Nota 5,0 Ligeiro e sem muita história para contar, fita se resume a violência e mortes chocantes
O mundo está cheio de pessoas
más, isso é fato. A ironia é que por mais que uma pessoa se considere terrível
(no caso um autoelogio), sempre haverá alguém pior ainda para ocupar tal posto
e nem mesmo quem faz parte de uma gangue da pesada está a salvo. Embora existam
grupos em que a camaradagem reina absoluta, em geral para quem vive da
criminalidade a morte é algo tão banal que estourar os miolos de um companheiro
não significa nada. Proteger a si mesmo e seus interesses está sempre em
primeiro lugar. Explorar ao máximo a crueldade do ser humano, revelando
inclusive que até os mais bonzinhos tem escondido seu lado negro, o terror
independente americano tem presenteado os fãs do gênero com carnificinas
surreais. Com um epílogo clichê no qual uma jovem corre desesperadamente por
uma densa floresta na calada da noite até cair em uma armadilha, Ninguém Sobrevive surpreende após o estranho
primeiro ato. No início a trama pode confundir com histórias paralelas, mas que
não demoram a convergir. Simplesmente creditado como "driver"
(motorista), Luke Evans, que viria a fazer parte dos episódios 6 e 7 da
franquia Velozes e Furiosos, surge na
tela com pinta de herói viajando na companhia da namorada Betty (Laura Ramsey)
viajando por estradas desertas, obviamente, até que eles têm a péssima ideia de
parar em um restaurante entregue às moscas. Lá eles são provocados pelo
marrentão e inconsequentente Flynn (Derek Magyar) que imaginando o casal como
ricaços arma um plano para sequestrá-los em parceria com Ethan (Brodus Clay).
Pouco antes sua gangue já havia realizado um assalto mal sucedido em uma casa
de veraneio que invadiram, mas acabaram sendo supreendidos pelos donos que
foram assassinados de imediato. Hoag (Lee Tergesen), o líder do bando, se
desentende com Flynn que agora quer se redimir. Ele só não contava que o
sequestro do tal casal reservaria desagradáveis surpresas.
O cara que seria a vítima acaba
se revelando tão violento e sanguinário quanto os criminosos e no porta-malas
de seu carro encontram uma jovem, Emma Ward (Adelaide Clemens), a garota que
aparece na introdução, uma rica herdeira desaparecida há meses. Há quanto tempo
ela estaria sendo mantida refém pelo motorista misterioso? Betty sabia disso?
Aliás, teria o rapaz de fato a sequetrado ou por um mero acaso ela se escondeu
em seu carro? Ou ela foi colocada propositalmente dentro do veículo? O roteiro
escrito pelo estreante David Cohen deixa muitas pontas soltas e em alguns
momentos exagera nas manipulações para que as situações se encaixem aos
propósitos violentos da trama, mas nada que anule o prazer dos masoquistas e
fãs de gore. Mortes e ataques violentos e detalhados não faltam para o deleite
daqueles que praticamente precisam também sentir a dor de uma navalha perfurando
um personagem e o diretor Ryûhei Kitamura sabe bem como trabalhar sensações do
tipo. De origem japonesa, este é o segundo longa com produção americana que ele
assina. Sua estreia foi com o irregular O
Último Trem que apesar de um argumento bem interessante acabou tendo sua
execução atrapalhada pela obsessão do cineasta por violência gráfica, assim
tornando-se refém de efeitos especiais muitas vezes mal inseridos ou usados em
exagero para fazer o espectador literalmente entrar na carnificina. Com Ninguém Sobrevive ele prova que aprendeu com
seus erros procurando chocar com trucagens mais convencionais, porém, muito
eficientes. Longe de ser uma obra-prima do gênero gore, uma boa sacada da
produção é a alternância entre vilões e anti-heróis. Ninguém é totalmente do
bem, mas em diversos momentos quem se declara do mal também corre riscos, contudo,
a má construção dos perfis dos personagens faz com que não torcemos para que
alguém sobreviva ao massacre. Ironicamente, traindo seu título, a fita deixa um
gancho para uma possível continuação. Desnecessária, obviamente.
Suspense - 86 min - 2012
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