Nota 8,0 Embora envelhecido, longa ainda traz uma contundente crítica ao sistema capitalista
Contemporâneo à sua época, o
longínquo ano de 1984, Minha Terra, Minha
Vida ganhou ares de nostalgia e assumiu o caráter de um registro
histórico de um difícil período vivido pelas famílias rurais norte-americanas
em tempos de crise econômica, provavelmente um retrato muito próximo a
situações vivenciadas em tantos outros países por pessoas cujas sobrevivências
também dependiam dos rendimentos de suas plantações e criações. O casal Jewell (Jessica
Lange) e Gil Ivy (Sam Shepard) administra uma pequena fazenda que já garantiu o
sustento de muitas gerações da família dela e eles pretendem dar continuidade
ao legado que será deixado por Otis (Wilford Brimley) que vive com eles e
acompanha com tristeza a má fase vivida pela economia rural. Eles trabalham
incansavelmente com o reforço do filho mais velho Carlisle (Levi L. Knebel),
mas as condições climáticas não iriam garantir uma boa colheita naquele ano. Um
inesperado tornado causa um grande prejuízo ao clã que contava com as vendas da
safra para quitar suas dívidas com um órgão do governo cuja missão seria
incentivar os esforços agrícolas por meios de empréstimos facilitados, contudo,
justamente nesse momento difícil, passaram a exigir os pagamentos a prazos
apertados e sob rígidas regras, caso contrário os bens dos beneficiários seriam
penhorados, incluindo suas próprias fazendas. O mesmo drama é vivido por
vizinhos dos Ivy, como Arlon Brewer (Jim Haynie) que chega a pedir emprestada
as terras deles durante a entressafra para poder dar continuidade a sua criação
de ovelhas que, invariavelmente, mais cedo ou mais tarde também são apreendidas
como forma de pagamento de suas dívidas. Toda essa tensão acaba refletindo não
só nas finanças dessas pessoas, mas também em seus lados emocionais e
psicológicos. Com mais duas filhas para criar, a pequena Marlene (Theresa
Graham) e a bebê Missy (as gêmeas Stephanie e Stacy Poyner revezando-se), Gil
acaba entregando-se ao vício da bebida e tornado-se agressivo, entrando em
constantes atritos com o filho adolescente e com a esposa, esta que assume a
posição de ativista dedicando-se a lutar pelos direitos dos agricultores
incentivando outros membros do setor a não baixarem suas cabeças e lutar contra
os abusos do capitalismo selvagem.