Nota 6,0 Romance água com açúcar é prejudicado por excesso de personagens e subtramas
Existem alguns filmes que quando não saem lá grande coisa acabam caindo
no ostracismo automaticamente depois de prontos, pois nem seus produtores
confiam no potencial do que criaram e preferem perder dinheiro a se exporem às
críticas negativas. Atração Irresistível foi filmado no
início de 1997 e só estreou em circuito comercial no final do ano seguinte e
apenas na Austrália. No Brasil, foi muito mal lançado em DVD em 2001, mas perto
de tanto lixo que semanalmente vai parar em tela grande ou nas prateleiras de
locadoras, até que esta mistura de comédia, romance e drama não passa tanta
vergonha nas comparações. Existem similares bem piores, apesar do início bizarro
com um pai ensinando o filho pequeno a fazer um parto não indicar um futuro
promissor à fita. Após perder o emprego e a namorada, Danny (Jude Law), um
restaurador de mosaicos, volta para uma pequena cidade londrina onde viveu
no passado. Lá ele vai morar em uma pensão cujos donos também têm uma padaria
para qual ele irá realizar entregas para ganhar alguns trocados. Em um desses
trabalhos ele se perde e vai pedir auxílio em uma residência que ele repara bem
e descobre que já esteve naquele lugar. Atendido por Anna (Gretchen Moll), o
rapaz relembra que quando era criança ajudou o seu pai a realizar o parto da
jovem e que naquele exato momento ele havia dito profeticamente que um dia iria
se casar com a menina. O destino deu uma mãozinha e o aproximou do momento de
cumprir sua promessa, porém, ela já está noiva de Eric (Jon Tenney), mas isso
não impede que Danny se aproxime do cotidiano da família da jovem e todos
respeitam e gostam muito dele. Por fim, ele acaba conquistando o amor da moça a
partir do momento em que ela se dá conta da maneira carinhosa que ele lida e
encoraja Nina (Jennifer Tilly), a irmã deficiente visual de Anna.
A espinha dorsal do roteiro é bem água com açúcar e já denuncia o final
feliz logo nas primeiras cenas, mas o problema maior é o excesso de tramas e
personagens secundários que acabam sem função, como Jane Adams que vive a
cunhada da mocinha, uma mulher mentalmente perturbada e que vive com uma arma
na mão. Percebe-se que o diretor e roteirista Charlie Peters tentou enveredar
pelo viés das comédias dramáticas independentes, como Correndo com
Tesouras e Pequena Miss Sunshine, mas é preciso ter pulso
firme e muita criatividade para trabalhar com um enredo focado em uma família
problemática ou excêntrica. No caso, o clã até que é bem normalzinho e talvez
justamente por isso as histórias paralelas não empolguem. Os momentos mais
chamativos ficam por conta dos delírios com rompantes de lucidez da personagem
de Brenda Brethlyn e pela delicadeza retratada pela deficiente visual de
Jennifer Tilly, respectivamente mãe e irmã de Anna. Aliás, no papel de cega, a
atriz está muito melhor que a própria mocinha da fita e rouba a cena, mas é uma
pena que não batalhe sempre por bons papéis e aceite facilmente atuar em
bobagens como O Filho de Chuck. Enfim, focando a atenção no casal
protagonista e nas tramas secundárias relevantes citadas, até que Atração
Irresistível se torna uma boa opção e deve agradar aos amantes de
dramas e romances. O que chama a atenção nesta produção é o aspecto datado.
Apesar de ser contemporânea, lembrando que é uma produção realizada no final da
década de 1990, a ação parece se desenrolar em uma cidadezinha onde o tempo
parou. As pessoas se vestem elegantemente, fazem refeições no jardim e as casas
são cheias de detalhes e dignas de famílias tradicionais. Talvez seja esse
charme e certa melancolia narrativa capaz de nos fazer lembrar do ruído que um
videocassete fazia quando as cenas não tinham falas ou músicas que acabam
prendendo a atenção de espectadores nostálgicos (o longa foi lançado
originalmente nos tempos das fitas VHS). De qualquer forma, é um título
que voltou a ser lançado no mercado e que vale uma conferida despretensiosa. E
não ligue para o horrível título que cairia como uma luva às produções picantes
protagonizadas no passado por Sharon Stone ou Demi Moore. Aqui de malícia não
há nem cheiro.
Romance - 104 min - 1997
2 comentários:
Não conheço o filme, mas, pelo pouco que li - e apesar de sua baixa nota -, eu fiquei curioso para conhecê-lo. Gosto de filmes amenos, eles normalmente trazem algo bem positivo, como "Chuva de Verão" (2001) e "Mentiras Sinceras" (2006).
Os produtores cometem, as vezes, erros grotescos. Eles ficam no céu e esquecem de sentir o que o povo pede ou precisa.
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