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sábado, 12 de setembro de 2015

TEMOS VAGAS

Nota 8,0 Suspense deixa o espectador roendo unhas com um eletrizante jogo de perseguição

Ainda há quem saiba provocar bons sustos em Hollywood sem recorrer a banhos de sangue e tampouco vilões estereotipados. O diretor Nimród Antal, com um currículo tímido no cinema húngaro, voltou para sua terra natal, os EUA, para filmar Temos Vagas, um thriller enxuto e extremamente eficiente que deixa o espectador roendo as unhas de tensão praticamente do início ao fim. Trabalhando com uma linha de terror mais realista, valorizando a tensão e oferecendo um espaço tímido para a violência explícita, a produção investe em uma turma de sádicos que se divertem mutilando corpos e que lucra comercializando fitas contendo gravações de tais atos, um fato que infelizmente ocorre com uma frequência impressionante. David (Luke Wilson) e Amy (Kate Beckinsale) vivem brigando e estão prestes a se separar, mas antes precisam comparecer juntos a um último compromisso familiar em uma outra cidade. Em meio a viagem, seguindo um caminho desértico e escuro, eles tem um problema no carro, aceitam a ajuda de um estranho e são obrigados a passar a noite em um decadente motel de beira de estrada. O gerente do local é Mason (Frank Whaley), um homem de atitudes estranhas, mas aparentemente inofensivo. Após se alojarem no quarto, o casal encontra uma coleção de fitas de vídeos caseiros contendo muitas cenas de violência, tortura explícita e até mesmo assassinatos. Detalhe: o cenário das gravações é o mesmo quarto onde eles estão instalados. Eles então encontram câmeras espalhadas por todo cômodo e percebem que caíram em uma grande armadilha. Não demora muito para que uma gangue de sádicos voyeurs passe a atormentá-los e o casal é obrigado a deixar as diferenças de lado e se unir para não serem os protagonistas de um bizarro filme de terror. É a deixa para que o roteiro descarte o gancho da crise do casal mostrando um companheirismo acima do normal para tentarem escapar dessa, mas tudo bem, quem não faria o mesmo em uma situação limite?

O ambiente claustrofóbico, pouco iluminado, a sensação de estar cercado e vigiado, a respiração ofegante e o desespero das vítimas. Tudo isso contribui para que este thriller se torne um dos melhores dos últimos anos envolvendo facilmente o espectador, todavia, é uma produção que merece uma revisão por parte do público e crítica. Fracasso nas bilheterias americanas e lançado diretamente em DVD no Brasil, a fita carecia ter mais sorte. Apesar do roteiro enxuto e com sustos previsíveis, o longa se garante graças ao clima de tensão bem construído e constante e a atuação convincente do casal protagonista. Beckinsale, substituindo Sarah Jessica Parker que desistiu do papel na última hora, consegue fazer uma heroína corajosa e perseverante e tem uma ótima química com Wilson, especialista em comédias surpreendendo em um gênero pouco explorado em seu currículo. O roteirista Mark L. Smith, do fraco O Quarto do Medo, teve a ideia para este enredo certa vez que viajava pelas estradas do Novo México e lhe chamou a atenção a quantidade de motéis de beira de estrada aparentemente sem hóspedes. Como tais lugares conseguiam se sustentar? Infelizmente tais cenários são perfeitos para um comércio clandestino e bizarro, a venda de "snuff movies", fitas caseiras carregadas de cenas supostamente reais de mutilações e assassinatos. Verdadeiros ou não,o fato é que tal gênero inspira outros filmes e Temos Vagas faz parte desta seara. A trama não oferece explicações sobre o porquê da existência da gangue de sádicos, tampouco a respeito da escolha do local para aturarem, mas são detalhes que no conjunto não fazem diferença. Sabemos que pessoas do tipo existem na vida real e que são capazes de arquitetar os mais mirabolantes planos para satisfazerem seus desejos perversos. O negócio aqui é se entreter com o jogo de gato e rato proposto. Apesar das tentativas de fuga previsíveis dos protagonistas, Antal apresenta um eficiente trabalho demonstrando extrema habilidade em entregar tensão em um projeto de estruturas limitadas, tirando bom proveito de um pequeno cenário e elenco. Pena que a adrenalina orquestrada até a metade se esvaia no ato final.

Terror - 85 min - 2007

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