Nota 8 Simpatia dos atores segura obra previsível e esquemática, mas ainda assim irresistível
Quem gosta de comédias românticas não se cansa de sempre ver mais do mesmo. É na repetição da receita que se esconde o segredo do sucesso. O público gosta de acompanhar uma história sabendo que o final feliz está garantido e ralha quando as coisas não saem da maneira que se esperava. Existem até alguns profissionais que tentam fazer algo diferente, como a ousadia de manter separados os protagonistas ao final, mas sabem que isso pode atrapalhar a carreira de seus filmes e eles precisam prestar contas aos estúdios e produtores responsáveis. Quem quer matar o mocinho nos últimos minutos ou ser radical a ponto da mulher ser rebelde e abandonar o noivo às vésperas do casamento, por exemplo, tem que ter peito para encarar as broncas, inclusive do próprio público. Convenhamos, a história tem que ser muito boa para compensar a frustração de uma conclusão em que o casal de pombinhos não termina juntos. E Se Fosse Verdade até ensaia surpreender o espectador, seja de forma positiva ou negativamente dependendo do ponto de vista, mas o diretor Mark Waters acaba voltando atrás. Neste caso, ainda bem.
O filme começa nos apresentando o cotidiano frenético de Elizabeth (Reese Witherspoon), uma dedicada estagiária de um hospital que só pensa em trabalhar e praticamente não tem vida pessoal. No dia em que finalmente resolve tirar um tempinho livre para si mesma e marcar um encontro para conhecer um possível pretendente, quis o destino que ela sofresse um grave acidente de carro minutos antes. Semanas depois ela está de volta a seu apartamento, mas se surpreende ao encontrar o arquiteto David (Mark Ruffalo) morando lá. Os dois se estranham e ambos reivindicam a posse do imóvel, porém, o mais esquisito é que a jovem aparece e desaparece em um piscar de olhos, deixando o rapaz duvidando de sua própria sanidade. Bem previsível o que irá acontecer. Aos poucos as aparições dela se tornam cada vez mais frequentes para desespero de seu, digamos, inquilino que está convencido de que ela é um fantasma precisando de ajuda para encontrar a paz de espírito, mas por outro lado a garota é convicta que está bem viva. O curioso é que apenas o arquiteto consegue enxergá-la, com exceção de seu amigo esquisitão Darryl (Jon Heder) que, se não a vê, ao menos parece pressentir sua presença. Para resolver a situação, Elizabeth e David precisam deixar suas diferenças de lado e se unirem para buscar respostas. Só uma coisa é certa: eles acabam se apaixonando e será difícil resistir ao amor.
Baseado no romance homônimo de Marc Levy, o roteiro de Peter Tolan e Leslie Dixon é desenvolvido contando com um bom enfoque melodramático, pitadas de humor, cenas bem amarradas e uma conclusão que não desaponta o público-alvo. A escolha dos intérpretes foi fundamental para que a obra desse certo. Em algumas produções do gênero os protagonistas são tão chatos e sem química que realmente torcemos para que cada um vá para um lado no fim das contas, mas Witherspoon e Ruffalo formam um irresistível casal, embora nem tanto pela harmonia entre seus personagens que, diga-se de passagem, passam boa parte do tempo às turras, mas sim pelo carisma dos próprios atores. Experientes em produções do tipo água-com-açúcar, a dupla apenas recicla tipos que já interpretaram. Ela muito faladeira, cheia de argumentos para impor suas ideias e parecendo estar ligada em voltagem máxima faz um interessante contraponto ao perfil do rapaz que se mostra tímido, sereno e por vezes melancólico. De fato os opostos se atraem. Há quem diga que Ruffalo carrega o longa nas costas enquanto outros defendem a ideia que Witherspoon é quem deve levar o crédito. O fato é quem ambos são fundamentais para a trama e souberam dividir as atenções, mas é importante ressaltar que não é sempre que um homem consegue se destacar no gênero e também é raro apresentá-lo como uma pessoa sensível sem pender para um lado estereotipado.
Chama a atenção que o enredo não explore muito o passado do protagonistas. Apenas sabemos que Elizabeth é viciada em trabalho e solitária e David carrega um semblante melancólico por conta de um casamento terminado recentemente cuja justificativa não é dada, economia de texto justificável pela condensação da trama em cerca de uma hora e meia. Por outro lado, quando Abby (Dina Waters), a irmã da jovem médica, precisa tomar uma importante decisão quanto a uma delicada e polêmica situação, uns minutinhos a mais fariam diferença para abordar melhor o tema. De qualquer forma, a duração enxuta é na medida exata para a obra que se destaca pela qualidade e simplicidade. Comédias românticas são lançadas às pencas todos os anos, mas a fórmula encontrada neste caso é difícil de se ter em outras produções atualmente. O roteiro é extremamente delicado, não há espaço para situações e termos embaraçosos e ainda conta com uma pegada espiritual a seu favor, temática que atrai grande público e sempre em evidência. Curioso que inicialmente parece que a trama irá repetir aquele velho clichê do desencarnado que volta ao mundo dos vivos para atrapalhar a vida de um pobre mortal, mas logo os protagonistas percebem que existe alguma força maior que os une.
Waters já se valeu de seu elenco para conseguir injetar ânimo em outros trabalhos repletos de clichês e cujos roteiros eram bastante limitados, como, por exemplo, Sexta-Feira Muito Louca, no qual aproveitou a fama repentina da então estrelinha Lindsay Lohan. Com foco na garota para agradar aos fãs, não só investiu em situações um tanto previsíveis como a própria trama já baseava-se em um argumento praticamente de domínio público de tão manjada. Por outro lado, o cineasta deu uma revitalizada no subgênero das comédias adolescentes injetando certa acidez ao humor de Meninas Malvadas, também protagonizado por Lohan. Reciclar fórmulas conhecidas para Waters não é um problema. O segredo é encontrar os caminhos ideais para recontá-las e acertou em cheio com E Se Fosse Verdade cuja premissa poderia sugerir uma comédia pastelão ou um drama leve, mas o diretor fez questão de manter-se inerte ao campo romântico. Para os críticos talvez seja uma produção sequer digna de pontuação por não agregar nada de diferente ao gênero, mas a proposta do longa é clara: entretenimento puramente escapista. Com potencial e prestígio suficientes para ser considerado um clássico romântico, conseguindo ficar acima do patamar que classifica as produções como destinadas aos adolescentes, o alcance de público aqui é infinitamente maior assim como sua temática universal.
Comédia romântica - 94 min - 2005
Adorei esse filme! É muito bom!
ResponderExcluirThai
será um remake de Ghost, kkkk, bom assista e tire suas próprias conclusões, tem roteiro leve e mesclado com comédia romântica, é válido para os apaixonados...
ResponderExcluirEsse filme é super lindo e a história maravilhosa
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