Nota 5,5 Apesar da boa premissa, enredo não faz jus ao talentos dos protagonistas
Poder reunir em um mesmo filme
dois nomes de intérpretes de peso deve ser o sonho de qualquer cineasta, mas
isso de forma alguma significa que o sucesso está garantido. Hoje vivendo
períodos pouco expressivos de suas carreiras, seja por falta de convites ou
escolhas erradas, é fato que Robert De
Niro sempre foi um nome em evidência e Jessica Lange, bem, ela já teve seus
dias de glória também. No início da década de 1990, ambos em pleno auge
profissional, eles tiveram a chance de estrelar Sombras do Mal, drama que
flerta com o gênero policial e que poderia resultar em um memorável encontro de
estrelas, porém, o resultado final é inferior ao esperado. Com roteiro de
Richard Price, vencedor do Oscar pelo enredo de A Cor do Dinheiro, a trama nos apresenta a Harry Fabian (Robert De
Niro), um advogado que sempre precisa recorrer a alguma picaretagem para
conseguir alguns trocados. Quando enfrenta no tribunal Boom Boom Grossman (Alan
King), um mafioso e empresário de lutas de boxe, ele tem uma grande ideia.
Organizar combates poderia render muito dinheiro, mas certamente não agradaria
nada a seu adversário, mas Fabian tem uma carta na manga. Ele contrata como seu
assessor o ex-boxeador Al Grossman (Jack Warden), ninguém menos que o irmão do
gângster. Ambos estão brigados há anos e essa seria a chance do lutador
dar o troco e o advogado ainda se dar bem financeiramente, porém, antes de
qualquer coisa, é preciso arranjar patrocínio para esse negócio. O mais novo
empresário da praça recorre então a sua amante Helen (Jessica Lange), mulher de
Phil (Cliff Gorman), dono do bar que frequenta há tempos. A moça resolve
ajudá-lo, mas também pede algo em troca. Querendo se separar do marido, ela
pede a ajuda de seu caso para abrir um bar próprio. A sorte estaria mudando
para ambos, mas tudo que começa errado pode ter um preço alto no futuro.
A produção no geral é bem feita e percebe-se que o roteiro não foi feito as pressas, mas está longe de ser um projeto a altura da dupla de protagonistas. De Niro como sempre está ótimo e vive com intensidade seu papel de advogado de segunda que se afunda em um mundo em que o crime parece persegui-lo a cada esquina. Do início ao fim ele rouba a cena com seu entusiasmo, uma interpretação que se contrapõem a de sua parceira. Jessica faz apenas seu trabalho de forma correta, até porque sua personagem não é muito bem explorada no texto. Ficou parecendo uma coadjuvante de luxo, um papel que poderia ser entregue a qualquer iniciante que iria tirar de letra. Contudo, como sua presença em filmes cada vez é mais rara, pelo menos ver a atriz em cena, mesmo que de uma forma que não faça jus ao seu talento, vale a pena. O diretor Irwin Winkler já havia trabalhado com De Niro um ano antes em Culpado por Suspeita, quando assumiu a função de direção por acaso. Antes ele tinha vasta experiência como produtor, inclusive de grandes trabalhos que chegaram à festa do Oscar. Em seu segundo projeto atrás das câmeras, ele optou por refilmar a produção homônima dos anos 50 dirigida pelo cineasta Jules Dassin, a quem esta obra é dedicada. O roteiro ganha pontos ao poupar o espectador do clichê das grandes sequências de lutas de boxe, armadilha em que a maioria que usa o tema cai. O enfoque são os bastidores do ringue, a preparação do espetáculo e os conchavos e artimanhas que articulam o mundo desse esporte. Ao invés de encerrar sua fita com uma apoteótica luta entre profissionais, Winkler optou por mostrar a fragilidade de seu protagonista diante do cerco que se fecha quando as arestas de seu grande plano se encontram. Sombras do Mal, apesar de parecer envelhecido esteticamente, ainda é um bom filme quando encarado sem grandes pretensões e para quem não está interessado em socos e pontapés. Com um roteiro que continua atual, o que pesa mesmo contra a produção é o título brasileiro que não combina muito com a temática, apesar de nos minutos finais cair como uma luva. Uma hora ou outra as tais sombras do mal vão cobrar aqueles que fazem por merecer.
Drama - 104 min - 1992 A produção no geral é bem feita e percebe-se que o roteiro não foi feito as pressas, mas está longe de ser um projeto a altura da dupla de protagonistas. De Niro como sempre está ótimo e vive com intensidade seu papel de advogado de segunda que se afunda em um mundo em que o crime parece persegui-lo a cada esquina. Do início ao fim ele rouba a cena com seu entusiasmo, uma interpretação que se contrapõem a de sua parceira. Jessica faz apenas seu trabalho de forma correta, até porque sua personagem não é muito bem explorada no texto. Ficou parecendo uma coadjuvante de luxo, um papel que poderia ser entregue a qualquer iniciante que iria tirar de letra. Contudo, como sua presença em filmes cada vez é mais rara, pelo menos ver a atriz em cena, mesmo que de uma forma que não faça jus ao seu talento, vale a pena. O diretor Irwin Winkler já havia trabalhado com De Niro um ano antes em Culpado por Suspeita, quando assumiu a função de direção por acaso. Antes ele tinha vasta experiência como produtor, inclusive de grandes trabalhos que chegaram à festa do Oscar. Em seu segundo projeto atrás das câmeras, ele optou por refilmar a produção homônima dos anos 50 dirigida pelo cineasta Jules Dassin, a quem esta obra é dedicada. O roteiro ganha pontos ao poupar o espectador do clichê das grandes sequências de lutas de boxe, armadilha em que a maioria que usa o tema cai. O enfoque são os bastidores do ringue, a preparação do espetáculo e os conchavos e artimanhas que articulam o mundo desse esporte. Ao invés de encerrar sua fita com uma apoteótica luta entre profissionais, Winkler optou por mostrar a fragilidade de seu protagonista diante do cerco que se fecha quando as arestas de seu grande plano se encontram. Sombras do Mal, apesar de parecer envelhecido esteticamente, ainda é um bom filme quando encarado sem grandes pretensões e para quem não está interessado em socos e pontapés. Com um roteiro que continua atual, o que pesa mesmo contra a produção é o título brasileiro que não combina muito com a temática, apesar de nos minutos finais cair como uma luva. Uma hora ou outra as tais sombras do mal vão cobrar aqueles que fazem por merecer.
Um comentário:
Disse tudo:> "A produção é bem feita e percebe-se que o roteiro não foi feito as pressas, mas está longe de ser um projeto a altura da dupla de protagonistas."
Mas, gosto do final e do filme como um todo.
Porém, poderia ser muuuuuito melhor.
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