sim investimento em adrenalina e tiroteios,
embora por vezes a narrativa se torne um tanto enfadonha ao abrir espaço para
longos diálogos entre a personagem de Sharon e os policiais que ela acompanha
psicologicamente. De qualquer forma, o número de fãs de produções do tipo ainda
é bem grande e Ruas de Sangue pode agradá-los. Não é dos piores do gênero e
também não prejudica mentalmente a ninguém.
Ação - 94 min - 2009
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