Nota 7,5 Lúdico e com clima retrô, longa diverte com trama ingênua e protagonista adorável
Depois do realismo alcançado por Babe - O Porquinho Atrapalhado colocando uma trupe de animais adestrados para atuar, ficaria difícil para qualquer animalzinho falante fazer sucesso equivalente e até alcançar o mesmo nível de carisma do protagonista suíno. No final da década de 1990, o cenário também já não era favorável para esse tipo de produção, com plateias, mesmo as infantis, exigindo cada vez mais perfeccionismo e quase não vendo graça em bichinhos fofinhos que pensam e agem como humanos. Contudo, O Pequeno Stuart Little surpreendeu em termos de bilheteria e popularidade. O longa narra a história de um simpático e inteligente camundongo falante que acaba sendo adotado por uma família de humanos. Eleanor (Geena Davis) e Frederick Little (Hugh Laurie) visitam um orfanato dispostos a encontrar um irmãozinho para George (Jonathan Lipnicki), único filho do casal, e ficam encantados quando conhecem o roedor com seu estilo clássico de se vestir e sua exímia educação e o consideram perfeito para ser o caçula da família. Esperto e carente, o ratinho segue para o novo lar radiante, mas não esperava que seria recebido friamente pelo irmão e não contava com a presença de Snowbell (ou Bola de Neve), o gato de estimação do clã que não se conforma que um camundongo comporte-se e ocupe um lugar na casa como se fosse um humano. Logo de cara, o bichano tenta devorar o novo Little e durante todo o filme literalmente acompanhamos um jogo de gato e rato. Contudo, também há uma boa dose de drama inserida no roteiro, já que Stuart precisa vencer as dificuldades de ser diferente e conquistar seu espaço, mesma situação vivida por qualquer órfão humano que passa por um processo de adaptação e, muitas vezes, de rejeição ao ser acolhido por uma nova família. Admitindo se sentir deslocado e sozinho, os Littles, com dó no coração, até encontram os pais biológicos do caçula, mas todos aprendem que o amor fraternal não implica em ter o mesmo sangue correndo nas veias.
Não é preciso buscar conceitos lógicos para embarcar na trama que poderia ser restrita ao público infantil, porém, a inocência do desenrolar da trama e a sensível direção de Rob Minkoff agregam um irresistível apelo lúdico, tanto no detalhamento dos cenários quanto no clima da obra como um todo, capaz de conquistar os adultos que inevitavelmente deixam seu lado criança aflorar. Com roteiro assinado por Greg Brooker e curiosamente por M. Night Shyamalan, o criador do mega sucesso O Sexto Sentido, o longa é inspirado na obra de E. B. White, o mesmo autor do clássico que gerou A Menina e o Porquinho que, além de um longa com atores reais lançado em 2005, também gerou uma famosa animação setentista. Minkof, um dos diretores do cultuado desenho O Rei Leão, pela primeira vez trabalhava com atores de carne e osso contracenando com criações digitais e tirou proveito da concepção do personagem-título e o inseriu em uma história em tom de fábula na qual todos tratam o ratinho como um ser humano e sem tecer qualquer comentário maldoso, exceto Snowbell que não admite ter como dono alguém que pelas leis da natureza deveria lhe servir como presa. A casa dos Little, colorida e com decoração retrô, além de incrustada entre cinzentos arranha-céus, reforça o clima de conto de fadas e nostalgia. Por outro lado, a técnica de animação usada na criação dos bichos apontava para o futuro. Até seu lançamento, a produção poderia ser considerada uma das mais ousadas em termos de animação tridimensional. Stuart, assim como Snowbell e outros roedores que surgem ao longo do filme, foram todos criados via computação gráfica, incluindo suas roupas e acessórios, mas possuem volumes, parecem táteis. As expressões faciais e movimentos corporais foram baseados em modelos humanos, mas os detalhes para torná-los os mais realistas possíveis foram os grandes desafios da equipe de efeitos especiais merecidamente indicada ao Oscar. Só na cabeça de Stuart foram animados mais de meio milhão de pêlos para tornar a movimentação do personagem completamente crível. É uma pena que O Pequeno Stuart Little se ancore mais no capricho visual e clima lúdico, contentando-se em narrar uma história extremamente inocente e previsível e marcada por interpretações caricatas. De qualquer forma, é um programa acima da média para toda a família e com boas lições de moral para as crianças e reforçá-las aos adultos.
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