NOTA 9,0 Longa homenageia os 40 anos da franquia atualizando a temática e colocando vítima e algoz em posições bem diferentes ao embate original |
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quinta-feira, 31 de outubro de 2019
HALLOWEEN
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
HALLOWEEN H20
NOTA 9,0 Em comemoração aos 20 anos da franquia, longa faz sequência direta ao primeiro longa apoiando-se no aguardado embate entre vítima e assassino |
Em 1978 o mestre John Carpenter
deu o pontapé inicial para a onda dos slashers movies com o lançamento de Halloween - A Noite do Terror que
contava a história de um garoto que certa noite do Dia das Bruxas assassina
violentamente a própria irmã mais velha usando uma simples faca de cozinha.
Após ficar internado toda sua infância e adolescência em um hospício, ele
consegue fugir e obstinado a encontrar e matar sua outra irmã. Só este filme já
seria o bastante para enraizar o nome e a imagem sinistra de Michael Myers no
consciente coletivo e na cultura popular, mas uma série de continuações viria
para reforçar seu poder de fascínio, embora com tramas que gradativamente foram
piorando em termos de qualidade e aumentando o número de mortos. Halloween H20 foi lançado vinte anos depois do
primeiro com um objetivo claro: fechar a franquia em grande estilo e tentar
apagar a má impressão que os capítulos intermediários deixaram. Missão
cumprida! Dinâmico, sem rodeios e coeso, a sétima produção do mascarado faz um
link apenas com os dois primeiro títulos resgatando Laurie Strode (Jamie Lee
Curtis), a obsessão do psicopata, desta vez interpretado por Chris Durand. A personagem não apareceu nos demais filmes,
mas permaneceu no imaginários do fãs e o roteiro assinado por Robert Zappia e
Matt Greenberg não parou no tempo. A sobrevivente de dois massacres nunca
esqueceu os pesadelos que viveu e sempre ficou na expectativa que seu irmão um
dia voltaria para terminar sua vingança, embora para todos os efeitos ele teria
falecido em um incêndio no hospital onde se enfrentaram pela última vez. Como
cuidado nunca é demais, ela forjou a própria morte e adotou uma nova identidade
respondendo pelo nome de Keri Tate, a diretora de um colégio de elite onde
também reside com seu filho John (Josh Hartnett). O adolescente cresceu
compartilhando do medo e vigília da mãe, mas agora que está prestes a completar
a maioridade pretende se desvencilhar destas paranoias de uma vez por todas.
Contudo, o destino não vai deixar.
terça-feira, 29 de outubro de 2019
HALLOWEEN - A NOITE DO TERROR
NOTA 10,0 Um dos primeiros filmes sobre seriais killers mascarados sobrevive à ação do tempo dando uma aula de como estimular o medo |
Os festejos do Dia das Bruxas é
uma das mais tradicionais comemorações dos EUA, mas a moda acabou se estendendo
a outros países. No Brasil, escolas tentam manter vivo o hábito da busca dos
doces ou truques e as baladas convidam o público a participarem fantasiados,
mas sem dúvida a grande tradição para comemorar a data por aqui é a reunião
caseira para curtir filmes de terror na companhia de pipoca, refrigerante e
outras guloseimas. Quem está começando a vivenciar o noitão de cinema de horror
certamente deve colocar na lista de títulos a serem exibidos Halloween
– A Noite do Terror, um marco do gênero que envelhece cultuado por
nostálgicos e angariando novos adeptos. Contudo, não estranhe se ouvir algumas críticas
negativas ao longa. Falam tanto desse filme, mas cadê o sangue e a adrenalina?
Sim, muita gente deve assistir e em um primeiro momento não ver nada de mais na
produção setentista que apesar de ser a respeito de um serial killer (ou
conhecido também como slasher) não é um produto banal, pelo contrário, provoca
o espectador a refletir sobre o que é o medo. Como um dos percussores deste
subgênero do terror, praticamente todos os clichês batem cartão. Temos o
assassino mascarado e que parece imortal, seus métodos “caseiros” de matar, as
jovens vítimas, a libertinagem fazendo alusão ao prenúncio da morte e uma penca
de sustos falsos, enfim tudo aquilo que você já viu em Lenda Urbana, A Casa de Cera e companhia bela. Todavia, os mais
recentes filmes do tipo pecam por não saberem estimular o medo. O roer das
unhas é imposto com cortes de cenas acelerados acompanhados de efeitos sonoros
estridentes, assim o espectador é sempre avisado quando uma morte acontecerá e
não raramente os gritos se transformam em gargalhadas ou frustrações. O diretor
John Carpenter não é conhecido como mestre do terror por acaso. Em 1978, em um
de seus primeiros trabalhos, mesmo com orçamento restrito soube usar a
criatividade e compreendeu como poucos o que é o medo, um sentimento subjetivo
e pessoal, ou seja, cada um pode compreendê-lo de uma maneira diferente. Por
exemplo, a escuridão pode ser perturbadora para alguns que tem estômago forte
para ver cenas de mutilações e vice-versa. Para contar a história do lendário
assassino Michael Myers (Tony Moran), rapaz que na infância assassinou sua própria irmã e
passou quinze anos em um hospício, Carpenter espertamente utilizou cenários,
iluminação baixa e ângulos de câmera como seus fiéis escudeiros, elementos que
por vezes se confundem com o vilão.
domingo, 20 de outubro de 2019
STUART LITTLE 2
Nota 5,5 Sem grandes novidades, longa tenta apenas expandir o universo do simpático ratinho
Seguindo a lógica de Hollywood, se bombou nas bilheterias uma continuação deve ser considerada, mas provavelmente Stuart Liitle 2 já estava nos planos quando o primeiro longa do adorável e elegante ratinho era lançado. Com mais verba disponível e o público já ambientado ao universo e apresentado aos personagens principais, o diretor Rob Minkoff, o mesmo do original, investe mais em ação para entreter as crianças, mas sem deixar de lado o clima lúdico e as lições de moral como a respeito da valorização da amizade e solidariedade. Depois de se sentir um Little de verdade e conquistar a amizade do irmão George (Johathan Lipnicki) e a confiança do gato Snowbell (o Bola de Neve), passado alguns anos agora Stuart não quer apenas fazer jus ao seu sobrenome, mas também à espécie humana, afinal ele é um homem um rato? A clássica pergunta parece irônica no caso, mas o público sabe que no universo criado para abrigar o personagem original de E. B. White todos tratam o ratinho como se fosse uma pessoa de verdade, não estranhando nem mesmo o fato dele frequentar a escola com outras crianças, jogar futebol e até dirigir um carro esportivo, obviamente em miniatura, o sonho de consumo de muito marmanjo. Mesmo com essas conquistas, Stuart está incomodado com a superproteção de Eleanor (Geena Davis), sua mãe que não o deixa fazer praticamente nada sozinho ou mais aventuresco, aquele cuidado típico destinado a filhos caçulas. Frederick (Hugh Laurie), o pai, é um pouco mais pé no chão e sabe que chegará um momento que seus filhos precisarão aprender a lidar com as agruras do mundo fora de sua colorida casa, só talvez não esperasse que para Stuart a hora fosse tão cedo. A própria vida se encarrega de colocar obstáculos no caminho de todos e para o ratinho eles caem literalmente do céu materializados na figura da pequena e frágil Margalo, uma passarinha perseguida por um ardiloso falcão (sem nome). Aparentemente ferida, ela é acolhida pelos Littles e torna-se interesse amoroso do camundongo, um caso de amor entre espécies diferentes que pode ser interpretado apenas como uma amizade motivada pelo sentimento de identificação. Ela desejava a proteção que Stuart tinha e ele, por sua vez, almejava a liberdade da ave.
sábado, 19 de outubro de 2019
O PEQUENO STUART LITTLE
Nota 7,5 Lúdico e com clima retrô, longa diverte com trama ingênua e protagonista adorável
Depois do realismo alcançado por Babe - O Porquinho Atrapalhado colocando uma trupe de animais adestrados para atuar, ficaria difícil para qualquer animalzinho falante fazer sucesso equivalente e até alcançar o mesmo nível de carisma do protagonista suíno. No final da década de 1990, o cenário também já não era favorável para esse tipo de produção, com plateias, mesmo as infantis, exigindo cada vez mais perfeccionismo e quase não vendo graça em bichinhos fofinhos que pensam e agem como humanos. Contudo, O Pequeno Stuart Little surpreendeu em termos de bilheteria e popularidade. O longa narra a história de um simpático e inteligente camundongo falante que acaba sendo adotado por uma família de humanos. Eleanor (Geena Davis) e Frederick Little (Hugh Laurie) visitam um orfanato dispostos a encontrar um irmãozinho para George (Jonathan Lipnicki), único filho do casal, e ficam encantados quando conhecem o roedor com seu estilo clássico de se vestir e sua exímia educação e o consideram perfeito para ser o caçula da família. Esperto e carente, o ratinho segue para o novo lar radiante, mas não esperava que seria recebido friamente pelo irmão e não contava com a presença de Snowbell (ou Bola de Neve), o gato de estimação do clã que não se conforma que um camundongo comporte-se e ocupe um lugar na casa como se fosse um humano. Logo de cara, o bichano tenta devorar o novo Little e durante todo o filme literalmente acompanhamos um jogo de gato e rato. Contudo, também há uma boa dose de drama inserida no roteiro, já que Stuart precisa vencer as dificuldades de ser diferente e conquistar seu espaço, mesma situação vivida por qualquer órfão humano que passa por um processo de adaptação e, muitas vezes, de rejeição ao ser acolhido por uma nova família. Admitindo se sentir deslocado e sozinho, os Littles, com dó no coração, até encontram os pais biológicos do caçula, mas todos aprendem que o amor fraternal não implica em ter o mesmo sangue correndo nas veias.
domingo, 13 de outubro de 2019
O PENTELHO
Nota 7,5 Mostrando uma faceta sombria de Jim Carrey, comédia ainda mostra-se atual e crítica
Impressionante a capacidade das
sociedades em aprender o que é errado e mais surpreendente ainda como os erros
são perpetuados. Apesar dos vários alertas visando a segurança e também o valor
do bom senso, infelizmente o hábito de pagar um dinheirinho a mais para o
sujeito que instala os aparelhos de TV à cabo para ter todos os canais
disponíveis desembolsando o mínimo possível enraizou-se na cultura mundial, mas
em meados da década de 1990 ainda era um mal costume apenas dos norte-americanos.
Antes o serviço sujo era feito às escondidas, mas há alguns anos já foi
incorporado pelos funcionários ao expediente de trabalho, algo encarado com um
bico para complementar o salário. Essa busca incessante por levar vantagens com
tal atitude inspiraram o ator Ben Stiller a realizar O
Pentelho, seu segundo trabalho como diretor e que ficou famoso
por ser o primeiro trabalho do ator Jim Carrey após ter seu cachê turbinado
devido ao sucesso de O Máskara e de
pelo menos outras quatro produções que estrelou em seguida. Contudo, o valor
recebido nem de longe condiz com o pífio desempenho desta fita de humor negro,
porém, com um pouco mais de conteúdo que os demais trabalhos do astro até
então. Ele dá vida à Chip Douglas, um
técnico de TV que ganha uma graninha extra de Steven (Matthew Broderick) para
que desbloqueie alguns canais a mais para sua assinatura, uma forma ilusória de
ocupar seu tempo e não pensar na namorada Robin (Leslie Mann) com quem acabara
de romper. O instalador, um rapaz desequilibrado e que sofre de carência
crônica, está desesperado para conquistar ao menos um amigo e vê na proposta a
oportunidade ideal. Se o cliente lhe confiou um serviço escuso isso indicaria
que havia se estabelecido uma relação de confiança entre eles, assim Douglas
começa a persegui-lo e tenta de todas as formas participar ativamente de sua rotina,
provocando uma série de transtornos para Steven tanto em sua vida pessoal
quanto profissional. Conquistar essa amizade torna-se uma questão de honra para
o pobre instalador. Ou será que de coitadinho ele não tem nada?
domingo, 6 de outubro de 2019
AMOR EM OBRAS
Nota 3,0 Sem graça ou romance genuínos e beleza plastificada, longa soa ultrapassado e irritante
Além dos suspenses com elenco
enxuto e ambientações claustrofóbicas, a Netflix também encontrou nas comédias
românticas um bom filão para preencher sua cota de produções próprias ou por
ela distribuídas com exclusividade. Amor em Obras não
traz novidade alguma, mas pode ficar como uma lembrança irritante. Do início ao
fim temos a sensação de parecer o enredo de uma novela mexicana com tratamento
estético hollywoodiano. As casas pintadas em tons claros e com belos gramados
as cercando emulam o sonho americano, embora a trama se passe em outro
continente. E daí? Hoje tudo está globalizado e o estilo de vida ianque ainda
inspira e é justamente o que povoa os pensamentos de Gabriela Diaz (Christina
Millian), uma executiva de São Francisco que após perder o emprego e brigar com
o namorado Dean (Jeffrey Bowyer-Chapman) cai na armadilha do anúncio de um
concurso pela internet. Ela acaba virando a proprietária de uma pousada em uma
zona rural da Nova Zelândia que está caindo aos pedaços, mas seu otimismo a
encoraja a reformar o local e transformar novamente em um recanto para
turistas. Com propósitos de reciclar e utilizar materiais que não agridam o
meio ambiente, ela logo percebe que não conseguirá fazer tudo sozinha e aceita
a ajuda de vizinhos, principalmente de Jake Taylor (Adam Demos), um
providencial empreiteiro que, como manda a cartilha do gênero, logo no início
se mostra interessado em engatar um romance, mas encontra resistência por parte
da moça que não deseja mais se envolver em relacionamentos duradouros. A
personagem tenta defender um viés feminista, mas o roteiro de Elizabeth Hackett
e Hilary Galanoy não dá brecha. Toda vez que tenta mostrar determinação e
capacidade, o texto poda suas asas inserindo uma situação que a diminui, seja
por uma ação desastrosa própria ou pela intervenção de algum personagem
masculino seja para ajudá-la ou tirar um sarro. Nesse contexto, Jake parece não
ter nada o que fazer da vida e fica dia e noite à espreita de algum deslize da
moça para poder socorrê-la e dar uma paquerada.
sábado, 5 de outubro de 2019
REFÉM DO MEDO
Nota 3,5 Suspense quer ser mais inteligente do que pode e se perde em sua falsa complexidade
O título genérico vende bem o
peixe neste caso. Ou melhor, o engodo. O argumento de Refém do
Medo é até instigante, mas seu desenvolvimento é extremamente
formulaico e não exigiria a presença de uma atriz de peso como Naomi Watts. Ela
interpreta Mary Portman, uma mulher viúva que tem a difícil missão de cuidar do
enteado Stephen (Charlie Heaton), um adolescente em estado vegetativo após
sobreviver ao acidente de carro no qual seu pai falecera. O rapaz apresentava
comportamento bastante arredio e provocativo e uma discussão sobre a ideia de
mandá-lo para um internato teria provocado a colisão. Como psicóloga
especializada em cuidar de crianças e jovens, curiosamente a madrasta não
consegue aplicar seus conhecimentos e técnicas em seu próprio lar. Entre seus
pacientes está o pequeno Tom (Jacob Tremblay), um menino deficiente auditivo e
mudo que desaparece misteriosamente depois de uma visita à casa da médica
durante uma noite de forte nevasca. Considerado morto, mesmo sem o corpo encontrado,
Portman fica profundamente sentida com o episódio e passa a imaginar que seus
constantes pesadelos e os sons estranhos que ouve durante a noite sejam
manifestações do espírito do ex-paciente. Para piorar a situação, uma nova
tempestade de neve está por vir o que a obrigará a ficar isolada em sua casa
tendo como único contato externo o Dr. Wilson (Oliver Platt), seu psiquiatra
que a atende via internet e tenta ajudá-la a manter sua sanidade. À primeira
vista, o longa pode parecer mais uma produção sobre um espírito desencarnado
que precisa da ajuda de um mortal e este, por sua vez, só alcançará a paz que
deseja quando cumprir tal missão. Contudo, o roteiro de Christina Hodson apenas
flerta com a dúvida quanto à criança desaparecida e reúne todos os seus
esforços para contar uma história típica de thriller psicológico, mas perde
oportunidades e sobrecarrega a protagonista que tenta ao máximo entregar uma
atuação digna. Empenho em vão. Watts conquistou sua primeira indicação ao
Framboesa de Ouro, talvez não pela atuação em si, mas pela má escolha de
participar de algo tão insosso.