Nota 8,5 Um dos primeiros filmes de Hayao Miyazaki é um tesouro a ser redescoberto
Como profissional do ramo do
cinema de animação, podemos dizer que Hayao Miyazaki tem uma posição no Japão
semelhante a que Walt Disney ocupou em solo americano, porém, só tardiamente
ele veio a ter reconhecimento mundial graças aos diversos prêmios e indicações
conquistados por A Viagem de Chihiro, mas
infelizmente mesmo com tanta publicidade importantes e curiosas obras daquele
que é considerado um mestre da animação japonesa ainda são desconhecidas em boa
parte do mundo, ainda que algumas tenham sido lançadas no mercado na época das
fitas de vídeo. Temos hoje em dia acesso a obras mais recentes do diretor, como
O Castelo Animado, mas obras
anteriores a 2001 não são encontradas em mídias originais, provavelmente por
questões jurídicas. Ou a ausências de tais títulos seriam por falta de
interesse do público? Bem, uma tentativa de comercializar as obras do início da
carreira de Miyazaki foi feita com o desconhecido O Castelo de Cagliostro,
mas parece que os resultados de repercussão e venda não foram satisfatórios.
Uma pena. A produção é na realidade o segundo e mais bem-sucedido de seis
longas-metragens baseado em uma famosa série de TV que narra as aventuras de
Lupin III, um bandido que comete um grande roubo em um cassino, mas logo descobre
que todo o dinheiro que pegou é falso e que sua origem é de um país chamado
Cagliostro. Contudo, ele não se deixa abalar e já começa a planejar um novo
golpe, desta vez de olho em um tesouro que estaria escondido no castelo do
citado país, mas envolto em uma misteriosa história. Seus objetivos mudam
quando descobre que a adorável princesa Clarisse está sendo forçada a se casar
com o dono da propriedade e consequentemente o governante daquelas terras. Com
a ajuda de seu fiel companheiro Jigen e do mestre espadachim Goemon, Lupin vai
tentar resolver o mistério que envolve o castelo ao mesmo tempo em que deseja
salvar a princesa, porém, o inspetor Zenigata estará sempre em seu encalço para
atrapalhar seus planos. Em questões visuais e até mesmo narrativas, o projeto
lembra um pouco as séries de desenhos orientais produzidos para exibição
contínua na TV e que vira e mexe viram febre, só não espere a mesma agilidade e
uso de violência. Ainda bem!
Este é um dos primeiros trabalhos de Miyazaki que o realizou quando ainda não tinha nem mesmo o seu próprio estúdio. Talvez isso explique as diferenças entre este desenho e os que representam sua fase de reconhecimento tardio. Visto hoje em dia, torna-se uma experiência ainda mais curiosa e gratificante por ser um produto diferenciado e que tem nos bastidores de sua criação fatos muito interessantes e que podem ajudar na sua compreensão. Baseado em um conto original de Monkey Punch, o roteiro do próprio Miyazaki em parceria com Haruya Yamazaki acompanha a rotina de um ladrão ironicamente com pinta de herói. Lupin Terceiro ou Lupin Neto é uma criação que claramente tinha o objetivo de se tornar um personagem célebre e capaz de servir para inúmeras atividades, assim aproximando o cinema japonês da cultura cinematográfica mundial, ou melhor, a um padrão americano comumente adotado. A inspiração para criar o criminoso boa gente não poderia ser mais globalizada. Ele é descendente do famoso personagem francês Arsène Lupin que por sua vez foi criado nos mesmos moldes de seu contemporâneo Sherlock Holmes. O fato é que magicamente todas as referências a qualquer produto da cultura estrangeira acabam ganhando uma nova roupagem que nos fazem crer que aquilo que vemos em cena é algo legitimamente japonês, com raízes genuínas. Com dificuldades para ser lançado fora do circuito oriental, os brasileiros só puderam conhecer a obra quase três décadas após sua finalização, obviamente na esteira do sucesso entre populares e a crítica especializada da grife Miyazaki. O Castelo de Cagliostro, embora levemente inferior aos demais e conhecidos longas do diretor, não deve ser rotulado como um produto caça-níquel, pelo contrário, ele tem seu valor e deve ser reconhecido por suas qualidades, tanto que algumas sequências que envolvem perseguições são consideradas revolucionárias para a época e impressionam até hoje pelo fato de terem sido confeccionadas à mão livre. Fazendo uma alusão a “La Comtesse de Cagliostro”, o título original de uma das aventuras do avô francês do personagem (favor não quebrar a cabeça tentando compreender os parentescos entre personagens de nacionalidades tão diferentes), este desenho é uma excelente mistura de humor com o gênero policial indicada para todas as idades, embora infelizmente as crianças hoje em dia possam se entediar por estarem já acostumadas a um maçante estilo de desenho animado.
Este é um dos primeiros trabalhos de Miyazaki que o realizou quando ainda não tinha nem mesmo o seu próprio estúdio. Talvez isso explique as diferenças entre este desenho e os que representam sua fase de reconhecimento tardio. Visto hoje em dia, torna-se uma experiência ainda mais curiosa e gratificante por ser um produto diferenciado e que tem nos bastidores de sua criação fatos muito interessantes e que podem ajudar na sua compreensão. Baseado em um conto original de Monkey Punch, o roteiro do próprio Miyazaki em parceria com Haruya Yamazaki acompanha a rotina de um ladrão ironicamente com pinta de herói. Lupin Terceiro ou Lupin Neto é uma criação que claramente tinha o objetivo de se tornar um personagem célebre e capaz de servir para inúmeras atividades, assim aproximando o cinema japonês da cultura cinematográfica mundial, ou melhor, a um padrão americano comumente adotado. A inspiração para criar o criminoso boa gente não poderia ser mais globalizada. Ele é descendente do famoso personagem francês Arsène Lupin que por sua vez foi criado nos mesmos moldes de seu contemporâneo Sherlock Holmes. O fato é que magicamente todas as referências a qualquer produto da cultura estrangeira acabam ganhando uma nova roupagem que nos fazem crer que aquilo que vemos em cena é algo legitimamente japonês, com raízes genuínas. Com dificuldades para ser lançado fora do circuito oriental, os brasileiros só puderam conhecer a obra quase três décadas após sua finalização, obviamente na esteira do sucesso entre populares e a crítica especializada da grife Miyazaki. O Castelo de Cagliostro, embora levemente inferior aos demais e conhecidos longas do diretor, não deve ser rotulado como um produto caça-níquel, pelo contrário, ele tem seu valor e deve ser reconhecido por suas qualidades, tanto que algumas sequências que envolvem perseguições são consideradas revolucionárias para a época e impressionam até hoje pelo fato de terem sido confeccionadas à mão livre. Fazendo uma alusão a “La Comtesse de Cagliostro”, o título original de uma das aventuras do avô francês do personagem (favor não quebrar a cabeça tentando compreender os parentescos entre personagens de nacionalidades tão diferentes), este desenho é uma excelente mistura de humor com o gênero policial indicada para todas as idades, embora infelizmente as crianças hoje em dia possam se entediar por estarem já acostumadas a um maçante estilo de desenho animado.
Animação - 101 min - 1979
2 comentários:
Gosto demais das animações do Hayao Miyazaki, mas nao conheço muito a historia dele, entao nao tinha o conhecimento da existencia dessa obra...mas é evidente que as animações orientais são tão boas quanto as da Disney, só falta um pouco de chá de marketing!!!
O blog tá bem bacana!
Abraços,
www.ofalcaomaltes.blogspot.com
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