Nota 7,0 Com elenco enxuto e sem perder o foco, suspense supera clichês com agilidade e tensão
Fazer um filme ao menos mediano
sobre sequestro não é uma tarefa fácil, afinal praticamente todas as situações
possíveis imaginando o que pode acontecer entre vítimas e criminosos durante o
período de cativeiro já foram exploradas pelo cinema. Contudo, com uma história
bem contada, qualquer clichê pode ganhar sobrevida. É isso que oferece o
suspense alemão Sequestrando Stella, do diretor Thomas
Sieben que assina o roteiro em parceria com J. Blakeson. Vic (Clemens Schick) e
Tom (Max von der Groeben) são ex-colegas de prisão que assim que conseguem a
liberdade decidem por colocar em prática um novo golpe sequestrando a filha de
um milionário. A partir de um artigo publicado em um jornal, a vítima escolhida
é Stella (Jella Haas), uma jovem que nunca teve muita atenção do pai. O esquema
de ação é o mesmo já visto em diversas produções do estilo. A jovem é capturada
em um momento de distração, forçada a entrar em uma van até ser amarrada em um
lugar ermo. Para que nada dê errado, a dupla, que age sempre munida de capuz e
máscaras, monta um esquema forte de segurança para o cativeiro, mas não previam
que algumas coisas inesperadas surgissem
no meio do caminho. É nesse ponto que o filme se difere de tantos outros
que abordam tema semelhante. Com poucos personagens em cena e bons momentos de
tensão verossímeis, o longa fisga o espectador de maneira simples e honesta sem
precisar recorrer a mirabolantes planos que apenas dão um nó na cabeça de quem
assiste (isso quando também não embola elenco e direção). O profissionalismo
dos delinquentes é valorizado por Sieben logo na introdução, assim sua câmera
flagra de forma minuciosa todos os seus gestos dando a nítida noção de que
planos de sequestros são coisas só para mentes brilhantes bolarem. Tudo é
friamente calculado, desde a compra de artefatos de ameaça e tortura até o cuidado
do cativeiro ser revestido com espumas nas paredes para evitar o vazamento de conversas
e gritos. Demora até o primeiro diálogo surgir, mas o material visual dos
preparativos para o crime é o suficiente para prender e instigar a atenção.
É curiosa a relação estabelecida ente os bandidos que agem como se fossem irmãos ou se houvesse certo quê de paternalismo de Vic para com Tom. O primeiro parece mais escolado na arte do crime, assim seu comportamento é áspero e frio com a vítima, porém, com o comparsa deixa latente certa preocupação, seja para proteger o rapaz ou para impedir que ele arruíne o plano com seu sentimentalismo. E de fato é o que vem a acontecer. Tom acaba estreitando a relação com Stella e ao tentar apaziguar o seu sofrimento acaba criando oportunidades para sua fuga, sempre contornando-as obviamente, mas deixando algum rastro que denunciam seus atos benevolentes. O rapaz passa a viver um dilema extremamente humano e empático, sendo o personagem com mais camadas a serem exploradas, algo que infelizmente o roteiro despreza. Pela curta duração, Sequestrando Stella se preocupa mais em jogar na tela o maior número de cenas possíveis contendo tensões e pontos de reviravoltas, assim não há nem mesmo como se sensibilizar com o drama vivido pela moça do título, embora ela tenha um trunfo (não muito original) para tomar as rédeas da situação. Há uma inversão de papéis e o interesse recai sobre qual decisão Tom irá tomar em relação a seus sentimentos para com a jovem ou quanto sua lealdade ao ex-companheiro de cadeia. A cada acontecimento o suspense aumenta, mesmo recorrendo a clichês, e nunca a trama perde seu foco. A situação que é armada é o suficiente para prender a atenção e ter apenas três personagens em cena evita momentos de dispersão. Os closes fechados de Sieben e a ótima ambientação contribuem para passar a sensação de claustrofobia e desespero de Stella, pena que ela não tenha o destaque merecido nem mesmo no último ato que, diga-se de passagem, deixa a desejar, é anti-climático. De qualquer forma, é uma opção ligeira de diversão e reforça a vocação da plataforma Netflix em investir em produções baratas e eficazes no melhor estilo telefilme.
É curiosa a relação estabelecida ente os bandidos que agem como se fossem irmãos ou se houvesse certo quê de paternalismo de Vic para com Tom. O primeiro parece mais escolado na arte do crime, assim seu comportamento é áspero e frio com a vítima, porém, com o comparsa deixa latente certa preocupação, seja para proteger o rapaz ou para impedir que ele arruíne o plano com seu sentimentalismo. E de fato é o que vem a acontecer. Tom acaba estreitando a relação com Stella e ao tentar apaziguar o seu sofrimento acaba criando oportunidades para sua fuga, sempre contornando-as obviamente, mas deixando algum rastro que denunciam seus atos benevolentes. O rapaz passa a viver um dilema extremamente humano e empático, sendo o personagem com mais camadas a serem exploradas, algo que infelizmente o roteiro despreza. Pela curta duração, Sequestrando Stella se preocupa mais em jogar na tela o maior número de cenas possíveis contendo tensões e pontos de reviravoltas, assim não há nem mesmo como se sensibilizar com o drama vivido pela moça do título, embora ela tenha um trunfo (não muito original) para tomar as rédeas da situação. Há uma inversão de papéis e o interesse recai sobre qual decisão Tom irá tomar em relação a seus sentimentos para com a jovem ou quanto sua lealdade ao ex-companheiro de cadeia. A cada acontecimento o suspense aumenta, mesmo recorrendo a clichês, e nunca a trama perde seu foco. A situação que é armada é o suficiente para prender a atenção e ter apenas três personagens em cena evita momentos de dispersão. Os closes fechados de Sieben e a ótima ambientação contribuem para passar a sensação de claustrofobia e desespero de Stella, pena que ela não tenha o destaque merecido nem mesmo no último ato que, diga-se de passagem, deixa a desejar, é anti-climático. De qualquer forma, é uma opção ligeira de diversão e reforça a vocação da plataforma Netflix em investir em produções baratas e eficazes no melhor estilo telefilme.
Suspense - 89 min - 2019
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