Índice de conteúdo

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

REGRAS DO AMOR


Nota 4 Romance soa forçado e nem mesmo os clichês são desenvolvidos de forma eficiente


Rapaz arrogante conhece por acaso uma garota que exala felicidade em altas concentrações, ambos se apaixonam, mas logo um fato inesperado surge para estragar o relacionamento. Quantos filmes você já assistiu com tal premissa? A lista é gigantesca sem dúvidas, mas se produções do tipo ainda são feitas é porque existe público a fim de reviver as mesmas emoções. Regras do Amor literalmente segue as normas do subgênero em que se enquadra, os romances dramáticos, mas no final das contas não agrega nada de novo, pelo contrário, até deixa a desejar em alguns aspectos. A trama começa nos apresentando Jack (Freddie Prinze Jr.), um jovem executivo que não vê a vida como um conto de fadas. Muito dedicado ao trabalho, felicidade para ele sempre foi sinônimo de ostentação. Ter um carro invejável, roupas de marcas famosas e poder pagar jantares em restaurantes finos seriam as armas necessárias para conquistar quantas mulheres quisesse, mas ele nunca entendeu o ditado que diz que as melhores coisas da vida conseguem-se de graça. 

Seus conceitos começam a mudar quando ele conhece a bela e espirituosa Jill (Taryn Manning), uma aspirante a atriz. Coincidentemente no mesmo dia o rapaz tem uma reunião para definir a garota propaganda de um dos produtos que a empresa em que trabalha cuida da publicidade. Rapidamente os dois acabam ficando amigos e Jack a convida para dividir o apartamento com ele, visto que ela estava morando em um albergue. Todavia, ele já deixa claro que o convite não é uma cantada, apenas um gesto de solidariedade. Conversa fiada! É óbvio que eles vão se apaixonar e até fazem um manual com algumas regras que ambos devem seguir para o relacionamento funcionar bem. A primeira e principal lei é sempre ser honesto e é justamente neste quesito que o caldo entorna. Jill esconde do namorado que tem uma grave doença que a obriga a se ausentar de vez em quando para a realização do tratamento internada em um hospital. Com os constantes sumiços da moça, Jack passa a se questionar se não pulou etapas importantes e comuns a qualquer relacionamento a dois.


O roteiro de Peter Stebbings e Vanessa Parise, esta última também diretora e intérprete de Lucy, melhor amiga de Jill, começa envolvente, mas aos torna-se cansativo, só agradando mesmo aos aficionados pelo gênero. A pouca duração da fita não dá abertura para o relacionamento dos protagonistas se desenvolver de forma crível. Eles parecem amigos que dividem um apartamento diariamente e vez ou outra também a cama, mas não há química suficiente entre eles. Quando a moça está internada, que poderia ser o grande pulo do gato da produção, não sentimos o sofrimento de Jill que então ganha a companhia de Holly (Hannah Lochner), uma garota mais nova que sofre da mesma doença e vê na história de amor que a colega conta uma esperança para não desistir do tratamento e um dia poder viver uma emoção igual. Claro que Jill a faz acreditar que o namorado sabe de seu problema de saúde e a apóia incondicionalmente, mas nem nos momentos em que procura manter a farsa de pé Manning consegue fazer crescer sua interpretação. 

Já Prinze sabe bem como fazer o papel de garotão, embora na época já estivesse passando um pouco da idade, mas também não consegue transmitir com credibilidade seu apreço pelos bens materiais como o personagem exigia. Rapidamente coloca uma estranha dentro de casa e está fazendo planos para o futuro. Para contribuir com seu currículo de piores cenas, registro que, diga-se de passagem, deve ser extenso, o ator aqui protagoniza uma cena pretensiosamente dramática na qual tenta expor que Jack é um artista e com seu trabalho pode mudar a vida das pessoas, mas o discurso não cola quando o que está em jogo é uma publicidade para fazer os jovens voltarem suas atenções para um gel de cabelo há anos no mercado, porém, esquecido. Todavia, as falhas não são apenas dos intérpretes. A direção engessada de Parise não dá oportunidade para seus protagonistas brilharem e lhe falta traquejo para lidar com uma situação delicada e dramática quando se tem como público-alvo adolescentes sonhadoras.


Sem qualquer tipo de ousadia, Parise lança mão dos costumeiros clichês do início ao fim. É possível prever a sequência de acontecimentos que vão culminar na separação do jovem casal a certa altura e nem mesmo os momentos vexatórios nos quais algum personagem tenta passar um mensagem profunda sem sucesso não foi deixado de fora. Bastante raso para uma premissa razoavelmente consistente, Regras do Amor é perfeito para uma sessão da tarde para garotas ou casais de adolescentes que usam qualquer desculpa para ficarem juntos. Pela premissa não tinha mesmo jeito de se tornar uma obra inesquecível, mas as indicações dos perfis de Jack e Jill poderiam render personagens bem mais interessantes, assim consequentemente situações mais envolventes e um filme melhor. Ironicamente a palavra tedioso é repetida diversas vezes ao longo da narrativa. Será uma brincadeira da própria diretora quanto suas impressões conforme as filmagens avançavam?

Romance - 87 min - 2008 

Leia também a crítica de:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este espaço está aberto para você colocar suas críticas ao filme em questão do post. Por favor, escreva o que achou, conte detalhes, quero saber sua opinião. E não esqueça de colocar a sua avaliação do filme no final (Ruim, Regular, Bom ou Excelente).