Nota 1,5 Mais uma vez a atriz Sophie Marceau mostra que tem de dedo podre para escolhas
Sophie Marceau é uma das atrizes
mais famosas e requisitadas da França e até Hollywood já esteve de olho na
moça, todavia, ultimamente ela está precisando parar para pensar melhor em suas
decisões profissionais. Embora mais apreciadas e divulgadas nos últimos, é
certo que as produções francesas ainda costumam sofrer com o preconceito, o
estigma de serem chatas e cheias de simbolismos, e ao que tudo indica os
últimos trabalhos de Marceau querem reforçar tal negativismo com o agravante de
serem confusas como é o caso de Nelly, um estranho drama com toques
de humor (prêmio para quem achar algum momento de graça) que marca a estreia da
atriz Laure Duthilleul como diretora e roteirista, este último crédito que
divide com Jean-Pol Fargeau e Pierre-Erwan Guillaume. Teoricamente, com mais de
uma pessoa na função, seria possível ver os possíveis erros uns dos outros e
acrescentar melhorias ao roteiro, mas alguém teria que fazer a revisão final, a
limpeza do texto. Duthilleul, atribulada com as funções de direção, pode não
ter tido tempo para tanto e o que se vê é uma reunião de cenas que parecem não
ter muita conexão. Quando encontramos um eixo para nos situar, infelizmente
percebemos que nada demais acontece para justificar a existência desta obra. A
história começa apresentando alguns personagens desesperados a procura de
Manuel (Sébastien Derlich), médico de um pequeno vilarejo e cuja secretária
eletrônica está lotada de recados. Ao mesmo tempo, Nelly (Marceau) está em meio
aos preparativos para levar seus filhos para passar o dia na praia. Outros
personagens surgem, pessoalmente ou só ouvimos seus nomes, desestimulando o
espectador tamanha a insanidade da introdução, mas é perceptível que a diretora
não queria contar uma história com tudo mastigadinho e sim aguçar a curiosidade
para pouco a pouco serem revelados detalhes e a trama ser completada na cabeça
de quem assiste. Então, mais a frente, ficamos sabendo que Nelly, além de
secretária, também era a esposa de Manuel que é descoberto morto em sua casa.
Juntos há 12 anos, o casal
parecia viver um relacionamento de aparências já a algum tempo, mas isso não
impede o sofrimento de Nelly que surta por não saber agora que rumos dar para
sua vida. O carpinteiro José (Antoine Chappey), irmão do falecido, é um dos primeiros
a chegar para o velório e se prontifica a fazer o caixão em sinal de homenagem
e ao mesmo tempo para evitar grandes despesas, mas no fundo talvez seja uma
forma de se penitenciar. Nelly e o cunhado já se relacionaram no passado, uma
união que não foi totalmente encerrada e que agora mexe com os sentimentos de
ambos, mas reviver esse amor poderia gerar fofocas e intrigas entre a população
tradicionalista que venerava o falecido. Além das dúvidas quanto ao futuro, a
viúva ainda terá que lidar com problemas quanto ao enterro. Não há lugar no
jazigo da família e os parentes acham que o melhor seria enterrar o corpo na
floresta próxima a casa onde Manuel passou tantos anos, mas vizinhos e amigos
acham melhor esperar outra solução para assim dar um funeral digno para o homem
que tanto se dedicou a fazer o bem para os seus semelhantes. Diante do impasse,
lá se vão quatro dias de espera, tempo de muita angústia para a protagonista
que chega a tentar suicídio. Contando assim, até que o enredo tem lógica e
parece indicar um filme nos moldes esperados de uma produção europeia, mas Nelly
é realmente um exercício de paciência com alguns poucos lampejos de
esperança. A cada cena que aponta um gancho para o espectador se entusiasmar,
surgem cinco para afastá-lo da trama, assim chegando fatigado ao final insosso.
Do início ao fim, o longa justifica o porquê da demora de cinco anos para sua
chegada no Brasil. Ainda tem empresário que se entusiasma com a origem de um
filme (falsa elitização) e a lembrança de Marceau no premiado Coração Valente ainda rende frutos.
Precisam urgentemente dar uma analisada na filmografia da atriz para rever seus
conceitos.
Drama - 99 min - 2004
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