Nota 2,0 Estrelado por astro de American Pie, longa é um equívoco desde a concepção da ideia
Muitos atores enchem a boca para
falarem daquele que seria o personagem mais importante de sua carreira,
contudo, tal afirmação é usada já prevendo que sempre o próximo papel deverá
ocupar tal lugar e assim por diante. Teoricamente as coisas deveriam funcionar
desse jeito até porque com o acúmulo de experiências de trabalho e de vida a
tendência é que o ator cada vez aprimore mais a sua arte, mas parece que para
algumas pessoas não basta ter apenas esse raciocínio e força de vontade. É
preciso contar com a sorte, muita sorte. Jason Biggs é um exemplo disso. Quem?
Seu nome não é muito conhecido, mas seu rosto sim. Basta dizer que ele é o
protagonista dos três primeiros filmes da série American Pie. Com cara de bobo, se metendo em inúmeras confusões e
trabalhando no limite do aceitável em termos de besteirol e escatologia, ele
fez bastante sucesso na época, mas não chegou a se tornar um ídolo, nem mesmo
dos adolescentes que podiam se identificar com os dilemas e sensações de seu
personagem. Percebendo a estagnação da carreira, felizmente ele pulou fora das
demais (e terríveis) continuações da série que o lançou e procurou trilhar
novos caminhos. Até o mestre Woody Allen lhe estendeu a mão e o rapaz
protagonizou sua comédia romântica Igual
a Tudo na Vida, mas realmente o futuro não foi generoso com ele. No
Topo do Mundo, por exemplo, até poderia ser um filminho razoável para
matar o tempo ocioso, mas torna-se maçante a começar pelas próprias
expectativas de quem assiste. Sinônimo de comédia, o nome do ator atrelado a
essa produção nos remete ao gênero inevitavelmente, algo reforçado pela
sinopse. Na trama roteirizada por John Paul Chapple e Steve Atridge, o ator dá
vida ao Cabo Rudy Spruance, um Oficial de informações Públicas que em junho de
1979 é enviado por engano para trabalhar em uma base militar na Groelândia
quando na verdade deveria estar servindo no Havaí. Confusões à vista! É óbvio
que o rígido lugar vai ficar de pernas pro ar com a presença de um recruta
totalmente perdido por lá. Seria bom se o roteiro seguisse tal viés. Fora a
introdução em que Spruance acaba sendo vítima de um enxame de mosquitos e logo
em seu primeiro dia na base já experimenta a enfermaria, não há resquício de
humor no que vem a seguir.
Devido ao acidente com os
insetos, Spruance já começou com o pé esquerdo e vira alvo de chacota de alguns
colegas que automaticamente o rotulam como um zero a esquerda. Todavia ele faz
amizade com o soldado Henry Lavone (Sean Tucker), que também não parece ser
muito popular e tampouco com a mente completamente sã, e conversa muito com a Sargento
Irene Teal (Natasha McElhone) com quem demonstra ter muita química, mas o
problemas é que ela parece enrolada em um caso amoroso com o com o Comandante Lane Woolwrap (Jeremy
Northan), um homem linha dura e que não
demonstra muito apreço por Spruance. Dizem que só é enviado para a base da
Groelândia os militares que fizeram algo de errado em suas bases originais,
assim a temporada nessa terra que não tem para onde fugir, o sol brilha
intensamente boa parte do ano, mas o período de frio é implacável, serve como
uma espécie de reformatório. Certa vez Woolwrap adverte que seus soldados
precisam se preocupar em como eles serão lembrados depois de morrerem, o que
eles fizeram de bom na vida, mas o tempo passa e o relações públicas local nada
mais faz que obrigatoriamente redigir textos para um periódico militar
exaltando o trabalho do comandante. Explorando o local, Spruance finalmente faz
uma descoberta que poderia render uma repercussão e tanto. Um homem muito
doente está esquecido em uma ala da enfermaria da base e em sua ficha de dados
consta seu nome como Sr. X (Michael Ironside). Ele sabe de coisas que podem
complicar a vida de Woolwrap, mas tem dificuldades para falar e parece que
certos assuntos são terminantemente proibidos por lá. Com direção de Saul
Metzstein, No Topo do Mundo sofre com um acúmulo de pontos desfavoráveis.
Crise de identidade é um dos mais graves. Regra geral é um drama dos mais sem
graça, opção que poderia ter sido revertida a favor de um suspense leve
trabalhando melhor o gancho do misterioso paciente esquecido no hospital
militar. E como explicar os minutos iniciais que apontavam outra direção? É
certo que Biggs precisa e merece explorar outros gêneros, mas não é fazendo uma
ponte truncada de seu habitat natural para um campo desconhecido que o milagre
acontece. Um trabalho de publicidade em cima dessa decisão do ator em
amadurecer seu currículo seria bem-vinda, mas possivelmente o longa por onde
passou foi fracasso e lançado sem barulho algum. Quando a própria distribuidora
faz questão de poupar confete com seus produtos é porque tem algo errado com a
produção.
Drama - 101 min - 2005
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