Nota 0,5 Boa premissa só segura filme por alguns poucos minutos e o tédio é constante
Um homem acorda e se vê preso dentro de um pequeno compartimento
e tem como único elo com o mundo um rádio transmissor. Com os olhos fixos em um
cronômetro regressivo, como se uma bomba pudesse explodir a qualquer momento, ele
não sabe como foi parar lá, mas graças aos diálogos que consegue travar com
outra pessoa que parece estar vivendo a mesma situação descobre que está
participando de uma trama terrorista. A premissa é até bacana, desde que fosse
para um curta-metragem, mas A Conspiração tem a ousadia de tentar ser um
longa-metragem. Isso não é um elogio, ok? Vamos à trama. Jeremy Reins (Stephen
Dorff) certo dia acorda dentro de um claustrofóbico lugar, possivelmente o
bagageiro de um carro. O que parecia ser um sequestro comum torna-se algo mais
perigoso quando este agente do Serviço Secreto descobre que foi usado como cobaia
em uma trama terrorista. Vendo a contagem regressiva para acontecer uma
catástrofe, Reins é forçado por seus raptores a ter informações do mundo
exterior à beira de um colapso através de um rádio de frequência curta. É a
partir deste aparelho que o agente consegue fazer contato Henry Shaw (JR
Bourne), outro que parece estar vivendo a mesma situação, e descobre que sua
mulher Molly (Chyler Leigh) também foi sequestrada e está ferida. A única
maneira do agente acabar com tudo isso é divulgando um segredo que ele jurou à
sua corporação proteger com todas as suas forças. A claustrofobia é um tema
bastante comum em filmes de suspense. Já vimos desde pessoas presas em um
elevador até indivíduos enterrados vivos, mas é preciso ter muita criatividade
para segurar a atenção do espectador por cerca de uma hora e meia utilizando um
único ambiente e às vezes apenas um ator em cena, como é o caso. O protagonista
é lançado em uma situação enlouquecedora, mas não duvide que o desespero maior
fique por conta de quem assiste.
A premissa é boa, mas é insuportável ver uma única pessoa em
cena ocupando um espaço pequeno e ainda tagarelando sem parar. Como diversão
esse filme passa longe dos objetivos, afinal não há movimentação alguma,
todavia, como uma experiência cinematográfica até tem o seu valor, pois boa
parte da tensão é gerada por agentes externos como sirenes de carros de
polícia, tiroteios e gritos fazendo com que a imaginação de Reins voe longe, obviamente
sempre pensando no pior. Poderia render um interessante estudo psicológico e
emocional analisando o comportamento do ser humano em momentos de estresse
limite e diante de um perigo que ele não vê, mas esta é uma produção
tipicamente fast food a la Hollywood, portanto aprofundamentos não constam da
pauta. O negócio é fazer o público roer as unhas e se contorcer nas poltronas,
mas A Conspiração não concretiza tais objetivos e por fim entrega um final que nos
deixa em dúvida se merece elogios ou uma enxurrada de xingamentos. Sem revelar a
pegadinha, é certo que a conclusão nos surpreende, ninguém imaginaria algo do
tipo, mas após o baque, quando colocamos a cabeça no lugar e fazemos uma rápida
análise do produto como um todo chegamos a conclusão de que o diretor Gabe
Torres e o roteirista Timothy Mannion nos fizeram de trouxa. Tanta expectativa
(isso para quem não dormir logo no início) para depois nos deparamos com um
final totalmente anticlimático que em cerca de dez minutos apresenta duas
reviravoltas, mas que praticamente anulam todo o resto do longa. Em suma, tal
qual o protagonista fica de olho na contagem regressiva do relógio,
provavelmente o espectador também ficará com olhos atentos ao cronômetro do
aparelho do DVD torcendo para que os créditos finais apareçam logo, isso para
quem tiver coragem de encarar esta verdadeira bomba até o fim. Só para
terminar, a criatividade dos tradutores brasileiros é tanta que
acabaram intitulando este filme com o mesmo nome de outra produção
também protagonizada por Dorff.
Suspense - 91 min - 2011
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