Nota 7,0 Com clima nostálgico, mescla de aventura e comédia é bom entretenimento familiar
O início do século 21 ficou marcado no cinema pelo resgate dos filmes
de fantasia, um estilo bastante característico dos anos 80, época em que os
efeitos especiais começavam a serem desenvolvidos com mais afinco. Faz todo
sentido, portanto, que as criações de mundos mágicos tenham voltado ao foco em
um período de aperfeiçoamento de técnicas para proporcionar imagens virtuais o
mais próximo possível da realidade. Com tantos projetos do tipo bem sucedidos,
muitos estúdios começaram a buscar ideias semelhantes para fisgar adultos e
crianças, mas a maioria não tinha potencial para brigar por audiência. Por
outro lado, cabiam mais comodamente no orçamento das produtoras. Na contramão
de superproduções passadas em Nárnia ou vividas por Harry Potter, surgiu
modestamente 5 Criaturas e a Coisa, aventura com toques de humor inspirada
na obra infanto-juvenil da escritora Edith Nesbit, que por sua vez serviu de
inspiração para J. K. Rowling redigir as histórias do citado bruxinho. O
roteiro de David Solomons começa situando o espectador sobre o período em que a
trama se passa e que ajudará a ditar os seus rumos. Estamos em 1917, época da
Primeira Guerra Mundial, e com a Inglaterra envolvida no conflito muitas
crianças foram retiradas do país como é o caso dor irmãos Robert (Freddie
Highmore), Cyril (Jonathan Bailey), Anthea (Jessica Claridge), Jane (Poppy
Rogers) e Lamb (papel dividido pelos gêmeos Alec e Zac Muggleton). Como seus
pais (Tara Fitzgerald e Alex Jennings) foram convocados pelo governo, o pai
para pilotar aviões e a mãe para cuidar de feridos, as crianças iriam passar
uma temporada na mansão do tio Albert (Kenneth Branagh), um sujeito um tanto
distraído, e seu filho Horace (Alexander Pownall), um garoto antipático e
sisudo. Robert tentou ver as coisas pelo lado positivo, afinal viver sem os
pais poderia ser uma grande aventura na qual ele e seus irmãos poderiam fazer o
que quisessem, mas a realidade não é tão feliz. Na nova casa eles terão uma
rígida rotina a ser seguida e muitos afazeres domésticos, tudo obviamente
fiscalizado pelo primo que logo de cara mostra-se arrogante.
Martha (Zoë Wanamaker), a governanta bondosa, mas tão avoada quanto o
Albert, avisa as crianças que elas poderão andar por todo casarão, porém,
jamais entrar na estufa de plantas. Robert, o mais curioso, corajoso e
impulsivo do grupo, não pensa duas vezes e quando tem a oportunidade invade o
lugar e descobre uma porta que leva a um longo túnel escuro que acaba em uma
paradisíaca praia (olha a influência de As
Crônicas de Nárnia). Quando retorna com os irmãos, eles descobrem uma
estranha criatura que batizam de Coisa, uma espécie de crustáceo mágico que se
autodenomina uma Fada da Areia. Ele pode conceber um desejo por dia e que
durará até o sol se pôr, mas como é muito brincalhão sempre dá um jeitinho dos
pedidos não saírem como esperado justificando que assim o contemplado terá
algum aprendizado. Os primeiros pedidos são bastante inocentes, mas não tarda a
chegar o momento em que Robert pede para rever seus pais que podem jamais
voltar da guerra. Paralelo a isso, Horace, sempre buscando algum motivo para
recriminar os primos, também não vai demorar a descobrir o segredo deles, mas
como adora colecionar e torturar monstros em seu laboratório, na verdade
brinquedos que destroça como se fosse um cientista, irá ficar obcecado pela
Coisa. Com direção de John Stephenson, 5 Criaturas e a Coisa é uma
agradável produção para toda a família que traz um irresistível gostinho de
nostalgia. Usando o mínimo possível de efeitos especiais, o filme constrói um
clima lúdico resgatando o verdadeiro sentido de ser criança, aquela curiosidade
que os impulsiona a explorar o mundo sem muita noção dos perigos. Highmore,
pouco antes da fama por Em Busca da Terra
do Nunca, já demonstrava total desenvoltura nos sets, mas é uma pena que o
roteiro caia na armadilha de destacar apenas uma das crianças. De qualquer
modo, a obra atinge em cheio seu público-alvo, afinal qual baixinho nunca
sonhou com passagens secretas e criaturas fantásticas capazes de realizar
sonhos? Aqui ainda temos o bônus da lição de moral, que nem tudo que queremos é
possível ou trará alguma consequência.
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