Nota 6,5 Apesar de apostar em situações previsíveis, a diversão em família está garantida
Animais fofinhos que fazem amizade com
crianças com algum tipo de problema familiar ou com relacionamentos com colegas
é um clichezão explorado pelo cinema americano exaustivamente. A fórmula ganhou uma revitalizada quando Babe – O Porquinho Atrapalhado surgiu
propondo o relacionamento amistoso entre um suíno e um ser humano adulto, mas a
sua própria continuação não conseguiu segurar a peteca, sendo que esse tipo de
produção já há algum tempo perdeu espaço nas salas de cinema, virando filmes de
nicho, ou seja, feitos para TV ou para lançamento direto em DVD. O que esperar
então de Rudy – O Porquinho Corredor? Bem, o título pode passar a ideia
de que este longa acompanha as aventuras de um filhotinho tentando provar seu
valor aproveitando-se de sua habilidade para a corrida, algo não muito comum à
sua espécie, o que não deixa de ser verdade, mas esse não é o foco principal do
roteiro de Karsten Willutzki e Peter Timm, este último também diretor da fita.
Um leve drama familiar é na verdade o tema principal. Nickel (Maurice Teichert)
é um garoto que perdeu sua mãe precocemente e desde então vive com o pai,
Thomas (Sebastian Koch). Certo dia, o menino vai com a escola à uma excursão em
uma fazendinha onde se encanta logo a primeira vista pelo porquinho Rudy,
famoso por conseguir correr com uma velocidade atípica à sua espécie. Na hora
de ir embora, o bichano foge do chiqueiro para seguir Nickel, mas alguns cães
de guarda passam a persegui-lo e ele é salvo pelo menino que decide levá-lo
escondido para casa, aproveitando-se que seu pai estava viajando a trabalho. É
óbvio que o pequeno suíno logo no primeiro dia em seu novo lar vai aprontar
muita confusão, como rasgar papéis e quebrar objetos, mas isso não é nada perto
do que vai acontecer quando Thomas volta surpreendendo o filho por trazer junto
uma nova namorada, Ania (Sophie Von Kessel), acompanhada da filha Feli (Sina
Richardt). É previsível que Nickel não aceite que o pai tente colocar alguém no
lugar de sua mãe e quando a presença de Rudy é percebida começa o jogo de chantagens:
se Ania pode ficar na casa, o porquinho também.
O rapazinho poderia mudar seu
comportamento ao conhecer Feli, bonita e de idade semelhante a sua. O roteiro
poderia apostar no envolvimento inocente e amoroso entre os dois, mas tal
sentimento passa longe deste relacionamento. Eles acabam se aproximando para
armar planos para separar os seus pais, mas quando as birras chegam ao ápice e
sem resultados as crianças decidem fugir de casa carregando junto o porquinho.
A ideia é o levarem para uma cidade que é conhecida por ser um porto seguro
para os suínos, mas o trajeto guarda algumas surpresas como cruzar o caminho da
dupla de bandidos atrapalhados Einstein (Dominique Horwitz) e Spacko (Andreas
Schmidt), que ao descobrirem que os menores estão sendo procurados pela polícia
e quem achar será recompensado com uma polpuda quantia de dinheiro passam a
seguir seus rastros incessantemente. E o porquinho nisso tudo? E qual a
importância do detalhe de ele ser um corredor? Pois é, o bichano acaba virando
um mero coadjuvante, tendo poucas cenas para aparecer e seu momento de maior
visibilidade é quando ele entra de gaiato em uma corrida de cães. O fato de a
obra buscar realismo e não dar o dom da fala ao mascote colabora para ele ser
jogado de escanteio, ainda que no final seja elevado ao posto de herói
forçosamente. No conjunto, Rudy – O Porquinho Corredor funciona
para entreter crianças pequenas e pode até ser um agradável programa em
família, ainda mais para aqueles que gostam da sensação que paisagens e
ambientes bucólicos conseguem transmitir. Contudo, é inegável que o enredo
ligeiro poderia ter sido mais bem desenvolvido, mesmo com toda a sua
previsibilidade intrínseca. A julgar pelo título, ficam faltando cenas que
explorem mais o porquinho, principalmente a respeito de sua adaptação a um novo
cotidiano, mas o longa ainda perde discussões interessantes sobre
relacionamento entre pais e filhos no momento de “montar” uma nova família e
poderia render mais situações de humor em torno do envolvimento dos criminosos
com as crianças. De qualquer forma, o fato de ser um produto de origem alemã
pode ajudar a perdoar falhas, afinal quantos filmes você conhece desse país destinado
ao público infantil?
Comédia - 94 min - 2007
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