Nota 8,0 Suspense deixa o espectador roendo unhas com um eletrizante jogo de perseguição
Ainda há quem saiba provocar bons sustos em Hollywood sem
recorrer a banhos de sangue e tampouco vilões estereotipados. O diretor Nimród
Antal, com um currículo tímido no cinema húngaro, voltou para sua terra natal,
os EUA, para filmar
Temos Vagas, um thriller enxuto e extremamente eficiente
que deixa o espectador roendo as unhas de tensão praticamente do início ao fim.
Trabalhando com uma linha de terror mais realista, valorizando a tensão e
oferecendo um espaço tímido para a violência explícita, a produção investe em
uma turma de sádicos que se divertem mutilando corpos e que lucra
comercializando fitas contendo gravações de tais atos, um fato que infelizmente
ocorre com uma frequência impressionante. David (Luke Wilson) e Amy (Kate
Beckinsale) vivem brigando e estão prestes a se separar, mas antes precisam
comparecer juntos a um último compromisso familiar em uma outra cidade. Em meio
a viagem, seguindo um caminho desértico e escuro, eles tem um problema no carro,
aceitam a ajuda de um estranho e são obrigados a passar a noite em um decadente
motel de beira de estrada. O gerente do local é Mason (Frank Whaley), um homem
de atitudes estranhas, mas aparentemente inofensivo. Após se alojarem no
quarto, o casal encontra uma coleção de fitas de vídeos caseiros contendo
muitas cenas de violência, tortura explícita e até mesmo assassinatos. Detalhe:
o cenário das gravações é o mesmo quarto onde eles estão instalados. Eles então
encontram câmeras espalhadas por todo cômodo e percebem que caíram em uma grande
armadilha. Não demora muito para que uma gangue de sádicos voyeurs passe a
atormentá-los e o casal é obrigado a deixar as diferenças de lado e se unir
para não serem os protagonistas de um bizarro filme de terror. É a deixa para
que o roteiro descarte o gancho da crise do casal mostrando um companheirismo
acima do normal para tentarem escapar dessa, mas tudo bem, quem não faria o
mesmo em uma situação limite?
O ambiente claustrofóbico, pouco iluminado, a sensação de
estar cercado e vigiado, a respiração ofegante e o desespero das vítimas. Tudo
isso contribui para que este thriller se torne um dos melhores dos últimos anos
envolvendo facilmente o espectador, todavia, é uma produção que merece uma
revisão por parte do público e crítica. Fracasso nas bilheterias americanas e
lançado diretamente em DVD no Brasil, a fita carecia ter mais sorte. Apesar do
roteiro enxuto e com sustos previsíveis, o longa se garante graças ao clima de
tensão bem construído e constante e a atuação convincente do casal protagonista.
Beckinsale, substituindo Sarah Jessica Parker que desistiu do papel na última
hora, consegue fazer uma heroína corajosa e perseverante e tem uma ótima
química com Wilson, especialista em comédias surpreendendo em um gênero pouco
explorado em seu currículo. O roteirista Mark L. Smith, do fraco
O Quarto do
Medo, teve a ideia para este enredo certa vez que viajava pelas estradas do
Novo México e lhe chamou a atenção a quantidade de motéis de beira de estrada
aparentemente sem hóspedes. Como tais lugares conseguiam se sustentar?
Infelizmente tais cenários são perfeitos para um comércio clandestino e
bizarro, a venda de "snuff movies", fitas caseiras carregadas de cenas
supostamente reais de mutilações e assassinatos. Verdadeiros ou não,o fato é
que tal gênero inspira outros filmes e
Temos Vagas faz parte desta seara. A
trama não oferece explicações sobre o porquê da existência da gangue de
sádicos, tampouco a respeito da escolha do local para aturarem, mas são
detalhes que no conjunto não fazem diferença. Sabemos que pessoas do tipo
existem na vida real e que são capazes de arquitetar os mais mirabolantes
planos para satisfazerem seus desejos perversos. O negócio aqui é se entreter
com o jogo de gato e rato proposto. Apesar das tentativas de fuga previsíveis dos
protagonistas, Antal apresenta um eficiente trabalho demonstrando extrema
habilidade em entregar tensão em um projeto de estruturas limitadas, tirando
bom proveito de um pequeno cenário e elenco. Pena que a adrenalina orquestrada
até a metade se esvaia no ato final.
Terror - 85 min - 2007
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Muito bom este ilme..adorei1!
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