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sábado, 30 de maio de 2015

O OBSERVADOR

Nota 4,5 Keanu Reeves tentou, sem êxito, reciclar sua imagem testando um personagem do mal

O gênero de suspense vira e mexe entra em crise e presenteia o público com verdadeiras pérolas que poderiam nunca ter sido feitas, pois foram tempo e dinheiro jogados fora por parte de seus realizadores. Por tabela, significam prejuízos semelhantes aos espectadores desavisados. Quando O Observador foi lançado nos cinemas, a crítica especializada detonou o filme e ele bem que poderia ser encaixado na descrição acima, mas é preciso se fazer justiça. O longa não é tão horrível como diziam, porém, carecia de um roteiro melhor construído e que apresentasse ao espectador revelações ou cenas impactantes para justificá-lo como um projeto para cinema. A história adaptada de um conto de Darcy Meyers e David Elliot (este último também autor do roteiro em parceria com Clay Ayers) gira em torno do agente do FBI Joel Campbell (James Spader) que após anos perseguindo assassinos psicóticos e lidando com casos de mortes na agitada cidade de Los Angeles agora está abandonando este trabalho e se mudando para outra cidade. Todavia, seu arquiinimigo, o serial killer David Allen Griffin (Keanu Reeves), seguiu seus passos até seu novo endereço em Chicago apenas para atormentá-lo de forma peculiar. Antes de cada morte que planeja, Griffin vigia minuciosamente todos os passos de sua vítima, sempre uma mulher, a seduz com uma conversa melosa e consegue fotos da mesma e as envia para Campbell junto com um desafio: ele precisa encontrar a tal pessoa até certo horário senão ele a matará. O jogo mórbido atinge o ápice quando, não por coincidência, Griffin promete matar Polly (Marisa Tomei), a terapeuta do agente. O jogo de gato e rato esquenta ainda mais a partir disto.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

REC

NOTA 8,0

Terror espanhol aposta no
realismo para causar bons
sustos e sem precisar
revelar todos seus mistérios
O gênero de terror sobreviveu durante algum tempo graças aos lucros de monstros clássicos como vampiros, lobisomens e múmias. Depois foi a vez dos fantasmas gerarem renda, sejam eles aparições repentinas ou almas endiabradas que se apossam de corpos vivos. Já os anos 80 foram marcados pelas produções trashs e psicopatas mascarados e a década seguinte misturou todos esses ingredientes em um caldeirão de sustos e gritos, havendo espaço e público para todos os tipos de horrores, tendência que se estende aos primeiros anos do novo milênio, embora as assombrações orientais sejam o grande símbolo do gênero nesse período. Entre fantasminhas de olhos puxados, monstros nojentos, jogos sádicos e crianças literalmente com o demônio no corpo, poucos títulos passam ilesos pelo crivo dos críticos. Porém, é curioso observar um fenômeno ainda pequeno, mas aparentemente bem avaliado: os filmes que assustam apostando no realismo e amadorismo. Se máscaras de borrachas, líquidos pigmentados de vermelho e corpos falsos esquartejados já não assustam mais como antes o jeito é recorrer à realidade que, diga-se de passagem, atualmente é mais assustadora que qualquer coisa que o cinema já criou para meter medo. Não que os sustos destas produções sejam livres das amarras do gênero, afinal eles recorrem a temas corriqueiros, mas a novidade fica por conta de mostrar como as pessoas comuns reagem quando ameaçadas. Em 1999, A Bruxa de Blair se tornou um fenômeno graças a uma excepcional campanha de marketing e aterrorizou o mundo com a atmosfera que propiciou, mas jamais mostrando o que realmente assustava os atores da fita vendida como uma compilação de imagens documentais reais. Anos mais tarde, um animal gigantesco e desconhecido aterrorizou uma cidade em Cloverfield e também gerou burburinho, ainda que pouco o vemos em cena. Por fim, até o cultuado George Romero, especialista em ressuscitar defuntos, embarcou na onda de filmagens mais cruas e sem retoques no pouco visto Diário dos Mortos. Todos eles têm em comum sua estética de vídeo caseiro e as ações sendo registradas sob o ponto de vista das câmeras manuseadas pelos próprios personagens, obviamente situações plausíveis aos roteiros, e é justamente este o estilo de Rec, um fenômeno do cinema espanhol que se espalhado pelo mundo rapidamente.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

17 OUTRA VEZ

NOTA 6,0

Longa reedita o sonho de
viajar no tempo, mas desta vez
o protagonista não quer crescer
e sim voltar a ser jovem
A chance de viajar no tempo, como poder reviver emoções da juventude ou experimentar como seria a vida adulta, sempre foi um tema que fascinou cineastas que gostam de fazer comédias. E olha que eles nem iam muito fundo no túnel do tempo. Da década de 1950 até o final dos anos 80, o leque de opções para trabalhar com o tema era bem grande e durante algumas décadas tais produções eram muito populares, curiosamente a maioria dos trabalhos partindo de uma mesma premissa: a troca de personalidade entre pais e filhos. Sempre vivendo em conflito, a experiência era como um castigo para os jovens que sentiam na pele as responsabilidades da vida adulta e para os seus pais era como uma segunda chance de curtir a juventude e ter um respiro do cotidiano difícil. Nos últimos anos o tema foi revitalizado com a boa aceitação de De Repente 30 e Sexta-feira Muito Louca, ainda que cada um usando a volta no tempo por um viés diferente. 17 Outra Vez é mais uma variação do assunto, mas mesmo assim é uma ótima opção para divertir a família, isso se você não for extremamente crítico. O personagem principal, Mike O’Donnell, é vivido por dois atores, Zac Efron e Matthew Perry, cada um representando uma fase diferente de sua vida. Quando adulto, este homem está vivendo um momento conturbado em sua vida pessoal, tem um trabalho tedioso e é muito amargurado, pois sabe que a sua vida tomou tal rumo devido a uma decisão da adolescência. Por um passe de mágica, ele consegue voltar no tempo, ou melhor, voltar o seu relógio cronológico, voltando assim a ter 17 anos e a chance de refazer a sua vida, porém, não no passado, mas sim no presente. Mesmo assim ele tem novamente a possibilidade de se tornar um campeão do basquete e viver sua juventude intensamente, coisa que não fez devido a gravidez de sua namorada. Porém, conforme o tempo passa, Mike percebe que as outras pessoas de seu convívio não rejuvenesceram como ele, o que gera diversas situações constrangedoras para o rapaz, principalmente quando começa a frequentar o ambiente escolar. Ele tem que proteger a sua própria filha Maggie (Michelle Trachtenberg) do valentão da escola Stan (Hunter Parrise), ajudar o desajeitado Alex (Sterling Knight) a ter uma vida social adequada, lidar com o amigo Ned (Thomas Lennon) metido a gênio e ainda esconder que está novamente apaixonado pela esposa Scarlet (Leslie Mann), de quem já estava se divorciando.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

FARGO - UMA COMÉDIA DE ERROS

NOTA 8,0

Com humor negro e trama
policial bem amarrada, os
irmãos Coen colheram elogios
e tornaram-se uma grife
Os cultuados irmãos Joel e Ethan Coen estão acostumados a realizarem produções elogiadas e premiadas no mundo todo, mesmo trabalhando com temas de certa forma difíceis e muitas vezes com poucos recursos financeiros. Com muita criatividade, eles causaram frisson na temporada de premiações de 1996 com Fargo – Uma Comédia de Erros, uma obra que mistura violência e humor negro em doses certas sem precisar recorrer a efeitos especiais ou tecnologia de ponta, servindo como modelo exemplar para as chamadas produções independentes, aquelas feitas por pequenas empresas que não disputam espaço com os grandes estúdios de cinema, salvo algumas exceções como neste caso. A produção fez muito sucesso no mundo todo e até hoje sua projeção é bastante grande, até porque os Coen jamais saíram de moda, ainda mais nos últimos anos quando viraram figuras carimbadas nas festas do Oscar. Aliás, o longa surpreendeu conquistando sete indicações ao prêmio da Academia de Cinema, um feito que certamente colaborou para a sua polpuda arrecadação nas bilheterias mundiais, nada mais nada menos que quatro vezes mais que seu orçamento. O roteiro, de autoria dos próprios cineastas, inicialmente aponta para uma trama bem simples, mas o desenrolar dos fatos tratam de enriquecer a narrativa com vário tropeços até deixar o protagonista em maus lençóis. Logo de cara um aviso: a obra é inspirada em acontecimentos verídicos ocorridos no Estado de Minnesota nos EUA em 1987 e, em respeito a memória dos falecidos na ocasião, os fatos não foram alterados. Na realidade, essa é uma estratégia usada para causar impacto, pois a história é ficcional do início ao fim. O grande foco do roteiro, muito premiado, diga-se de passagem, é mostrar o quanto as pessoas são gananciosas e ensandecidas a ponto de colocar vidas em risco para conseguir dinheiro fácil. Apesar de esse recado servir em qualquer parte do mundo e para todas as classes sociais, aqui ele é usado como um cutucão à sociedade americana que talvez não tenha percebido essa crítica implícita e prestigiou em peso o longa sem fazer reclamações.

terça-feira, 26 de maio de 2015

IRMA VAP - O RETORNO

NOTA 1,5

Marco Nanini vestido de
mulher e cantando um hit
nacional da década de 1960 é a
única coisa que se salva
O cinema consegue abrigar as mais variadas formas de manifestações culturais e o teatro obviamente é uma fonte inesgotável de inspiração. Textos clássicos teatrais são comumente adaptados pelos americanos e europeus, alguns já foram filmados mais de uma ou duas vezes, e mesmo que na maioria das vezes o retorno do público e crítica seja mínimo a tendência continua. No Brasil, os sucessos mais contemporâneos dos nossos palcos tornam-se alvo fácil de diretores e produtores em busca de projetos que já carreguem consigo uma certa popularidade, o que poderia render ótimas bilheterias quando passados para película. A Partilha e Divã são alguns dos sucessos que fizeram o trajeto dos palcos para as telonas com certa facilidade, mas outros como Polaróides Urbanas e Tempos de Paz passaram longe de serem bem recebidos quando transformados em filmes. Entre os fracassos deste modelo de produção chama a atenção Irma Vap – O Retorno, um verdadeiro fenômeno teatral que ficou em cartaz aproximadamente onze anos, mas sua versão de cinema talvez não tenha conseguido ficar três semanas ocupando alguma sala de exibição sem dividir espaço com algum outro título tamanha rejeição do público. O título já deixa explícito o desejo de se repetir através de um veículo de comunicação de massa a excelente repercussão dos palcos, mas desde o início o projeto já demonstrava sinais de que não tinha tanto potencial assim. O longa é uma comédia sobre uma fictícia nova montagem do texto escrito pelo americano Charles Ludlam. Otávio Augusto (Marcos Caruso), um dos produtores da montagem original da peça, se alia a Luiz Alberto (Leandro Hassum), filho de um falecido produtor, para realizarem uma nova montagem do espetáculo, mas para tanto precisam convencer Tony Albuquerque (Marco Nanini), um dos protagonistas e detentor dos direitos autorais, a permitir que a idéia seja levada adiante. O ator parece não estar disposto a ver sua obra novamente sendo encenada, ainda mais porque ele não poderá participar devido a um acidente. Confinado em uma cadeira de rodas, ele vive recluso em sua casa e é manipulado pela irmã Cleide (Marco Nanini), uma ex-cantora mirim frustrada por não ter mais sucesso. Os dois produtores decidem então apelar para o outro artista do espetáculo, Darci Lopes (Ney Latorraca), um ator em decadência, para que ele assuma a direção da nova versão da peça com uma outra dupla de atores, Leonardo Aguiar(Tiago Fragoso) e Henrique D’Ávila (Fernando Caruso). Empolgada com a idéia e vendo a chance de se dar bem, Cleide passa a perna do irmão e consegue ceder os direitos do texto. Pronto! A peça já pode ser remontada, porém, até o dia da estréia muita coisa pode mudar.


segunda-feira, 25 de maio de 2015

REENCARNAÇÃO (2004)

NOTA 8,0

Longa surpreende pela
ousadia de privilegiar a
arte de enganar a se
entregar a velhos clichês
Já é de praxe neste espaço lembrar alguns filmes cujos títulos merecem destaque e serem discutidos. Alguns são curiosos, outros engraçados, temos uns enigmáticos e também há aqueles em que uma única palavra resume as intenções do longa em questão. O problema é quando o termo escolhido é ambíguo e pode servir tanto de forma negativa quanto positiva. Este é o caso de Reencarnação, um trabalho que não é magnífico, mas também passa longe de ser a tragédia que a mídia tratou de divulgar na época de seu lançamento, o que afugentou o público não só brasileiro e americano. O filme acabou sendo um grande fracasso mundial, embora a atuação de Nicole Kidman tenha sido apontada como um dos poucos pontos a favor da produção que não foi bem acolhida pelo circuito comercial, porém, conseguiu um tímido espaço no de arte. Bem, realmente é para platéias mais atentas e preocupadas com conteúdo que essa obra foi realizada, embora seu título e premissa evoquem o sobrenatural, um convite e tanto para os adeptos de sustos e gritarias que certamente se decepcionam com o que encontram. Só pelo fato de conseguir enganar o espectador a primeira vista já rende um crédito a este produto assinado por Jonathan Glazer, de Sexy Beast, diretor oriundo do mundo dos videoclipes que surpreende aqui com sua direção lenta e preocupada em mostrar detalhes de cenários e das expressões dos personagens. Na trama Nicole vive Anna, mais uma vez apostando na tática de se despir de vaidades para acentuar a credibilidade de sua personagem, uma mulher que sofreu aproximadamente uma década por não se conformar com a morte precoce do marido e que agora está prestes a se casar novamente após muita insistência de Joseph (Danny Huston), seu novo namorado. No dia do aniversário de sua mãe, Eleanor (Lauren Bacall), o casal anuncia o noivado, mas a festa é interrompida por algo inesperado. Um garoto com fala segura e expressão séria aparece pedindo para que Anna não se case novamente. O que parecia ser uma brincadeira acaba abalando esta mulher que fica sem saber o que fazer quando ele diz seu nome. Sean (Cameron Bright) afirma que é a reencarnação do falecido marido de Anna, inclusive até seu nome é o mesmo.

domingo, 24 de maio de 2015

O BEIJO DA NOIVA

Nota 5,0 Noiva do título acaba suplantada pelos conflitos de suas irmãs, bem mais interessantes

Todos os pais certamente projetam o futuro de seus filhos quando eles ainda estão em gestação, mas a partir do momento em que o cordão umbilical é cortado eles passam a ser do mundo, ainda que por algum tempo vivam sob regime da dependência de adultos. Quando deixam de ser crianças é que seus pais se desesperam, principalmente quando os planos que traçaram não se concretizam. Em O Beijo da Noiva, a família ítalo-americana Spazzatto era perfeita, mas quando as três filhas cresceram as coisas mudaram. Antigamente muito unidos, agora eles estão afastados, mas o patriarca Santo (Burt Young) está na expectativa de reunir todo o clã para o casamento de Danni (Amanda Detmer), uma de suas filhas e a que melhor se relaciona com o pai. Faltam três dias para ela se casar com Jeff (Johnathon Schaech), rapaz que ela conheceu na igreja, de boa índole e tão trabalhador e confiável que conquistou a confiança do sogro que o empregou no negócio da família já pensando em ele dar continuidade no futuro. Seria o casamento perfeito, mas nos últimos dias de solteira a jovem começa a temer a união por não se sentir preparada. Paralelo ao seu dilema, algo normal devido ao nervosismo, a roteirista e diretora Vanessa Parise elabora outras três tramas, uma inclusive com ela própria atuando. Ela dá vida a Chrissy, uma das irmãs da noiva, uma mulher que outrora era rebelde e um zero a esquerda na escola, mas agora está muito bem sucedida na profissão talvez justamente para compensar sua sensação de não ser importante para ninguém, sentimento compartilhado por Marty (Johnny Whitworth) o empresário e namorado de Nikki (Brooke Langton), a irmã mais velha. A mais bonita e inteligente das garotas Spazzatto, ela é uma atriz de TV que participa de seriados tolos que até seu próprio pai se recusa a assistir. Nessa volta rápida ao lar ela reencontra um paquera do passado, Tom (Sean Patrick Flanery), hoje dono de um restaurante e ambos não escondem que ainda sentem algo um pelo outro. Por fim, a caçula da família, Toni (Monet Mazur), é a última a chegar e surpreende a todos ao chegar acompanhada de Amy (Alyssa Milano) que apresenta como sua namorada.

sábado, 23 de maio de 2015

FRESH - INOCÊNCIA PERDIDA

Nota 4,0 Drama faz relato da perda da inocência em ambiente hostil, mas peca pela morosidade

Só quem é criado na periferia sabe como é viver em meio a criminosos, drogas e a falta de pudor. Quem tem um padrão de vida melhor costuma ver a vida dos “desvirtuados” com um olhar mais malicioso, não pensando duas vezes antes de apontar comportamentos fora dos padrões como opção e não uma imposição. Falar sobre vidas fora-da-lei, principalmente quando envolve menores, é um tema complicado e polêmico e constantemente o cinema tenta desmitificar preconceitos. Tal onda não é recente, vem de longa data como mostra Fresh - Inocência Perdida, longa de 1994 cuja trama gira em torno de Michael (Sean Nelson), um garoto negro de apenas 12 anos que apesar de muito inteligente acabou se envolvendo no tráfico de drogas. Morador da região do Brooklyn, na época assombrada por mafiosos, Fresh, como é chamado, acabou desiludido pelas dificuldades que a vida lhe impôs e se aliou ao traficante Esteban (Giancarlo Esposito) para sobreviver e ajudar a família, ou melhor, a tia Frances (Cheryl Freeman) que abriga menores desamparados. Desafiando as desigualdades e os perigos da rua, ele usa toda sua lábia para vender drogas a pessoas de classes sociais mais abastadas, mas não usa as substâncias e continua frequentando a escola, sinais de que tem juízo ao contrário de sua irmã mais velha Nichole (N’Bushe Wright) que parece não ter mais esperanças de mudar de vida e a cada dia declina mais na dependência química, principalmente agora que está envolvida com um traficante poderoso. De vez em quando Fresh se encontra com o pai Sam (Samuel L. Jackson), um alcoólatra que chegou ao fundo poço e vive como mendigo. Todavia esse homem é dotado de extrema inteligência e nos encontros com o filho o ensina a jogar xadrez e de quebra lhe dá importantes lições de vivência a partir de uma metáfora. Para ele a vida é como um tabuleiro no qual as peças devem ser movimentadas com muita cautela e raciocínio para conseguir vencer.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A CASA MONSTRO

NOTA 8,5

Animação traz de volta o
contagiante clima dos filmes
clássicos de sessões da tarde
com pitadas de modernidade
Qual criança nunca sentiu aquela vontade de curtir um filme de terror, mas ainda assim o pavor era maior e a impedia? Ainda bem que no mundo das animações tudo é possível e até mesmo o que é feito para amedrontar pode ser uma excelente opção para divertir. Na onda das produções feitas para agradar crianças e adultos, A Casa Monstro é um desenho com ar deliciosamente retrô que veio para suprir a necessidade de sustos dos pequenos e de quebra fazer muito marmanjo relembrar bons tempos, porém, apesar de todo estilo nostálgico, o filme em nenhum momento diz em que época a história se passa. Fita cassete de música, estilo gótico de alguns personagens, carros de modelos antigos e gírias ultrapassadas já são exemplos bem claros de que o túnel do tempo foi aberto, provavelmente levando o espectador a saudosa década de 1980, mas a atmosfera envolvente criada pelo diretor Gil Kenan logo em sua estréia em longas animados não deixa em nenhum momento criança alguma desconectada, muito pelo contrário. O enredo criado por Dan Harmon, Rob Schrab e Pamela Petiler é bem no estilo de antigas produções que misturavam suspense, comédia e aventura e eram repetidas a exaustão nas sessões da tarde da televisão (algumas até hoje). O jovem e retraído D.J. sempre achou que havia algo muito estranho na velha casa dos Nebbercraker do outro lado da sua rua. Tudo que passa perto da propriedade simplesmente desaparece, desde uma simples folha de árvore até brinquedos bem grandes. O dono da residência, o senhor Epaminondas, é muito rabugento e não permite que nada e ninguém se aproximem nem mesmo do seu gramado. Após o afastamento do velho senhor devido a problemas de saúde (as crianças acreditam que ele foi desta para melhor), a casa ainda parece muito estranha e ganha vida própria. Na véspera do Dia das Bruxas, quando a residência literalmente se transforma em um monstro, D.J. convoca seu amigo Chowder e Jennny, uma garota pela qual ambos se apaixonam, para descobrir o que há dentro da misteriosa residência que a mantém viva, já que os pais do garoto não acreditam no que ele diz a respeito do espírito do caquético senhor ainda estar por perto. O trio recorre a Skull, um preparador de pizza preguiçoso que ganhou fama por no passado ter jogado videogame por vários dias seguidos. Ele acredita que a casa tenha adquirido alma humana e o único meio de eliminar o perigo que ela representa seja acertando-a direto em seu coração. Assim, o trio de aventureiros elabora um plano que permita que entrem lá dentro e destruam o que a mantém viva, mas obviamente nada é muito simples e grandes sustos estão por vir.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

O GOLPISTA DO ANO

NOTA 7,5

História verídica sobre
golpista homossexual rende
um boa comédia com toques
de drama e cenas polêmicas
Quando não conseguimos definir bem em que gênero se enquadra um filme das duas uma: ou ele é um projeto inovador ou uma bobagem que atira para tudo quanto é lado sem ver no que vai acertar. Digamos que O Golpista do Ano fica em cima do muro entre estas duas opções. Ele tem drama, suspense leve, humor sarcástico e também piadas no melhor estilo pastelão. O resultado é um trabalho que tem seus altos e baixos, mas ainda assim um filme que não conseguimos odiar totalmente. Tampouco elogiá-lo exageradamente. Baseado em fatos surpreendentemente reais, registrados no livro de memórias “Eu Te Amo Phillip Morris” de Steve McVicker, acompanhamos a história de Steven Russell (Jim Carrey), um policial que está vivendo um período de crise em todos os sentidos, a começar pelos traumas de infância que o amedrontam ainda, como o fato de ter sido abandonado pela mãe. Apesar de ser casado com a religiosa e conservadora Debbie (Leslie Mann), ter filhos e ser reconhecido na profissão, ele aparentemente vive uma felicidade de fachada, traindo sua esposa com homens. Certo dia, voltando de uma de suas escapadelas, ele sofre um acidente de carro e decide que se sobrevivesse mudaria completamente de vida. Assim ele assume ser homossexual e passa a aproveitar tudo de bom que a vida tem a oferecer, nem que para isso seja preciso sobreviver aplicando golpes afinal, segundo o próprio, ser gay custa muita caro. Desempregado, Steven se envolve em trapaças com seguradoras, lucra muito, mas não tarda para que chegue o momento em que ele é preso e condenado à prisão. Todavia, esse período recluso não é de todo mal. É na carceragem que ele finalmente conhece o grande amor de sua vida, Phillip Morris (Ewan McGregor). A partir desse momento, Steven passa a viver entre fugas e novas prisões, sempre agindo em nome do amor. Bem, pelo menos as vidas de prisioneiro sua e a de seu namorado não foram nada monótonas ou sofridas já que o golpista conseguia alguns privilégios oferecendo certos serviços sexuais às escondidas para policias e prisioneiros.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

NUNCA É TARDE PARA AMAR

NOTA 7,0

Buscando criticar a ditadura da
beleza, ídolos vazios e a influência
da mídia na vida das pessoas, no fundo
fita se prende a clichês e final feliz
Pelo título piegas você já deve pensar: lá vem mais uma comédia romântica bobinha e com final previsível. Bem, a forma como esta história acaba não foge às regras da cartilha que rege o gênero, mas dependendo da interpretação de cada um o longa pode não ser a simplória diversão que promete. Nunca é Tarde Para Amar pode surpreender e esconder algo a mais por trás do verniz de produção escapista e engraçadinha apostando em um subtexto crítico, porém, não aprofundado. Buscando criticar o poder da audiência para controlar a mídia ao mesmo tempo que ela manipula seus consumidores, ironicamente o roteiro mostra-se um tanto amarrado a convenções, provavelmente um cuidado para não desagradar seu público-alvo que busca justamente uma diversão descompromissada e calcada em situações previsíveis. Todavia, sobram farpas contra as estrelas de Hollywood que não assumem o envelhecimento e também contra as jovens estrelas do mundo da música que tendem a decair tão rápido quanto alcançam o estrelato. A história gira em torno de Rosie (Michelle Pfeiffer), uma mulher já quarentona que impressiona pela sua beleza, mas que está passando por momentos conturbados tanto em sua vida pessoal quanto profissional. Ela é a mãe de Izzie (Saoirse Ronan), uma pré-adolescente que entre os muitos problemas com os quais tem que aprender a conviver nesta fase de transformações se vê perturbada pela vivência de seu primeiro amor. Coincidentemente, o mesmo sentimento está sendo vivido de certa forma por Rosie que até então nunca havia tido um relacionamento com alguém mais jovem, mas cai de amores por Adam (Paul Rudd), um ator que não chegou nem na casa dos trinta anos ainda. Eles se conhecem durante a escolha de elenco para um seriado de TV do qual ela é a produtora e o rapaz a conquista com seu extremo bom humor e maneira leve de viver a vida. Dando vida a um cativante nerd estereotipado no programa, ele então se torna a arma secreta para conquistar a audiência do público adolescente, caso contrário o horário seria cedido a um reality show. O projeto vai de vento em popa, mas se as coisas vão bem no trabalho para ambos, a vida pessoal só não está melhor porque esse relacionamento entre uma mulher mais velha e um homem mais jovem é motivo de inveja para alguns, como Jeannie (Sarah Alexander), uma invejosa colega de trabalho do casal.

terça-feira, 19 de maio de 2015

FANTASMAS DE MARTE

NOTA 1,0

Mescla de terror, aventura
e ficção acerca de um
mistério no planeta Marte
resulta em péssimo filme B
Hollywood sempre teve fascínio pelos mistérios do sistema solar e seus planetas. O próprio Sol e a Lua já foram os principais cenários de alguns filmes, mas fora os perigos que rondam a Terra, foi Marte o assunto mais explorado pelo cinema. O problema é que não se sabe muito sobre o tema e então cineastas, redatores e produtores deixam a imaginação rolar solta para criar uma história que se passe no planeta vermelho, como ele ficou popularmente conhecido. Os resultados são sempre fracos e até hoje nenhuma produção conseguiu passar uma visão que possa ser crível (coisa difícil) ou ao menos que cause impacto no espectador. Em geral as obras do tipo acabam sendo classificadas como filmes B devido ao seu conteúdo pouco desenvolvido e plasticidade tosca. Quando falamos de uma produção sobre Marte parece que estamos querendo desenterrar lá do fundo do baú alguma produção científica, mas no início dos anos 2000 o tema ainda rendia, ou melhor, tentava render algo. Chegaram a lançar com a diferença de poucos meses Planeta Vermelho e Missão Marte, ambos pessimamente recepcionados por público e crítica. Naqueles tempos, embalados pelas crenças tolas acerca do fim do mundo, muitos estúdios deram sinal verde para diversos produtos que colocavam em discussão a possibilidade do destino da humanidade a salvo estar em solo vermelho. E o que esperar de um trabalho que reúne ficção e terror aliados a tal tema? Produção trash sem dúvidas. Fantasmas de Marte é uma reciclagem capenga de alguns trabalhos de John Carpenter, como O Enigma de Outro Mundo, mas não foi um diretor qualquer que decidiu lhe fazer uma homenagem. Foi o próprio que atuou atrás das câmeras e escreveu o roteiro em parceria com Larry Sulkis. A história se passa em 2176, quando Marte já está sendo colonizada pelos seres humanos há um bom tempo, mas o número de pessoas já está excedendo o limite e as diversas expedições para extrair as reservas naturais deste solo desconhecido podem acarretar grandes problemas.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

TENHA FÉ

NOTA 8,5

Edward Norton estreia bem
como diretor apostando em
comédia romântica leve e
com humor refinado
Quando um ator, contando com toda sua experiência e convivência com diretores e o cotidiano de um set de filmagens, estaria pronto para dirigir seu próprio filme? É difícil dizer, mas a maioria dos atores que pularam da frente para trás das câmeras esperou certo amadurecimento profissional, mas também pessoal. Poucos foram elogiados, porém, as críticas negativas recebidas pelos colegas não afastam outros corajosos do objetivo de ser um grande diretor. Mel Gibson e Kevin Costner deram sorte inicialmente nesta profissão, inclusive foram vencedores do Oscar como diretores, mas depois passaram a ser constantes alvos de críticas ferozes. George Clonney parece ser a realização do sonho de uma mesma pessoa poder atuar e dirigir e ainda colher elogios, mas quando ele ainda tentava conquistar seu espaço no cinema como intérprete e se livrar do estigma de ter destruído a franquia do herói Batman um jovem parecia disposto a quebrar o preconceito dos críticos e do público a respeito de um profissional que coloca a cara tapa em dobro no campo cinematográfico. Depois de elogiadas atuações em obras como O Povo Contra Larry Flint, A Outra História Americana e Clube da Luta, Edward Norton fazia em 2000 sua estreia como diretor no simpático Tenha Fé, comédia romântica que infelizmente não foi bem acolhida pelos populares, nem mesmo pelos adeptos do gênero. Dependendo do estado de espírito, em uma primeira exibição você pode amar ou odiar o filme logo de cara, mas é certo que ele merece um voto de confiança. Está longe de ser um filme péssimo, mas também não chega a ser excepcional, embora falte pouco para merecer uma nota 10 considerando o nível das comédias românticas daquela época e contemporâneas. Apesar dos bons diálogos, elenco afinado e premissa interessante, o roteiro de Stuart Blumberg talvez peque por ser politicamente correto ao extremo e a condução de Norton elegante demais para os padrões do gênero, ou seja, as qualidades e diferenciais desta obra ironicamente acabam jogando contra ela própria. A trama gira em torno de Brian Finn (Norton) e Jake Schram (Ben Stiller), dois jovens dinâmicos e populares que moram em Nova York e são amigos desde a infância. Ambos escolheram seguir o caminho da fé para nortear suas vidas, inclusive a profissional. Brian tornou-se padre e Jacob, como gosta de ser chamado, um rabino.

domingo, 17 de maio de 2015

UM RATINHO ENCRENQUEIRO

Nota 7,0 Simples e previsível, ainda assim longa infantil consegue divertir e cativa com seu roedor

O estúdio DreamWorks hoje é sinônimo de boas produções no campo da animação, mas seus primeiros anos não foram fáceis. Tendo Steven Spielberg como principal nome na diretoria, a intenção sempre foi lançar arrasa-quarteirões, mas os lançamentos iniciais decepcionaram nas bilheterias, como O Pacificador Amistad. Já Um Ratinho Encrenqueiro cumpriu sua missão de ficar em cartaz durante o período de férias da criançada. Não foi um êxito, porém, ao menos já apontava um caminho para direcionar os futuros lançamentos da empresa: produções para toda a família era a chave do negócio. Hoje a comédia já é até apontada por alguns como um clássico no melhor estilo sessão da tarde. Exageros à parte, o fato é que realmente nos divertimos como poucos longas envolvendo animais conseguiram na década de 1990. A trama começa com o funeral do solitário Rudolph Smuntz (William Hickey), mas seu corpo mal esfriara e seus sobrinhos já estão fazendo planos e discutindo sobre a herança. A decepção é inevitável quando descobrem que o tio deixou apenas uma decadente fábrica de barbantes e uma velha mansão caindo aos pedaços. Quis o destino então reaproximar os irmãos que há tempos mantinham uma fria relação. Lars (Lee Evans) se recusa a vender a fábrica e sua esposa o expulsa de casa enquanto Ernie, que então era o proprietário de um conceituado restaurante, viu sua fama ruir de uma hora para a outra graças a um inseto encontrado na refeição do prefeito. Sem terem para onde ir, eles resolvem ir morar no casarão do tio e se animam ao descobrir que apesar de estar em ruínas ela vale uma fortuna por seu valor histórico. Basta que ela ganhe um tapa no visual em tempo hábil. Assim, eles decidem colocá-la em leilão, mas enquanto fazem uma reforma para valorizá-la percebem que lá vive um morador secreto, simplesmente um esperto ratinho que passa a infernizar a vida dos herdeiros no intuito de expulsá-los.

sábado, 16 de maio de 2015

OLHOS MORTAIS

Nota 2,5 A ideia de ver um suspense italiano pode empolgar, mas a decepção não tarda

Fugir da mesmice dos suspenses sobre assassinos seriais, clichês made in Hollywood perpetuados a exaustão, é um dos desafios que o próprio cinema norte-americano está tentando vencer a anos. Correndo por fora, outros países têm tentado dar um novo fôlego a esse combalido subgênero do terror, mas dificilmente conseguem fazer sucesso até mesmo em suas terras de origem, o que explica a raridade de encontrarmos produtos do tipo aqui no Brasil e quando lançados chegam ao mercado praticamente em silêncio como se as próprias distribuidoras estivessem sendo obrigadas a oferecer certos títulos, mas no fundo implorando para que eles não fizessem o mínimo de sucesso. Muitas produções europeias parecem tolas ou chatas, mas o número de acertos quando decidimos experimentar novos ares cinematográficos é bem maior do que o de erros. A curiosidade nos casos de obras de horror e suspense estrangeiros pode ser ligeiramente maior devido ao ineditismo que cerca tais produções, mas é uma pena que as expectativas positivas que podemos depositar em Olhos Mortais morram rapidamente. De origem italiana e rodado em apenas 18 dias de trabalho, este thriller vencedor e indicado a alguns prêmios em pequenos festivais de horror e fantasia narra a história de Amaldi (Luigi Lo Cascio), um detetive que tem relativo sucesso na sua carreira policial, mas sua felicidade não é completa por ainda sofrer com as lembranças de seu passado que envolvem misteriosas imagens de sua mãe, obviamente situações traumáticas que interferem no seu presente. Em certo momento ele é chamado para investigar uma série de misteriosos assassinatos cometidos por um psicopata que mutila suas vítimas e de cada uma arranca determinada parte, substituindo a que levou pelo pedaço correspondente de uma boneca de madeira. Paralelamente a este caso, ele também está ajudando Guiditta (Lucia Jimenez), uma jovem estudante, a se livrar de um maníaco sexual que a persegue. Estariam os dois casos intimamente ligados? E qual a ligação destes chocantes crimes com o passado do detetive?

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O VENCEDOR (2010)

NOTA 8,0

Drama real vivido por dupla
de irmãos que encontraram
no boxe a chance de mudar de
vida emociona com sua verdade
Que o mundo dos esportes é uma inesgotável e até repetitiva fonte de ideias para o cinema isso todo mundo já está cansado de saber, mas é curioso como fórmulas requentadas ainda dão certo. Por exemplo, filmes sobre boxe geralmente se equilibram entre a violência e a mensagem edificante de mudança de vida através de uma atividade esportiva. Esse tipo de produção tem seu público cativo. Há quem goste de ver dois homens ou até mulheres trocando sopapos e pingando suor, mas quando a briga tem por trás um bom drama, então o público desse tipo de filme infla. Esse é o caso de O Vencedor que certamente ganhou notoriedade graças as suas sete indicações ao Oscar. Sem elas provável que o longa seria lembrado como apenas mais um entre tantos outros filmes sobre boxe. Aliás, a Academia de Cinema parece ser atraída por este esporte, já tendo premiado como melhor filme no passado Rocky - Um Lutador e Menina de Ouro, além de lembrar de obras do tipo em outras categorias e por diversas vezes. O trabalho em questão do diretor David O. Russell é baseado na história real de dois irmãos que se encontraram em situações opostas em certo momento da vida, uma excelente e cativante narrativa mostrando a queda de um deles e a ascensão no esporte do outro. A trama se passa em meados dos anos 90, quando Dicky Ecklund (Christian Bale) teve seu auge profissional ao enfrentar o campeão mundial Sugar Ray Leonard em uma luta de boxe, assim colocando a pequena cidade de Loweel, nos EUA, no mapa. Apesar da fama, ele acabou desperdiçando a carreira ao se envolver com o mundo das drogas e crimes, o que o levou à prisão diversas vezes. Agora, Micky Ward (Mark Wahlberg), seu irmão mais novo, quer tentar a sorte nesse esporte e passa a ser empresariado pela própria mãe, Alice (Melissa Leo), uma mulher extremamente controladora. Porém, a família sempre se preocupa mais com Dicky, assim Micky é deixado em segundo plano e sente dificuldades para ascender na nova carreira e vai em busca de ajuda fora do seu núcleo familiar. A situação muda quando ele passa a namorar Charlene (Amy Adams), que o incentiva a se livrar da influência da mãe. Batendo de frente com os planos de Alice, Micky segue os conselhos da namorada, mas o retorno de Dicky após mais uma estadia na cadeia o deixa cheio de dúvidas sobre o que fazer com sua vida profissional. Contudo, o ex-detento também fica em uma situação parecida, não sabendo como conduzir sua vida longe dos atos ilegais.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

MISTÉRIO NA VILA

NOTA 8,0

Suspense dinamarquês
envolve espectador com trama
que respeita cadência de
emoções e clima melancólico
Produções a respeito de assassinos psicopatas que agem discretamente conseguindo se infiltrar em empresas ou núcleos familiares ou de amizades usando sua simpatia ou inteligência surgem aos montes todos os anos e ajudam a manter a engenharia da indústria de Hollywood funcionando perfeitamente tal quais os filmes protagonizados por seriais killers mascarados também colaboram com generosas quantias de dinheiro. Embora sejam obras com temas repetitivos e que não acrescentam nada aos subgêneros que representam elas geralmente conseguem fazer sucesso no mercado de home vídeo, uma tradição que vem desde os tempos do boom das locadoras e das fitas VHS. E não é só o cinema americano que se beneficia da fórmula dos filmes de vilões canastrões que agem de cara limpa tendo como principal arma a lábia. Outros países também investem em produções do tipo, mas infelizmente quando chegam ao Brasil passam em brancas nuvens. Entre produtos totalmente descartáveis é sempre possível dar uma garimpada nas filmografias estrangeiras e encontrar alguns títulos interessantes e com uma pegada comercial. Como é bom ter a surpresa de assistir a um filme que você esperava uma coisa e de repente ele se revelar muito superior. Esse é o caso do suspense Mistério na Vila, um excelente exemplar da ainda pouco conhecida filmografia da Dinamarca. A produção cinematográfica deste país teve seu grande momento em 1995, época em que surgiu o movimento denominado Dogma 95. O manifesto criado pelos cineastas Lars Von Trier e Thomas Vintenberg, na época ainda não famosos, era uma tentativa de resgatar a essência do cinema, aquele feito em nome da arte e não a favor da sua exploração comercial. Restringindo ao máximo ou até mesmo abolindo o uso de recursos tecnológicos e investindo muito mais em enredos e personagens interessantes, tal movimento experimental gerou longas festejados e outros tantos duramente rejeitados até mesmo pelos críticos. Curiosamente, o que era para causar uma brusca ruptura com o cinema comercial acabou de certa forma gerando um efeito contrário. Hoje em dia ter as mídias originais de títulos marcantes desta fase como, por exemplo, Italiano Para Principiantes, Festa de Família e Os Idiotas, tornaram-se verdadeiros objetos de desejos de muitos cinéfilos, alguns que gastam o que for preciso para adquiri-las já que são raridades.

terça-feira, 12 de maio de 2015

22 BALAS

NOTA 5,0

Thriller francês busca
inspiração em Hollywood
para falar sobre fazer
justiça com as própria mãos 
Quem ainda pensa que o cinema francês só sobrevive graças a dramas e romances está por fora. A cinematografia francesa tem explorado com freqüência outros gêneros visando conquistar novos mercados e públicos e o ator Jean Reno surge como o grande expoente nessa trajetória. Com passagem livre para transitar no cinema americano, o nome deste artista já consegue atrair atenções seja em dramas, comédias, suspenses, romances ou em produções de ação, mas ainda assim não tem o poder de quebrar preconceitos. Sem o respaldo de premiações ou críticas elogiosas de especialistas, os filmes estrangeiros em sua maioria acabam sendo despejados diretamente em DVD no Brasil sem direito a campanha de marketing e para completar o infeliz pacote acompanhados de títulos insossos como é o caso de 22 Balas em substituição ao original “O Imortal”. Ok, é certo que em nossas terrinhas a palavra imortal está atrelada a produções épicas, fantasiosas ou a filmes de ação protagonizados por brucutus que escapam ilesos de todos os perigos, sendo que a tradução literal não ajudaria a vender este trabalho do diretor Richard Berry, mas a escolha do genérico título nacional só ajudou a taxar este filme como mais um produto para encher prateleiras de locadoras, embora a nomeação tenha a ver com a história. A trama desta mescla de suspense e ação gira em torno de Charly Mattei (Reno), um fora-da-lei que após muito tempo colecionando inimigos resolveu abandonar a vida de crimes e passar os últimos três anos para se dedicar a sua família. No entanto esse período de calmaria não acontece como ele imaginava. Em uma manhã aparentemente normal o ex-criminoso é vítima de uma emboscada e é encontrado abandonado em um estacionamento com nada mais nada menos que 22 balas de revólver incrustadas em seu corpo. Apesar de muitos acreditarem que Mattei havia morrido, misteriosamente ele sobrevive ao atentado e agora se vê obrigado a voltar a sua antiga rotina e sai à caça de Tony Zacchia (Kad Merad), um ex-companheiro dos seus tempos de submundo e o único homem que se atreveria a tentar matá-lo, mas que cometeu o erro de não se certificar se a emboscada deu totalmente certo. Assim, com a ajuda da policial Maria Goldman (Marina Fois) que também tem contas a acertar com Zacchia, começa uma caçada que deixará muitos mortos pelo caminho até que Mattei consiga acertar seu alvo.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

UM PARTO DE VIAGEM

NOTA 7,0

Comédia em estilo road
movie tem protagonistas
que cativam, mas roteiro é
irregular e previsível
Adam Sandler, Owen Wilson, Vince Vaughn e tantos outros atores que fizeram fama apostando no humor já não são mais garotões de vinte e poucos anos e certamente precisaram reinventar seu estilo de fazer comédia de forma a acompanhar a nova etapa de suas vidas, a meia idade. Por outro lado, os comediantes Steve Carell e Zach Galifianakis, por exemplo, sentiram o sabor do sucesso já na casa dos trinta anos. A partir de meados da primeira década do século 21, filmes que colocam marmanjos metidos em confusões tornaram-se moda e a produtora Warner é uma das empresas cinematográficas que mais se aproveitou desta oportunidade, até porque investe pesado em seriados de TV com temáticas humorísticas feitas por trintões e justamente para agradar o público dessa faixa etária. Após lançar Se Beber Não Case, Juntos Por Acaso e outras “comédias adultas”, cujos protagonistas ainda podem manter na aparência o frescor e a beleza da jovialidade, porém, oscilam entre a irresponsabilidade da adolescência e o amadurecimento forçado, a produtora apostou suas fichas em Um Parto de Viagem, um amalucado road movie que coloca o regenerado Robert Downey Jr. passando por diversos sufocos durante uma longa travessia de carro e ainda tirando um sarro do seu histórico de experiência com drogas. Peter Highman (Downey) é um arquiteto que está voltando de uma viagem de negócios e que está na euforia do nascimento de seu primeiro filho. Para acompanhar o parto ele tem exatos cinco dias para chegar a Atlanta, algo que um simples vôo de avião resolveria em poucas horas, porém, ele não contava com certos contratempos. Devido a um mal-entendido no avião, o caminho de Highman é cruzado pelo aspirante a ator Ethan Tremblay (Galifianakis), um cara um tanto inconveniente que vai deixar o arquiteto fora do sério. Os dois são proibidos de voar em qualquer vôo disponível e para piorar Highman perde seus documentos e se vê obrigado a aceitar uma carona oferecida por Tremblay, a única saída para chegar a tempo do nascimento de seu filho. A dúvida é saber se o mais novo chefe de família do pedaço vai sobreviver a esta viagem repleta de confusões que irão testar sua paciência.

domingo, 10 de maio de 2015

IMAGINE EU E VOCÊ

Nota 7,5 Comédia romântica com temática homossexual segue estrutura comum do gênero

A maior parte das comédias românticas acaba com o casamento dos protagonistas, mas tem se tornado cada vez mais frequentes produções do tipo que começam justamente com tal cerimônia, afinal de contas muita história pode rolar após a troca de alianças e o felizes para sempre pode se revelar apenas uma ilusão. Imagine Eu e Você poderia ser apenas mais uma daquelas comédias românticas do tipo água-com-açúcar que são facilmente esquecíveis, isso se não fosse por um detalhe: o enredo trata do amor entre duas mulheres. A trama começa com a festa de casamento do jovem executivo Heck (Matthew Goode) e a bela Rachel (Piper Perabo). O casal parecia muito apaixonado, mas é a partir do período de recém-casados que eles passam por uma prova de fogo. Isso é normal, pois eles estão se adaptando a rotina um do outro, porém, algo inesperado acontece e coloca em xeque a força desta união. Não é a toalha molhada em cima da cama ou o tubo de pasta de dente retorcido e destampado em cima da pia. Uma terceira pessoa surge para abalar o jovem casal. A florista Luce (Lena Headey), amiga do noivo, desperta algo diferente em Rachel, um sentimento com o qual a recém-casada nunca havia convivido. O casal tenta arranjar um companheiro para a amiga solteira, mas é surpreendido com a revelação que ela é lésbica. Isso faz com que Rachel fique ainda mais confusa a respeito do que está sentindo. O marido estranha que a esposa não deseja ter praticamente contato físico com ele e nem pensa em filhos, mas não percebe, pelo menos inicialmente, o interesse dela em Luce e até incentiva que as duas passem mais tempo juntas e comecem a sair mais para se divertirem. Na realidade ele vê a florista como uma possível informante para entender o que se passa com Rachel. Mesmo relutante, aos poucos, sua esposa passa a ser muito mais íntima da vendedora de flores e Heck nota algo de estranho na relação de amizade delas, mas aí já pode ser tarde demais para salvar seu casamento.

sábado, 9 de maio de 2015

PRISIONEIRO DA MORTE

Nota 2,0 Efeitos especiais bacaninhas é o que se salva deste terror que não tem objetivos claros

Todos estão carecas de saber que inovar no gênero de terror é algo quase impossível atualmente após os temas terem sido reciclados centenas de vezes, mas sempre há um gênio de plantão tentando tirar leite de pedra. A idéia da morte perseguindo suas próximas vítimas já foi bem explorada, por exemplo, no primeiro título da cinessérie Premonição, que não por acaso desandou ladeira abaixo nos episódios seguintes da franquia. No caso de Prisioneiro da Morte as boas intenções morrem antes mesmo de algum espectro surgir em cena. A premissa é bem interessante, mas é mal desenvolvida pelo roteiro de Brendan Hood, autor de Habitantes da Escuridão, outro filme que promete demais e cumpre bem pouco. A trama gira em torno do jovem Ian Stone (Mike Vogel) que está chateado por achar que foi trapaceado durante um jogo de hóquei na faculdade. Consolado por Jenny (Christina Cole), ele lhe dá uma carona para sua casa e depois segue para a sua. No caminho é surpreendido por um corpo estendido no chão durante uma noite chuvosa e tenta pedir socorro, mas é surpreendido pelo ataque da tal pessoa ou criatura. Passado o susto, Stone de repente se vê dentro de um escritório e sem nenhuma marca de agressão. Sua companheira Medea (Jaime Murray) desconhece a história de que ele era jogador durante a época de estudante e a partir de uma estranha conversa com um desconhecido o rapaz descobre que está morrendo a cada dia e voltando em uma nova vida e em alguma atividade ou situação diferente, porém, sempre mantendo o mesmo nome e com poucos resquícios de memórias de sua “última passagem”, mas sempre Medea ou Jenny estão por perto. Agora ele precisa desvendar este mistério para voltar a levar uma vida normal, mas parece que o relógio é seu inimigo número um. O quebra-cabeça do enredo começa intrigante, mas pouco a pouco vai se tornando desinteressante mesmo com as constantes mudanças que ocorrem na vida do protagonista interpretado razoavelmente por Vogel que estrelou Cloverfield – Monstro, um quase terror com trama bem melhor desenvolvida. Chegamos a um ponto que o máximo de expectativas que podemos criar são quanto as aparições dos ceifadores, as criaturas responsáveis por colocar ponto final em uma vida.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

DIREITO DE AMAR

NOTA 8,5
Ex-estilista estréia como
diretor de cinema com o pé
direito com drama sensível
e tema polêmico
Muita gente afirma que cada vez mais as sociedades estão ficando preparadas para ao menos respeitar as diferenças e as pessoas poderem viver em ambientes amistosos e pacíficos, mas sabemos que na prática isso não acontece e o individualismo e a preservação de pretensiosas leis e regras de boa conduta e moral tratam ainda de nos assolar com preconceitos tolos, desde a questão das raças, nas quais os negros são as principais vítimas, até o tema do homossexualismo, sendo o principal alvo o envolvimento entre homens. Se em pleno século 21 ainda estamos contaminados por conceitos errados e nos deixamos engessar por padrões de conduta pré-estabelecidos, imagina como as coisas eram há décadas atrás, mais especificamente nos anos 60. Pois é justamente nesta época e retratando a vida de um gay que o diretor Tom Ford buscou inspiração para seu trabalho de estreia, Direito de Amar. Durante anos ele foi um dos estilistas mais famosos do mundo, mas ao julgar pelo seu envolvimento em seu primeiro filme dá para perceber que desenhar roupas que ditariam moda por uma ou duas temporadas não era o bastante para este homem deixar como legado. Além de dirigir, Ford também produziu e roteirizou esta obra adaptada do romance homônimo e semi-autobiográfico do escritor Christopher Isherwood. A narrativa arrastada e intimista fala basicamente sobre conflitos de sentimentos e é quase um monólogo sobre o que pensa e observa o protagonista. Em 1962, extremamente abalado pela recente e trágica morte de Jim (Matthew Goode), seu companheiro de muitos anos, o professor universitário George Falconer (Colin Firth) mantém as aparências de que está tudo bem, mas por dentro nutre o desejo de acabar com sua própria vida. Enquanto planeja seu suicídio, ele passa por diversas situações e sente as mais diferentes sensações ao recordar seu passado, pensar no presente e vislumbrar seu futuro, incluindo a alternativa de que esse tempo ele não viverá. Suas reflexões o levam a reencontrar uma antiga amiga, Charley (Julianne Moore), com quem se relacionou no passado e a única pessoa capaz de lhe trazer alguns momentos de felicidade, isso até ele deixar de relutar e aceitar as investidas de um jovem aluno, Kenny (Nicholas Hoult). Mas o desejo de encerrar sua vida não o deixa em paz, mesmo com esses pequenos momentos que lhe mostram que viver vale a pena.

terça-feira, 5 de maio de 2015

OS ÚTIMOS PASSOS DE UM HOMEM

NOTA 10,0

Baseado em fatos reais, drama
coloca em discussão a pena de
morte enfocando tanto o lado da
família da vítima quanto do criminoso
Filmes baseados em fatos reais já contam a seu favor com a simpatia do público que se interessa nesse tipo de produção, afinal se alguém teve o desejo de filmá-las significa que existe algo de relevante nos fatos verídicos (ao menos é o que se espera). Adaptações de livros também já possuem platéia cativa, assim como interessados em assuntos polêmicos e levados a tribunais adoram os embates entre defesa e acusação propostos pelo cinema. Se for possível unir estes três elementos e mais um elenco de primeira em um mesmo trabalho não há dúvidas de que estamos diante de um grande filme daqueles que dificilmente se esquece. É essa a receita de Os Últimos Passos de um Homem, que mesmo beirando duas décadas de seu lançamento continua suscitando polêmicas e discussões. O tema central é a pena de morte e desde o início o enredo coloca o espectador a pensar se matar é a saída mais prática e benéfica de se encerrar um caso. Um julgamento é sempre confiável? O responsável pelo crime não merece uma chance para se redimir? Matar o criminoso é uma forma de diminuir a violência provando que a justiça não tem piedade daqueles que erram? Tais perguntas certamente rondaram a mente do ator e diretor Tim Robbins assim que ele leu o livro “Dead Man Walking” escrito pela freira Helen Prejean sobre a experiência que viveu no início dos anos 80 ao se tornar conselheira espiritual de um condenado à morte. Susan Sarandon, então esposa do cineasta, ganhou o Oscar vivendo o papel da religiosa que fica em uma encruzilhada diante de uma questão em que os dois lados do conflito estão certos e ao mesmo tempo errados. A irmã trabalha em uma comunidade pobre da cidade de Nova Orleans, nos EUA, e acaba se envolvendo em um caso polêmico. Matthew Poncelet (Sean Penn) está lutando para provar que é inocente e não participou do assassinato de um casal de adolescentes e a freira vai até a prisão conhecê-lo e ouvir sua versão da história. Um pouco relutante no início, ela acaba aceitando tentar ajudá-lo a se livrar da pena a qual foi condenado: a execução. Assim, esta mulher acaba sendo o único canal de comunicação deste réu com a sociedade, apesar de ela mesma não estar convicta de que ele foi preso injustamente. Quando resolve dar apoio as famílias das vítimas, mas sem desmanchar seu compromisso com Poncelet, a freira toma contato com histórias dolorosas e recebe duras críticas destas pessoas. Balançada com tudo isso, ela tenta mudar a opinião desses pais machucados em relação ao criminoso ao mesmo tempo em que tenta arrancar dele a verdade sobre o que realmente aconteceu. Convicta de seus valores religiosos, Helen acredita que por pior que tenha sido em toda a sua vida, este homem deve ser tratado com humanidade até seu último minuto de vida.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

EU, MEU IRMÃO E NOSSA NAMORADA

NOTA 9,0

Steve Carell protagoniza
comédia romântica que
respeita a inteligência sem
perder o bom humor
Um dos gêneros mais procurados quando a intenção é divertir toda a família são as comédias, mas hoje em dia é muito raro encontrarmos algum título totalmente livre, ou seja, que não conte alguma cena mais forte ou constrangedora. Até entre os títulos que mesclam humor e romance as coisas andam quente demais, aliás, não é de espantar já que seus enredos são propícios para os troca-trocas de casais. Nos anos 80, Chevy Chase tornou-se símbolo de humor leve e para todas as idades principalmente ao estrelar Férias Frustradas. Jim Carrey na década seguinte ocupou o posto após estourar em O Máskara, mas seu humor nem sempre é o ideal para crianças e até mesmo para idosos. Entre as duas décadas conviveu muito bem Steve Martin interpretando os mais diversos tipos e virando sinônimo de produções no melhor estilo sessão da tarde estrelando, por exemplo, clássicos do humor como Corra Que a Polícia Vem Aí. Surge então nos anos 2000 Steve Carell, figura perfeita para ser o novo rei do riso. Mais conhecido por participar de seriados de TV e já quarentão, ele foi descoberto pelo público e por produtores tardiamente, mas seus filmes dificilmente fazem sucesso nos cinemas, mas quando lançados para locadoras e varejo eles encontram seu espaço e se tornam boas opções para reunir a família e amigos para dar boas gargalhadas. Este é o caso de Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada, cujo triângulo amoroso pode parecer estranho, mas funciona perfeitamente colocando no chinelo muitos intérpretes que praticamente dedicaram a carreira às comédias românticas. O enredo gira em torno de Dan Burns (Carell), um pai viúvo e escritor de uma coluna de jornal que dá conselhos familiares, mas ele mesmo tem uma vida familiar conturbada com a qual ele lida empurrando com a barriga. Ele insiste na tentativa de colocar ordem na vida de suas três jovens filhas rebeldes enquanto tenta fugir de qualquer coisa inesperada que possa acontecer, porém, as vezes algo novo pode ser muito bem-vindo . Quando viaja para a casa de veraneio de seus pais, por um acaso ele conhece no caminho em uma livraria Marie (Juliette Binoche), se apaixona imediatamente e a recíproca parece positiva também. Dan chega feliz da vida na casa de seus pais e todos desconfiam que o motivo de tanta alegria é um novo amor, que, aliás, é o motivo da tal reunião familiar. Seu irmão mais novo Mitch (Dane Cook) vai apresentar sua nova namorada que, coincidentemente, é a própria Marie. Agora, os envolvidos nesse triângulo amoroso irão conviver durante um final de semana e colocar à prova os seus sentimentos e Dan pela primeira vez ficará na dúvida se coloca a harmonia da família em primeiro lugar em detrimento de sua felicidade.

domingo, 3 de maio de 2015

QUERIDINHO DA VOVÓ

Nota 2,0 Comédia sofre do mesmo mal que tantas outras: o trailer esvazia o humor da trama

Steve Carell é o grande símbolo das comédias destinadas a um público maduro, certamente por ele próprio ter surgido para as massas quando já era um quarentão e com projetos bacanas que se não são fenômenos de bilheteria ao menos não mancham seu currículo. Adam Sandler e Jim Carrey também já estão neste caminho, mas alternam bons trabalhos com outros duvidosos. A onda das “comédias maduras” ganhou força nos últimos anos, mas com um pouco de garimpagem podemos descobrir que antes já aconteceram tentativas do tipo, o problema é que elas sempre pendiam mais para o lado adolescente e babaca do enredo. É este o caso de Queridinho da Vovó, uma produção assinada por Nicholaus Goossen com premissa razoável, mas que acaba constrangendo os espectadores a certa altura ao assumir o estilo American Pie de fazer cinema. Alex (Allen Covert) já tem 35 anos de idade, mas ainda vive e se comporta como um adolescente. Até sua profissão é o sonho de qualquer garotão: testar diariamente jogos de vídeo game. Ele ainda não está completamente certo, mas já demonstra vontade de finalmente crescer e por isso está desenvolvendo em segredo nas suas horas vagas um novo e revolucionário jogo virtual que um dia pretende oferecer à sua empresa para comercializá-lo. Em um golpe de azar, Alex acaba tendo que deixar o apartamento que dividia com amigos e vai morar com sua avó, Lilly (Doris Roberts), uma simpática velhinha que vive com mais duas amigas de idades próximas. Elas passam a explorar o rapaz deixando muitas tarefas domésticas para ele fazer, o que o deixa tão cansado que provoca constantes cochilos quando ele está no trabalho. A explicação do rapaz é que ele vive com três mulheres maravilhosas e insaciáveis que acabam com ele na cama, o que aguça a curiosidade de seus colegas de trabalho, incluindo Samantha (Linda Cardellini), sua superiora.

sábado, 2 de maio de 2015

BRINCANDO COM A MORTE

Nota 2,0 Parecendo que foi pinçado dos anos 80, longa de ação é vazio e com atuações sofríveis

Filmes de ação basicamente se equilibram entre a luta do Bem e do Mal, dos mocinhos e dos vilões, mas tal fórmula básica já foi usada e abusada a perder de vista. Os heróis que fazem jogo duplo, ou seja trabalham para os dois lados, então surgiram para dar um novo gás para a receita, mas logo também se tornaram obsoletos como prova Brincando com a Morte que parece reunir todas as características necessárias para afirmarmos que foi produzido com anos de atraso, mas parece que os filmes B nunca saem de moda, ou melhor, tem sempre algum produtor louco para jogar dinheiro fora bancando projetos que desde a premissa já tem atrelado a palavra fracasso. A trama escrita por Mark Haskell Smith parece criada para servir de publicidade ao ator David Duchovny que já fazia sucesso na TV com a cultuada série “Arquivo X”. Ele dá vida a Eugene Sands, um médico-cirurgião que apesar do vício em drogas sempre procurou levar a profissão a sério. Sua desgraça foi justamente se dedicar demais ao trabalho. Após muitas horas de plantão, certa vez ele precisou operar uma paciente que acabou falecendo, assim sendo acusado de erro médico por estar sob efeito de substâncias alucinógenas e perdendo sua licença para atuar na área. Contudo, ele terá a chance de voltar à ativa, porém, literalmente de forma ilegal. Alguns meses após seu afastamento do trabalho, Sands salva a vida de um desconhecido que foi baleado em um barzinho. No dia seguinte ele é procurado por Raymond Blossom (Timothy Hutton), um contrabandista de bens de consumo que ficou sabendo de seu feito e lhe oferece dinheiro e drogas caso aceite uma proposta. Ele deve operar Vlad (Peter Stormare), um de seus comparsas que está gravemente ferido, mas que obviamente não pode ir a um hospital para que a polícia não seja envolvida no caso e desmantele a quadrilha. Bondade no mundo dos vilões? Claro que não, tudo com segundas intenções. O ferido sabe onde está escondida uma valiosa mercadoria de contrabando e pressionado acaba revelando o segredo para depois ser assassinado friamente por Blossom.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

JULIE E JULIA

NOTA 8,5

Homenagem à famosa
culinarista americana é
saborosa e tenta criar um
link com novas gerações
Muitos consideram a cozinha o melhor lugar de uma casa e é talvez por isso que os filmes que tem como pano de fundo o mundo gastronômico nos passem sensações de conforto e aconchego únicas. São várias as produções que utilizam artifícios da culinária para seduzir os espectadores, o que confere a esses trabalhos visuais de dar água na boca e que envolvem rapidamente a quem assiste. Julie e Julia é mais um título para engrossar este caldo que poderia ser catalogado como um filme gostoso ou agradável, mas nas categorias convencionais é difícil classificá-lo. Não é um dramalhão, porém, também não é de provocar gargalhadas. Talvez essa indefinição de gênero tenha colaborado para a morna recepção da obra por parte da crítica e do público. Todos que deram ou ainda darão atenção a este trabalho certamente tem uma única justificativa na ponta da língua: Meryl Streep. A veterana atriz conquistava sua 16º indicação ao Oscar recriando Julia Child, uma americana que no final da década de 1940 se muda para Paris para acompanhar seu marido Paul (Stanley Tucci) em seu novo endereço de trabalho, mas a mudança significaria muito mais para ela própria. Sem filhos ou emprego, a esposa do diplomata não quer desperdiçar seu tempo ocioso e passa a procurar alguma atividade que lhe dê prazer, encontrando isso em um curso de culinária, embora sua intimidade com a cozinha fosse mínima. O que poderia ser apenas um passatempo acabou ganhando proporções que Julia não esperava. Alguns anos mais tarde ela publicou um best-seller gastronômico e conseguiu ingressar na televisão para apresentar um programa de culinária no qual ela também divertia as pessoas com seu jeito de ser, voz diferenciada e sua curiosa imagem de uma mulher com quase 1m90 de altura. Seu sucesso seria fruto de seu trabalho ou de sua simpatia e bom humor? A mistura de ambos certamente, tanto é que já na casa dos setenta até oitenta e poucos anos ela ainda estava na ativa e seu livro “Dominando a Arte da Culinária Francesa” chegava a sua 49º edição no ano de 2004 quando faleceu. O longa não mostra os últimos anos de vida da culinarista, mantendo o foco entre os anos 40 e 60, justamente o período em que tomou gosto pela arte de cozinhar e decidiu levar seus conhecimentos da cozinha francesa para os americanos que segundo ela não costumavam fazer pratos apetitosos. A parte do roteiro que nos apresenta um pouco da vida de Julia chama a atenção por conter ingredientes interessantes. A personagem passa ao espectador de maneira sutil a idéia de como as mulheres viviam naquela época posterior a Segunda Guerra Mundial. Elas eram submissas ao marido, tinham muito tempo livre e não estavam inseridas no mercado de trabalho. Seu destaque nesse cenário engessado se deve ao fato de seu sucesso profissional e pelo seu jeito alegre de viver e sem repressões já que seu marido sempre a apoiou em todas as suas decisões, ao contrário de outros homens da época que eram enérgicos com suas companheiras. É interessante que Meryl e Tucci dividiram cenas também em O Diabo Veste Prada em papéis completamente diferentes, mas em ambos os casos a atriz acabou se sobressaindo com suas minuciosas composições físicas e comportamentais, mas nada que desmereça o trabalho do ator.