Nota 4,0 Fita filipina segue preceitos do horror oriental e acerta na ambientação, mas peca no ritmo
A década de 2000 tem como uma de
suas referências cinematográficas a explosão do cinema de horror oriental, primeiramente
à base de remakes hollywoodianos, mas que abriram as portas para os originais
conseguirem espaços nos cinemas e principalmente nas videolocadoras. O excesso
de produções semelhantes, quase todas evocando histórias de espíritos atormentados
desejando vingança ou justiça, fez com que a vertente logo caísse na mesmice.
Contudo, a produção de obras do gênero continua a todo vapor em terras orientais.
Se em seus países de origem ainda conseguem espaços nas salas de exibição, o
restante do mundo toma contato com tais filmes através dos serviços de
streaming que para apresentarem um catálogo quantitativo adquirem produções
provavelmente sem analisar o conteúdo. Embora a internet esteja cheia de
menções como um filme de terror que deixou muita gente sem conseguir dormir, Testemunha Fantasma é uma produção das Filipinas
que não traz absolutamente nada de novo e não chega a ser tão assustador como
divulgam. Com direção e roteiro de Mikhail Red, a trama se passa em meados da década
de 1990 e acompanha o drama vivido por Pat Consolacion (Bea Alonzo), a
orientadora educacional de uma escola católica para meninas, um lugar marcado
por sinistras histórias. Há boatos que no passado uma estudante chamada Erika
(Gillian Vivencio) se enforcou no banheiro e de que seu espírito é visto com
frequência. O que as alunas e nem as sisudas freiras que cuidam da instituição
sabem é que a recatada conselheira possui dons mediúnicos e se sente feliz em
poder interagir com as almas, algumas nervosas e outras apenas confusas. Quando
mais uma estudante morre na escola, mesmo contra a vontade de Alice (Charo Santos-Concio),
a mal humorada e abusiva diretora, Pat decide investigar o passado do local e
tentar contato com o espírito de Erika, mas as coisas que descobre podem ser
mais assustadoras do que ela esperava, incluindo o despertar da fúria de uma
implacável entidade maligna.
Por já estar familiarizada com o reino sobrenatural, a protagonista raramente se impressiona com o que vê, o que pode passar certa imagem de apatia erroneamente, mas apesar da atuação contida Alonzo consegue conquistar a empatia do espectador que embarca junto em seu desafio de desmantelar a rede de segredos da escola que envolve bullying, assassinato, saúde mental e vingança. O roteiro não faz rodeios e logo nos primeiros minutos já introduz o mistério com sinais de uma presença sobrenatural no colégio, contudo, a narrativa é marcada por um ritmo lento, o que ajuda a denunciar os pontos em que deveríamos nos surpreender com algo inesperado, pois o aumento do volume dos recursos sonoros e o modo como Red trabalha a câmera nesses momentos contrastam. A monotonia também se deve ao fato de praticamente toda a narrativa depender da protagonista, sendo os coadjuvantes desperdiçados com exceção de Joyce (Gabby Padilla), garota com um passado traumático que passa a contar com o apoio de Pat e sua situação incentive a educadora a não desistir de desvendar o mistério que investiga. Por outro lado, o diretor acerta na criação da atmosfera estabelecendo rapidamente o clima opressor da escola retratada com cores sombrias e quase sempre destacando os corredores e o banheiro palco da tragédia vazios e gélidos. Qualquer ser humano em sã consciência evitaria transitar pelo local sozinho e principalmente a noite, mas a protagonista mata nossa curiosidade desvendando o que se esconde entre as tristes paredes, embora a revelação do mistério possa decepcionar ou surpreender dependendo do ponto de vista. Só não espere o velho clichê da batalha entre o bem e o mal ou talvez ela até exista e sua solução dependa da mudança do tipo de educação da instituição. Testemunha Fantasma cumpre de forma razoável o que se propõe, mas pode decepcionar quem for na cola de muitos comentários da internet. Passa longe de ser tão assustador a ponto de tirar o sono, a não ser pelos risos causados pela lembrança do espectro da tal Erika. A equipe de caracterização errou feio.
Por já estar familiarizada com o reino sobrenatural, a protagonista raramente se impressiona com o que vê, o que pode passar certa imagem de apatia erroneamente, mas apesar da atuação contida Alonzo consegue conquistar a empatia do espectador que embarca junto em seu desafio de desmantelar a rede de segredos da escola que envolve bullying, assassinato, saúde mental e vingança. O roteiro não faz rodeios e logo nos primeiros minutos já introduz o mistério com sinais de uma presença sobrenatural no colégio, contudo, a narrativa é marcada por um ritmo lento, o que ajuda a denunciar os pontos em que deveríamos nos surpreender com algo inesperado, pois o aumento do volume dos recursos sonoros e o modo como Red trabalha a câmera nesses momentos contrastam. A monotonia também se deve ao fato de praticamente toda a narrativa depender da protagonista, sendo os coadjuvantes desperdiçados com exceção de Joyce (Gabby Padilla), garota com um passado traumático que passa a contar com o apoio de Pat e sua situação incentive a educadora a não desistir de desvendar o mistério que investiga. Por outro lado, o diretor acerta na criação da atmosfera estabelecendo rapidamente o clima opressor da escola retratada com cores sombrias e quase sempre destacando os corredores e o banheiro palco da tragédia vazios e gélidos. Qualquer ser humano em sã consciência evitaria transitar pelo local sozinho e principalmente a noite, mas a protagonista mata nossa curiosidade desvendando o que se esconde entre as tristes paredes, embora a revelação do mistério possa decepcionar ou surpreender dependendo do ponto de vista. Só não espere o velho clichê da batalha entre o bem e o mal ou talvez ela até exista e sua solução dependa da mudança do tipo de educação da instituição. Testemunha Fantasma cumpre de forma razoável o que se propõe, mas pode decepcionar quem for na cola de muitos comentários da internet. Passa longe de ser tão assustador a ponto de tirar o sono, a não ser pelos risos causados pela lembrança do espectro da tal Erika. A equipe de caracterização errou feio.
Terror - 101 min - 2018
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