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domingo, 20 de setembro de 2015

O MESTRE DA VIDA

Nota 5,0 Mais um drama investe na relação aprendiz e pupilo, mas fica a dever em emoção

A dinâmica entre mestre e aprendiz já foi explorada dezenas de vezes pelo cinema. Entre títulos irregulares, outros bons e alguns excepcionais, os exemplos são incontáveis. Seja em sala de aula ou aprendendo um ofício, a temática já inspirou diversos roteiristas e cineastas dispostos a construir belas histórias focadas na troca de experiências entre mentores, geralmente pessoas reclusas e solitárias, e jovens dotados de talentos especiais, mas não raramente perdidos na vida. Tramas sobre professores que mudam as vidas de alunos problemáticos através do carisma, incentivos e respeito, não se aproveitando da autoridade implícita a seus cargos para mandar e humilhar, são as mais comuns. A fórmula é básica: um tutor ensinando ao aprendiz tudo o que sabe não só sobre seu trabalho, mas também importantes conceitos sociais da mesma forma que um pai passa ao filho importantes ensinamentos, em outras palavras, educa e o prepara para enfrentar a vida. De quebra, o próprio mestre acaba por reconquistar com o pupilo o gosto por viver. Com tantas produções semelhantes é difícil oferecer algo novo e que traga uma visão diferente ao tema. O Mestre da Vida infelizmente é apenas mais uma obra a entrar no rol de produções bem intencionadas, porém, destinadas a serem esquecidas. Baseada em fatos reais, esta é a história de John Talia Jr. (Trevor Morgan), um talentoso e tímido estudante que sonha em se tornar um grande artista plástico. Ao tentar vender uma de suas obras, ele descobre que é vizinho de um grande pintor russo, Nicoli Seroff (Armin Müeller-Stahl). Disposto a trocar experiências e aprender com o mestre que tanto admira, o rapaz vai até a sua casa e se surpreende ao ver que o veterano não só desistiu da profissão como também de sua própria vida, desejando ficar em paz e sozinho até a hora de sua morte. Mesmo assim, após muita insistência, o pintor convida Talia para passar uma temporada em sua casa de campo, período em que o estudante aprende a ver o mundo através de olhos mais críticos enquanto seu mestre reaprende a ver a vida de um modo mais inocente e descompromissado.

Só pelo título, que deixa explícito o conteúdo, certamente os mais sentimentais já devem se entusiasmar, mas as expectativas não são totalmente preenchidas. É certo que o público cativo deste tipo de produção sabe exatamente o que irá acontecer, mas surpreender nunca é demais. Típico filme edificante, o drama autobiográfico é dirigido e roteirizado por George Gallo, autor das tramas dos totalmente inversos Fuga à Meia-Noite e Bad Boys. Ele pulou dos filmes de ação e suspense para embarcar em um universo melancólico cujo cenário paradisíaco é um convite e tanto para aqueles que gostam de refletir sobre relações humanas e apreciar a natureza e a arte, justamente o que necessitam os protagonistas, cada qual com suas próprias razões. Diga-se de passagem, em certo momento Seroff defende que a arte deve ser algo natural, mas é uma pena que o próprio diretor não aprendeu a lição forçando uma emoção que nunca chega a atingir o espectador em cheio. O próprio desenvolvimento dos personagens engessa qualquer possibilidade de ousadia. Fica óbvio que Talia teria problemas familiares e almejava a liberdade enquanto Seroff sofreria com algum trauma do passado. Talvez a direção de alguém mais habituado com produções de cunho dramático fizesse a diferença, pois falta sensibilidade na condução dos protagonistas para tornar a relação afetiva e profissional bem mais verossímil. Se o roteiro é questionável, pelo menos plasticamente Gallo acerta e mostra certa competência. Não por acaso a fotografia e a direção de arte são os pontos altos, apresentando um visual que desperta agradáveis sensações. Também são abordadas as diferenças de como uma obra visual pode ser apreciada ou compreendida pelo emocional  ou de forma intelectual. Os conceitos aplicam-se para uma avaliação honesta de O Mestre da Vida. Para os críticos de plantão, é certo que esta é uma produção piegas e totalmente esquecível, mas é preciso lembrar que é um longa feito para um nicho específico de público que de fato procura se abastecer com mensagens e emoções repetitivas. No conjunto, o resultado é bem menos tocante que o sugerido, mas ao menos garante uma sessão da tarde bonitinha e descompromissada.

Drama - 107 min - 2007

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