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terça-feira, 19 de maio de 2015

FANTASMAS DE MARTE

NOTA 1,0

Mescla de terror, aventura
e ficção acerca de um
mistério no planeta Marte
resulta em péssimo filme B
Hollywood sempre teve fascínio pelos mistérios do sistema solar e seus planetas. O próprio Sol e a Lua já foram os principais cenários de alguns filmes, mas fora os perigos que rondam a Terra, foi Marte o assunto mais explorado pelo cinema. O problema é que não se sabe muito sobre o tema e então cineastas, redatores e produtores deixam a imaginação rolar solta para criar uma história que se passe no planeta vermelho, como ele ficou popularmente conhecido. Os resultados são sempre fracos e até hoje nenhuma produção conseguiu passar uma visão que possa ser crível (coisa difícil) ou ao menos que cause impacto no espectador. Em geral as obras do tipo acabam sendo classificadas como filmes B devido ao seu conteúdo pouco desenvolvido e plasticidade tosca. Quando falamos de uma produção sobre Marte parece que estamos querendo desenterrar lá do fundo do baú alguma produção científica, mas no início dos anos 2000 o tema ainda rendia, ou melhor, tentava render algo. Chegaram a lançar com a diferença de poucos meses Planeta Vermelho e Missão Marte, ambos pessimamente recepcionados por público e crítica. Naqueles tempos, embalados pelas crenças tolas acerca do fim do mundo, muitos estúdios deram sinal verde para diversos produtos que colocavam em discussão a possibilidade do destino da humanidade a salvo estar em solo vermelho. E o que esperar de um trabalho que reúne ficção e terror aliados a tal tema? Produção trash sem dúvidas. Fantasmas de Marte é uma reciclagem capenga de alguns trabalhos de John Carpenter, como O Enigma de Outro Mundo, mas não foi um diretor qualquer que decidiu lhe fazer uma homenagem. Foi o próprio que atuou atrás das câmeras e escreveu o roteiro em parceria com Larry Sulkis. A história se passa em 2176, quando Marte já está sendo colonizada pelos seres humanos há um bom tempo, mas o número de pessoas já está excedendo o limite e as diversas expedições para extrair as reservas naturais deste solo desconhecido podem acarretar grandes problemas.

Em uma das escavações são descobertas as ruínas de uma antiga civilização, porém a detonação de uma mina subterrânea desenterra um mal há muito tempo escondido. A população passa a ser comandada por alguma força maligna que toma os corpos dos humanos considerados invasores justamente para expulsá-los do planeta de forma definitiva. Essas criaturas se tornam fortes, bem armadas e tem sede de vingança. Estes acontecimentos fazem com que um grupo de policiais liderados pelo sargento Jericho Butler (Jason Stathan) e pela tenente Melanie Ballard (Natasha Henstridge) se unam em uma batalha para garantir suas próprias sobrevivências e tentem salvar o planeta Marte da destruição. Eles se instalam em uma base em um vilarejo que aparentemente está deserto, mas não demora muito e uma trupe de zumbis aparece para atacá-los. A história é contada através de flashbacks e relatada a um tribunal por Melanie, uma das poucas que sobrevive para literalmente contar história. Entre vários personagens desinteressantes que obviamente estão em cena para morrer, completa o elenco Ice Cube como o prisioneiro James “Desolation” Williams que de ameaça se torna aliados dos policiais. A premissa já é um tanto estapafúrdia, mas o roteiro ajuda a piorá-la, ainda mais quando chegamos a conclusão, uma das piores já feitas em todos os tempos, totalmente sem clímax. Para chegarmos a tal decepção, o caminho alterna momentos tortuosos com outros de leve excitação.  As atuações são péssimas e os diálogos também são tolos. A ambientação é das mais simplórias possíveis, quase um trabalho amador, mas quando os zumbis entram em cena com sede de vingança é possível se entreter um pouquinho, isso se você não estiver preocupado em saber se o líder deles é um sósia ou é o próprio cantor (?) Marilyn Manson. Aliás, do elenco apenas Stathan conseguiu levar a carreira adiante com relevante projeção atrelado ao gênero de ação. O restante parece ter sido possuído pelas forças malignas do enredo e vivem nas trevas desde então, se é que um dia saíram de lá.

Carpenter, o homem por trás da versão original de Halloween, virou símbolo de sucesso no gênero terror com clássicos assombrosos como A Bruma Assassina e Christine - O Carro Assassino. Hoje tais títulos podem ser motivos de risos, mas para a época serviam muito bem ao que se propunham. Ele assinou diversas bombas depois, saiu do ostracismo com o bem feitinho Vampiros, mas cavou sua cova novamente ao se meter nessa bobagem literalmente de outro planeta. A crítica o malhou tanto que desde então o cineasta não fez mais nenhum filme. Sem fugir do gênero que o consagrou e investindo na adrenalina, Carpenter tentou produzir algo para deixar o público aterrorizado, mas conseguiu arrancar muito mais risadas. Fantasmas de Marte na realidade não é terror. Beira a comédia, mas não se assume como tal. Pode ser visto como um exemplo de ação ou aventura já que no elenco tem uns brucutus e tiroteio e explosões não faltam. Porém, a melhor classificação é trash movie com letras maiúsculas. Esta é uma verdadeira obra-prima de lixo cinematográfico que vista dessa maneira ganha status de cult e pode até se tornar divertida, mas realmente do conjunto todo o máximo que poderemos guardar em nossas mentes é o excesso de luz vermelha para retratar o árido espaço marciano e os gritos e urros do líder dos zumbis (inesquecíveis). Alguns podem apontar os efeitos especiais e cenografias precárias como os grandes defeitos, mas essas coisas nunca foram empecilho para o diretor que sempre conseguiu criar boas atmosferas de suspense com poucos recursos, tal qual o famoso Ed Wood fazia no passado. A falta de um enredo bem elaborado é determinante para o fracasso, embora o colonialismo e a exploração excessiva de uma terra sem pensar nas conseqüências sejam alguns temas implícitos, mas é impossível se ater a tais ideias ao som de um heavy metal ensurdecedor. Aos adeptos dos filmes B bom proveito.

Terror - 98 min - 2001 

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Um comentário:

  1. O líder das criaturas aparentemente é interpretado por Rodney A. Grant, o índio Vento no Cabelo, de Dança com Lobos.

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