Nota 7,0 Baseado em um impressionante sequestro real, drama da protagonista angustia e intriga
Tem filmes baseados em fatos
reais que contam histórias tão incríveis
que fica difícil acreditar nelas e 3096 Dias de
Cativeiro é um deles. Trata-se de um drama autobiográfico
baseado no livro homônimo de Natascha Kampush, também responsável pelo roteiro,
que narra suas memórias sobre os mais de oito anos que viveu ao lado de seu
sequestrador. Entre 1998 e 2006, ela não pôde ter contato algum com outras
pessoas e sofreu com abusos físicos e psicológicos. Aos dez anos de idade, pela
primeira vez na vida a garota iria sozinha para a escola após uma discussão com
a mãe com quem vivia uma relação conflituosa, ao contrário do pai com quem
tinha um convívio harmonioso mesmo ele tendo se separado. Nesta ocasião, mal
sabia ela que do lado de fora da casa já há alguns dias a família era observada
por Wolfgang Priklopil (Thure Lindhart) que planejava o seu sequestro. À luz do
dia ele a imobiliza na rua e a leva para a sua casa onde a prende dentro do
porão. Desempregado e com atitudes contrastantes, não há um motivo aparente
para seu crime, afinal morava em uma casa confortável, tinha carro e só ameaçava
pedir resgate, amedrontando a menina dizendo que seus pais não gostavam dela e
por isso não o pagavam. A solidão talvez fosse uma justificativa plausível,
ainda que mesmo já passando dos trinta anos de idade e morando sozinho
demonstrasse certa dependência da mãe para se alimentar e abastecer a casa.
Apesar do cativeiro, Wolfgang tinha um mínimo de cuidado com a menina. Comprou
roupas, produtos de higiene e lhe ofereceu livros e músicas, as únicas formas
que Natscha possuía para ter ao menos um pouco de instrução. Por outro lado,
várias vezes a deixava sem comer, a humilhava e nem mesmo a deixava ver a
claridade do dia. Até uma espécie de interfone ele instalou no claustrofóbico
porão para se comunicar com a garota sem necessidade de ir até lá, uma forma
mais fácil de lhe repetir diversas vezes ao dia para ela o obedecer e assim
doutriná-la. À menina só restava de fato acatar as ordens por medo de ser estuprada,
ferida ou morta.
Outra justificativa para o sequestro seria a que Wolfgang tinha problemas de cunho sexual. Com o passar do tempo, ele chegou a raspar a cabeça de Natascha, então já na pré-adolescência com o corpo desnutrido e aparência apática, e a obrigava a usar cuecas e a ficar com o peito desnudo como se fosse um garoto. Até então ele não a tocava, mas depois que sua mãe revelou que na família havia rumores de que ele fosse gay passou a cometer abusos sexuais como uma maneira de reafirmar sua masculinidade. Contudo, a idosa jamais desconfiou do que acontecia na casa do filho, nem mesmo sabia da existência de um porão. O cerco só se fechou contra o sequestrador quando a vítima já tinha seus 17 anos. Nessa época ele até aceitou tirá-la uma ou outra vez do cativeiro para ter algum contato com a civilização, mas sempre de olho e estabelecendo uma estranha relação de amor e ódio. O desfecho de 3096 Dias de Cativeiro já é conhecido de antemão. Para contar sua história, obviamente Natascha conseguiu fugir, mas pouco importa saber como tudo acaba. O importante é acompanhar o desenrolar desse caso estarrecedor, e que foi amplamente abordado pela imprensa na época e gerou controversas reações de populares que chegaram a acusar a jovem de ter vivido por tanto tempo em cativeiro por não gostar da família e se afeiçoar ao sequestrador. Muito bem conduzida pelo diretor Sherry Hormann, a ação se passa em um distrito da Áustria, respeitando a origem da protagonista do conflito real apesar de ser uma produção alemã. Natascha é vivida pela atriz Amelia Pidgeon em sua fase criança e na adolescência por Antonia Campbell- Hughes, ambas conseguindo mostrar todo o conformismo da personagem com a situação, mas pontuada por momentos de angústia e loucura. Lindhart também tem um desempenho excelente mostrando a ambiguidade de um homem que para a sociedade mostra-se pacífico e exemplar, embora com certas estranhezas, e na sua intimidade é perverso e autoritário. Fiel ao livro ou não, é fato que o filme atinge seu objetivo de recriar uma história real, fria e cruel, com riqueza de detalhes e deixando a mensagem de que mesmo nas dificuldades jamais se pode perde a esperança.
Outra justificativa para o sequestro seria a que Wolfgang tinha problemas de cunho sexual. Com o passar do tempo, ele chegou a raspar a cabeça de Natascha, então já na pré-adolescência com o corpo desnutrido e aparência apática, e a obrigava a usar cuecas e a ficar com o peito desnudo como se fosse um garoto. Até então ele não a tocava, mas depois que sua mãe revelou que na família havia rumores de que ele fosse gay passou a cometer abusos sexuais como uma maneira de reafirmar sua masculinidade. Contudo, a idosa jamais desconfiou do que acontecia na casa do filho, nem mesmo sabia da existência de um porão. O cerco só se fechou contra o sequestrador quando a vítima já tinha seus 17 anos. Nessa época ele até aceitou tirá-la uma ou outra vez do cativeiro para ter algum contato com a civilização, mas sempre de olho e estabelecendo uma estranha relação de amor e ódio. O desfecho de 3096 Dias de Cativeiro já é conhecido de antemão. Para contar sua história, obviamente Natascha conseguiu fugir, mas pouco importa saber como tudo acaba. O importante é acompanhar o desenrolar desse caso estarrecedor, e que foi amplamente abordado pela imprensa na época e gerou controversas reações de populares que chegaram a acusar a jovem de ter vivido por tanto tempo em cativeiro por não gostar da família e se afeiçoar ao sequestrador. Muito bem conduzida pelo diretor Sherry Hormann, a ação se passa em um distrito da Áustria, respeitando a origem da protagonista do conflito real apesar de ser uma produção alemã. Natascha é vivida pela atriz Amelia Pidgeon em sua fase criança e na adolescência por Antonia Campbell- Hughes, ambas conseguindo mostrar todo o conformismo da personagem com a situação, mas pontuada por momentos de angústia e loucura. Lindhart também tem um desempenho excelente mostrando a ambiguidade de um homem que para a sociedade mostra-se pacífico e exemplar, embora com certas estranhezas, e na sua intimidade é perverso e autoritário. Fiel ao livro ou não, é fato que o filme atinge seu objetivo de recriar uma história real, fria e cruel, com riqueza de detalhes e deixando a mensagem de que mesmo nas dificuldades jamais se pode perde a esperança.
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