Nota 5,0 Mais uma obra do romancista Nicholas Sparks apenas recicla sua velha fórmula
Assim como o nome do escritor
Stephen King se tornou um chamariz para a indústria de cinema em menor
proporção podemos dizer que a alcunha Nicholas Sparks também tem o seu valor.
Autor de best sellers românticos com boa dose de drama, suas obras passaram a
ser cobiçadas por produtores desde que Diário
de Uma Paixão tornou-se instantaneamente um clássico do gênero. Não a toa é
seu trabalho mais bem acabado estruturalmente e o que mais difere na lista do
que já fora adaptado. Um Amor Para
Recordar, Noites de Tormenta e Um
Homem de Sorte, por exemplo, em comum possuem um casal bonitinho e
carismático que se une contra todas as adversidades que possam surgir a fim de
impedir que vivam esse amor, mas cuja trajetória culmina em algum final
impactante ou traumático. Todas são obras tipicamente "sparkinianas",
produções que contam histórias alienantes, mas inegavelmente com graça e
beleza. Adaptado por Leslie Bohem e Dana Stevens, Um Porto
Seguro engrossa tal lista apresentando mais um romance
água-com-açúcar marcado por reviravoltas previsíveis. Após uma briga doméstica,
Katie (Julianne Hough) foge de casa toda coberta de sangue e passa a ser
perseguida pela polícia, mas consegue escapar e busca por acaso refúgio em uma
bucólica cidadezinha no litoral dos EUA. No local, além de arranjar uma bela
casa e um descontraído trabalho em um estalar de dedos, ela acaba fazendo
amizade com Jo (Cobie Smulders), uma vizinha confidente, e após relutar um
pouco inicia um romance com Alex (Josh Duhamel), o dono da mercearia local,
viúvo boa-praça e pai de duas crianças. Como manda a cartilha de Sparks, o
namoro é contemplado com dias ensolarados, bela paisagem natural, torcida dos
amigos e muitas juras de amor. Tudo vai bem na vida da moça até que o passado
volta para reencontrá-la através do obstinado detetive Tierney (David Lyons). É
através de suas investigações e flashbacks que pouco a pouco vamos descobrindo
o que Katie tanto luta para manter em segredo.
O título se encaixa bem à
proposta do longa, mas também sintetiza o caminho que Sparks norteia em sua
profissão, sempre se movimento em terreno seguro, inclusive literalmente. Suas
tramas acontecem sempre em um tempo ou lugar idílico e de utopia, quase que uma
realidade baseada em sonhos, onde o amor pode ser vivido com intensidade e sem
grandes preocupações. Ao menos até o ato final. Recriando cenas habituais da
grife do autor, Um Porto Seguro só traz como
diferencial investir um pouco mais nas situações de suspense, com direito a um
belo casarão a beira-mar em chamas com possíveis vítimas, mas não as desenvolve
até o limite. Tudo é resolvido com certa facilidade e em prol de um final feliz
para os protagonistas. O sueco Lasse Hallström, que já havia dirigido de forma
convencional outra obra do romancista, Querido
John , filma os amantes da maneira mais romantizada possível, com
fotografia que os emolduram à luz do sol e closes para capturar ao máximo suas
expressões de felicidade. Não falta a ida à praia com os filhos do bonitão,
evocando que a felicidade se encontra quando junto a quem se ama, e um idílico
passeio de canoa sobre águas cristalinas e calmas. Como a cereja do bolo em
homenagem ao sonho americano (ter uma vida invejável, mesmo que de fachada), a
trama é concluída em meio aos festejos do feriado do dia da independência dos
EUA, mas o motivo da fuga da protagonista soa tão medíocre que fica a sensação de
que ela não está correndo do perigo e sim na incessante busca de uma
justificativa para sua história ser contada. Aliás, Hough decepciona como
mocinha, interpretando uma mulher que triste ou alegre parece manter sempre o
mesmo semblante passível. Ela está em perigo, simplesmente isso, e em busca da
alcunha do filme no personagem de Duhamel, muito carismático e fazendo o que
pode para dar credibilidade a um homem que de uma hora para a outra se vê
deslocado de seu monótono cotidiano. Meticulosamente calculado para alimentar
sonhos de que não importa as adversidades o amor sempre triunfará, o longa cumpre
seu objetivo, mas deve ficar na memória de poucos.
Drama - 115 min - 2013
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