Nota 0,5 História frouxa e situações e diálogos ridículos detonam longa totalmente descartável
Existem filmes que pelos
primeiros dez ou quinze minutos já nos fazem indagar quem em sã consciência
aprovaria algo do tipo para ser produzido? Pior, por que eu estou perdendo meu
tempo com isso? Um Dia de Sorte é um produto que exemplifica bem tal situação.
Como bom cinéfilo só se dá por satisfeito quando os créditos finais chegam para
conseguir fazer uma avaliação mais sincera lá vai o veredito: a frustração é
total. Este drama com pitadas de ação e suspense começa sem rumo e segue assim até os
minutos finais apoiando-se em situações e diálogos constrangedores, embora
levados a sério demais pelo ator Val Kilmer, também produtor da fita ao lado do
premiado Kevin Spacey. O ator de olhos claros e madeixas alouradas que outrora
foi uma promessa de sucesso hoje vive de papéis tolos em produções obscuras
como neste caso em que vive o criminoso John Cologne que acaba de dar o maior
golpe de sua vida, não por acaso o seu último trabalho sujo antes da
aposentadoria. Porém, antes de fugir para a Flórida para dar novos rumos à sua
vida ele terá que se livrar da mercadoria do último roubo. Seus planos fogem do
controle quando ele conhece em um parque por acaso Antoine (Bobb’E J. Thompson),
um garoto aparentemente sozinho no mundo, mas muito maduro e que faz o
fora-da-lei repensar suas atitudes e descobrir o que deve mudar em sua vida.
Agora ele quer devolver uma misteriosa pasta ao gângster que roubou, o
inescrupuloso Jimmy Espinosa (Lobo Sebastian), mas tal negociação pode ser
perigosa e colocar sua vida em risco. Ele bola um plano e conta com a ajuda de
seu amigo Manny (Wilmer Valderrama) para colocá-lo em prática, todavia, Jonh
precisará juntar em uma única tarde muito mais dinheiro do que imaginaria
conseguir em toda sua existência. Seu desejo de mudar os rumos de seu destino é
o que o motivam a correr contra o tempo e cumprir a tarefa. A nota baixíssima
só se justifica por uma ou outra sequência de conversa telefônica em que a tela
é dividida para mostrar a imagem das duas pessoas. Efeito manjado, contudo,
eficiente.
Escrito e dirigido por Charles
Burmeister, o longa é um verdadeiro engodo. Começa com toda a pinta de que será
um filme de ação, mas corre-corre e tiroteios são servidos em quantidades
mínimas. Esse seria um ponto positivo caso em contrapartida houvesse um bom
enredo para sustentar pouco menos de uma hora e meia de projeção, mas nem com
esse minguado tempo de duração o resultado final se torna razoável. Boa parte
do tempo do primeiro ato é dedicada a conversas telefônicas do protagonista.
Entre telefones públicos e celulares John trava diálogos sofríveis e
desanimadores com várias pessoas. Por exemplo, ele tenta arquitetar um plano
com Manny, fantasia e em poucos segundos briga com a amante Cheryl (Ivana
Milicevic) e tenta ainda se reconciliar com a ex-mulher e a filha, Alice (Marg
Helgenberger) e Alana (Ashley Johnson). As sequências em que ele conversa com
estas duas mulheres é o que se salva do desastre, embora seja um tanto clichê.
Criminoso ganha a vida com negócios ilegais o que acarreta em sua separação da
esposa e revolta da filha que se envergonha do pai que tem. A redenção não
tarda a chegar. Alguém se interessa em ver pela enésima vez tal tema? Até que
público poderia ter, mas do jeito que Burmeister oferece seu trabalho a
rejeição é praticamente destino certo. O espectador dificilmente consegue se
envolver com um conflito tão frágil, ainda mais porque não são raras as vezes
que a atenção dispersa visto o grande número de bobagens inseridas. Para que
uma discussão tola sobre como a América foi descoberta? Uma personagem sensual
que não faz mais nada que constranger ou fazer o espectador gargalhar diante da
imbecilidade que está diante dos seus olhos? E pior é ainda constatar que o
grande pulo do gato do roteiro não funciona. A batida temática da criança
sensível e carente dando boas lições a um adulto não surte efeito,
principalmente porque o garoto em questão não desperta a simpatia do
espectador, as vezes até irritando com suas falas tolas como afirmar que é
homossexual, um gancho que não agrega nada à trama. Um Dia de Sorte realmente
é uma pedida de azar para quem por acaso pegá-lo na locadora ou zapeá-lo no
lixão da TV paga.
Drama - 87 min - 2008
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