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terça-feira, 24 de dezembro de 2019

UM NATAL MUITO, MUITO LOUCO

NOTA 7,0

Casal deseja fugir dos festejos
de Natal, mas na última hora
precisam organizar uma ceia e
recuperam o espírito de amizade
Hoje é véspera de Natal, dia de muita correria e compras de última hora. Em outras palavras, dia de muito estresse, mas a noite vem a calmaria e as alegrias e emoções devem predominar. No Brasil não temos o mesmo fanatismo que os americanos têm com esta festa cristã, mas ainda assim muitas pessoas vivem o clima natalino intensamente meses antes. Para elas todas aquelas enxurradas de reprises de comédias e dramas típicos de fim de ano na televisão são uma dádiva. Para quem ainda sente apreço pela comemoração, mas todo o ano promete que da próxima vez vai fazer algo diferente entre os dias 24 e 25 de dezembro, certamente se identificará com o casal protagonista de Um Natal Muito, Muito Louco, longa que já pode ser considerado um clássico natalino tal qual Férias Frustradas de Natal, figurinha carimbada na TV praticamente todos os anos há várias décadas. Ambos tratam do respeito e cultivo das tradições, do espírito de solidariedade e de família unida, mas claro que tudo temperado com muito humor. A receita é muito simples e agrada em cheio quem curte essa data festiva justamente por tirar um sarro daqueles que tentam manter o espírito de harmonia e solidariedade quando a reunião familiar se resume em uma sucessão de equívocos e bolas foras dos parentes queridos. Obviamente não é um tipo de produção que agrada a todos os tipos de plateia, pois investe em humor pastelão, mas convenhamos quem não tem pelo menos uma história engraçada ou tragicômica que ocorreu na ceia ou no almoço de Natal? É curioso, mas em meio ao corre-corre das compras de presentes e dos ingredientes dos pratos tradicionais, os filmes que acompanham esse clima não chamam muito a atenção aqui no Brasil, pelo menos quando exibidos nos cinemas. Pode ser o fato da ambientação contrária a nossa, branquinha e fria pela neve, a repetição de situações cômicas ou a mensagem clichê de esperança e amor que deixam no final, mas é certo que dá para contar com os dedos de uma mão só os títulos que trabalham o tema e que escapam do crivo do público e crítica sem serem extremamente chamuscados, como O Grinch e O Expresso Polar, ambos com características visuais evidentes para se sobressaírem no farto cardápio de filmes com histórias parecidas em cima da expectativa da chegada do Papai Noel. Para os produtores americanos os batidos filmes do tipo podem significar a salvação da lavoura quando o ano não rendeu boas bilheterias, por isso eles ainda continuam sendo feitos anualmente.

domingo, 22 de dezembro de 2019

TAL MÃE, TAL FILHA

Nota 7,0 Juliette Binoche se destaca em em comédia em que mãe e filha se descobrem grávidas

Uma cinquentona que leva a vida sem responsabilidades tal qual uma adolescente se vê inesperadamente grávida de seu ex-marido ao mesmo tempo que sua filha um tanto mais ajuizada também anuncia que está esperando um bebê. O argumento de Tal Mãe, Tal Filha é típico de historinhas água-com-açúcar americanas e até poderia cair como uma luva a uma comédia popular brasileira daquelas que levam multidões aos cinemas, no entanto, é o ponto de partida de uma simples e divertida produção francesa. Para dar visibilidade ao filme, não por acaso a versátil e mundialmente conhecida Juliette Binoche, prata da casa, assume o papel de Mado, uma mulher de meia-idade que não tem trabalho fixo, tampouco objetivos de vida, e que se comporta como uma jovem rebelde desde que foi abandonada pelo marido Marc (Lambert Wilson). Perambulando pelas ruas de Paris montada em uma chamativa moto cor-de-rosa, a espevitada senhora dificilmente perde o bom humor e suas atitudes infantis chegam a ser confundidas até com mal de Alzheimer, mas nada que a faça perder o rebolado. Já sua filha Avril (Camille Cottin) está na casa dos trinta anos, é bem-sucedida profissionalmente e apaixonada por Louis (Michaël Dichter), seu marido que não trabalha, apenas estuda. Pouco vaidosa, por vezes bronca e bastante metódica, a jovem vive trocando farpas com a mãe que vive de favor em seu apartamento. Cada um pode e deve viver como bem entender, isso desde que seja respeitada a individualidade e privacidade dos demais e é nesse ponto que a relação delas estremece. A princípio a diretora e roteirista Noémie Saglio parece se ater ao clichê do choque entre gerações reciclando piadas previsíveis e impregnadas de vícios ianques, contudo, quando mãe e filha se descobrem grávidas praticamente simultaneamente a trama ganha outros rumos. Abobalhada com a ideia de ser mãe e avó e coagida por Avril, Mado aceita a ideia de fazer um aborto, mas atrapalhada como sempre se esquece de tomar no tempo certo o medicamento (fique claro prescrito por um obstetra, diga-se de passagem, um tanto estranho) e decide levar a gravidez adiante em segredo até onde puder, ou seja, a omissão não vai muito longe.

sábado, 21 de dezembro de 2019

JOSHUA - O FILHO DO MAL

Nota 1,0 Vendido com ares sobrenatural, suspense decepciona adotando drama familiar e polêmico

Crianças endemoniadas é um dos maiores clichês do universo do horror. Talvez por já termos vistas tantas e, diga-se de passagem, a maioria bem mais assustadoras, é que o longa Joshua - O Filho do Mal já foi lançado com lugar cativo no limbo. O personagem-título é vivido no piloto automático pelo então ator mirim Jacob Kogan que interpreta um garoto quieto, apático e que as poucas vezes que abre a boca é apenas para fazer alguma observação ou pergunta que acabam por deixar Abby (Vera Farmiga) e Brad (Sam Rockwell), seus pais, sem respostas e com dúvidas quanto ao comportamento do filho. Quando sua mãe dá a luz à pequena Lilly a vida da família muda completamente. E para pior! Ao perceber toda a atenção que é destinada à irmã, mesmo sem demonstrar sinais de raiva ou ciúmes, Joshua começa a ter ações, como jogos psicológicos e ameaças, que podem enlouquecer o casal que está com problemas. Enquanto o pai vive um período de crise profissional, a mãe, já detentora de um histórico de problemas psicológicos, agora também sofre com a depressão pós-parto. O garoto é obcecado pelo hobby de dissecar seus bichinhos de pelúcia e não demora a testar as técnicas em animais vivos. Por aí já se tem ideia do que ele pretende fazer com a bebezinha. O longa então se propõe a abordar um problema até que bastante corriqueiro: filhos com má índole nascidos em bons berços. Joshua tem pais amorosos, tem uma vida abastada, mas sabe-se lá porquê nasceu com a sementinha do mal caráter enraizada. Ele praticamente é um psicopata em início de carreira, muito inteligente, nem um pouco empático e com uma habilidade singular para mentir e manipular as pessoas. Crianças com este perfil, como os garotos sem semblante de filmes como A Profecia e Reencarnação, já tornou-se um protótipo bastante desgastado no cinema, mas no caso incomoda saber que Joshua é um ser malvado por natureza, o que invalida o péssimo subtítulo nacional.

domingo, 15 de dezembro de 2019

MEU MUNDO ENCANTADO

Nota 7,0 Com clima de filme antigo, drama leve resgata valores e inocência apostando no lúdico

Nostálgicos dos tempos das videolocadoras devem se lembrar que o grande barato desse tipo de negócio era dar a oportunidade dos clientes explorarem suas prateleiras e serem surpreendidos por filmes diferenciados e de pouca divulgação. Eram centenas de produções menores que aqui e acolá podiam se tornar sucessos particulares das lojas e o público infantil era bastante contemplado. Com as produções Disney na época sendo lançadas em ritmo de conta-gotas, muitas empresas aproveitavam a brecha para lançarem suas animações similares as do estúdio (mas de qualidade infinitamente inferior) e para ter opções ao público mirim também muitos filmes live-action, entre comédias, aventuras e dramas leves, serviam como opção para um fim de semana em casa. Quem viveu essas experiências certamente deve ter alguma fita que remeta a infância. Analisando tanto esteticamente quanto pelo estilo narrativo, Meu Mundo Encantado parece uma produção pinçada das prateleiras entre as décadas de 1980 e 1990. Deixando-se levar pela emoção, é quase possível ouvir o ruído dos cabeçotes do videocassete ao decorrer da narrativa. Entretanto, esta obra do diretor Micheal Landon Jr. foi filmada em 2008 e por opção artística adotou-se a fotografia envelhecida e o ritmo levemente pausado, detalhes que combinam perfeitamente com o clima bucólico e inocente desta história que se passa no início do século 20. Toby Morgan (Matthew Harbour) é um garoto cuja imaginação é muito fértil, ao contrário de seu pai, John (Kevin Jubinville), um bem-sucedido empresário que praticamente vive na inércia desde que sua esposa faleceu, assim ele vive com o filho uma relação fria e distante. Obrigado a passar as férias de Natal com Elle (Una Kay), sua severa avó que mora em um luxuoso casarão, porém, um lugar sem vida, o garoto descobre um sótão que servia de quarto de brinquedos quando seu pai era criança. Eis que ele encontra um antigo coelho de pelúcia, um presente deixado por sua mãe.

sábado, 30 de novembro de 2019

TESTEMUNHA FANTASMA

Nota 4,0 Fita filipina segue preceitos do horror oriental e acerta na ambientação, mas peca no ritmo

A década de 2000 tem como uma de suas referências cinematográficas a explosão do cinema de horror oriental, primeiramente à base de remakes hollywoodianos, mas que abriram as portas para os originais conseguirem espaços nos cinemas e principalmente nas videolocadoras. O excesso de produções semelhantes, quase todas evocando histórias de espíritos atormentados desejando vingança ou justiça, fez com que a vertente logo caísse na mesmice. Contudo, a produção de obras do gênero continua a todo vapor em terras orientais. Se em seus países de origem ainda conseguem espaços nas salas de exibição, o restante do mundo toma contato com tais filmes através dos serviços de streaming que para apresentarem um catálogo quantitativo adquirem produções provavelmente sem analisar o conteúdo. Embora a internet esteja cheia de menções como um filme de terror que deixou muita gente sem conseguir dormir, Testemunha Fantasma é uma produção das Filipinas que não traz absolutamente nada de novo e não chega a ser tão assustador como divulgam. Com direção e roteiro de Mikhail Red, a trama se passa em meados da década de 1990 e acompanha o drama vivido por Pat Consolacion (Bea Alonzo), a orientadora educacional de uma escola católica para meninas, um lugar marcado por sinistras histórias. Há boatos que no passado uma estudante chamada Erika (Gillian Vivencio) se enforcou no banheiro e de que seu espírito é visto com frequência. O que as alunas e nem as sisudas freiras que cuidam da instituição sabem é que a recatada conselheira possui dons mediúnicos e se sente feliz em poder interagir com as almas, algumas nervosas e outras apenas confusas. Quando mais uma estudante morre na escola, mesmo contra a vontade de Alice (Charo Santos-Concio), a mal humorada e abusiva diretora, Pat decide investigar o passado do local e tentar contato com o espírito de Erika, mas as coisas que descobre podem ser mais assustadoras do que ela esperava, incluindo o despertar da fúria de uma implacável entidade maligna.

domingo, 24 de novembro de 2019

O DATE PERFEITO

Nota 6,0 Garoto tem uma ideia de gênio para faturar, se divertir e de quebra descolar um amor

A Netflix não só tem fomentado seu catálogo com produções de baixo orçamento como também está se preocupando em lançar talentos. O ator Noah Centineo é um deles e se especializando em comédias românticas para o serviço de streaming, como prova O Date Perfeito que segura as pontas graças ao carisma do rapaz. Do contrário, bastam alguns minutos para você manjar toda a trama, embora isso não seja um problema para os fãs do gênero. Ele interpreta Brooks Rattigan, um rapaz bonito, carismático e extremamente educado, além de bastante sonhador, o príncipe com o qual qualquer garota sonharia. Com uma vida limitada entre a escola e o trabalho em uma lanchonete, ele enxerga novos horizontes ao aceitar uma inusitada proposta: levar a rebelde e deslocada Celia Lieberman (Laura Marano) a um baile colegial simplesmente para lhe fazer companhia e ainda ser pago para isso. Além de obviamente rolar um interesse romântico pela garota, o que parecia uma oportunidade passageira de ganhar um dinheirinho fácil acaba se transformando em uma profissão. Com o objetivo de estudar em uma renomada universidade, com a ajuda de seu melhor amigo Murph (Odiseas Georgiadis), o jovem cria um aplicativo de encontros, mas relativamente diferenciado dos que já existem. Sem envolvimento sexual (embora soe improvável), o rapaz é contratado para fazer companhia a mulheres solitárias em festas, jantares ou simplesmente para elas terem com quem conversar e desabafar. No ato da contratação elas já definem qual o tipo de “date” (encontro em inglês) que desejam, assim Rattigan se prepara encarnando uma personalidade diferente para cada situação ao gosto da freguesa. Mauricinho, bad boy, esportista e até mesmo um bobão. Não importa a fantasia, ele literalmente veste a personagem, além de oferecer os serviços de motorista de aplicativo buscando e devolvendo as contratantes intactas. Contudo, assim como o rapaz troca de perfil a cada encontro, suas atitudes e convicções também mudam em um estalar de dedos, revelando que por de trás de toda a diversão de seu trabalho ele se sente no fundo vazio e confuso.

domingo, 17 de novembro de 2019

A MORTE TE DÁ PARABÉNS 2

Nota 2,0 Sequência de terror de sustenta abandona os sustos e investe em humor e ficção científica

De um filme de terror espera-se levar bons sustos, mas não raramente as reações dos espectadores são traduzidas em gargalhadas, uma reação normal ao medo. Talvez por isso muitas produções do gênero assumam seu lado humorístico, principalmente as continuações quando os originais causam mais risos que espanto involuntariamente. É isso que acontece com A Morte Te Dá Parabéns 2, a sequência do inesperado sucesso que partia de uma ideia bastante recorrente no cinema: a do personagem que fica preso em um determinado dia de sua vida e tendo a oportunidade de revivê-lo continuamente ou agir de forma diferente para que determinadas ações não se repitam. Como toda boa continuação que se preze, o longa escrito e dirigido por Christopher Landon parte das fundações de seu predecessor a fim de entregar um produto que mantenha o interesse dos fãs, mas ainda assim desperte curiosidade de novos espectadores. Contudo, esta produção prova que muitas vezes sequências são desnecessárias, revelando-se engodos unicamente para capitanear em cima de uma marca. Sim, o título tinha potencial para uma franquia slasher, mas a parte dois enterra qualquer possibilidade de seguir adiante, ao menos com o mesmo sucesso do original. Depois de se livrar do cliclo temporal da trama anterior, Tree (Jessica Rothe) encontra-se mais uma vez na mesma situação redundante de escapar da morte após um acidente com uma experiência científica na faculdade, assim toda vez que morre ela acorda em seu quarto e reinicia sua batalha para manter-se viva. Agora a protagonista precisa colher o máximo de informações possíveis dessas experiências de quase morte para que Ryan (Phi Vu) consiga colocar em funcionamento a máquina que causou novamente o problema e reverter a situação. No olho do furacão também estão os jovens cientistas Samar (Suraj Sharma) e Dre (Sarah Yarkin), Carter (Israel Broussard), interesse romântico da mocinha, mas envolvido com Danielle (Rachel Matthews), e Lori (Ruby Modine), que surge com vida após ter sido assassinada na primeira fita. Na cola deles, novamente uma identidade misteriosa se esconde sob uma máscara de bebê e munida de um facão afiado.

sábado, 16 de novembro de 2019

A MORTE TE DÁ PARABÉNS

Nota 3,0 Investindo mais no humor que no horror, bom argumento é desperdiçado 

No final da década de 1990 houve uma explosão de fitas de assassinos mascarados voltadas aos adolescentes. Tudo bem, na época produtores queriam tirar leite de pedra do fenômeno Pânico, mas é preciso ter consciência que uma hora a fonte seca. É claro que hoje em dia ainda existe público para fitas do tipo, ainda que em pequeno número, mas é preciso ter grana sobrando no banco para investir em produções que já nascem fadadas ao fracasso. A Morte Te Dá Parabéns não tinha como fazer sucesso. É uma reunião de clichês que buscou algum diferencial com viagens no tempo, mais especificamente uma jovem condenada a reviver inúmeras vezes o dia de sua morte. Bem, novidade aí não há nenhuma. Um personagem preso a um mesmo período e tendo a chance de contornar erros e fazer as coisas reverterem a seu favor já foi a temática da comédia Feitiço do Tempo, da fita de ação Contra o Tempo e do drama de guerra No Limite do Amanhã, por exemplo. A possibilidade de poder escapar da morte driblando as armadilhas de um serial killer se encaixa perfeitamente a proposta da volta no tempo, mas é preciso ter traquejo para lidar com a fórmula, algo que falta ao diretor Christopher Landon, de Como Sobreviver a Um Ataque de Zumbi. A trama tem como protagonista Tree (Jessica Rothe), uma universitária egocêntrica, falsa, displicente com a família e que adora usar os homens e descartar, ou seja, uma figura desprezível. A ideia é justamente causar repulsa no espectador para pouco a pouco ele se envolver com a jornada de redenção da jovem. A intenção pelo menos era das melhores, mas o plano posto em prática... No fim do dia de seu aniversário ela é assassinada por alguém que se esconde por uma ridícula máscara de bebê gorducho, todavia, acorda como se nada tivesse acontecido, mas logo percebe que as situações do fatídico dia se repetem continuamente. Essa é a chance, ou melhor, as diversas chances de tentar escapar da morte e descobrir a identidade do bandido revivendo de forma diferente todos os acontecimentos que podem ter contribuído para seu assassinato.

domingo, 10 de novembro de 2019

DEU ZEBRA!

Nota 7,0 Conto do cavalo em dificuldades ganha cara nova tendo uma zebra como protagonista

Filmes com animais fofinhos e falantes já fazem parte do universo cinematográfico há várias décadas, mas será que ainda existe público para este tipo de produção? A resposta é sim! Basta prestar atenção na quantidade de reprises de produções do gênero na TV aberta ou fechada. Talvez o que seja um pouco arriscado é lançar um filme do tipo para ocupar salas de cinemas, ainda mais hoje em dia quando enredos singelos e com mensagens edificantes são massacrados pela concorrência de produções lotadas de efeitos especiais de ponta e imagens espetaculares. A situação não era muito diferente em 2005, tanto que Deu Zebra! passou despercebido pelas telonas. O roteiro criado por David Schmidt dosa bem humor, aventura e drama leve para contar a história de Listrado, uma zebra que foi adotada pelo fazendeiro Nolan Walsh (Bruce Greenwood) quando ainda era filhotinho após perder-se durante uma noite de tempestade da companhia circense da qual fazia parte. Contudo, o animal cresceu acreditando ser um cavalo dotado de uma característica especial, as listras, e com aptidões para um dia se tornar um campeão de corridas, um sonho também alimentado por seu dono, um treinador de equinos aposentado recentemente, e por sua filha, a jovem e entusiasmada Channing (Hayden Panttiere). A garota é tão ambiciosa quanto seu mais novo animal de estimação e também sonha em sagrar-se campeã em uma corrida, mas seu pai a proíbe traumatizado por ter perdido a esposa justamente durante uma competição no hipódromo. Desde que chegou na fazenda, Listrado causa estranhamento entre os outros bichos, sendo a cabra Franny a mais amigável entre todos e o cavalo Tuck o menos receptivo e, por ironia do destino, é justamente ele que no futuro terá importância para a realização do sonho da destemida zebra que terá que treinar muito para superar dificuldades e preconceitos e ainda dar uma lição à dona do haras vizinho, a vaidosa e gananciosa Clara Dalrymple (Wendie Malick).

sábado, 2 de novembro de 2019

3096 DIAS DE CATIVEIRO

Nota 7,0 Baseado em um impressionante sequestro real, drama da protagonista angustia e intriga

Tem filmes baseados em fatos reais  que contam histórias tão incríveis que fica difícil acreditar nelas e 3096 Dias de Cativeiro é um deles. Trata-se de um drama autobiográfico baseado no livro homônimo de Natascha Kampush, também responsável pelo roteiro, que narra suas memórias sobre os mais de oito anos que viveu ao lado de seu sequestrador. Entre 1998 e 2006, ela não pôde ter contato algum com outras pessoas e sofreu com abusos físicos e psicológicos. Aos dez anos de idade, pela primeira vez na vida a garota iria sozinha para a escola após uma discussão com a mãe com quem vivia uma relação conflituosa, ao contrário do pai com quem tinha um convívio harmonioso mesmo ele tendo se separado. Nesta ocasião, mal sabia ela que do lado de fora da casa já há alguns dias a família era observada por Wolfgang Priklopil (Thure Lindhart) que planejava o seu sequestro. À luz do dia ele a imobiliza na rua e a leva para a sua casa onde a prende dentro do porão. Desempregado e com atitudes contrastantes, não há um motivo aparente para seu crime, afinal morava em uma casa confortável, tinha carro e só ameaçava pedir resgate, amedrontando a menina dizendo que seus pais não gostavam dela e por isso não o pagavam. A solidão talvez fosse uma justificativa plausível, ainda que mesmo já passando dos trinta anos de idade e morando sozinho demonstrasse certa dependência da mãe para se alimentar e abastecer a casa. Apesar do cativeiro, Wolfgang tinha um mínimo de cuidado com a menina. Comprou roupas, produtos de higiene e lhe ofereceu livros e músicas, as únicas formas que Natscha possuía para ter ao menos um pouco de instrução. Por outro lado, várias vezes a deixava sem comer, a humilhava e nem mesmo a deixava ver a claridade do dia. Até uma espécie de interfone ele instalou no claustrofóbico porão para se comunicar com a garota sem necessidade de ir até lá, uma forma mais fácil de lhe repetir diversas vezes ao dia para ela o obedecer e assim doutriná-la. À menina só restava de fato acatar as ordens por medo de ser estuprada, ferida ou morta.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

HALLOWEEN

NOTA 9,0

Longa homenageia os 40 anos da
franquia atualizando a temática e
colocando vítima e algoz em posições
bem diferentes ao embate original
Em 1978 foi lançado Halloween - A Noite do Terror, um filme que não só serviria de escola para a solidificação de um subgênero, os slashers movies, mas como também seu vilão viria a criar raízes na memória coletiva e na cultura pop. Além das várias sequências, também foi refilmado e até ganhou um episódio sem nenhuma conexão direta com o assassino Michael Myers. Comemorando as duas décadas desta icônica produção, Halloween H20 parecia finalmente pôr um ponto final à saga mostrando o que seria o derradeiro embate entre Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e seu irmão-algoz. Após os traumatizantes eventos do longa original, a personagem só havia aparecido no segundo capítulo da franquia. Enquanto Myers foi alimentando ao longo dos anos seu instinto assassino, seu principal alvo manteve-se reclusa como se estivesse se preparando para mais cedo ou mais tarde encarar um inevitável embate. Por questões contratuais, produtores deram um jeito para justificar que a morte do vilão em 1998 foi alarme falso e quatro anos depois ele regressava em Halloween - Ressurreição, no qual Laurie finalmente é morta pelo irmão e ainda nos primeiros minutos, o que não justifica a existência da fita que tentando em vão uma conexão com a modernidade ambienta a trama em um reality show dentro da casa onde Myers ainda criança assassinou sua outra irmã. Como uma franquia de sucesso, mesmo com seus altos e baixos, em comemoração aos seus 40 anos surgiu a ideia de Halloween, título simples e direto, afinal dispensa maiores apresentações. O grande acerto desta produção foi fazer uma continuação levando em consideração apenas o primeiro filme. Desconsiderou-se os demais títulos da franquia e trouxe de volta uma Laurie que não parou no tempo, mas também não esqueceu o que viveu. Myers também não. Jornalistas interessados em documentar a história do assassino, aqui interpretado por Nick Castle, o visitam dias antes de sua transferência para uma nova instituição psiquiátrica. Enquanto os médicos tem certeza que se trata de um caso perdido, os visitantes curiosos acreditam que ele não é o Mal encarnado como todos bradam desde sua infância. Quem brinca com fogo acaba queimado e obviamente eles serão as primeiras vítimas do maníaco sedento por sangue. Porém, antes eles tem tempo de tentar uma entrevista com Laurie, agora uma sexagenária cheia de neuras e que transformou sua residência em uma verdadeira fortaleza cheia de armadilhas e truques para se defender.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

HALLOWEEN H20

NOTA 9,0

Em comemoração aos 20 anos da
franquia, longa faz sequência direta ao
primeiro longa apoiando-se no
aguardado embate entre vítima e assassino
Em 1978 o mestre John Carpenter deu o pontapé inicial para a onda dos slashers movies com o lançamento de Halloween - A Noite do Terror que contava a história de um garoto que certa noite do Dia das Bruxas assassina violentamente a própria irmã mais velha usando uma simples faca de cozinha. Após ficar internado toda sua infância e adolescência em um hospício, ele consegue fugir e obstinado a encontrar e matar sua outra irmã. Só este filme já seria o bastante para enraizar o nome e a imagem sinistra de Michael Myers no consciente coletivo e na cultura popular, mas uma série de continuações viria para reforçar seu poder de fascínio, embora com tramas que gradativamente foram piorando em termos de qualidade e aumentando o número de mortos. Halloween H20 foi lançado vinte anos depois do primeiro com um objetivo claro: fechar a franquia em grande estilo e tentar apagar a má impressão que os capítulos intermediários deixaram. Missão cumprida! Dinâmico, sem rodeios e coeso, a sétima produção do mascarado faz um link apenas com os dois primeiro títulos resgatando Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), a obsessão do psicopata, desta vez interpretado por Chris Durand. A personagem não apareceu nos demais filmes, mas permaneceu no imaginários do fãs e o roteiro assinado por Robert Zappia e Matt Greenberg não parou no tempo. A sobrevivente de dois massacres nunca esqueceu os pesadelos que viveu e sempre ficou na expectativa que seu irmão um dia voltaria para terminar sua vingança, embora para todos os efeitos ele teria falecido em um incêndio no hospital onde se enfrentaram pela última vez. Como cuidado nunca é demais, ela forjou a própria morte e adotou uma nova identidade respondendo pelo nome de Keri Tate, a diretora de um colégio de elite onde também reside com seu filho John (Josh Hartnett). O adolescente cresceu compartilhando do medo e vigília da mãe, mas agora que está prestes a completar a maioridade pretende se desvencilhar destas paranoias de uma vez por todas. Contudo, o destino não vai deixar.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

HALLOWEEN - A NOITE DO TERROR

NOTA 10,0

Um dos primeiros filmes sobre
seriais killers mascarados
sobrevive à ação do tempo dando uma
aula de como estimular o medo
Os festejos do Dia das Bruxas é uma das mais tradicionais comemorações dos EUA, mas a moda acabou se estendendo a outros países. No Brasil, escolas tentam manter vivo o hábito da busca dos doces ou truques e as baladas convidam o público a participarem fantasiados, mas sem dúvida a grande tradição para comemorar a data por aqui é a reunião caseira para curtir filmes de terror na companhia de pipoca, refrigerante e outras guloseimas. Quem está começando a vivenciar o noitão de cinema de horror certamente deve colocar na lista de títulos a serem exibidos Halloween – A Noite do Terror, um marco do gênero que envelhece cultuado por nostálgicos e angariando novos adeptos. Contudo, não estranhe se ouvir algumas críticas negativas ao longa. Falam tanto desse filme, mas cadê o sangue e a adrenalina? Sim, muita gente deve assistir e em um primeiro momento não ver nada de mais na produção setentista que apesar de ser a respeito de um serial killer (ou conhecido também como slasher) não é um produto banal, pelo contrário, provoca o espectador a refletir sobre o que é o medo. Como um dos percussores deste subgênero do terror, praticamente todos os clichês batem cartão. Temos o assassino mascarado e que parece imortal, seus métodos “caseiros” de matar, as jovens vítimas, a libertinagem fazendo alusão ao prenúncio da morte e uma penca de sustos falsos, enfim tudo aquilo que você já viu em Lenda Urbana, A Casa de Cera e companhia bela. Todavia, os mais recentes filmes do tipo pecam por não saberem estimular o medo. O roer das unhas é imposto com cortes de cenas acelerados acompanhados de efeitos sonoros estridentes, assim o espectador é sempre avisado quando uma morte acontecerá e não raramente os gritos se transformam em gargalhadas ou frustrações. O diretor John Carpenter não é conhecido como mestre do terror por acaso. Em 1978, em um de seus primeiros trabalhos, mesmo com orçamento restrito soube usar a criatividade e compreendeu como poucos o que é o medo, um sentimento subjetivo e pessoal, ou seja, cada um pode compreendê-lo de uma maneira diferente. Por exemplo, a escuridão pode ser perturbadora para alguns que tem estômago forte para ver cenas de mutilações e vice-versa. Para contar a história do lendário assassino Michael Myers (Tony Moran), rapaz que na infância assassinou sua própria irmã e passou quinze anos em um hospício, Carpenter espertamente utilizou cenários, iluminação baixa e ângulos de câmera como seus fiéis escudeiros, elementos que por vezes se confundem com o vilão.

domingo, 20 de outubro de 2019

STUART LITTLE 2

Nota 5,5 Sem grandes novidades, longa tenta apenas expandir o universo do simpático ratinho

Seguindo a lógica de Hollywood, se bombou nas bilheterias uma continuação deve ser considerada, mas provavelmente Stuart Liitle 2 já estava nos planos quando o primeiro longa do adorável e elegante ratinho era lançado. Com mais verba disponível e o público já ambientado ao universo e apresentado aos personagens principais, o diretor Rob Minkoff, o mesmo do original, investe mais em ação para entreter as crianças, mas sem deixar de lado o clima lúdico e as lições de moral como a respeito da valorização da amizade e solidariedade. Depois de se sentir um Little de verdade e conquistar a amizade do irmão George (Johathan Lipnicki) e a confiança do gato Snowbell (o Bola de Neve), passado alguns anos agora Stuart não quer apenas fazer jus ao seu sobrenome, mas também à espécie humana, afinal ele é um homem um rato? A clássica pergunta parece irônica no caso, mas o público sabe que no universo criado para abrigar o personagem original de E. B. White todos tratam o ratinho como se fosse uma pessoa de verdade, não estranhando nem mesmo o fato dele frequentar a escola com outras crianças, jogar futebol e até dirigir um carro esportivo, obviamente em miniatura, o sonho de consumo de muito marmanjo. Mesmo com essas conquistas, Stuart está incomodado com a superproteção de Eleanor (Geena Davis), sua mãe que não o deixa fazer praticamente nada sozinho ou mais aventuresco, aquele cuidado típico destinado a filhos caçulas. Frederick (Hugh Laurie), o pai, é um pouco mais pé no chão e sabe que chegará um momento que seus filhos precisarão aprender a lidar com as agruras do mundo fora de sua colorida casa, só talvez não esperasse que para Stuart a hora fosse tão cedo. A própria vida se encarrega de colocar obstáculos no caminho de todos e para o ratinho eles caem literalmente do céu materializados na figura da pequena e frágil Margalo, uma passarinha perseguida por um ardiloso falcão (sem nome). Aparentemente ferida, ela é acolhida pelos Littles e torna-se interesse amoroso do camundongo, um caso de amor entre espécies diferentes que pode ser interpretado apenas como uma amizade motivada pelo sentimento de identificação. Ela desejava a proteção que Stuart tinha e ele, por sua vez, almejava a liberdade da ave.

sábado, 19 de outubro de 2019

O PEQUENO STUART LITTLE

Nota 7,5 Lúdico e com clima retrô, longa diverte com trama ingênua e protagonista adorável

Depois do realismo alcançado por Babe - O Porquinho Atrapalhado  colocando uma trupe de animais adestrados para atuar, ficaria difícil para qualquer animalzinho falante fazer sucesso equivalente e até alcançar o mesmo nível de carisma do protagonista suíno. No final da década de 1990, o cenário também já não era favorável para esse tipo de produção, com plateias, mesmo as infantis, exigindo cada vez mais perfeccionismo e quase não vendo graça em bichinhos fofinhos que pensam e agem como humanos. Contudo, O Pequeno Stuart Little surpreendeu em termos de bilheteria e popularidade. O longa narra a história de um simpático e inteligente camundongo falante que acaba sendo adotado por uma família de humanos. Eleanor (Geena Davis) e Frederick Little (Hugh Laurie) visitam um orfanato dispostos a encontrar um irmãozinho para George (Jonathan Lipnicki), único filho do casal, e ficam encantados quando conhecem o roedor  com seu estilo clássico de se vestir e sua exímia educação e o consideram perfeito para ser o caçula da família. Esperto e carente, o ratinho segue para o novo lar radiante, mas não esperava que seria recebido friamente pelo irmão e  não contava com a presença de Snowbell (ou Bola de Neve), o gato de estimação do clã que não se conforma que um camundongo comporte-se e ocupe um lugar na casa como se fosse um humano. Logo de cara, o bichano tenta devorar o novo Little e durante todo o filme literalmente acompanhamos um jogo de gato e rato. Contudo, também há uma boa dose de drama inserida no roteiro, já que Stuart precisa vencer as dificuldades de ser diferente e conquistar seu espaço, mesma situação vivida por qualquer órfão humano que passa por um processo de adaptação e, muitas vezes, de rejeição ao ser acolhido por uma nova família. Admitindo se sentir deslocado e sozinho, os Littles, com dó no coração, até encontram os pais biológicos do caçula, mas todos aprendem que o amor fraternal não implica em ter o mesmo sangue correndo nas veias.

domingo, 13 de outubro de 2019

O PENTELHO

Nota 7,5 Mostrando uma faceta sombria de Jim Carrey, comédia ainda mostra-se atual e crítica

Impressionante a capacidade das sociedades em aprender o que é errado e mais surpreendente ainda como os erros são perpetuados. Apesar dos vários alertas visando a segurança e também o valor do bom senso, infelizmente o hábito de pagar um dinheirinho a mais para o sujeito que instala os aparelhos de TV à cabo para ter todos os canais disponíveis desembolsando o mínimo possível enraizou-se na cultura mundial, mas em meados da década de 1990 ainda era um mal costume apenas dos norte-americanos. Antes o serviço sujo era feito às escondidas, mas há alguns anos já foi incorporado pelos funcionários ao expediente de trabalho, algo encarado com um bico para complementar o salário. Essa busca incessante por levar vantagens com tal atitude inspiraram o ator Ben Stiller a realizar O Pentelho, seu segundo trabalho como diretor e que ficou famoso por ser o primeiro trabalho do ator Jim Carrey após ter seu cachê turbinado devido ao sucesso de O Máskara e de pelo menos outras quatro produções que estrelou em seguida. Contudo, o valor recebido nem de longe condiz com o pífio desempenho desta fita de humor negro, porém, com um pouco mais de conteúdo que os demais trabalhos do astro até então. Ele dá vida à Chip Douglas, um técnico de TV que ganha uma graninha extra de Steven (Matthew Broderick) para que desbloqueie alguns canais a mais para sua assinatura, uma forma ilusória de ocupar seu tempo e não pensar na namorada Robin (Leslie Mann) com quem acabara de romper. O instalador, um rapaz desequilibrado e que sofre de carência crônica, está desesperado para conquistar ao menos um amigo e vê na proposta a oportunidade ideal. Se o cliente lhe confiou um serviço escuso isso indicaria que havia se estabelecido uma relação de confiança entre eles, assim Douglas começa a persegui-lo e tenta de todas as formas participar ativamente de sua rotina, provocando uma série de transtornos para Steven tanto em sua vida pessoal quanto profissional. Conquistar essa amizade torna-se uma questão de honra para o pobre instalador. Ou será que de coitadinho ele não tem nada?

domingo, 6 de outubro de 2019

AMOR EM OBRAS

Nota 3,0 Sem graça ou romance genuínos e beleza plastificada, longa soa ultrapassado e irritante

Além dos suspenses com elenco enxuto e ambientações claustrofóbicas, a Netflix também encontrou nas comédias românticas um bom filão para preencher sua cota de produções próprias ou por ela distribuídas com exclusividade. Amor em Obras não traz novidade alguma, mas pode ficar como uma lembrança irritante. Do início ao fim temos a sensação de parecer o enredo de uma novela mexicana com tratamento estético hollywoodiano. As casas pintadas em tons claros e com belos gramados as cercando emulam o sonho americano, embora a trama se passe em outro continente. E daí? Hoje tudo está globalizado e o estilo de vida ianque ainda inspira e é justamente o que povoa os pensamentos de Gabriela Diaz (Christina Millian), uma executiva de São Francisco que após perder o emprego e brigar com o namorado Dean (Jeffrey Bowyer-Chapman) cai na armadilha do anúncio de um concurso pela internet. Ela acaba virando a proprietária de uma pousada em uma zona rural da Nova Zelândia que está caindo aos pedaços, mas seu otimismo a encoraja a reformar o local e transformar novamente em um recanto para turistas. Com propósitos de reciclar e utilizar materiais que não agridam o meio ambiente, ela logo percebe que não conseguirá fazer tudo sozinha e aceita a ajuda de vizinhos, principalmente de Jake Taylor (Adam Demos), um providencial empreiteiro que, como manda a cartilha do gênero, logo no início se mostra interessado em engatar um romance, mas encontra resistência por parte da moça que não deseja mais se envolver em relacionamentos duradouros. A personagem tenta defender um viés feminista, mas o roteiro de Elizabeth Hackett e Hilary Galanoy não dá brecha. Toda vez que tenta mostrar determinação e capacidade, o texto poda suas asas inserindo uma situação que a diminui, seja por uma ação desastrosa própria ou pela intervenção de algum personagem masculino seja para ajudá-la ou tirar um sarro. Nesse contexto, Jake parece não ter nada o que fazer da vida e fica dia e noite à espreita de algum deslize da moça para poder socorrê-la e dar uma paquerada.

sábado, 5 de outubro de 2019

REFÉM DO MEDO

Nota 3,5 Suspense quer ser mais inteligente do que pode e se perde em sua falsa complexidade

O título genérico vende bem o peixe neste caso. Ou melhor, o engodo. O argumento de Refém do Medo é até instigante, mas seu desenvolvimento é extremamente formulaico e não exigiria a presença de uma atriz de peso como Naomi Watts. Ela interpreta Mary Portman, uma mulher viúva que tem a difícil missão de cuidar do enteado Stephen (Charlie Heaton), um adolescente em estado vegetativo após sobreviver ao acidente de carro no qual seu pai falecera. O rapaz apresentava comportamento bastante arredio e provocativo e uma discussão sobre a ideia de mandá-lo para um internato teria provocado a colisão. Como psicóloga especializada em cuidar de crianças e jovens, curiosamente a madrasta não consegue aplicar seus conhecimentos e técnicas em seu próprio lar. Entre seus pacientes está o pequeno Tom (Jacob Tremblay), um menino deficiente auditivo e mudo que desaparece misteriosamente depois de uma visita à casa da médica durante uma noite de forte nevasca. Considerado morto, mesmo sem o corpo encontrado, Portman fica profundamente sentida com o episódio e passa a imaginar que seus constantes pesadelos e os sons estranhos que ouve durante a noite sejam manifestações do espírito do ex-paciente. Para piorar a situação, uma nova tempestade de neve está por vir o que a obrigará a ficar isolada em sua casa tendo como único contato externo o Dr. Wilson (Oliver Platt), seu psiquiatra que a atende via internet e tenta ajudá-la a manter sua sanidade. À primeira vista, o longa pode parecer mais uma produção sobre um espírito desencarnado que precisa da ajuda de um mortal e este, por sua vez, só alcançará a paz que deseja quando cumprir tal missão. Contudo, o roteiro de Christina Hodson apenas flerta com a dúvida quanto à criança desaparecida e reúne todos os seus esforços para contar uma história típica de thriller psicológico, mas perde oportunidades e sobrecarrega a protagonista que tenta ao máximo entregar uma atuação digna. Empenho em vão. Watts conquistou sua primeira indicação ao Framboesa de Ouro, talvez não pela atuação em si, mas pela má escolha de participar de algo tão insosso.

domingo, 18 de agosto de 2019

ENSINANDO A VIVER

Nota 7,0 Em processo de adoção, pai e filho aprendem a viver em família e se adaptar ao mundo

Estamos acostumados com o estilo de filmes que abordam superações e aprendizados, sempre muito emotivos, com grandiosas lições de moral e não raramente com temáticas ligadas à educação escolar ou ao esporte. Por conta da super exploração, principalmente em Hollywood, a maioria das produções desta seara acabam caindo no esquecimento, mas Ensinando a Viver não merecia tal destino, ainda que não ofereça grandes novidades. O segredo para ser acima da média é simplesmente a forma eficiente com que o diretor Menno Meyjes emprega diversos clichês sem abusar muito da inteligência do espectador, além de tirar bom proveito de seus protagonistas interpretados por um jovem promissor e um ator experiente. David Gordon (John Cusack) cresceu cheio de traumas de infância, não conseguia se encaixar no mundo como um garoto normal e por isso era constantemente rejeitado pelos colegas, mas todos os problemas que passou o ajudaram a se tornar um bem-sucedido escritor de livros infantis de ficção científica. Ele próprio acreditava que um dia extraterrestres viriam buscá-lo. Tentando superar a morte da esposa, que perdera durante o processo de adoção de uma criança, dois anos depois ele decide retomar essa ideia, mas o escolhido teria que ser alguém tão imaginativo quanto ele. Eis que surge Dennis (Bobby Coleman), um menino abandonado em um orfanato cheio de excentricidades, dentre elas detestar a luz solar, viver escondido dentro de uma caixa de papelão e dizer com toda convicção que veio de Marte para uma missão especial. Apoiado por sua grande amiga Harlee (Amanda Peet), Gordon decide se aproximar do garoto com quem tanto se identificou mesmo sabendo das dificuldades para criar uma criança aparentemente problemática. É óbvio que a relação irá fazer muito bem a ambos que com a troca de experiências irão juntos superar suas dificuldades emocionais.

sábado, 17 de agosto de 2019

AS VOZES

Nota 7,5 Produção bizarra cativa com protagonista problemático dividido entre ser mocinho e vilão

Um trash movie, ao pé da letra, é aquele que deseja ser levado a sério, mas involuntariamente acaba se tornando melhor que uma comédia assumida. Isso se deve a cenas mal dirigidas, interpretações vexatórias e quando há necessidade de uso de efeitos especiais e maquiagem pesada, mas pouco orçamento, aí é que o caldo entorna de vez. Por conta desse percalços, muitas fitas de terror são rotuladas como filmes B, mas não que isso seja um problemão, que o diga o diretor Sam Raimi que até hoje colhe elogios com seu tosco longa de estreia The Evil Dead - A Morte do Demônio. Também é muito comum o termo terrir, aí sim a mescla proposital de terror e comédia, dois gêneros antagônicos já misturados em diversas oportunidades, mas raramente com resultados satisfatórios. Geralmente são produções muito bem equiparadas, mas que fazem questão de parecerem toscas. Esse é o caso de As Vozes, à primeira vista ridículo, mas que após o baque inicial do festival de absurdos torna-se uma obra relativamente bem estruturada. O início alto astral, com direito a trilha sonora dançante, pode indicar uma inofensiva comédia romântica, mas as aparências enganam. A trama nos apresenta à Jerry (Ryan Reynolds), aparentemente um pacato operário de uma fábrica de banheiras, mas que vive em constante acompanhamento pela Dr. Warren (Jacki Weaver), sua psiquiatra, por conta de traumas da infância manifestados por seu dom (ou maldição?) em ouvir vozes de animais. Recém saído de uma clínica, ele acaba ficando obcecado por Fiona (Gemma Arterton), uma colega de trabalho que não demonstra real interesse em ter um caso, mas quando finalmente aceita uma carona acaba sendo morta brutalmente pelo rapaz. Isso mesmo! Por um mal entendido, ela acabou faltando a um encontro e o sentimento de rejeição perturbou ainda mais o cara que já não estava tomando seus remédios de forma controlada. Influenciado por conselhos que parecem vir do além, Jerry deixa seus instintos assassinos aflorarem ao atropelar um alce na estrada e assusta a moça que tenta fugir, mas acaba sendo capturada e ele sem querer lhe dá o mesmo destino que o animal.

domingo, 4 de agosto de 2019

UM DOMINGO DE CHUVA

Nota 6,0 Sem maniqueísmos drama recicla clichê do crescimento pessoal pela troca de experiências

Basta estender uma mão para tentar mudar uma vida. No caso do longa Um Domingo de Chuva a ajuda tem via dupla e ambos os lados se beneficiam. Reggie (Julian Skatkin) é um menino prodígio e único filho de uma milionária que reside em um luxuoso castelo incrustado em meio a agitada cidade Nova York, porém, é uma criança solitária e reprimida. Órfão de pai, o garoto não tem do que se queixar em termos materiais dos tratos de sua mãe, porém, ela fica a dever quanto a carinho e dedicação sendo uma pessoa quase ausente em casa. Quando surge a oportunidade de uma vaga para ser babá dele, a jovem Eleanor (Leighton Meester) a agarra com todas as suas forças a fim de superar um mal momento. Musicista desempregada e decepcionada após brigar com Dênis (Billie Joe Armstrong), seu namorado machista, ela se vê obrigada a recomeçar sua vida do zero, mas o convívio entre ela e o menino inicialmente não é dos melhores por conta de suas personalidades opostas. Ele é inteligente e sério demais para a idade enquanto ela é até bastante responsável, mas sabe levar a vida com mais leveza e alegria apesar dos pesares. Obviamente, a convivência forçada acaba criando um grande laço de amizade entre eles. O argumento não é lá muito original, de fato é bem parecido com o de Grande Menina, Pequena Mulher e de tantas outras produções que de tão genéricas até nos escapam os nomes, mas se as comédias românticas reciclam ideias e por vezes alcançam sucesso por que outros gêneros também não poderiam se beneficiar dando cara nova a histórias batidas? Fugindo dos estereótipos da criança chata versus a adulta infantilóide, o diretor e roteirista Frank Whaley, mais conhecido por seu trabalho como ator em diversos seriados, soube usar o clichê a seu favor e criou dois personagens bastante humanos, com doses semelhantes de defeitos e virtudes, e de perfis de fácil identificação com o público.

sábado, 3 de agosto de 2019

PAIXÃO BANDIDA

Nota 1,0 Mescla de comédia romântica com ação policial resulta em algo insosso e sem propósito

Desde que o mundo é mundo as histórias acerca de relações fraternas provam que, além de amor, podem ser permeadas de ódio e não são poucos os casos que comprovam isso. É desse argumento que parte Paixão Bandida uma comédia de humor negro com toques de filme policial que foi enterrada pelo passar dos anos. E com toda a razão. Contando com protagonistas hoje famosos, mas na época engatinhando na profissão, é perceptível a falta de pulso na direção e na condução da trama e o resultado é um longa medíocre e sem justificativa para ter sido feito. Quando o casal Clayton se separa cada uma das partes fica com a tutela de um filho, já que os irmãos nunca se deram bem. Sam (Vicent D'Onofrio), o mais velho, fazia questão de aprontar o tempo todo com Jjaks (Keanu Reeves) e a separação parecia a única maneira de manter as coisas sob controle, isso até o casamento do primogênito quando eles se reencontram a pedido da mãe após vinte anos de afastamento. O evento na verdade é uma farsa, pois Freddie (Cameron Diaz), a noiva, está sendo obrigada a se casar. Ela é acusada de desfalque pelos bandidos com os quais seu verdadeiro marido está envolvido e precisa se unir a um pretendente rico para aplicar um golpe. Abandonando o sonho de ir para Las Vegas e tentar a vida artística, ela acaba aceitando se casar, mas o plano começa a ruir logo no dia das bodas. Basta cruzar seus olhos com os de Jjaks para que a moça, sem saber que ele é seu futuro cunhado, apaixone-se à primeira vista. E assim o reencontro dos irmãos não é, como eles próprios previam, algo fácil e agora eles tem uma nova razão para se odiar: estão apaixonados pela mesma mulher. Quando Freddie convence seu verdadeiro amor a fugir com ela, o casal passa a ser perseguido por Sam e seus amigos e começa a viver uma rotina de chantagens, trapaças e ataques de violência.

sábado, 20 de julho de 2019

SEQUESTRANDO STELLA

Nota 7,0 Com elenco enxuto e sem perder o foco, suspense supera clichês com agilidade e tensão

Fazer um filme ao menos mediano sobre sequestro não é uma tarefa fácil, afinal praticamente todas as situações possíveis imaginando o que pode acontecer entre vítimas e criminosos durante o período de cativeiro já foram exploradas pelo cinema. Contudo, com uma história bem contada, qualquer clichê pode ganhar sobrevida. É isso que oferece o suspense alemão Sequestrando Stella, do diretor Thomas Sieben que assina o roteiro em parceria com J. Blakeson. Vic (Clemens Schick) e Tom (Max von der Groeben) são ex-colegas de prisão que assim que conseguem a liberdade decidem por colocar em prática um novo golpe sequestrando a filha de um milionário. A partir de um artigo publicado em um jornal, a vítima escolhida é Stella (Jella Haas), uma jovem que nunca teve muita atenção do pai. O esquema de ação é o mesmo já visto em diversas produções do estilo. A jovem é capturada em um momento de distração, forçada a entrar em uma van até ser amarrada em um lugar ermo. Para que nada dê errado, a dupla, que age sempre munida de capuz e máscaras, monta um esquema forte de segurança para o cativeiro, mas não previam que algumas coisas inesperadas surgissem  no meio do caminho. É nesse ponto que o filme se difere de tantos outros que abordam tema semelhante. Com poucos personagens em cena e bons momentos de tensão verossímeis, o longa fisga o espectador de maneira simples e honesta sem precisar recorrer a mirabolantes planos que apenas dão um nó na cabeça de quem assiste (isso quando também não embola elenco e direção). O profissionalismo dos delinquentes é valorizado por Sieben logo na introdução, assim sua câmera flagra de forma minuciosa todos os seus gestos dando a nítida noção de que planos de sequestros são coisas só para mentes brilhantes bolarem. Tudo é friamente calculado, desde a compra de artefatos de ameaça e tortura até o cuidado do cativeiro ser revestido com espumas nas paredes para evitar o vazamento de conversas e gritos. Demora até o primeiro diálogo surgir, mas o material visual dos preparativos para o crime é o suficiente para prender e instigar a atenção.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

FROZEN - UMA AVENTURA CONGELANTE

NOTA 9,0

Disney reinventa conto clássico
apostando em personagens com 

conflitos realistas e brincando com os
próprios arquétipos que fizeram sua fama
Branca de Neve, Cinderela, Aurora, Ariel, Bela e Jasmini. A Disney fez e continua fazendo história e fortuna com tais princesas que se tornaram praticamente propriedades intelectuais e comerciais da empresa. Por mais que os seus contos tenham se tornados populares em todo o mundo e sofrido diversas modificações, dificilmente alguém consegue imaginar essas personagens com traços e personalidades diferentes dos apresentados pelas animações clássicas criadas pela casa do Mickey Mouse. O estúdio procurou depois trabalhar com textos originais ou adaptar contos com temáticas adultas, mas a ousadia culminou em um período muito ruim para a empresa que só conseguiu se recuperar ao se aliar a produtora Pixar. Apesar da união com a companhia famosa por suas animações moderninhas e com aventuras que aparentemente se encaixam melhor ao universo dos meninos, a ala legitimamente disneymaníaca defendia um retorno às origens afinal de contas o que não falta é conto de fadas na fila de espera para ser eternizado com a assinatura da produtora.  A Princesa e o Sapo foi um teste não muito bem sucedido. Enrolados e Valente provaram que os contos de fadas com algumas atualizações podem sim cair nas graças do público. Já Frozen – Uma Aventura Congelante veio para coroar definitivamente este bom momento para a Disney e mais uma vez reafirmá-la como grande produtora de desenhos animados. Inspirado no conto “A Rainha da Neve”, mais uma obra clássica do dinamarquês Hans Christian Andersen, o enredo acompanha os passos de Anna, uma garota otimista e corajosa, que embarca em uma aventura repleta de perigos e emoções para tentar reverter o severo inverno provocado por sua irmã mais velha, Elsa, que nasceu com o dom (ou talvez maldição) de fazer frio e gelo. No passado, acidentalmente, a chamada Rainha da Neve acabou ferindo a caçula que quase morreu congelada. Depois desse fato, seus pais a condenaram a um período indefinido de reclusão até que ela conseguisse controlar seus poderes e os trolls, seres mágicos que habitam a floresta, se viram na obrigação de apagar a memória da pequena Anna para evitar traumas. Anos mais tarde, os reis de Arendelle faleceram e seguindo a tradição a filha mais velha deveria assumir o trono. Sob pressão, Elsa até tentou uma reaproximação com suas origens, mas sem querer acabou provocando um novo acidente e então decidiu se refugiar ainda mais e partiu para as montanhas aceitando a solidão como seu destino. Anna, que cresceu lamentando a ausência da irmã em sua vida, só soube de toda a verdade sobre o drama de Elsa agora com esta nova decisão de reclusão e então decide ir a sua procura para provar a ela e a todo o reino que o seu dom peculiar não a transforma em um monstro que precisa se esconder eternamente, só era preciso aprender a dominá-lo e vencer seus próprios medos.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

EU ODEIO O DIA DOS NAMORADOS

NOTA 3,5

Casal do sucesso Casamento Grego
deixa para trás toda a espontaneidade
e carisma que o marcou em reencontro
movido pela previsibilidade e monotonia
A data 12 de junho é umas das mais aguardadas pelo comércio, tempo de vender flores, chocolates, joias, roupas e os restaurantes ajeitarem os salões para abrigarem o máximo de número possível de mesas para casais. Quem está envolvido em um relacionamento, principalmente os mais jovens, também cultuam a data, a aguardam com ansiedade, mas para quem já está desencantado com o amor este dia é apenas mais um como outro qualquer. A protagonista de Eu Odeio o Dia dos Namorados vive uma situação dúbia quanto a essas impressões. Genevieve (Nia Vardalos) é dona de uma floricultura que lucra horrores com esta comemoração, mas ela própria foge de um compromisso sério. É claro que ela gosta de uma boa companhia, ganhar presentes, beijar e fazer amor, mas tem uma regra estabelecida para se proteger de futuras frustrações. Quando conhece alguém ela já se relaciona com um objetivo fixo, não cria expectativas além de cinco encontros, assim ela consegue aproveitar o melhor dos relacionamentos, a fase inicial em que tudo é maravilhoso. A primeira vez é para dar uma paquerada básica; a segunda tem que ousar um pouco mais para dar aquele friozinho na barriga e a vontade de quero mais; o terceiro encontro deve ser aventureiro; o quarto tem que ser divertido e surpreender o parceiro; e, por fim, o quinto e último deve ser inesquecível afinal deve fechar o ciclo com chave de ouro, de preferência acabando em uma cama. Passado tais compromissos é torcer para que o cara a esqueça ou ela própria passa a ignorá-lo até que ele caia na real, mas de qualquer forma Genevieve já estaria preparada para um rompimento sem traumas. Seguindo à risca essa receita, ela possui uma vida que considera perfeita e recomenda o estilo a todos, no entanto, certo dia surge uma pessoa em seu caminho capaz de fazê-la rever seus conceitos. O charmoso e bonitão Greg (John Corbett) abre um restaurante próximo à floricultura da moça, esta que se mostra interessada em mais uma conquista. A recíproca é instantânea e ela fala abertamente sobre sua teoria, o que instiga o rapaz a desafiá-la a vencer o desafio em sua companhia. É óbvio que quando a aposta está chegando ao fim o que era apenas curtição acaba se tornando algo mais sério, mas aceitando o amor Genevieve estaria traindo seus princípios e isso complica o que era para ser simples.

sábado, 27 de abril de 2019

O QUARTO DOS ESQUECIDOS

Nota 2,0 Desperdiçando gancho histórico, suspense segue lugar comum e preso a clichês insossos 

Um dos grandes problemas dos filmes de terror e suspense contemporâneos é o fato de suas histórias transcorrerem em universos onde o medo não existe. Com exceção a algumas experiências de diretores europeus, principalmente espanhóis, casas assombradas por eventos macabros do passado não assustam mais. O piso de madeira que range, as portas e janelas que abrem e fecham sozinhas e a penumbra que costuma pairar dentro e fora de construções antigas já não causam sustos há um bom tempo e são passíveis de causar risos fáceis. Por investir em truques manjados como esse, O Quarto dos Esquecidos é de fato esquecível, completamente. Por conta de problemas financeiros da empresa produtora, o longa ficou no limbo por dois anos até que recebeu sinal verde para ser lançado, mas já com expectativas nulas e fazendo jus ao seu título original, algo como "O Quarto das Decepções". Como de costume em longas do tipo, os protagonistas decidem se mudar para uma casa isolada em busca de sossego afim de se recuperarem de uma fase conturbada. Dana (Kate Beckinsale) e o marido David (Mel Raido) chegam ao casarão cheios de expectativas positivas para superarem o trauma da morte acidental da filha recém-nascida. O casal tem um outro rebento, o pequeno Lucas (Duncan Joiner), o que contradiz a aquisição de uma mansão para apenas três moradores, ainda mais um local em ruínas. A justificativa é que a moça é arquiteta e pretende ocupar sua mente e tempo livre conduzindo a reforma, contudo, seus planos acabam sendo atrapalhados conforme passa a ser atormentada por bizarras visões, principalmente após descobrir um quarto escondido que não consta na planta da construção. Obviamente sua sanidade é colocada em xeque e ao espectador resta apenas esperar por sustos previsíveis e pela revelação sobre o misterioso passado da casa que, diga-se de passagem, não vai fazer ninguém ficar sem fôlego.

domingo, 14 de abril de 2019

TODOS OS CÃES MERECEM O CÉU

Nota 3,0 Abordando o mundo dos gângsteres, longa não dialoga com crianças e nem com adultos

Na Irlanda, ou melhor, na New Orleans da agitada e revolucionária década de 1930, o submundo do crime está efervescente. Um gângster todo poderoso que chefia uma casa de jogos clandestina na cidade quer se livrar a todo custo de seu terrível ex-sócio. Para isso lhe prepara um ajuste final: remete o rival para as portas do céu. O argumento aponta para um filme sério e violento, digno de uma produção estilo noir, isso se os personagens não fossem cãezinhos coloridos e falantes. Todos os Cães Merecem o Céu parte de uma premissa ousada, transpondo um universo adulto e cinzento tentando buscar a sintonia com o público infantil através de uma paleta de cores fortes e vívidas e de animaizinhos simpático. O roteiro de Mitchel Savage nos apresenta ao pastor alemão Charlie Barkin que acaba sendo traído e assassinado pelo inescrupuloso bulldog Cicatriz, até então seu sócio em negócios ilegais. Quando chega ao céu seu espírito consegue tomar posse do relógio da vida, um artefato mágico que lhe dá o direito de voltar ao mundo dos vivos e assim ter a chance de se vingar. Nesse retorno ele acaba descobrindo a arma secreta para o enriquecimento ilícito e contínuo de seu algoz. O bandidão mantém em cativeiro a graciosa orfãzinha Ana Maria que tem a habilidade e a sensibilidade para conversar com os animais, assim Cicatriz consegue saber antecipadamente os vencedores dos páreos de corridas de cavalos, ratos e até de tartarugas. Inicialmente o malandro Charlie também pretendia tirar proveito de alguma forma do dom especial da garotinha, mas acaba se afeiçoando a ela e decidindo protegê-la. E assim os dois, com  a ajuda do bassê Sarnento, procuram uma maneira de dar uma merecida lição em cicatriz e acabar com seu império de crimes.

sábado, 13 de abril de 2019

CANÇÃO PARA MARION

Nota 6,0 Na onda da valorização de talentos veteranos, longa se apóia em carisma dos protagonistas

A arte como ferramenta para educar, entreter e até mesmo dar sentido para a vida é um tema corriqueiro no cinema e a música se encaixa perfeitamente nessa vertente. Geralmente o tema é associado à educação de crianças e adolescentes, mas como o mundo está envelhecendo a temática também se aplica para ajudar os idosos a permanecerem ativos na sociedade. Se dedicar ao artesanato, à escrita ou a música são atividades que implicam no objetivo da superação, assim tornam-se grandes aliadas da terceira idade trazendo benefícios para a auto-estima e qualidade de vida dessas pessoas que, em geral, vivem seus últimos anos de forma melancólica seja pela solidão, marcas de um passado sofrido ou acometidas por doenças. Este último problema é o caso da personagem-título do drama  Canção Para Marion interpretada com sensibilidade ímpar pela veterana Vanessa Redgrave. Batatas fritas e sorvetes. Esta é a recomendação da médica para esta senhora que ama a vida, mas sofre com um agressivo câncer que já não tem mais possibilidades de cura. Em outras palavras, ela estava liberada para fazer o que quisesse com o tempo de vida que lhe resta e decide então se dedicar ao que mais lhe dá prazer: cantar. Ela passa a fazer parte do coral de um clube da terceira idade e é incentivada pela animada regente Elizabeth (Gemma Arterton), uma jovem que encoraja seus maduros pupilos a não se intimidarem e mostrar à sociedade que podem e devem se divertir cantando e dançando. Contudo, mesmo sabendo que tal atividade devolveu a alegria à sua esposa em um momento tão difícil, o fechado e rabugento Arthur (Terence Stamp) se opõe a tal exposição. Ele a acompanha nos ensaios, mas a espera fora da sala de aula e sempre faz questão de ser arredio com os outros velhinhos do coral que, ao contrário dele, esbanjam simpatia. A forma como o roteirista e diretor Paul Andrew Williams conduz a trama não deixa brecha para surpresas. Embora bastante previsível, não deixa de ser agradável acompanhar a rotina deste casal, o típico caso dos opostos que se atraem.

domingo, 13 de janeiro de 2019

O NOIVO DA MINHA MELHOR AMIGA

Nota 2,5 Com mote nada original e triângulo amoroso fraco, coadjuvantes seguram as pontas

Em 1997, O Casamento do Meu Melhor Amigo trouxe certo frescor ao já batido campo das comédias românticas contando uma história agradável e divertida comandada por um então jovem elenco em ascensão. Uma década depois O Melhor Amigo da Noiva tentou pegar carona não só no título do sucesso estrelado por Julia Roberts, mas a trama em si guardava certas semelhanças, porém, sem personagens carismáticos. Mais alguns anos se passam e O Noivo da Minha Melhor Amiga chegou para embolar ainda mais as coisas entre casamentos e melhores amigos, todavia, desta vez o título rebuscado e nada original faz jus ao conteúdo. O mote é similar aos longas citados. Rachel (Ginnifer Goodwin) e Darcy (Kate Hudson) são amigas inseparáveis desde a infância e o casamento de uma delas deveria ser motivo de alegria para ambas, não de discórdia. Rachel deixou escapar sua oportunidade de viver um grande amor quando apresentou Dex (Colin Egglesfield), seu colega no curso de direito, para a garota que sempre gostou de ser o centro das atenções e nunca teve papas na língua. Conhecendo o perfil da amiga, introvertida, com baixa auto-estima e centrada nos estudos, Darcy não pensa duas vezes antes de se atirar nos braços do rapaz. Rola algum sentimento entre eles, aquele típico caso dos opostos que se atraem, e o tempo passa rápido e não demora muito e já estão de casamento marcado, obviamente tendo Rachel convocada para ser a madrinha. Numa festa em comemoração ao seu aniversário de 30 anos a jovem advogada bebe um pouco além da conta e acaba passando a noite com o namorado da amiga. Ela já nutria uma paixão platônica por ele desde a juventude e tardiamente descobre que o sentimento é recíproco. Contudo, não seria tarde para assumirem a paixão? Dex tem receio de magoar a noiva, assim como Rachel não quer perder a sua grande amiga, porém, se amam de verdade e não querem viver como amantes.

sábado, 12 de janeiro de 2019

A INQUILINA

Nota 1,0 Mesmo com roteiro investindo em uma inversão de papeis, suspense é frio e arrastado

Dizem que existe uma maldição que ronda quem é premiado com o Oscar. A atriz Sally Field foi premiada como melhor atriz em 1979 por Norma Rae e cinco ano mais tarde por Um Lugar no Coração. Depois disso entrou numa maré de azar emendando papéis coadjuvantes e sem destaque e trabalhos para a televisão. Foram quase três décadas de espera até voltar a brilhar no tapete vermelho, desta vez como atriz coadjuvante por Lincoln. Será que a trajetória de Hilary Swank será parecida? Vencedora da estatueta dourada por Meninos Não Choram e Menina de Ouro, também prêmios em um curto espaço de tempo, depois disso ela tem estrelado verdadeiras bombas, salvo um ou outro trabalho. A Inquilina é mais um para engrossar a lista. Elá dá vida à Juliet, uma médica que está passando por um momento difícil após ser traída pelo namorado e decidida a procurar um novo endereço para ajudar a dar novos rumos a sua vida. Por coincidência ela recebe um telefonema com uma oferta inacreditável para alugar um apartamento em um antigo edifício. Max (Jeffrey Dean Morgan), o proprietário do imóvel, acolhe cordialmente a nova inquilina, mas logo nas primeiras noites a moça percebe que o local é estranho, com barulhos amedrontadores de madrugada. Em paralelo as noites mal dormidas, Juliet passa a flertar com seu senhorio, mas a relação com este homem aparentemente gentil e inofensivo pode se revelar um perigo iminente para esta fragilizada mulher. E a trama é essa. Bem manjada e pronto! O roteiro de Antti Jokinen e Tobert Orr não perde tempo criando desnecessárias situações de sustos e logo deixa clara a obsessão de Max pela médica, esta que tende a considerá-lo apenas um amigo, mesmo com uma latente tensão sexual entre eles.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

QUERIDA, ENCOLHI AS CRIANÇAS

NOTA 8,0

Divertida e nostálgica, mescla
de aventura e comédia ainda é
entretenimento garantido sem se
tornar refém de efeitos especiais
E.T. - O Extraterrestre, Os Goonies, Willow - A Terra da Magia, Labirinto - A Magia do Tempo, Viagem Insólita... Estes são apenas alguns títulos que mesclavam aventura, comédia e fantasia que marcaram a geração oitentista, mas entre eles não há nenhum com a chancela Disney de qualidade. Por um longo período o estúdio mergulhou em um abismo criativo, embora hoje algumas animações da época sejam consideradas clássicas como Aristogatas e Bernardo e Bianca. Mesmo com a criação de uma subsidiária especialmente para tocar projetos voltados ao público infanto-juvenil com atores de verdade, as cifras arrecadadas não justificavam os investimentos. O peso da morte do senhor Walt Disney se refletia visualmente na qualidade e lucros da sua produtora, até que já beirando a entrada da década 1990 uma luz no fim do túnel fora apontada. Disposta a recuperar seu espaço não só no campo da animação, impulsionada pelo sucesso de A Pequena Sereia, mas também como fábrica de blockbusters,  a empresa apostou em uma ideia relativamente simples. Querida, Encolhi as Crianças trata de um tema fascinante e já explorado diversas vezes pelo cinema e pela televisão. O que acontece quando uma pessoa é reduzida ao tamanho de uma formiga? Ou melhor, quando adquire altura menor ainda que a de um inseto? É isso que ocorre às inocentes vítimas de uma máquina miniaturizadora inventada pelo frustrado professor Wayne Szalinski (Rick Moranis) que sem perceber o que aconteceu em seu laboratório caseiro acaba varrendo os próprios filhos e os do vizinho junto com o lixo. Nick (Robert Olivieri), que com seus grandes óculos e estilo nerd não nega a vocação para seguir os mesmos passos que o pai, e sua irmã mais velha Amy (Amy O'Neill) então se veem obrigados a unir forças com o adolescente Junior (Thomas Wilson Brown) e o sarcástico garoto Ron (Jared Rushton), os herdeiros do mal humorado Russ Thompson (Matt Frawer).

domingo, 6 de janeiro de 2019

TURMA 94 - O GRANDE ENCONTRO

Nota 5,0 Com humor crítico, argumento sobre aceitação e maturidade cairia melhor a um drama

Ambiente universitário, descolados versus manés, Jack Black no elenco... Tá aí! Eis mais uma comédia escrachada, daquelas que rimos do início ao fim do constrangimento alheio. Quem assistir Turma 94 - O Grande Encontro pensando assim irá se decepcionar. O filme realmente diverte e se apoia em algumas situações vexatórias, mas é uma daquelas produções que tem muito mais conteúdo do que deixa transparecer a embalagem. Fala sério, com um título como o que ganhou no Brasil, de fato, é para espantar qualquer espectador. Escrito e dirigido pela dupla Andrew Mogel e Jarrad Paul, roteiristas de Sim Senhor, a trama tem como protagonista Dan Landsman (Black), um zero à esquerda na época do colégio e que ainda na vida adulta é um frustrado inveterado. Ele não consegue manter contato social com ninguém, a não ser com seus filhos, sua esposa (Katherine Hahn) e seu chefe (Jeffrey Tambor), talvez mais por necessidade do que por prazer. Mesmo não sendo muito popular, ele se impôs a missão de organizar a reunião que marcaria o reencontro dos estudantes após duas décadas. A festa tem tudo para ser um fiasco, a começar porque praticamente nenhum ex-aluno confirmou presença com antecedência e Landsman tem certeza que ele próprio é o problema, todos o detestam. No entanto, ele descobre por acaso que um dos antigos colegas, o popular Oliver Lawless (James Marsden), agora vive em Los Angeles e se tornou um famoso ator. Assim ele decide ir procurar o cara para convencê-lo a participar da festa, assim usando-o como chamariz para bombar o evento, mas é claro que as coisas não saem bem como o esperado. Landsman acaba caindo em um emaranhado de mentiras que ele próprio inventa e sua vida até então pacata muda completamente... E para pior.