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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

A MORTE E A VIDA DE BOBBY Z


Nota 3 Caça a famoso traficante é repleta de clichês, além de situações e diálogos sofríveis


Filmes que abordam o submundo do crime já têm suas características conhecidas. Golpistas atacando golpistas, drogas, bebidas, palavrões e gírias a vontade, mulheres liberais, além dos tradicionais corre e corre e tiroteios, tudo servido geralmente sob uma atmosfera pesada e escura realçando o aspecto de mundo negro em que vivem os criminosos e aqueles que os sustentam através da compra de contrabandos e drogas. Todavia, a alta sociedade também tem seus podres como mostra A Morte e a Vida de Bobby Z, mas neste caso esqueça os ambientes sujos, escuros, as bebidas baratas, os palavrões pesadões e as prostitutas de esquina. Só mesmo uma ambientação diferenciada para não tornar este título totalmente esquecível. As ensolaradas praias da Califórnia ficaram conhecidas como o território do lendário traficante Robert Zacharias, mais conhecido como Bobby z (Jason Lewis), que fez fortuna enquanto surfava e tomava banhos de sol, além de se divertir com as mulheres que desejava, mas misteriosamente ele sumiu. Alguns acreditam que ele agora atua em um novo território enquanto outros juram que ele está morto, assassinado ou por overdose. 

Tim Kearney (Paul Walker) é um criminoso que foi preso por pequenos deslizes, mas acabou cometendo seu grande crime na própria cadeia ao matar um valentão que o perturbava. Jurado de morte pelos demais presos, o rapaz estaria em risco em qualquer outra prisão, o que veio a calhar para os planos do detetive Tad Gruzsa (Laurence Fishburne) que aposta na semelhança física de Kearney com Bobby para que ele o ajude a liberar seu parceiro de trabalho que está em poder de Don Huertero (Joaquim de Almeida), o maior traficante do norte do México. Esse magnata do tráfico deseja uma sociedade com Bobby para levar seu comércio ilegal para Los Angeles e só vai entregar o policial quando se encontrar pessoalmente com o jovem traficante. O plano seria ótimo, pois Kearney se livraria da cadeia pelo favor prestado, mas ao aceitar não imaginava no que estava se metendo. Em um primeiro momento, passar-se por outra pessoa parecia fácil. Ele corta os cabelos, decora detalhes da vida do suposto morto, ganha roupas bacanas e é muito bem recebido no vinhedo de Brian Cervier (Jason Flemyng), um homem com ligações estreitas com Huertero. 


Comendo do bom e do melhor, tendo vinho a vontade e curtindo um dia de sol a beira da piscina na companhia de belas mulheres deslumbradas pelo dinheiro, não demora muito para o falso Bobby entrar em apuros. Kearney defende Elizabeth (Olivia Wild) de uma agressão e logo levanta suspeitas. A jovem já havia se relacionado com Bobby e sabe que ele é extremamente egoísta e jamais defenderia alguém dessa maneira, nem mesmo seu filho, o pequeno Kit (JR Villarreal), que acaba ficando sob os cuidados da moça. Logo o cerco começa a fechar e o pessoal de Huertero passa a perseguir o rapaz. No fundo, o traficante não desejava uma sociedade, mas sim matar Bobby para, além de comandar o tráfico com soberania, também se vingar de um episódio do passado. Fugindo pelas regiões desérticas do México, Kearney ganha a companhia de Kit que decide segui-lo, talvez vendo nele a figura paterna que tanto lhe fazia falta, mas a aventura dos dois ganha ainda mais adrenalina, e um quê de faroeste, quando um grupo de criminosos também decide perseguir o rapaz por conta do bandido que ele assassinou na cadeia. 

Roteirizado por Bob Krakower e Allen Lawrence, baseado no livro homônimo de Don Winslow, este longa de ação até que empolga em seus primeiros minutos, mesmo sendo baseados em situações-clichês, mas o interesse desanda justamente quando o protagonista chega a roda da alta sociedade que na realidade é tão suja quanto a turma do chamado submundo. Os diálogos são sofríveis, a relação entre Kearney e Elizabeth é forçada assim como os momentos piegas do rapaz com o suposto filho, começa um entre e sai de gente e confusões de nomes e até quem parecia do lado da lei também vira a casaca. Por fim temos uma previsível confusão entre quem estava no encalço de Kearney e quem desejava pegar o Bobby real, uma situação que deixa confuso até o próprio espectador que a essa altura já está saturado de uma produção cuja narrativa é desinteressante e parece ter sido feita conforme as filmagens caminhavam devido aos vários furos e incoerências do texto. 


Em uma cena-chave, por exemplo, o diretor John Herzfeld perde o freio e parece vomitar um monte de revelações e testar a rapidez e a atenção de seu próprio elenco de tão frenética que é a sequência. E pensar que ele é o mesmo diretor do suspense policial 15 Minutos que, na comparação com esta produção, parece uma obra-prima. Pegando carona do sucesso da franquia Velozes e Furiosos, também estrelada por Walker, A Morte e a Vida de Bobby Z não tem um pingo de originalidade. É a velha história do condenado ludibriado que, após ser usado para cumprir tarefas para outro corrupto, agora quer a alcunha de herói iniciando uma jornada de vingança contra todos aqueles que o enganaram e prejudicaram. Todavia, ao público ao qual se destina, o longa oferece todos os elementos necessários para uma diversão ligeira, mas tal qual a maioria dos filmes de ação, o limbo é o destino inevitavelmente, embora este título ainda tenha certa relevância por estar no breve currículo de Walker que faleceu quando sua carreira estava em plena ascensão.

Ação - 97 min - 2007

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