Nota 3,0 Investindo mais no humor que no horror, bom argumento é desperdiçado
No final da década de 1990 houve
uma explosão de fitas de assassinos mascarados voltadas aos adolescentes. Tudo
bem, na época produtores queriam tirar leite de pedra do fenômeno Pânico, mas é preciso ter consciência que
uma hora a fonte seca. É claro que hoje em dia ainda existe público para fitas
do tipo, ainda que em pequeno número, mas é preciso ter grana sobrando no banco
para investir em produções que já nascem fadadas ao fracasso. A Morte Te Dá Parabéns não tinha como fazer
sucesso. É uma reunião de clichês que buscou algum diferencial com viagens no
tempo, mais especificamente uma jovem condenada a reviver inúmeras vezes o dia
de sua morte. Bem, novidade aí não há nenhuma. Um personagem preso a um mesmo período
e tendo a chance de contornar erros e fazer as coisas reverterem a seu favor já
foi a temática da comédia Feitiço do
Tempo, da fita de ação Contra o Tempo
e do drama de guerra No Limite do
Amanhã, por exemplo. A possibilidade de poder escapar da morte driblando as
armadilhas de um serial killer se encaixa perfeitamente a proposta da volta no
tempo, mas é preciso ter traquejo para lidar com a fórmula, algo que falta ao
diretor Christopher Landon, de Como
Sobreviver a Um Ataque de Zumbi. A trama tem como protagonista Tree
(Jessica Rothe), uma universitária egocêntrica, falsa, displicente com a
família e que adora usar os homens e descartar, ou seja, uma figura
desprezível. A ideia é justamente causar repulsa no espectador para pouco a
pouco ele se envolver com a jornada de redenção da jovem. A intenção pelo menos
era das melhores, mas o plano posto em prática... No fim do dia de seu
aniversário ela é assassinada por alguém que se esconde por uma ridícula
máscara de bebê gorducho, todavia, acorda como se nada tivesse acontecido, mas
logo percebe que as situações do fatídico dia se repetem continuamente. Essa é
a chance, ou melhor, as diversas chances de tentar escapar da morte e descobrir
a identidade do bandido revivendo de forma diferente todos os acontecimentos
que podem ter contribuído para seu assassinato.
O roteiro de Scott Lobdell, de O Homem da Casa, usa o primeiro dia para
apresentar os personagens e alguns elementos-chaves que serão repetidos à
exaustão para facilitar a compreensão do enredo. Tudo começa com Tree acordando
no quarto de Carter (Israel Broussard), um rapaz que ela desconhece, depois uma
discussão com Gregory (Charles Aitken), seu professor com quem mantém um
relacionamento às escondidas, outra briga com Danielle (Rachel Matthews), uma
colega de escola, e momentos de descontração com Lori (Ruby Modine), sua amiga
que a presenteia com um cupcake. Essas situações vão se repetindo copiosamente,
com pequenas alterações a cada novo recomeço, o que por um lado é justificável
dentro da proposta, mas por outro torna o longa extremamente cansativo. Curioso
que a cada repetição de cena surge uma nova complicação, mas entre todas as
alternativas jamais a protagonista cogita a possibilidade de simplesmente
desmascarar o vilão ou até mesmo armar uma emboscada para matá-lo. Tree só
corre e grita. Ridículo? A proposta é justamente essa. Não há pretensão alguma
de que o enredo seja levado a sério e o humor se faz presente do inicio ao fim,
culminando em uma ridícula revelação de quem é o serial killer. Até a violência
gráfica é comedida, assim como o sangue de mentirinha. A Morte
Te Dá Parabéns ao menos não é pretensioso ao ponto de querer
inaugurar uma nova franquia de terror, não tem estopo para tanto, mas se perde
ao tentar colocar em debate a arrogância do ser humano e trabalhar a ideia que
só valorizamos a vida quando passamos por momentos de dificuldades. Tais problemáticas
estão diretamente ligadas ao trabalho de Rothe que não tem carisma suficiente para
envolver o espectador a ponto de torcer ou crer em sua redenção. No fundo é
divertidíssimo ver sua personagem morrendo consecutiva vezes. Só esperava-se
mais requinte de crueldade do assassino a cada nova chance de acabar com a
mocinha torta... Que maldade não?
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