sábado, 25 de abril de 2015

UM DIA DE SORTE

Nota 0,5 História frouxa e situações e diálogos ridículos detonam longa totalmente descartável

Existem filmes que pelos primeiros dez ou quinze minutos já nos fazem indagar quem em sã consciência aprovaria algo do tipo para ser produzido? Pior, por que eu estou perdendo meu tempo com isso? Um Dia de Sorte é um produto que exemplifica bem tal situação. Como bom cinéfilo só se dá por satisfeito quando os créditos finais chegam para conseguir fazer uma avaliação mais sincera lá vai o veredito: a frustração é total. Este drama com pitadas de ação e suspense começa sem rumo e segue assim até os minutos finais apoiando-se em situações e diálogos constrangedores, embora levados a sério demais pelo ator Val Kilmer, também produtor da fita ao lado do premiado Kevin Spacey. O ator de olhos claros e madeixas alouradas que outrora foi uma promessa de sucesso hoje vive de papéis tolos em produções obscuras como neste caso em que vive o criminoso John Cologne que acaba de dar o maior golpe de sua vida, não por acaso o seu último trabalho sujo antes da aposentadoria. Porém, antes de fugir para a Flórida para dar novos rumos à sua vida ele terá que se livrar da mercadoria do último roubo. Seus planos fogem do controle quando ele conhece em um parque por acaso Antoine (Bobb’E J. Thompson), um garoto aparentemente sozinho no mundo, mas muito maduro e que faz o fora-da-lei repensar suas atitudes e descobrir o que deve mudar em sua vida. Agora ele quer devolver uma misteriosa pasta ao gângster que roubou, o inescrupuloso Jimmy Espinosa (Lobo Sebastian), mas tal negociação pode ser perigosa e colocar sua vida em risco. Ele bola um plano e conta com a ajuda de seu amigo Manny (Wilmer Valderrama) para colocá-lo em prática, todavia, Jonh precisará juntar em uma única tarde muito mais dinheiro do que imaginaria conseguir em toda sua existência. Seu desejo de mudar os rumos de seu destino é o que o motivam a correr contra o tempo e cumprir a tarefa. A nota baixíssima só se justifica por uma ou outra sequência de conversa telefônica em que a tela é dividida para mostrar a imagem das duas pessoas. Efeito manjado, contudo, eficiente.

Escrito e dirigido por Charles Burmeister, o longa é um verdadeiro engodo. Começa com toda a pinta de que será um filme de ação, mas corre-corre e tiroteios são servidos em quantidades mínimas. Esse seria um ponto positivo caso em contrapartida houvesse um bom enredo para sustentar pouco menos de uma hora e meia de projeção, mas nem com esse minguado tempo de duração o resultado final se torna razoável. Boa parte do tempo do primeiro ato é dedicada a conversas telefônicas do protagonista. Entre telefones públicos e celulares John trava diálogos sofríveis e desanimadores com várias pessoas. Por exemplo, ele tenta arquitetar um plano com Manny, fantasia e em poucos segundos briga com a amante Cheryl (Ivana Milicevic) e tenta ainda se reconciliar com a ex-mulher e a filha, Alice (Marg Helgenberger) e Alana (Ashley Johnson). As sequências em que ele conversa com estas duas mulheres é o que se salva do desastre, embora seja um tanto clichê. Criminoso ganha a vida com negócios ilegais o que acarreta em sua separação da esposa e revolta da filha que se envergonha do pai que tem. A redenção não tarda a chegar. Alguém se interessa em ver pela enésima vez tal tema? Até que público poderia ter, mas do jeito que Burmeister oferece seu trabalho a rejeição é praticamente destino certo. O espectador dificilmente consegue se envolver com um conflito tão frágil, ainda mais porque não são raras as vezes que a atenção dispersa visto o grande número de bobagens inseridas. Para que uma discussão tola sobre como a América foi descoberta? Uma personagem sensual que não faz mais nada que constranger ou fazer o espectador gargalhar diante da imbecilidade que está diante dos seus olhos? E pior é ainda constatar que o grande pulo do gato do roteiro não funciona. A batida temática da criança sensível e carente dando boas lições a um adulto não surte efeito, principalmente porque o garoto em questão não desperta a simpatia do espectador, as vezes até irritando com suas falas tolas como afirmar que é homossexual, um gancho que não agrega nada à trama. Um Dia de Sorte realmente é uma pedida de azar para quem por acaso pegá-lo na locadora ou zapeá-lo no lixão da TV paga.

Drama - 87 min - 2008

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