NOTA 2,0 Com estilo americanizado, longa só vale uma espiada em caso de não haver outra coisa para fazer |
Bem, o enredo pode parecer correto e bem
próximo do que uma comédia teen americana de sucesso tem a oferecer. O problema
é como esta trama é desenvolvida. Ok, Joffily nunca prometeu um trabalho para
ganhar prêmios, mas sim para conquistar plateias, principalmente o público
jovem que não encontra muito espaço no cinema nacional. Ser despretensioso o
diretor conseguiu, mas o tipo de humor que ofereceu é um tanto duvidoso. Sua
proposta é extremamente irregular e com um ritmo muito próximo ao de um
programa de humor ou especial feito para a televisão. Aliás, o longa só deve
ter feito certa carreira nas salas de exibição e ter tido procura nas locadoras
por causa do bombardeio de chamadas na TV. Publicidade é tudo. Quanto mais em
evidência o produto estiver maior a procura independente da qualidade do mesmo,
o importante para boa parte do público é simplesmente estar por dentro do
assunto do momento. Já para a equipe de produção o lema da campanha
publicitária do longa devia ser fale bem ou fale mal, mas falem de mim. Todos os clichês dos filmes nacionais do estilo de Xuxa e
Renato Aragão estão presentes. Enredo frouxo e com passagens sem sentido,
atuações pouco inspiradas, propagandas descaradas, músicas da moda e pequenas
participações do início ao fim de um elenco escolhido a dedo para constranger
os espectadores. A modelo e apresentadora Gianni Albertoni é uma das
protagonistas e até engana bem no papel de gostosona, mas é quase impossível
não ficar na expectativa de uma gafe sua ou que do nada ela comece a discursar
para vender algum produto como faz habitualmente na TV. Falando em
merchandising, os garotos-propaganda e onipresentes em tudo quanto é lugar
Bruno Mazzeo e Marcelo Adnet aparecem para lembrar o público de "fazer um
21", como se já não fosse o bastante vê-los fazendo isso a cada dez
minutos nos intervalos comerciais. Ainda temos o pretensioso Marcos Mion fazendo
uma ponta e até o ultrapassado Sérgio Mallandro bate ponto, mas pelo menos sem
fazer suas micagens e caretas costumeiras.
O roteiro foi escrito pelo próprio
Mazzeo em parceria com João Avelino e Rosana Ferrão, mas praticamente todos os
atores deram seus pitacos no texto o que explica a falta de unidade narrativa e
os personagens estereotipados como o surfista garanhão e empregada fanática por
religião. O enredo é quase como uma colcha de retalhos na qual são emaranhados
vários esquetes de humor alternados com momentos edificantes. Resta às quatro
protagonistas tentar manter intacto o fiapo de história que as une. É curioso,
mas pesquisando na internet é possível encontrar algumas críticas favoráveis a
esta comédia. Claro que não são elogios rasgados, mas até as atuações são
levadas em alta conta. Bem, cada um tem sua opinião, mas é um pouco difícil
poupar um elenco gigantesco no qual cada integrante fala uma língua, ou melhor,
tenta falar a língua do jovem. Ok, um ou outro ator até se sai bem, como Lúcio
Mauro Filho e Maria Clara Gueiros, mas realmente se existem elogios a serem
feitos eles ficam por conta da parte técnica e da ousadia em experimentar uma
nova forma de se fazer cinema no Brasil. Apesar de algumas falhas da parte de
fotografia, vale destacar as belas tomadas da praia de Búzios que realçam a ideia
de um filme típico para curtir as férias, só que com a diferença de que ele
provavelmente não ficará na cabeça de ninguém como uma super lembrança, pelo
contrário, é totalmente esquecível poucos minutos depois de subirem os créditos
de encerramento. A edição e a trilha sonora original interpretada por músicos
conhecidos dos jovens também são pontos favoráveis. Muita Calma Nessa Hora é
em suma uma produção que devemos encarar como algo experimental para que ela
seja um pouco tolerável, mas essa não é uma tarefa fácil. Todos sabem que o
cinema nacional cresceu e a diversidade de trabalhos e estilos é que garantem
que ele possa continuar caminhando a passos largos, inclusive adaptando gêneros
de sucessos de outros países como neste caso que percebemos uma aproximação a
maneira hollywoodiana de se comunicar com os jovens. Todavia, um filme
retalhado e cheio de participações nada a ver é até tolerável nas produções de
Xuxa, afinal as crianças e fãs querem ver ela, o resto não interessa. Agora, quando
não temos um grande chamariz em cena, dispara-se para tudo quanto é lado e no
fim temos a sensação de que perdemos o tempo ou jogamos dinheiro fora, é sinal
de alerta na certa. Infelizmente, uma sequência desta pérola foi apenas questão de tempo. Há louco para tudo, inclusive jogar dinheiro fora produzindo lixos desse tipo.
Comédia - 92 min - 2009
Um comentário:
O pior, no meu entender, foi a ponta do Sérgio Mallandro. Essa foi a chave do caixão.kkk
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