Nota 1 Com ares de suspense noir, longa é confuso, enfadonho e com excesso de personagens
O ator franco-americano Christopher Lambert já teve seus momentos de glória, como nos tempos em que encarnava o personagem Highlander, mas há muito foi esquecido pelo público e quiçá pelos próprios profissionais do cinema. A falta de opções de trabalho é o único objetivo encontrado para justificar sua presença em A Chave do Mistério, um tremendo engodo que você assiste até o fim só para ter o prazer de juntar munição para detonar o trabalho de Sophie Marceau que além de atuar também dirigiu e escreveu este suspense noir vazio e enfadonho. Conhecemos o detetive Jacques Renard (Lambert) que já não tem mais a mesma disposição dos seus áureos tempos na polícia e acabou de sair de um hospital psiquiátrico. De volta ao trabalho, ele é encarregado de casos insignificantes, mas as coisas mudam quando ele conhece uma misteriosa e sedutora mulher que pede sua ajuda para desvendar um desaparecimento e indica que ele vá até o Hotel Riviera e procure pelo quarto de número 401.
Chegando no local, Renard descobre que o proprietário do estabelecimento, Antonio Bérangére (Robert Hossein), sumiu sem deixar vestígios e que há exatos 36 anos um estranho episódio marcou a história do endereço, mas foi esquecido com o passar do tempo. Conforme explora as dependências do hotel e conversa com frequentadores e funcionários, o detetive começa a penetrar em uma teia de segredos em torno da morte brutal de uma bela atriz, Victoria Benutti (Marceau), que pelas fotos que encontra lembram muito a misteriosa mulher que conheceu e que por sua vez o lembra de alguém do seu passado, mas não consegue se recordar quem é. Camille (Nicolas Briançon) é o herdeiro do hotel e é filho da atriz, fruto de um caso que ela teve com Bérangére que na noite que desapareceu não saiu com o carro e nem levou documentos ou dinheiro, apenas sua arma de caça.
Chama a atenção que a data da morte da atriz coincide com a do sumiço do dono do prédio. A Sra. Melanie (Marie Christine Barrault) é a atual gerente do hotel e esposa de Bérangére e criou Camille desde pequeno. O rapaz diz que achou melhor que a mãe tenha morrido porque sabe que ele nunca lhe significou nada e demonstra claro desprezo pelas investigações em torno do desaparecimento do pai. Conforme avança nas investigações, Renard passa a confundir alucinações e realidade, sentindo-se mal constantemente por causa das visões da mulher que o procurou pedindo ajuda. Ele procura auxílio da amiga Marilou (Laure Duthilleul) que parece saber o que ocasionou seus distúrbios psiquiátricos, todavia, as aparições que ele vê podem ser de Victoria. Conforme boatos, o espírito da atriz vaga pelas dependências do hotel e o assunto é evitado por todos, mas Renard insiste que a vê, inclusive a viu dirigindo um carro antigo justamente na estrada em que sofreu o fatídico acidente.
O corpo do Sr. Bérangére é encontrado a beira mar e sua esposa o reconhece pelos objetos encontrados nos bolsos da calça, mas o investigador considera mal feito o relatório dos legistas, um novato o fez, e acredita que existem coisas sendo omitidas em torno dessa morte. A Chave do Mistério sofre do mesmo mal de vários outros filmes franceses: excesso de personagens e prepotência em querer ser mais do que pode. São muitos tipos jogados em cena que chega um momento em que não sabemos mais quem é quem e quais suas funções na trama que, se até o escrito acima já é um tanto rocambolesca, torna-se ainda mais complicada com o surgimento de um estranho DVD com imagens de uma garota em momentos de descontração na praia ou em casa, alguém ligada ao passado do protagonista que cada vez se torna mais paranoico e muda de comportamento drasticamente.
Afinal qual a chave de todo esse mistério? Bem, possivelmente ela existe e é citada, mas merece um prêmio quem conseguir chegar até o desfecho desta fita entediante e totalmente descartável. A estética envelhecida poderia ser a tábua de salvação da produção, mas acaba colaborando para transformá-la em uma opção insuportável. Sabendo das origens da fita, fica claro que este é apenas um veículo para a cultuada Marceau se promover, provar que não é apenas um rosto bonito, mas que tem capacidade para atuar também atrás das câmeras. Para quem outrora era promessa de uma imigrante no casting hollywoodiano deve ser difícil sobreviver com filminhos vagabundos em seu país natal.
Suspense - 103 min - 2007
Leia também a crítica de:
Nenhum comentário:
Postar um comentário