Nota 2,0 Comédia sofre do mesmo mal que tantas outras: o trailer esvazia o humor da trama
Steve Carell é o grande símbolo
das comédias destinadas a um público maduro, certamente por ele próprio ter
surgido para as massas quando já era um quarentão e com projetos bacanas que se
não são fenômenos de bilheteria ao menos não mancham seu currículo. Adam
Sandler e Jim Carrey também já estão neste caminho, mas alternam bons trabalhos
com outros duvidosos. A onda das “comédias maduras” ganhou força nos últimos
anos, mas com um pouco de garimpagem podemos descobrir que antes já aconteceram
tentativas do tipo, o problema é que elas sempre pendiam mais para o lado
adolescente e babaca do enredo. É este o caso de Queridinho da Vovó,
uma produção assinada por Nicholaus Goossen com premissa razoável, mas que
acaba constrangendo os espectadores a certa altura ao assumir o estilo American
Pie de fazer cinema. Alex (Allen Covert) já tem 35 anos de idade, mas
ainda vive e se comporta como um adolescente. Até sua profissão é o sonho de
qualquer garotão: testar diariamente jogos de vídeo game. Ele ainda não está
completamente certo, mas já demonstra vontade de finalmente crescer e por isso
está desenvolvendo em segredo nas suas horas vagas um novo e revolucionário
jogo virtual que um dia pretende oferecer à sua empresa para comercializá-lo.
Em um golpe de azar, Alex acaba tendo que deixar o apartamento que dividia com
amigos e vai morar com sua avó, Lilly (Doris Roberts), uma simpática velhinha
que vive com mais duas amigas de idades próximas. Elas passam a explorar o
rapaz deixando muitas tarefas domésticas para ele fazer, o que o deixa tão
cansado que provoca constantes cochilos quando ele está no trabalho. A
explicação do rapaz é que ele vive com três mulheres maravilhosas e insaciáveis
que acabam com ele na cama, o que aguça a curiosidade de seus colegas de
trabalho, incluindo Samantha (Linda Cardellini), sua superiora.
Um bobalhão que realiza
trabalhos para um trio de velhotas e justifica seu cansaço inventando que passa
suas horas vagas satisfazendo os desejos sexuais de lindas mulheres renderia
boas piadas investindo mais nas especulações e fantasias acerca do assunto, mas
o roteiro de Barry Wernick, Nick Swardson e do próprio Allen Covert é tão raso quanto um pires e desarma a armação rapidamente e de um
jeito bem constrangedor. O problema começa já pelo estereótipo do tal
queridinho, um trintão que sabe tudo sobre o mundo dos games, mas é um boçal
para qualquer assunto alheio a isso, exceto mulheres. Sua idiotice é tanta que até J.P. (Joel David Moore), o cara diferentão e excluído da sua turma de trabalho, diga-se de passagem, com uma voz robotizada um tanto irritante, consegue lhe passar a perna e roubar seu tal projeto secreto. Outro furo é quanto ao interesse romântico do protagonista, a
irreconhecível Linda Cardellini, a Velma de Scooby-Doo, que não
demonstra sentir qualquer sentimento mais carinhoso pelo rapaz, mas
repentinamente é forçada uma relação entre eles quase nos minutos finais para
justificar que sempre o amor vencerá e mais cedo ou mais tarde todos encontram
um par. Para arrematar o show de clichês, uma festa regada a drogas, bebidas, bizarrices e
hormônios em ebulição trata de matar a pontinha de esperança que ainda
poderíamos ter que essa comédia surpreenderia afinal o trailer denunciava ao menos um filme razoável, embora a presença de um macaco e de um gordinho com cara de palerma já seriam indícios suspeitos do que viria por aí. De qualquer forma, este é mais um exemplo em que a publicidade é bem melhor que o filme em si. Um
resumão de dois ou três minutos tratou de pinçar as poucas piadas boas para
turbinar o marketing de Queridinho da Vovó, mas no final das
contas a decepção será inevitável a quem acompanhar o conjunto. É uma pena.
Geralmente comédias com idosos costumam render piadas manjadas, mas ainda assim
divertidas. Neste caso elas funcionam quase como um remédio para a insônia. Quem
já está na casa dos trinta anos ou mais, é viciado em vídeo game, internet e
afins e as sextas e sábados a noite ainda são sinônimos de bebedeira e pegação,
favor não assistir em consideração a sua própria autoestima. A vergonha de se
sentir retratado como um idiota no filme será inevitável.
Comédia - 94 min - 2006
Nota 2,0 não deixa nem eu ver a capa do filme. kkk
ResponderExcluirNe o título me motiva a ver, nem mesmo sutilmente.
ResponderExcluir